Capítulo 9 

Escolhas 

"- Você me inspira.  
— Sempre quis ser a inspiração de alguém!" 
 

(Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos) 

O café da manhã foi estranho com Edward e Jasper sem se falar. Mas assim que saímos de casa foi mais fácil.  

—Hum... Edward o que estamos fazendo aqui exatamente? - Eu pergunto curiosa por ele ter me chamado pra vir junto. 

Ele ri me entregando mais uma caixa de suprimentos para distribuir na mesa das crianças.  

—Minha mãe acha que é uma boa publicidade tirarmos algumas fotos de você fazendo trabalhos voluntários comigo. - Ele responde. 

—Você se voluntaria para trabalho com crianças frequentemente?  

—Eu tento vir aqui pelo menos uma vez ao mês. Mas não é grande coisa. - Ele responde dando os ombros enquanto continua a arrumar os instrumentos infantis nas mesas. 

Logo eu consigo ouvir as vozes das crianças enquanto eles animadamente se aproximam da sala de música. E eu me apavoro, pois não sei o que fazer. 

—Hum.... Você não me disse o que eu deveria fazer. - Falo pra Edward tentando não parecer nervosa. 

—Você é minha assistente, apenas siga minhas instruções e faça o que eu faço e vai dar tudo certo. - Diz ele casualmente. 

—Com você falando assim até parece fácil. - Eu respondo o fazendo rir. 

As crianças entram na sala animadas, cada uma tomando seu lugar e pegando os instrumentos ansiosas pra mostrar o que tinham praticado. 

—Certo, hoje eu tenho minha adorável assistente Bella comigo. - Edward começa me apresentando com um sorriso, e eu acenos timidamente para as crianças que me encaram curiosas. - Ela vai me ajudar a mostrar para vocês alguns tipos novos de instrumentos. 

E juntos nos começamos a aula mostrando os diferentes tipos de instrumentos que Edward trouxe. Realmente ta sendo mais fácil do que eu pensei, Edward leva jeito com crianças. Eu observo ele do outro lado da sala fazendo as crianças gargalhares enquanto ele dança tocando maracas, e não consigo deixar de rir também. Ele tem tantos lados diferentes, toda vez que eu acho que eu conheço ele, ele me surpreende.  

—Senhorita assistente? - Uma garotinha se aproxima de mim. 

—Hum...  Sim? 

—Você é a namorada do senhor Edward? - A garotinha pergunta me pegando desprevenida. E então todas as carinhas estão voltadas pra mim. E eu olho pra Edward pedindo ajuda. 

—A Senhorita Bella é minha noiva. -  Edward responde a garotinha. - O que significa que de todas as pessoas do mundo, ela é quem eu mais amo. - Edward diz olhando pra mim. 

As crianças continuam com as perguntas, mas eu não consigo prestar atenção, meu coração está batendo forte. Edward toca um kazoo bem alto. 

—Ta bom isso é uma aula de música e não uma aula interrogatória. - Ele interrompe as perguntas num tom brincalhão. - Vamos voltar a fazer música. 

Uma hora depois as crianças fazem fila fora da sala de aula. E eu respiro mais aliviada, apesar de ter me divertido isso foi bem exaustivo. 

—Obrigada por ajudar hoje. - A professora de música se aproxima de onde eu e Edward estamos e agradece. 

—Sem problemas. - Responde Edward sorrindo. 

—Vocês dois fizeram um ótimo trabalho. Tenho certeza de que serão ótimos pais. -  A moça diz simpática. 

—Obrigado... Mas isso não vai acontecer tão cedo. - Responde Edward brincalhão, mas da pra ver que ele ficou envergonhado, sua cara está mais vermelha que tomate maduro. 

Depois da aula eu sigo Edward até o auditório da escola que já está lotado de pais e alunos, todos ansiosos pra ver Edward tocar. 

—Eu só me apresento nessa escola uma vez por ano, mas é um dos meus lugares favoritos. - Diz Edward animado. Ele está mais feliz do que eu já vi, seus olhos brilham. 

—Você ama mesmo fazer esse evento. Deve ser divertido, mais fácil de lidar e com muito menos pressão. - Eu comento, mas Edward nega com a cabeça. 

—Essas pessoas merecem o meu melhor.  Eu ainda trabalho duro pra dar isso a eles. - Edward responde. - Se bem que.... Tocar pra eles parece ser uma pressão maior, porque eles amam muito música. - Edward se vira pra mim e sorri afetuosamente pra mim. - Obrigado por vir comigo hoje, isso significa muito pra mim. 

