Capítulo 6

Sentimentos e cuidados 

“As coisas mudaram quando nos beijamos. E quando você me contou sobre sua tatuagem. E até quando você me olhou quando estávamos nus.” 

—A proposta 

Na manhã seguinte ao encontro estou sentada na mesa tomando meu café quando Jasper entra na cozinha. 

—Bom dia. - O comprimento.  

Jasper não me responde e ficamos os dois num silencio tenso e incomodo.  

—Ei onde você foi ontem? - Jasper finalmente corta o silencio. 

—Ei tive algumas coisas... pra resolver. - Respondo tentando não parecer nervosa. 

—O dia todo? Você ficou fora até tarde. - Jasper parecia estar bravo. 

—Acabei encontrando um amigo no caminho e ficamos conversando. - O que não chega a ser uma mentira. 

—Um amigo é? - Droga ele ficou mais desconfiado ainda. 

—Sim, um amigo da família que eu não via faz muito tempo. - Respondi. 

—Ah.... E você tem muitos amigos homens? 

—Alguns eu acho.  

—Então esse cara é especial? 

—Não, não mesmo. - Pelo menos não assim. - Mas de qualquer forma foi bom encontra-lo, eu havia me perdido e ficado sem bateria no meu celular. - Digo firme torcendo pra que ele acredite. 

—Carregue a bateria do seu celular da próxima vez, caduca. - Responde Jasper se aproximando de mim e bagunçando meus cabelos. 

—Eu vou, prometo. - Digo levantando meu dedo mindinho. 

—É melhor que você não esteja traindo meu irmão. - Diz Jasper mudando sua expressão e me encarando ameaçadoramente. 

—Traindo? O que faz você pensar que eu... 

—Hey, fala baixo vocês dois. - Edward entra na cozinha esfregando as têmporas, sua expressão é de dor. 

—Desculpa. - Peço baixinho. 

Ele cambaleia pela cozinha e se apoia em um dos balcões, ele não para de fungar com o nariz. 

—Hum.... Edward? - Eu o chamo. 

—O quê? - Sua voz está horrível ele mal consegue falar. 

—Você está se sentindo bem? - Eu pergunto, mas eu já sei a resposta. 

—Estou... Eu, tenho, que ensaiar... - Ele responde com dificuldade e tosse algumas vez. 

—Ah sim, bem acreditável. - Resmunga Jasper. 

—Cala... a... boca. -Diz Edward para o irmão. 

—Eu não disse? Eu não avisei que você pegaria um resfriado se ficasse na varanda a noite inteira? - Responde Jasper bravo. - Agora olha pra você. 

—Já disse pra calar... a boca. - Edward tenta olhar pro irmão, mas acaba tendo uma crise de tosse. 

Eu paro de tomar meu café e corro pro seu lado. 

—Edward, você está com febre? - Pergunto preocupada. 

—Não... Eu to bem. - Ele responde fracamente. 

Eu fico na ponta dos meus pés e coloco minha mão na testa de Edward. 

—Você está queimando! - Digo alarmada. - Você definitivamente está com febre. 

Então me dou conta de quão próxima de Edward eu estou e que minha mão esta no seu rosto, e então me afasto. 

—Des....culpa. - Peço envergonhada. - Mas você definitivamente está doente. - Afirmo. 

—Olha só pra você sendo a esposinha perfeita já. - Diz Jasper acidamente, e eu me viro pra ver sua cara de desgosto, e então ele se vira pro Edward. - Você devia ir se deitar Edward, sério. - Jasper se levanta e sai da cozinha batendo a porta com força. 

—Esse... - Edward suspira. 

—Você devia se cuidar melhor. - Eu falo ainda preocupada com a febre de Edward. 

Edward olha pra mim com uma expressão suave.  

—Você está preocupada comigo? - Ele pergunta com uma das sobrancelhas arqueadas. 

