Todos os Erros escrita por Lizzy Di Angelo


Capítulo 17
A criatura mais perigosa da floresta




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Caminharam por alguns minutos, e embora estivesse curioso para saber o que havia acontecido, não parecia muito apropriado perguntar na frente daquelas pessoas. Segurou Ilíria pelo braço discretamente ao ver que ela tropeçaria na raiz de uma árvore, os olhos escuros estavam estreitos e imaginou o quão estressante deveria ser caminhar no chão irregular sem seus óculos, o silêncio dela o preocupava um pouco. Não queria se preocupar com a Saint-Sallow, e ver que não conseguia deixar de fazer isso era estranho.

Ilíria não deu qualquer sinal de que sentiu quando ele a ajudou a se equilibrar, nem mesmo um olhar de lado, e Oliver se sentiu mal ao entender por que: Marcus Flint era o Capitão do time de quadribol da Sonserina, e apesar de todo o talento, ela lidara com rejeição ao entrar para o time, sequer teria sido aceita se não precisassem realmente de uma artilheira. Talvez os problemas dela não tivessem chego ao fim, e ser vista sendo ajudada por um grifinório não ajudaria, devia ser exaustivo ter que provar que era autossuficiente o tempo inteiro, porque Ilíria simplesmente era, e não deveria ter que negar ajuda para se mostrar forte.

—Nós estamos procurando por Tronquilhos. —explicou Hagrid olhando para os quatro alunos. —Eles são pequenos, verdes e ficam nas árvores, então prestem atenção. Vocês tem que oferecer um desses para eles antes de pegá-los. —o homem sacudiu o balde que carregava, a garota se esticou tentando entender o que eram as coisas dentro dele, e ficou um pouco aliviada quando o Wood murmurou um “bichos-de-conta” próximo o bastante para que pudesse ouvir. Caminhou até o meio gigante e enfiou aquelas coisinhas nos bolsos da calça, era melhor do que sair carregando na mão, mas ficou um tanto chocada ao ver o homem acrescentar, como se fosse um detalhe que ele esquecera: —Não os ameassem, eles podem furar seus olhos.

Bem, isso que era notícia boa.

—Espero que furem os seus. —não foi necessário dizer um nome para que todos soubessem com quem o corvino falava, e antes que qualquer um deles pudesse dizer algo, Ilíria já estava na frente dele.

—Cala a boca. —ela foi simples, mas tinha uma autoridade impressionante para quem era consideravelmente mais baixa.

—Você falou o quê? —Oliver chegou a dar um passo para frente ao ver o jeito ameaçador que ele se aproximou dela, como se quisesse usar seu tamanho como intimidação. Podia ver o corte que manchava a bochecha dela de sangue, e por algum motivo aquilo o irritou profundamente, estava prestes a entrar na frente dela quando viu os dedos finos agarrarem a blusa do garoto e puxá-lo para baixo com força.

—Eu mandei você calar a boca. —Ilíria não hesitou em responder, torceu a blusa de Simon Jones um pouco mais, mantendo seus rostos quase colados para que ele entendesse bem com quem estava falando. —E se você tiver ao menos meio cérebro, o que deveria ter considerando sua casa, vai me obedecer.

Quando Ilíria o soltou, o silêncio ainda durou alguns segundos, porque nem mesmo Oliver esperava que ela soubesse falar em um tom tão duro e furioso, fazendo com que tivesse dificuldade em voltar a falar, e a ordem sequer fora dirigida a ele. Sacudiu a cabeça levemente, ouvindo Hagrid tentar dispersar a situação, dividindo-os em grupos. Foi só quando já haviam caminhado para longe o suficiente dos outros, com a Saint-Sallow tropeçando vez ou outra, que Wood conseguiu encontrar a própria voz.

—Me deixe consertar esse corte. —pediu gentil, se surpreendendo por isso, mas vê-la machucada estava o incomodando tanto que não aguentou. Ilíria parou, apenas virando a bochecha ensanguentada para ele, Oliver foi rápido com um gesto de varinha: —Episkey!

—Obrigada. —a voz dela foi baixa, e as bochechas ficaram vermelhas quando o garoto usou a manga do próprio suéter para limpar seu rosto com tanta delicadeza, quase como se achasse que ainda poderia doer, e de repente se viu contando sua frustração para ele: —Não faz o menor sentido me trazer para cá! Eu não consigo ver nem o que tem no chão direito, como exatamente vou procurar por criaturas pequenas em árvores?

—Bom, você pode contar que também não faz sentido chamar de Floresta Proibida e enfiar alunos procurando criaturinhas furadoras de olho nela. —apontou, olhou para baixo para ver as mãos dela penduradas no ar, ainda estava hesitante sobre o que pensara em fazer. —Eu posso te ajudar... A não cair, no caso.

—Isso vai ter um preço? —perguntou meio em dúvida, mas quando ele estendeu a mão, ela aceitou. De mãos dadas com um grifinório no meio da Floresta Proibida, essa poderia ser a primeira coisa da lista de coisas que nunca pensou que aconteceria.

—Pode me contar o que fez para acabar aqui.  —voltaram a andar, Oliver puxava a mão dela para cima sempre que precisava pular algo, um pouco afetado pelo jeito como se encaixavam mesmo que não tivessem entrelaçado os dedos.

—Eu não fiz nada, ele me chamou de mestiça imunda! —os olhos escuros encaravam Oliver parecendo sentidos, e teve vontade de passar os dedos pela bochecha dela pela segunda vez, sabendo que aquilo era uma ofensa de verdade, mas se controlou a tempo de vê-la continuar: —Então eu o soquei. Chamo isso de legítima defesa.

—Ele te bateu? —perguntou, achara graça da resposta dela, mas ainda iria atrás dele mais tarde.

—Como se conseguisse. —a risada dela foi mais cruel do que feliz. —Teve que usar um feitiço.

—Por que não fez o mesmo? Teria sido mais fácil. —falou lentamente, não querendo que ela achasse estar sendo culpada, porque não tinha culpa alguma, mas ao invés disso, fez um som de desprezo.

—Por favor, Wood, briga de azarações é coisa de quem não se garante no soco. —parou, a encarando chocado.

—E você se garante?

—Bem, você viu como ele ficou. —deu de ombros satisfeita, o garoto ficara muito pior do que ela.

Oliver riu, Ilíria definitivamente era a criatura mais perigosa da floresta.


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