Ilíria Saint-Sallow nunca havia perdido uma partida de quadribol, não interessava se estaria jogando ou se apenas assistiria das arquibancadas, se era uma final ou um amistoso, era apaixonada por quadribol e não seria graças a Oliver Wood que ela não veria uma partida importante, então estava subindo as arquibancadas mesmo que não quisesse olhar para o rosto estúpido dele. Foi uma das primeiras a chegar no campo, odiaria ter que convencer outra pessoa a sair de seu lugar favorito, então saira do Salão Principal pouco depois das duas equipes terem ido se preparar. Heather a seguia de perto, se jogou no banco sem muito ânimo, não era uma fã de esportes e declarar sua torcida não significava algo de verdade, apenas pintara o rosto para agradar o Wood, nem assistiria o jogo se não fosse para acompanhar a amiga. Bem, não que fosse assistir, tinha um caderno de desenhos na bolsa e Ilíria só precisaria lhe atualizar sobre quem estava vencendo.

Ilíria se apoiou na borda das arquibancadas, estava alto o suficiente para ter uma visão de todo o jogo, e caso fossem para longe demais, ainda tinha seu binóculos. Sentiu o vento acariciar seu rosto e empurrar seu cabelo, a verdade era que o quadribol fora a primeira coisa a ser verdadeiramente dela. As flores eram uma lembrança de seu pai, seu baralho cigano fora herdado de sua mãe, tudo em sua vida parecia ser uma constante lembrança da falta deles, até encontrar o esporte. Gostava de voar, mas a verdadeira emoção era cruzar o ar em disparada, roubar a goles e esquivar de tudo e todos para acertar os aros, não se importava com o impacto ou com cair, porque isso a distraia completamente de sua vida, e precisava manter o seu foco para vencer. Então de repente precisava de mais disso, e quando notara, havia se tornado uma fã quase desesperada do Puddlemere United, do tipo que colecionava camisas do time, assistia todos os jogos e até xingava o Montrose Magpies por estar na dianteira quanto ao número de vitórias. Algumas pessoas gostavam de quadribol, Ilíria precisava dele.

Os torcedores começavam a se amontoar, esperando pelo início da partida. Viu quando os professores tomaram seus lugares e quando os times entraram em campo, com seu binóculos conseguiu ver até mesmo o momento em que Wood e Diggory se cumprimentaram com um aperto de mãos. Poderia dizer que Oliver estava nervoso, e, por impulso, o seguiu com os olhos até os aros. Quando a partida começou, se focou nos artilheiros e nos batedores, ocasionalmente observando os apanhadores, só olhando para os goleiros quando alguém se aproximava demais dos aros, tentou se conter uma vez que não torceria pelo time do Wood e nem pelos lufanos, mas demorou muito pouco para que começasse a gritar quando a Lufa-Lufa quase marcou um ponto, sentindo alívio ao ver Oliver usar o cabo de sua vassoura para arremessar a goles para Angelina. Assistia o jogo com o máximo de atenção, e quando um balaço se jogou na direção de Oliver e o acertou na barriga, apertou seu apoio automaticamente, com medo de que ele caísse da vassoura (o que a fez ouvir um "isso porque estava torcendo para ele cair" de Heather), mas então ele voltou a se equilibrar, e depois disso, não pode se impedir mais, comemorou os pontos marcados pelas artilheiras do time, as defesas de Oliver, as rebatidas de Fred e Jorge, seu ânimo durou até voltar seu olhar para os apanhadores, Cedrico disparava no ar e Harry Potter não tinha o visto.

—ATRÁS DE VOCÊ, POTTER! —gritou desesperada, sabendo que ele dificilmente lhe ouviria, mas conseguiu ouvir o grito vindo das balizas.

—HARRY! —Oliver berrava angustiado. —HARRY, ATRÁS DE VOCÊ!

Ilíria enfiou os olhos no binóculo com tanta força que seu óculos deixou uma marca no nariz pequeno, mas não se importava, Cedrico guinava a vassoura cada vez mais alto, se aproximando do pomo. Harry se abaixou contra vassoura murmurando pedidos para que ela fosse mais rápido, tentando desesperadamente alcançar o lufano. Ilíria poderia facilmente ser a pessoa que mais gritava, mas o desespero de Oliver o fizera ganhar dela. Apertou os olhos frustrada no exato momento em que viu o punho do Diggory se fechar, sabia que Grifinória fora derrotada.

—Diggory pega o pomo e Lufa-Lufa vence! —Lino Jordan anunciou em seu microfone, mas não parecia animado.

Os jogadores avançaram para o chão, a torcida lufana (e boa parte da sonserina) comemorava, o time se abraçava em euforia, enquanto isso, Oliver, Ilíria e Minerva McGonagall poderiam disputar quem estava mais decepcionado, mas Oliver venceria novamente. Ainda um pouco perplexa a Saint-Sallow assistiu os times deixarem o campo, assim como todos que assistiram a partida. A Lufa-Lufa teria um dia de comemorações, e a morena deveria ter também uma vez que declarara que não torceria para a Grifinória, estava certa de que a deixariam entrar na festa que fariam, poderia ir até lá, beber, dançar e talvez até beijar alguém, mas a verdade era que não queria. Deixou seu peso cair sobre o banco, sendo acertada pela ideia de que talvez a Grifinória ficasse fora do campeonato naquele ano, sentiu seu coração doer ao pensar que Oliver deveria estar em desespero, o quadribol para ele era como para Ilíria: mais uma necessidade do que um jogo. Só de pensar em não participar a morena já se sentia ser empurrada para as lágrimas, só não esperara sentir isso também por um time que não era o seu.

Heather ficou em silêncio esperando a amiga absorver o acontecido para que pudessem ir embora, desenhara vários rostos aleatórios que encontrara na multidão em seu caderno, vez ou outra observando o que acontecia em campo. Não entendia a fixação por aquilo, mas sabia que de alguma forma era importante, então só quando viu a Saint-Sallow se levantar foi que falou.

—Nós deveríamos ver o Wood agora? —perguntou juntando as próprias coisas para ir embora.

—Você deveria.

—Acho que nós duas.