Todos os Erros escrita por Lizzy Di Angelo


Capítulo 18
Quando a paz chega ao fim




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Oliver levantou a mão, fazendo Ilíria dar um pulo e evitar a raiz que parecia capaz de partir o chão.  A Floresta Proibida era estranhamente fascinante, raízes traçavam o chão como um mapa, as árvores eram grossas e suas cascas tão ásperas que facilmente o cortariam caso as tocasse, a cada passo o céu era um pouco mais encoberto, e se andassem demais mergulhariam em uma escuridão tão densa que nem mesmo o Sol brilhando no topo do céu poderia os ajudar. Imaginar o tipo de criaturas que viviam ali era assustador e intrigante ao mesmo tempo, e embora não tivesse a intenção de ter os olhos furados por alguma criatura, não podia deixar de se sentir um pouco tentado a se embrenhar na floresta.

—Não invente ideia, Wood. —se virou surpreso, sem saber como ela poderia adivinhar o que estava pensando.

—Por que acha que eu estou “inventando ideia”? —parou, analisando as árvores em busca de sinais de algum tronquilho, se sentindo estranhamente constrangido ao pensar que Ilíria poderia ler sua mente.

—Eu consigo ver a direção que você olha. —mexeu os olhos como se dissesse que usava óculos, mas não era cega.

—Então estava me olhando? —era uma piada, não esperava que a garota fosse ficar vermelha.

—Por favor, Oliver Wood! —o tom desdenhoso não saiu tão forte quanto deveria, engoliu uma risada, querendo se divertir mais com a reação dela.

—Só consegue me chamar de Wood ou pelo nome completo, Ilíria? —deixou o nome dela rodar em sua língua em um tom diferente, e ela o encarou tão indignada e vermelha que se arrependeu de não ter feito isso antes.

—É o seu nome. —devolveu entredentes.

—Você pode me chamar de Oliver. —ofereceu suavemente, em flerte.

Soube que iria se arrepender disso no exato momento em que o rosto de Ilíria mudou, passando de constrangimento e mortificação até determinação, para enfim se tornar um olhar intenso e um sorriso atrevido, se aproximou um passo só, mas para o próprio azar, deu um pequeno tropeço, esbarrando contra o corpo de Oliver e agarrando a roupa do garoto em uma tentativa de se equilibrar, ao mesmo passo em que ele a segurou. As bochechas se tingiram novamente, ruindo um pouco sua coragem, mas respirou fundo, refazendo a expressão antes de olhá-lo, agora mais de perto do que tinha intenção.

—Não deveria falar assim comigo, Oliver... —seu tom suave prendeu completamente a atenção dele, mais tarde poderia se xingar por isso, no momento estava ocupado demais admirando o jeito como o olhava, o sorriso bonito, as maçãs do rosto avermelhadas completavam sua aparência com perfeição, apertou as mãos um pouco mais contra a cintura dela involuntariamente, e por isso foi pego de surpresa pelo olhar maldoso e a voz novamente normal. —Porque posso destruir suas chances com a Heather.

—Não faria isso. —resmungou um pouco mal humorado, afrouxando as mãos apenas para ver a morena chegar para trás de volta, ela parecia vitoriosa, e o Wood não poderia negar que ela ganhara, não esperava que a Saint-Sallow devolveria o flerte de brincadeira, e muito menos que ela seria boa nisso.

—Você acha que não. —replicou dando ênfase, voltando a caminhar, e tentou não corar pela milésima vez quando ele segurou-a pela mão novamente.

—Eu sei que não. —ajudou-a a pular mais uma vez, e quando ela arqueou uma sobrancelha, continuou: —Somos amigos.

—Não, não somos amigos. —não estava reagindo firmemente, ainda assim, não diria que eram amigos, quer dizer, eram conhecidos que por coincidência (ou azar) acabavam presos juntos com mais frequência do que gostariam, não é?

—Ah, nós somos, Ilíria. —insistiu achando graça. —Eu te ajudo, você me ajuda, amigos.

—Eu não chamo isso de se ajudar, acho que “grifinório desgraçado se aproveita de situação pouco favorável e me escraviza” explica melhor. —por alguns segundos Oliver ficou chocado, então gargalhou.

 —Esse poderia ser o nome de um pornô horrível. —observou com humor.

—Espero que isso não seja uma proposta. —desdenhou, fazendo Oliver revirar os olhos.

—O ponto é: nós conversamos, e se formos sinceros, até que nos damos bem. —era verdade, vinha falando com a morena muito mais do que esperava, e descobrira nisso algo que realmente o divertia. Era apaixonado por Heather, e ainda assim Ilíria era quem o fazia repensar mesmo o que acreditara por anos, como a total incapacidade de agir como pessoas decentes dos sonserinos.

—Você não tem mais amigos não, Wood? —perguntou, mais como implicância do que como qualquer outra coisa.

—Admita logo, Ilíria. —bateu o ombro contra o dela devagar.

—Nem se fosse verdade. —bateu de volta, então mudou de assunto repentinamente. —Vai convidar Heather pra sair de novo?

—Bem, ela disse que se eu cuidasse de você poderíamos sair quando eu quisesse, então acho que não vou precisar. —explicou satisfeito, demorando um pouco para notar que Ilíria parara de andar e o observava descrente.

—É por isso que está me ajudando então? —o tom irritado o confundiu, que mal tinha isso? —Você não acha ridículo querer me dizer que somos amigos? Nós não somos! E você vem até aqui, age como se fosse o meu salvador... —Ilíria arrancou a mão da dele ao ver que ainda estavam juntas. —Em uma tentativa estúpida de me usar como o meio para um fim.

Estava furiosa, porque ele poderia ter tido uma conversa normal e ela não se oporia, sabia muito bem que tudo o que Oliver queria era Heather, mas a ideia de que ele tentava manipulá-la sugerindo uma amizade quando no fundo não era nada mais do que uma troca era extremamente irritante, que tipo de idiota ele achava que ela era? Arrependeu-se de ter pensado que ele era uma boa companhia, então caminhou rápido para longe, os olhos estreitos focados no chão em uma tentativa de não perder sua dignidade com uma queda, o que era difícil. Então se virou para trás pela última vez, com as sobrancelhas franzidas de raiva, apenas para cuspir um:

—Eu não preciso ser cuidada.


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