Antes que eu possa responder ele sobe no palco. Eu me sento na primeira fileira esperando o show começar. 

—Obrigado a todos por virem, hoje nós temos uma convidada especial na plateia. - Edward gesticula para que eu me levante.  Eu rapidamente aceno e me sento novamente. - Minha noiva, Isabella. Então me desculpem se eu me exibir um pouquinho pra ela. 

A plateia ri, e eu fico vermelha. Quando as luzes diminuem e Edward se senta no piano e posiciona as mãos nas teclas, é como se toda a sala estivesse segurando a respiração. E então ele começa a tocar, e é magico, a melodia toma conta do espaço, eu fecho meus olhos e me deixo ser transportada pela melodia. Eu já não o ouvi tocar desde o dia que eu o conheci, ele foi incrível, mas tem algo diferente em como ele está tocando agora. Ele se diverte enquanto encanta a plateia, porém logo a música chega ao fim. Edward faz reverencia e todos aplaudem de pé. Inclusive eu que aplaudo emocionada. Realmente ele não tava brincando sobre dar o seu melhor mesmo em algo que parece pequeno, e sem ganhar nada em troca. Bom talvez eu estivesse errada em julga-lo como alguém que só se importa com aparências, mas não vou admitir isso pra ele. Edward agradece os aplausos e elogios, contente. Ele faz um sinal pra que eu me junte a ele no palco, e eu subo os degraus um pouco tímida. 

—Edward isso foi maravilhoso. - Eu elogio correndo pra ele dando um abraço, ele fica surpreso, mas retribui.  

—Eu devia tocar em concertos todos os dias se isso significar que você vai se pendurar em mim assim. - Diz Edward falando baixinho enquanto deposita um beijo em minha testa. 

E eu me afasto um pouquinho constrangida, ouvindo a plateia comemorar e assobiar. Edward passa seu braço na minha cintura e posamos para os fotógrafos. Depois que a plateia vai embora, eu vejo a Esme se aproximando de nós. 

—Olá Edward. - Ela o cumprimenta, vejo Edward ficar nervoso ao meu lado.  

—Não sabia que a senhora estaria aqui hoje. - Edward responde escondendo o nervosismo. 

—Foi por isso que você achou que poderia fazer uma performance tão medíocre? - Alfineta Esme, me deixando perplexa. - Essas crianças podem não ter notado que em um dos trechos da música você tocou muito devagar do que deveria. Ou que você redúzio o trio no arpejo. Mas eu notei. E qualquer critico analisando sua performance paga vai notar. 

Eu não acredito que ela tenha visto o mesmo concerto que eu. 

—Entendi. - Responde Edward fechando os punhos, com a mandibula apertada. 

—Não acredito que você ficou tão desleixado. Claramente ter a sua noiva morando com você é distração demais. - Ela continua criticando Edward. - Você não tem praticado o suficiente. É muito tempo gasto brincando, e não na frente do piano que é o seu lugar. 

Ela está sendo totalmente injusta, mas Edward apenas abaixa a cabeça, suas mãos fechadas e dentes cerrados são os únicos indícios que ele discorda. 

—Eu vou praticar mais. - Edward responde. 

—Como você poderia saber o quanto o seu filho prático? Você nunca está em casa? - Apesar de estar nervosa, minha voz é firme. Edward engasga ao meu lado, Esme fica paralisada por uns segundos. 

—Como é que é?  

—Todo o santo dia, de qualquer lugar da casa você consegue ouvir Edward praticando. Por horas, e horas, todos os dias.  

—Bella... - Edward me chama, mas não vou dar pra trás agora. 

—Quando ele estava doente e nem conseguia ficar de pé, a única preocupação dele era que ele perderia um dia de treino. Jasper e eu o impedimos de que trabalhasse até cair. - Esme cerra a mandibula da mesma forma que Edward faz. Mas isso não vai me impedir de dizer tudo que eu penso. - Ele deu tudo de si nessa apresentação, a forma como ele usou a música pra invocar emoção, era como se a música estivesse viva, nova e real. Ele consegue fazer você sentir profundamente tudo o que a música está expressando. - Eu tomo folego, Edward me olha embasbacado, mas vejo um brilho em seu olhar.  - Pode não ter sido tecnicamente perfeito, mas foi poderoso.... Apaixonado. Tudo o que uma música deveria ser. 

—E o que você sabe sobre música? - Esme pergunta furiosa. - Você nem toca se estou certa. 

