— Diga- me Mitsuki, o que você enxerga em mim? - o amigo ria da angústia do outro. – deixe de brincadeira. – deixou a fumaça dançar por entre os lábios.

— Você sabe o que vejo, Boruto.

— Não sei.

— sabe sim. – sorriu desdenhoso.

— Você é um péssimo amigo. – revirou os olhos.

— a quanto tempo não se alimenta? – o loiro não o encarou, apenas continuou a fumar emburrado. – vamos, responda. Nunca responde nenhuma de minhas perguntas.

— Por que você só me trás problemas. – soltou a fumaça. – não sei quantos dias fazem, satisfeito? Estou fraco. É isso que quer ouvir? – Se levantou indo até a lareira apagada e chutando os pequenos gravetos secos. – não tenho como enxergar a aura das pessoas... – sussurrou.

— esperava por isso. está amaldiçoado.

— Ainda sou imortal. – o encarou. – testei.

— oh, caro amigo, mas é isso que lhe causa a maldição, algo pior que a morte. – passou. – definhar pela eternidade.

— tão dramático. – revirou os olhos. voltando a fumar encarando a lareira apagada.

— lhe ofereço um dos quartos da casa para resmungar arrependido. – sorriu.

— nossa, que grande amigo, muito obrigado. – disse irônico.

— Você é absurdamente ingrato, Boruto. Sorte sua que não ligo. – ouviu o loiro resmungar baixo. – ela acordou? – observou as costas do rapaz ficarem tensas.

— Não.

— já faz seis meses.

— Eu sei.

— vai vê-la hoje? – o silêncio e a tensão eram palpáveis. Longos segundos intermináveis.

— ela simplesmente desmaiou e não acordou mais. – pausou. – disse que Deus estava castigando-a. Por que diria isso? – deu a volta na sala tragando novamente tragando o charuto. Sorriu amargo. – acha que pode ser verdade? Que ela também foi amaldiçoada. – Mitsuki o olhava perplexo.

— Por deus Boruto, como você pode ser tão burro?

— o que eu fiz? – questionou confuso. Mitsuki o encarava ainda sem acreditar.

— junte as peças, seu demônio idiota. A maldição também tira a sua inteligência?

— do que você está falando?

— Se ela acha que foi amaldiçoada por Deus, só ah uma única coisa que pode ter acontecido. – sem completar, Mitsuki ainda o encara com as sobrancelhas arqueadas e Boruto formava um sorriso desconfiado.

— Não... – ele riu. – Mas... – ele se levantou, caminhado pela sala enquanto o outro massageava as têmporas e servia dois drinks. – Não, não tá acontecendo. – ele riu novamente.

— está sim.

— Ela.. – encarou o amigo.

— sim. - entregou- lhe um copo com bebida.

— Pode...

— É, você ganhou a aposta. O que vai fazer agora?