—Você está com muita febre e mal consegue ficar de pé. É claro que estou preocupada com você. - Respondo brava. - Agora volte lá pra cima e vá descansar. -  Eu falo mandona. 

Edward resmunga, mas faz o que eu peço. Eu preparo um chá e faço algumas torradas já que ele não conseguiu tomar café. Eu subo as escadas e entro em seu quarto. Edward está deitado em sua cama ainda tossindo muito. Tão indefeso diferente de como ele é normalmente. 

—Eu te trouxe um café da manhã e água. Certifique-se de comer direito e de se hidratar bem. -Eu falo arrumando a bandeja em seu colo. 

—Obrigado. 

Eu dou a ele o copo d´água e o cubro com o edredom. 

—Eu vou pegar uns remédios pra você. - Aviso. 

Eu me viro pra ir, mas sinto a mão de Edward me puxando pra trás. 

—Não vai. - Pede Edward baixinho, e eu não posso deixar de sorrir com seu pedido. 

—Eu tenho que ir, mas prometo que eu já volto. - Tento tranquiliza-lo. -Vai ser só um minuto tá. 

—Desculpa. - Ele solta minha mão. 

As bochechas de Edward estão muito vermelhas, e eu não tenho certeza se por causa da febre ou se porque ele está constrangido. Eu peço ao motorista pra que me leve a uma farmácia mais próxima, e compro vitaminas analgésicos e remédios pra gripe. Volto pro quarto de Edward levando mais uma bandeja, mas com remédios e água dessa vez. 

—Eu trouxe mais água, alguns lenços, um termómetro, alguns remédios, e comprei um xarope pra ajudar na tosse. - Digo quando entro no quarto, me sentando perto dele na cama. 

—Eu não vou tomar isso. - Responde ele fazendo careta. 

—Você tem que tomar, vai fazer você se sentir melhor. -  Eu digo firme. 

—Mas é nojento. - Ele reclama, e eu dou risada. 

—Você ta igual a uma criancinha. - Eu digo rindo. 

—Não to não. Me da isso. - Ele responde bravo pegando o xarope. E ele toma um gole direto do vidro. 

—Edward! Não se pode tomar remedio assim, tem de medir primeiro. - Eu digo preocupada, pegando o vidro da sua mão. 

—Isso tem um gosto horrível. 

Eu tenho uma crise de risos e não consigo parar de dar risada, e Edward afunda a cara no travesseiro, irritado. Eu arrumo a bandeja ao lado da cama me certificando de que tudo esteja ao alcance dele. Quando eu me viro, Edward já estava meio dormindo. 

—Ta tudo aqui pra você. Você só precisa descansar tá. - Eu falo, mas acho que ele não ta me escutando. Eu coloco minha mão na sua testa pra ver se a febre abaixou. 

—Hum.... Bella.... - Edward murmura feliz e se inclina pro meu toque. -Não me deixa. - Ele suplica com uma voz baixa. 

—Eu preciso deixar você descansar... - Eu respondo. 

—Eu quero que você fique comigo... Por favor. 

—Eu vou ficar com você.... Mas você tem que descansar. - Eu digo me sentando ao seu lado. 

Ficamos um tempo em silencio sem saber o que fazer.  

—Você vai conversar comigo? - Edward pergunta rompendo o silêncio. 

—Conversar com você? Okay, sobre o quê você quer conversar? - Eu pergunto sem jeito. 

Edward pega minhas mãos. 

—Qualquer coisa....  Me conta sobre a sua vida de verdade.... Eu gosto do som da sua voz.  

—Ta bom.... hum.... Quando eu era pequena, eu fui uma estrela no teatro da escola. - Eu começo a contar. - E eu falo sério.... eu realmente fui uma estrela. Eu tinha uma fantasia enorme no formato de uma estrela. - Edward ri, mas acaba tossindo. - Não foi um grande papel, mas eu estava muito animada. Eu queria ser a melhor estrela do céu. Mas então eu fiquei doente um dia antes da peça e tive de faltar. - E encaro Edward e ele me olha atento. - Eu me sinto um pouco boba falando assim sozinha. - Eu confesso. 

