Todos os Erros escrita por Lizzy Di Angelo


Capítulo 19
Isso não é saudade




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Sentia-se estranhamente frustrado, revirou os olhos ao pensar que era ridículo estar tão afetado pela ausência de Ilíria, mas não gostava que ela o evitasse justo quando acreditava que eram amigos. O time já havia percebido que Oliver não estava no melhor de seus humores, assim como seus colegas de quarto e outros membros de sua casa, então agora existia uma divisão: todos fugindo de sua direção e os gêmeos Weasley o importunando ainda mais.

Enfiou a comida na boca ao se lembrar do que ela dissera, acusando Oliver de tentar usá-la! Era óbvio que queria ajuda, porque ela era a pessoa mais próxima da Smith, mas não estava mentindo e nem tentando transformá-la em um meio, havia se adaptado a companhia dela, ao humor, e até ao mau humor. Mas ela disparara vários passos à frente dele, e embora tivesse quase tropeçado várias vezes, se recusou a aceitar qualquer tipo de ajuda, procurou o próprio caminho para a fora da floresta, sendo seguida por Oliver, que sabia não ter coragem de deixá-la sozinha ali mesmo que estivesse com suas lentes. E desde esse dia mais nenhuma palavra fora trocada, ela até saíra de perto quando a amiga resolvera falar com o jogador.

Faria um piquenique com Heather Smith e estava incomodado com a distância da Saint-Sallow, era tudo o que faltava. Levantou-se da mesa de café da manhã ao ouvir a décima piada sobre seu atual estado de espírito feita pelos ruivos, não se sentia exatamente tolerante, e assim seguiu seu dia, enfim se animando para seu encontro, terminando seus planos, e não conseguindo deixar de olhar Ilíria quando passava por ela.

Às cinco horas o garoto já estava pronto, tinha uma bolsa cheia de comida que conseguira da cozinha, uma toalha para forrar o chão e estava parado próximo ao Lago Negro esperando pela loira, que chegou poucos segundos depois, adorável em um vestido claro. Sorriu a cumprimentando, então cobriram o chão com a longa toalha e Oliver puxava as comidas para fora de sua bolsa enquanto a loira contava sobre suas aulas. Ela adorava poções e era ótima em história da magia, então desenrolara uma história que acontecera em sua aula de transfiguração, estava feliz que finalmente conseguiam conversar de verdade, ao menos até Heather mexer em pequenas flores no chão.

—Liri deve ter sentado aqui hoje. —comentou tocando uma pétala, o lembrando do dia em que conhecera a Saint-Sallow. Por que Heather precisava falar disso?

—Ela gosta tanto assim de plantas? —perguntou, meio não querendo se estender no assunto, ao mesmo tempo em que queria saber se ela dissera alguma coisa para a amiga.

—O pai dela tinha uma floricultura. —deu de ombros suavemente, como se pensasse sobre isso. —Acho que ela sente falta.

—Da floricultura? —era uma pergunta idiota, mas só percebeu quando ela o olhou rindo.

—Do pai. —sabia que o pai dela era trouxa, mas não que algo acontecera com ele, estava curioso e ao mesmo tempo não queria perguntar sobre isso para alguém que não fosse Ilíria, porque se sentiria invadido se soubesse que estavam conversando por aí sobre seus pais caso eles morressem, então mudou um pouco o rumo.

—Ilíria falou algo sobre a detenção? —não sabia o que esperar, ela poderia tê-lo xingado longamente, mas Heather estava ali.

—Não exatamente. —Heather mordeu um bolinho, jogou o cabelo para o lado, e embora continuasse linda, parecia um pouco menos magnética. —Ela parece irritada, mas não o suficiente para dizer que eu não deveria sair com você.

Surpreendeu-se, estivera certo ao dizer que ela não tentaria estragar sua chance, ao ponto em que mesmo brava como estava não fizera isso. Deixou a falta de Ilíria o incomodar um pouco mais, quase como se sentisse saudade de falar com ela, e isso era estranho.

—Conseguiu pegar os óculos dela? —perguntou sem saber o que dizer, e sem perceber que seu encontro se tornara uma conversa sobre Ilíria, uma das poucas coisas que tinha em comum com Heather.

—Consegui. —respondeu tranquila, e ao ver que ele continuaria fazendo perguntas sobre a amiga, o interrompeu com uma brincadeira: —Se continuar falando de Liri, vou achar que está apaixonado por ela.

Se estivesse bebendo algo, Oliver cuspiria. Encarou a garota perplexo, sem entender de onde ela tirara algo desse tipo, e vendo como as sobrancelhas claras se arquearam acompanhando sua reação, o garoto se sentiu mal. Não deveria agir como se a ideia de alguém estar apaixonado por ela fosse inconcebível, poderia até não ser essa pessoa, mas ela não deixava de ser engraçada, inteligente e linda, outro alguém inevitavelmente se apaixonaria. Engoliu a sensação estranha ao pensar nisso.

—Estou apaixonado por você. —devolveu sincero, ignorando a timidez e sentindo suas bochechas queimarem levemente.

—Que direto. —Heather comentou, então piscou para ele como sempre fazia, mas dessa vez não tivera o efeito desejado: Oliver não fora distraído por seu charme. —O que espera com isso?

—Espero te fazer se apaixonar por mim, eu acho. —esse era o objetivo, mas não se preparara para dizer isso.

—Eu tenho certeza que Liri te avisou que não vai funcionar. —ela falou tranquila, embora mexesse no cabelo nervosamente.

—Eu não perco nada tentando. —devolveu, e Heather deu de ombros no fim das contas, sorrindo para ele sem se importar muito.

O silêncio se estendeu por tempo o bastante para que Oliver pensasse que, se Ilíria estivesse ali, ela saberia dizer a coisa errada no momento certo, e isso já seria o suficiente para fazê-lo rir. Heather mexeu as mãos, sem saber por que ele não parecia tão hipnotizado por sua beleza, e embora gostasse de conversar, não poderia deixar de se incomodar com isso. Mordeu seu bolinho novamente, quase arrependida de ter começado a flertar com o Wood, porque embora adorasse ver as pessoas apaixonadas por si, não conseguia deixar de acreditar que ele teria adorado Ilíria se a conhecesse primeiro, não quando via que ele se importava com ela, e ninguém merecia mais ser amada do que sua amiga.


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