O que a vida pode tirar de você escrita por Lady Loki


Capítulo 10
Adam Smith




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Narradora

 

1997, Delegacia de Las Vegas, Las Vegas, Nevada.

Era uma noite fria, sombria, a chuva só favorecia esse clima pesado, Rose estava enrolada num cobertor sentada num sofá da delegacia. A garotinha não conversava com ninguém, uma policial lhe tinha perguntado se estava com fome ou sede, se queria alguma coisa, mas ela não disse nada e muito menos encarou a policial. Motivo? Medo, seu coração estava acelerado, apesar de aparentar calma, ela se sentia a mil por hora, de fato, enfrentava uma batalha interna consigo mesma. Sim, estava livre, não veria Adam nunca mais, mesmo ele tendo dito que a encontraria novamente, não acreditou em nenhuma palavra dele, a pequena não podia se dar ao luxo disso, já havia sofrido o suficiente por diversas vidas. Permaneceu por algumas horas naquele sofá, não comeu ou se mexeu, olhava para o nada, perdida em pensamentos... Somente uma palavra ecoava na sua cabeça: orfanato. Sabia que iria para aquele lugar, mas não desejava por nenhum segundo isso. Entretanto, não se lembrava de ter se permitido chamar qualquer casa de lar, sabia da sua nacionalidade inglesa, apesar de só se lembrar da sua vida (se é que pode-se chamar assim) em Las Vegas. Sua mente é interrompida quando escuta a porta da sala onde estava se abrir, quem havia entrado era a agente Prentiss, a mulher que a tinha encontrado, ela pega uma cadeira e se senta em frente a criança.

— Não conseguiu comer nada? -há um tom de preocupação na voz da mulher, no mesmo instante a garotinha diz que não com a cabeça, sem encara-lá – Bom, não te culpo, porque isso não é comida de verdade – Emily faz uma careta para o pacote de salgadinhos e refrigerante os retirando da frente da menina, tal ato faz a mesma rir minimamente.

A chuva que ocorria há duas horas começa a diminuir aos poucos até nenhum pingo cair mais no chão, em seguida, um lindo sol surge, talvez seja um presságio de esperança? De que depois da tempestade sempre há um arco-íris?. Quando a agente vê a luz solar iluminando toda a sala, lhe ocorre duas ideias em sua cabeça.

— Bom, você deve estar faminta e eu com certeza irei desmaiar daqui a pouco de tanta fome – a agente consegue detectar algumas microexpressões indicando que a pequena estava começando a se soltar – Então, que tal resolvermos os nossos problemas com sorvete? Sorvete sempre resolve tudo, não é mesmo? – Emily se levanta da cadeira e estende a mão para a garotinha que somente afirma sem dizer uma palavra e pega na mão da mais velha, o começo de um sorriso surge no rosto da garotinha.

Um carrinho de sorvete se encontrava em frente à delegacia, poucos minutos depois ambas estavam se deliciando com a comida gelada. Naquele momento, a mulher começou a pensar na situação da menina, sua equipe investigou a vida dela e procurou por algum parente que poderia lhe adotar, mas todos haviam antecedentes criminais ou eram incapazes de cuidar dela, segundo a própria Prentiss. Dessa forma, a opção mais viável seria o orfanato, motivo pelo qual deixou Emily com pena de Rose. Logo, esse pensamento incomodava o coração e o cérebro da mais velha, não queria isso para o futuro da pequena.

A ideia de adotar Rose martelava em sua mente, porém não tinha total segurança se poderia ser uma mãe, pois, querendo ou não, seus pais não foram muito presentes, o trabalho sempre era prioridade para eles, aprendeu muito bem isso. Então, tinha medo de que seria uma péssima mãe ou ausente, o que seria pior,  além disso era solteira e não pretendia entrar num relacionamento agora, muito menos estava buscando um, ou seja, iria ter todo o trabalho que era cuidar de uma criança. Para ajudar, quando a sua mãe soubesse disso, iria amaldiçoar a própria filha por ter feito uma loucura dessas, mas isso não se tornaria um obstáculo, gostaria do apoio dela, claro, porém, sua a Embaixadora Prentiss nunca iria ditar o que ela faria com sua própria vida.