—Não, continua por favor, eu estou gostando. - Ele pede com um sorriso tímido e sincero. 

—Hmm.... Tudo bem então.... Toda vez que eu ficava doente, minha mãe cuidava de mim. Ela me deixava comer um pirulito na cama escondido do meu pai, essa era minha parte favorita.  

—Tenho certeza que você ficava toda grudenta. - Comenta Edward rindo e eu o acompanho. 

—Com certeza eu ficava. - Respondo ainda rindo. - E ela cantava pra mim, também.  Não cantava sempre pra eu dormir.... Mas sempre cantava quando eu estava doente. 

—Parece legal, minha mãe nunca fez nada disso pra mim. - Diz Edward triste. Ele tosse e se afunda mais nas cobertas. - E eu sempre fiquei responsável por cuidar de Jasper, inclusive quando ele ficava doente. Mas Jasper já não me queria mais por perto... - A voz de Edward fica mais baixa e triste. 

—Eu sinto muito... - Digo sincera. 

Me parece que a família dele está longe de ser uma família feliz, e isso vêm de muito tempo. Eu coloco minha mão em sua testa pra conferir novamente a temperatura. E fico aliviada ao constar que a temperatura está abaixando e o remedio está fazendo efeito. Eu olho novamente pra ele, e ele está de olhos fechados quase adormecido. Eu tiro uns fios de cabelo de seu rosto deixando meus dedos passearem entre os fios rebeldes. 

—Obrigada por cuidar de mim. - Murmura sonolento. Ele abre os olhos e eu retiro a mão assustada por ter sido pega no flagra. Mas ele então pega minha mão na sua. - Ninguém nunca cuidou de mim assim antes... - Ele confessa. - Você vai cantar pra mim? Assim como sua mãe fazia? - Ainda segurando minha mãe ele passa o dedão massageando minha palma. 

—Eu? Hm... Eu não sei cantar muito bem... - Eu respondo envergonhada e nervosa pelo seu toque. 

—Eu tenho certeza que vai ser bonito. - Ele diz com a voz rouca de sono. 

Ele coloca minha mão de volta em seus cabelos e eu timidamente eu envolvo seus fios entre meus dedos e volto a acariciar sua cabeça. 

—Bella, por favor, canta pra mim. - Edward pede de novo. 

Eu tomo coragem e começo a cantar timidamente Fly to the moon de Frank Sinatra música que minha mãe sempre cantava pra mim, era a nossa música favorita. Enquanto minha voz segue a melodia, eu continuo afagando seus cabelos gentilmente. Observo Edward e vejo surgir um sorriso iluminando seu rosto enquanto ele cai no sono. Esse foi o sorriso mais lindo e doce que já ví. 

— Em outras palavras, eu te amo - Eu finalmente ao final da música cantando o último verso bem baixinho. 

Quando eu tenho a certeza de que ele está dormindo, eu silenciosamente saio do quarto na ponta dos pés para deixa-lo descansar. Eu desço as escadas e encontro Jasper no sofá mexendo em seu celular. 

—E aí? Aquele cara ta morrendo ou o que? - Ele perguntando tentando soar indiferente, mas percebo em sua expressão e voz a preocupação com seu irmão. 

—Jasper não finja que não está preocupado. Você ficou aqui esperando eu descer pra que você pudesse perguntar se ele está bem. - Eu respondo.  

—Eu não to nem aí pra o que acontece com ele, não tire conclusões da sua cabeça. - Me responde com uma expressão que parece uma mistura de sentimentos. 

—Então você não quer saber se ele foi medicado e está descanso? - Eu continuo o alfinetando. 

Jasper dá de ombros, e coloca as mãos no bolso como se não se importasse. 