—Eu posso não tocar um instrumento. Mas - 

—Você é uma amadora. Uma fã. Você não sabe do que está falando. Quando Edward me apareceu com uma garota classe baixa insignificante... 

—Mãe. - Edward tenta a interromper. 

—Eu me preocupei que alguma coisa assim iria acontecer.  Vocês não são do mesmo nível, Isabella. Seus gostos, opiniões... São todos de segunda linha. Você não sabe nada, você não é nada. E você ganharia mais se se colocasse em seu lugar. 

—Já chega. - Edward entra na minha frente, ficando entre Esme e eu. - Você não vai falar com a Bella assim dessa forma. 

—Eu vou falar com ela da forma que eu achar melhor. 

—Não, não vai. Ela é minha futura esposa e você vai tratá-la com respeito. - Nunca vi Edward tão furioso assim. 

—Edward... – Esme tenta se recompor. 

—Já acabamos aqui, mãe. — Edward a corta. 

Edward pega minha mão me puxando pra fora do auditório. Consigo ouvir Esme gritar furiosa atrás de nós. Meus batimentos estão acelerados. 

—Edward. - Eu o chamo quando estamos do lado de fora. Edward me olha sorrindo. 

—Ninguém nunca a enfrentou daquela forma antes. - Edward gargalha forte e alto. - Você é uma figura. Seus pais são assim como você? Devo ficar preocupado? - Foi minha vez de gargalhar. 

Nós caminhamos pelo lado de fora até o carro no estacionamento. As nossas malas já estão no porta-malas do carro. Eu entro no carro e coloco o endereço no gps, Edward dirige pensativo. 

—Aquelas coisas que você disse sobre a minha música.... Era verdade? - Edward pergunta quebrando o silêncio. 

—Cada palavra. - Eu respondo com um sorriso. 

Edward retribui o sorriso me olhando admirado. O celular toca, Edward olha quem é e desliga. 

—É sua mãe? - Eu pergunto. 

—Sim. - Ele concorda. - Mas vamos esquecer dela.  

O caminho foi tranquilo, ficamos conversando sobre banalidades. Quando chegamos na cidade paramos em uma floricultura pra comprar lírios para minha mãe. Quando finalmente chegamos na casa de campo, eu fico nervosa, mas respiro fundo descendo do carro, e ajudo Edward a tirar as malas do carro.  Chegamos cedo, ainda são quatro da tarde o que me da um tempo pra acalmar minha mãe, e também me arrumar com calma. Eu olho pra casa e ela continua como eu me lembro, é uma casa tradicional de madeira, meus pais a reformaram, mas quiseram manter o charme.   

—Você não me falou que era rica. - Fala Edward enquanto olha pra casa. 

—É complicado... No geral, digamos que eu gosto de me virar sozinha. - Eu respondo dando os ombros. - Vamos lá. 

Pegamos nossas malas, eu trouxe apenas uma mala grande e uma mala de mão. Edward faz questão de carregar sua mala e a minha. Então eu fico encarregada das flores e da minha mala de mão. Quando eu toco a campainha consigo ouvir minha mãe eufórica lá dentro. 

—Bella filhinha, finalmente você chegou. - Minha mãe me sufoca com um abraço apertado. 

—Mãe, chega. Também senti sua falta. -  Eu respondo me afastando um pouco dela rindo. - Mãe esse é Edward meu noivo. 

—Então você é o Edward? Nossa como você é bonito.  – Minha mãe está elétrica.  E eu fico surpresa com sua reação ao Edward. 

—É um prazer te conhecer senhora Renée. - Edward a cumprimenta educado. 

—Por favor só Renée. Seja muito bem-vindo a nossa casa. 

Edward agradece tímido, e então entramos na casa. Minha mãe está animada, eu entrego as flores a ela, e enquanto nos leva ao andar de cima onde estão os quartos, ela mostra contente cada decoração nova ou pequena reforma que ela fez. Minha mãe abre a porta do meu antigo quarto. O quarto está reformado, no meio do quarto tem uma cama de casal gigantesca, o quarto é bem claro com os moveis em tom de madeira clara, e decoração em tons pasteis e coloridos. Muito mais bonito do que era antes, apesar de ainda ter muitos objetos meus antigos.  

—O Edward vai ficar a onde? - Eu pergunto pra minha mãe. 