— Emily? – Rose fala enquanto a agente limpa a sua boca toda suja de sorvete, a mulher se surpreende ao ouvir a voz da menor– Eu vou para aquele lugar? – diz com os olhinhos tristes.

— Qual lugar? – a morena pega na mão dela e fica da altura dela.

— Aquele onde as crianças ficam tristes até alguém buscar elas... -naquele momento a agente fica estática, não faz a mínima ideia do que responder, estava sendo uma tortura ver aquela menina tão triste. Contudo, soube naquele instante que enfrentaria um exército para trazer o mínimo de felicidade na vida de Rose. Por alguns segundo ela fica pensando no que dizer, ela sabe qual resposta dar. Então, pega a mais nova no colo e a envolve em seus braços.

— Você quer ir para aquele lugar? – a menina faz que não com a cabeça com os olhos vermelhos e melancólicos – E a minha casa? Gostaria de morar comigo? – a pequena fica surpresa por um momento, sem saber o que responder e mostra o maior sorriso que já tinha feito abraçando o pescoço da agente.

— Obrigada... – fala feliz e Emily retribui aquele abraço com um enorme carinho.

Com certeza, ambas iriam passar por vários desafios, não será nada fácil, entretanto, haverá inúmeros dias maravilhosos nos quais tudo valerá a pena e a felicidade proveniente desses dias não terá como medir. Naquele instante, Prentiss não sabia, mas foi a melhor decisão que já tomou em toda a sua vida.

 

 

 

Allison

— Tem certeza que ficou bom? Não está muito exagerado? – pergunto para minha mãe sobre a roupa que estava usando, estou um pouco nervosa? Na verdade, muito!

— Você está linda, filha! -coloca as mãos no meu ombro numa tentativa de me deixar menos agitada e olho para nós duas no espelho, ela se encontrava atrás de mim  – Falta quanto tempo para o Reid vir? – pergunta animada.

— 10 minutos... Eu sei que essa insegurança toda não combina comigo... -falo manhosa, ainda não acredito que vou num encontro com meu melhor amigo- Mas, e se ele não gostar de hoje a noite? A nossa amizade vai por água abaixo, além de... – começo a falar muito rápido e ansiosa, até que me viro para ela a qual me olhava carinhosamente.

— E se ele gostar?! – fala calma, muito diferente de mim – Se você ficar pensando nas possibilidade, nos “e se”, nunca viverá o momento, o presente! -diz serena.

— Tirou essa frase de um livro? -falo rindo e debochada – Obrigada -sorrio de canto- Mudando de assunto... Onde a senhorita vai toda arrumada desse jeito?! -encaro ela com um olhar de filha protetora, mas brincalhão, imitando os gestos dela quando ela falava essa frase pra mim.

— Sério? Acho que os papéis estão invertidos aqui -ela ri e eu a acompanho – Você vai num encontro, nada mais justo do que eu ir também para que não haja problemas caso o Reid durma na sua casa... -lança um olhar malicioso para cima de mim.

— Exatamente por conta disso que você precisa arranjar uma casa, não quero dar de cara com o Hotchner no café da manhã – Touché.

— Allison, quando é que você vai tirar essa ideia louca da sua cabeça? – diz sem paciência.

— Quando você parar de negar o óbvio -digo sarcástica e ouço o aviso de mensagem no meu celular – Spence já chegou, estou indo -saio do meu quarto e ela me segue.

— Se divirtam! -ela fala um pouco mais alto, enquanto me direciono até a porta – Filha! -viro para ela já com a passagem aberta – Vai dar tudo certo! -sorrio e digo um obrigada.

Quando vou em direção ao carro de Spencer, ele sai do mesmo para me cumprimentar e abrir a porta do automóvel  para mim. Óbvio que perguntei onde iríamos e o gênio não quis contar, porém durante o caminho fomos conversando sobre assuntos banais, meu nervosismo desapareceu. Isso que eu mais amava em Spence, com ele tudo era mais simples, não tinha complicações. Depois de alguns minutos havíamos chegado, era um restaurante meio rústico, nada muito chique e nem muito simples... Era perfeito. Fomos até nossa mesa, fizemos nossos pedidos e voltamos a conversar, parecia que o assunto não acabava, agora percebo que seria idiota pensar na possibilidade de  um possível relacionamento amoroso estragar a nossa amizade, na verdade, só fortaleceria.