—Sabe... Noite passada.... - Ele respira fundo antes de continuar. - Aquele idiota estava do lado de fora da varanda olhando pra rua. Eu disse várias vezes pra ele entrar, mas ele não me ouvia. Ele só ficou lá... no frio. E agora esse idiota está doente. - Jasper balança a cabeça inconformado. - Ele deve amar muito você. 

Eu fico sem reação ao ouvir o que Jasper diz, Edward ficou doente por minha causa? Porque ele ficou me esperando sabendo que ficaria assim? Será que realmente ele gosta de mim assim como todos dizem? Meu estomago ronca alto me salvando de ter de responder Jasper. 

—Isso foi sua barriga? - Pergunta Jasper prendendo o riso. 

—Sim. - Eu admito um pouco envergonhada. 

—Okay, acho que vou num restaurante aqui perto buscar nosso almoço, com certeza Edward também acordará com fome. -  Diz Jasper calçando seus sapatos e saindo pela porta. 

Eu subo até meu quarto, pensando em tudo o que ouvi. Quando entro no quarto escuto meu celular tocar incansavelmente, eu pego e atendo já sabendo o que vinha pela frente. 

 -Isabella Mary Swan, como você ousa sumir por dias, depois de me dizer que está noiva de um qualquer? - Minha mãe grita furiosa comigo do outro lado da linha. 

—Mãe se acalme, eu tive algumas coisas pra resolver. Edward não é um qualquer. - Eu respondo tentando acalma-la, mas sem sucesso. 

—Coisas muito mais importante que sua própria mãe eu imagino. - Responde ela sarcástica. -Engraçado que nunca te vi mencionar esse tal Edward. E do nada você está noiva dele. 

—Mãe, foi exatamente por isso que não falei sobre ele a você, olha como você está agindo. - Digo tentando ser o mais confiante possível. 

—Ah é? E quando você acha que será pertinente me apresenta-lo, posso saber? - Ela pergunta. 

Por mim, no dia de são nunca seria ótimo né, mas.... 

—Você o conhecerá no jantar do próximo fim de semana. - Eu respondo. 

—No jantar com o Jacob e os pais dele, e com nossos amigos mais próximos? Você que me matar de vergonha, eu marque esse jantar pra marcar o noivado seu e de Jacob. - Responde ela desesperada. 

—Pois agora será pra anunciar o meu noivado com Edward. Agora preciso ir mamãe, te amo. - Respondo rápida, desligando ainda a ouvindo gritar meu nome. 

Eu me jogo na cama exausta, e acabo tirando um breve cochilo, e era exatamente o que eu precisava. Quando eu acordo, eu vou ao quarto de Edward entrando nas pontas dos dedos pra ver como ele está. 

—Edward...? - Eu o chamo baixinho. 

Edward continua dormindo, os cobertores estão retorcidos e caídos ao lado da cama. Eu checo a testa dele de novo, a febre baixou bastante, o que me deixa muito aliviada. 

—… Não quero... -Edward murmura. 

Eu me assusto, mas ele continua a dormir tranquilo, aparentemente ele só falou dormindo. Eu arrumo o cobertor o ajustando sobre Edward.  

—… Eu não quero te perder... por favor... - Edward continua murmurando enquanto dorme, ele parece estar muito aflito. Com quem será que ele está sonhando? Ainda dormindo, ele coloca uma mão no meu braço, me segurando. - Não vá... 

—Eu estou aqui. - Respondo tentando o tranquilizar. - Ta tudo bem.... Você só está sonhando. - Eu passo minha mão em seus cabelos fazendo um carinho. 

Eu me ajeito na cama, sentando ao seu lado e pegando sua mão que estava me segurando e a colocando entre minhas duas mãos. 

—Por favor.... eu... - Ele está falando tão baixo e suave agora que quase não consigo ouvi-lo. 

Eu me inclino pra perto dele. Meu cabelo cai pra frente e roça na bochecha dele. 

—Amo você...