Casualidades e Confluências escrita por Meizo


Capítulo 2
Encontro 2: Uma sombra indesejada




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Sanji estava no balcão da PetShop do bairro vizinho, que era bem melhor e mais diversificado do que o que havia em seu bairro, com um pacote de ração para papagaios e novos brinquedos para suas aves nas mãos. E aproveitando que todos os atendentes da loja possuíam amplo conhecimento dos produtos e de seus respectivos bichos, ele resolveu tirar uma dúvida.

— Um papagaio pode aprender sozinho uma palavra nova?

O atendente, um jovem de cabeça raspada que usava uma camiseta com o símbolo da loja, o encarou confuso, parando de mover os dedos sobre a calculadora.

— Bem, eles podem aprender se for uma palavra repetida com bastante frequência e se tiverem estímulo.

Sanji suspirou.

— Não foi isso o que quis dizer. Um papagaio pode aprender a falar uma palavra que nunca ouviu alguém dizer por perto?

— O papagaio é um repetidor, aprende imitando sons que ouve, mas não tem o cérebro desenvolvido o suficiente para criar uma palavra, se é isto o que quer dizer.

Sanji não ficou muito convencido. Ele tinha um cuidado especial de não falar palavras feias perto de suas aves para que não tivessem a mínima possibilidade de aprenderem xingamentos ou coisas parecidas. Criou Cloe e Lis com o bom e o melhor dos cuidados como se fossem de fato princesas-aves, então não tinha como elas terem aprendido dele a falar “merda”. E Sanji também não ficava chamando a si mesmo de “loiro bonito”, só para constar. Não restava outra opção senão elas terem aprendido sozinhas já que não tinha mais humanos morando na casa além dele próprio.

— Tem realmente certeza disso? — Sanji insistiu. — Quero falar com alguém mais especializado. O veterinário está aqui hoje?

O atendente não pareceu ficar feliz de ser chamado, indiretamente, de pessoa sem conhecimento necessário. No entanto, Sanji não se importou se tinha ofendido ou não o atendente, apenas queria ter suas dúvidas sanadas.

— O veterinário não está disponível agora. Mas se quiser podemos agendar uma consulta.  — o tom do rapaz já não era tão amigável quanto no início da conversa.

Não era bem uma consulta que Sanji queria e sim tirar algumas dúvidas. Será que aquele atendente não conseguia entender? O que ele tinha dentro da cabeça no lugar de um cérebro funcional?

— Tem como me passar o contat...

— Você vai passar o dia todo aí?! — reclamou uma voz masculina atrás dele.

Sanji se virou preparado para gesticular obscenamente e mandar a pessoa parar de aporrinhá-lo, mas quando seus olhos reconheceram a figura do tatuador do outro dia, ele apontou acusadoramente para o homem.

Você!

— Eu. — o tatuador sorriu jocoso. Levava debaixo do braço um pacote grande e pesado de ração para cães. — Está me seguindo, fotógrafo?

Sanji arregalou os olhos muito azuis. Mas era muita ousadia daquele chantageador de beijos!

— Espera, como sabe que sou fotógrafo? — seus neurônios, que pareciam ter dado uma adormecida, trouxeram então uma lembrança do famigerado encotnro. — Não precisa responder, já lembrei. A câmera.

O atendente olhava de um para o outro, tentando entender se devia se intrometer na conversa ou não. Ele só queria fazer o trabalho dele em paz, mas sempre apareciam clientes complicados para atrapalhar seu dia.

— Bom dia, senhor Roronoa! Atendo o senhor daqui a pouco. — o atendente virou sua atenção para Sanji de novo. — Esse é o cartão com os contatos da loja, pode ligar quando quiser marcar uma consulta, senhor. Temos um site também, caso prefira.

Desistindo de tentar conseguir respostas ali, Sanji apertou os lábios enquanto abria a carteira.

— Qual a forma de pagamento, senhor Vinsmoke?

— Cartão. — disse, estendendo o pequeno objeto azul.

O tatuador se aproximou do balcão, depositando o pacote de ração em cima do móvel sem muita suavidade. Ele usava outra camiseta básica, mas essa, diferente da usada no primeiro dia em que se viram, tinha a gola em V. Curiosamente essas roupas simples combinavam com ele, já que davam ênfase as tatuagens em seus braços. Óbvio que Sanji não expressou essa opinião. E jamais iria.

Quando o atendente lhe entregou a sacola com seus produtos comprados, Sanji olhou bem dentro do castanho escuro dos olhos do tatuador e disse:

— Eu já uso essa loja há meses, então é você que está me perseguindo.

O tatuador entreabriu os lábios para retorquir, mas a voz do atendente foi mais rápida que a sua.

— Na realidade, os dois senhores frequentam há um bom tempo nossa loja. Só não tinham se encontrado até agora.

Sanji franziu o cenho e o senhor Roronoa também. Então aquele reencontro tinha sido uma mera coincidência? Como era possível eles nunca terem se encontrado naquela loja antes? Sem nem dirigir mais uma palavra a nenhum dos dois homens presentes, Sanji saiu do estabelecimento e caminhou encucado para casa, antes fazendo uns desvios em ruas aleatórias apenas por precaução. Nunca se sabia quando um musculoso suspeito resolveria segui-lo, não é mesmo?

Mas, no fim, era melhor voltar a pensar em suas meigas papagaias e na questão das palavras misteriosas. Aquilo sim era um assunto que merecia sua atenção.

 


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