— Esqueci de falar... Você está linda – ele entrelaça nossos dedos e sorrio com sua atitude.

— Até que você não está nada mal -falo sarcástica e nós gargalhamos.

Nossos pedidos são colocados em cima da nossa mesa e jantamos. Após terminarmos, fomos em direção a minha casa, não sei porque, mas havia se instalado um silêncio entre nós, porém estava confortável.

— Não quer entrar? -digo saindo do carro e ele também.

— Clar... – antes que pudesse terminar, seu celular toca com uma mensagem de Garcia, avisando que tinham um novo caso – Sinto muito... – ele diz culpado.

— Spence, é seu trabalho, não precisa se desculpar. Além do mais, teremos mais noites como essa! -digo sorrindo.

— Eu iria gostar disso – ele se aproxima de mim ficando mais perto, mas não o suficiente.

Eu queria aquilo e ele também, porém Spence não teria coragem para fazer isso logo num primeiro encontro e não teria problema nenhum se eu tivesse a atitude, certo? Nos abraçamos para nos despedirmos e sinto o cheiro dele, eu poderia ficar aspirando seu perfume por horas. Então, ele me dá um beijo na testa e vai rumo ao seu carro. Nem consigo me virar para entrar na minha casa... Meu corpo estava pedindo por isso.

— Spence? – o chamo e ele para, nem penso por um segundo quando vou até o jovem gênio apressada e dou um selinho nele com a minha mão ao redor de sua nuca, demoro alguns segundos até separar nossos lábios. Então, fico olhando profundamente para seus olhos castanhos, parecia que uma corrente elétrica estava percorrendo todo o meu corpo, sinto sua respiração pesada perto do meu rosto e em questão de segundos ele me beija, mas agora o menino prodígio me puxa pela cintura para colar nossos corpos e sua língua explora todos os espaços da minha boca, retribui-o na mesma intensidade. Todavia, o destino não estava ao nosso favor e o celular do Spence toca novamente, assim, nos afastamos, mas permanecemos com nossas testas coladas.

— Tenho que ir... – ele diz um tanto chateado e acariciando a minha cintura.

— Quando você voltar a gente termina isso -sorrio para e ele, sorrindo, beija rapidamente os meus lábios, assim nos despedimos e o gênio vai para a UAC.

Eu ainda acho que isso foi um sonho, sério! Não pode ser verdade. Minha cara de boba nesse momento denúncia os sentimentos que estou tendo por ele. Por mais simples que foi o beijo e curto, infelizmente, desejo fazer isso todas as vezes que encontrar ele, desejo fazer parte da vida dele. Entro em casa e acendo as luzes... A felicidade, o sorriso, a tranquilidade acabam naquele momento. O meu sonho se transforma num pesadelo. Vejo que o compartimento da minha arma está aberto e ela não se encontra lá.

— Nem pense em usar seu celular... -o homem que estava sentado na minha poltrona, de costas pra mim, começa a falar e mostra a sua arma, havia uma taça de vinho em cima da mesa de canto ao seu lado.

— Eu posso te dar dinheiro, se é isso o que quer... -digo tentando manter minha voz o mais firme possível, mesmo com o medo intenso. O homem inicia uma risada alta.

— Não quero seu dinheiro, Allison! -diz parando de rir e se levanta, ele me conhece... - Eu quero você, Rose! -ele se vira para mim apontando sua arma em minha direção e vejo seu rosto... Não pode ser, estou sentindo meu coração querer pular para fora do peito, fico estática, não sei o que fazer, não consigo me mexer, ele conhece esse nome, mas não poder ser... – Sentiu falta do papai? -ele diz em tom de deboche e faz sinal para alguém entrar.

Escuto a porta se abrindo violentamente e outro homem agarra minha cintura, tento me soltar e debater, porém foi tudo em vão... Sinto um pano ser pressionado no meu nariz... Esse cheiro forte, não posso... Eu preciso lut... Vou desmai...


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