—Como eu só soube da existência de seu noivo até pouco tempo. E os demais quartos estão ocupados vocês terão de dividir o mesmo quarto. Já conversei com seu pai e está tudo bem, já que estão noivos. - Minha mãe me responde me dando uma leve alfinetada. - Vou deixar vocês se acomodarem. O jantar vai começar a ser servido as sete. - Minha mãe sai fechando a porta. 

—Devo dizer que não foi tão ruim quanto eu imaginei. - Diz Edward enquanto coloca as malas em cima da cama. 

—Eu também achei, ela estava furiosa comigo no telefone. Achei que ela iria surta ao te ver. Mas minha mãe sempre foi assim, nunca da pra ter certeza de como ela vai reagir as coisas. 

—Igual a você. 

—Olha quem fala, eu estava cogitando a hipótese de você ser bipolar. - Eu respondo o fazendo rir. 

—Okay, você venceu. E o seu pai? - Ele pergunta. 

—Ele é bem mais reservado que minha mãe, mas ele é uma boa pessoa também. - Eu respondo. -Por todos os quartos estarem ocupados imagino que minha mãe convidou mais gente da família.  

—Jacob também?  

—Sim, ele também. Esse seria o jantar que minha mãe planejou pra nos unir. - Eu respondo fazendo careta. 

—Você me falou que conhece ele a um bom tempo e que suas famílias são próximas. 

—Sim, minha mãe conheceu a mãe de Jacob na faculdade, e nunca mais se desgrudaram. Jacob é apenas um ano mais velho que eu. Crescemos juntos, passávamos ferias juntos aqui na casa de campo. Mas então sua família se mudou, e com o passar do tempo fomos perdendo contato.  Enfim.... Vocês na festa parecem que eram grandes amigos. 

—Eu conheci Jacob no meu intercambio, apesar de cursamos áreas diferentes. Ele era do grupo de natação assim como eu. Acabamos ficando amigos bem rápido. Ele adorava festas e garotas, mas é um ótimo amigo, e me ajudou muito lá. 

—Bom acho que vou tomar um banho e me arrumar, você pode descansar, vai precisar de energias, se conheço minha mãe esse jantar vai ser longo... 

Depois de tomar meu banho, fui no meu closet, fiz uma maquiagem simples, escovei meus cabelos e coloquei um vestido azul marinho com um lindo decote em v nas costas, e com a saia um pouco acima do joelho, peguei meu salto nude, e coloquei as joias que minha mãe me deu a última vez que a encontrei. Dei uma última olhada no espelho, e voltei pro quarto, ouvi o barulho do chuveiro, Edward deve estar tomando banho. Ainda falta uma hora, então vou em direção ao escritório do meu pai.  

—Papai. - Eu bato na porta. Ele me pede pra entrar. 

—Oi filha, entra. Estou só terminando de olhar uns documentos. - Meu pai está sentado em sua mesa cheia de papeis. 

—O senhor está muito ocupado, eu volto outra hora. Só queria te ver antes do jantar. 

—Claro que não, pra você nunca. - Meu pai largo os papeis. - Sua mãe me falou do seu noivo. 

—Ah... - Eu não sei o que dizer. 

—Você sabe que sua mãe te ama, nós te amamos. Nós já estamos ficando velhos, queríamos só que você já estivesse bem encaminhada. Sei que você não quer cuidar da empresa. E que não quer se casar com Jacob, e essa briga já durou muito tempo. Conversei com sua mãe, e vamos confiar nas suas escolhas. - Eu não penso duas vez, e corro dando um abraço no meu pai. 

—Obrigada pai, isso significa muito pra mim. - Eu agradeço já com lagrimas nos olhos. 

—Sua mãe não concordou de todo, mas prometeu tentar. - Diz meu pai sorrindo enquanto passa as mãos no meu cabelo. 

—Vindo dela já é um bom começo. 

—E o seu noivo, Edward? Ele é uma boa pessoa? - Pergunta meu pai um pouco desconfiado. 

—Ele é maravilhoso papai, e me faz muito feliz. - Respondo sincera.  

—Sendo assim, fico feliz também. Mas se ele pisar na bola com minha filhinha... 

—Está bem, senhor Charlie. Não acho que será preciso pensar nessa hipótese tão cedo. - Respondo rindo. 

Nós dois ficamos um tempo assim, ele continuou olhando os papeis e eu fiquei lá fazendo um carinho em sua cabeça. Puxando assuntos comuns. E rindo de suas piadas horríveis. Meu pai foi terminar de se aprontar, eu escuto a campainha tocar, com certeza os convidados chegaram. Eu volto pro meu quarto pra buscar Edward, e descermos juntos.