O que a vida pode tirar de você escrita por Lady Loki


Capítulo 9
Não quero ser apenas o seu amigo




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Allison

Não é necessário um grande evento para transformar a sua vida, na maioria das vezes são os pequenos atos que fazem isso, como: atrasar para o trabalho, sorrir para um estranho, fazer uma doação, deixar de visitar um amigo e o mais clássico de todos... Estar no lugar errado, na hora errada. Todas essas coisas são capazes de virar o nosso mundo de cabeça para baixo num piscar de olhos, para ser sincera, era exatamente assim que eu me sentia na casa do Rossi. Normalmente eu diria: “Eu não sei o porquê, mas...”, porém eu estaria mentindo para mim mesma, pois sei exatamente o porquê de estar diferente, mais leve, feliz, tranquila e sorridente... Não tinha essa sensação a algum tempo e o motivo de tudo isso tem nome e sobrenome... Doutor Spencer Reid. Todos os nossos encontros, cafés da manhã e telefonemas transformavam o meu dia, eu era uma pessoa melhor por causa dele, uma médica mais dedicada e uma filha mais compreensível. Comecei a apreciar todos os momentos ao lado dele, os seus toques, a maneira como ele cuida de mim, o seu ombro amigo... Tudo mudou depois de eu ter dito “eu te amo” para Spence, aquelas palavras saíram tão naturalmente dos meus lábios que só depois eu fui entender o que eu havia falado.

Óbvio que eu estava assustada com tudo isso, não é a primeira vez que me apaixono, porém me sentia como uma adolescente boba perto dele. Contudo, tenho que admitir... Não sabia ao certo se Spencer me via somente como uma amiga ou algo a mais, espero que seja a segunda opção, só não tenho 100% de certeza sobre isso... Além do mais, queria convida-lo para ir num encontro comigo, claro que coragem não me faltava, não sou idiota ao ponto de ficar mandando mil indiretas para ele entender que estou a fim dele para me chamar para sair, mas só preciso de...

— Precisa de um empurrãozinho para chamá-lo para sair? Apoio moral? -minha mãe se coloca ao meu lado e com certeza teria gritado se não houvesse tantas pessoas na casa do Rossi.

— Não precisava ter me assustado -falo com a mão no coração, um pouco de drama não faz mal a ninguém – E do que você está falando...? – tento desconversar, porém seria inútil.

— Você está aqui a 30 min decidindo se irá colocar mais whisky no seu copo com o que deveria ser gelo e não água... – como eu havia dito: “inútil”, reparo no vidro em minha mão e jogo o líquido na pia – Como eu sou sua mãe, sei que a única coisa que pode te distrair é um jovem agente do FBI – diz com um sorriso malicioso e olho para ela.

— Há quanto tempo você sabe disso? -falo um tanto indignada.

— Desde a primeira vez que vocês tomaram café da manhã juntos na cafeteria, Spencer contou para JJ e ela repassou para mim, antes que você pergunte.

— Nessa época eu nem sabia que gostava dele, como você...

— Filha... -da uma risada fraca- Você odeia acordar cedo e odeia mais ainda sair de casa de manhã para fazer qualquer coisa, a não ser trabalhar, mas mesmo assim você faz isso para tomar café de manhã quase todos os dias com o Reid?! Nem com sua “ex-namorada” você fazia isso! -diz como se fosse óbvio, um dos males de sua mãe ser uma perfiladora e das boas.

— Primeiro, Liza e eu não namoramos, terminei antes que isso acontecesse -ela revira os olhos, sim, sou bissexual – Segundo, você precisa parar de me perfilar! -dou um breve suspiro.

— Ok, mas por acaso estou errada? -reviro os olhos com um sorriso leve – Foi o que eu pensei... Além do mais, adoraria que vocês namorassem, Reid é um homem maravilhoso, responsável, gênio, bonito...

— Já entendi, Agente Prentiss -falo irônica para dar fim aquela conversa desconfortável- Porém... Que tal falarmos sobre você e Hotch? Ele faz seu tipo... -sorrio maliciosa e ela se engasga com o vinho que estava tomando.

— Eu preciso ir ao banheiro -deixa o seu copo na pia e vai seguindo o seu caminho.

— Não pode fugir para sempre dessa conversa, mãe! -falo um pouco mais alto e em seguida me sirvo com whisky.

 


Emily Prentiss

Estava conversando com Rossi até que ele se retira para organizar algumas coisas, me ofereço para ajudar, mas ele nega dizendo que seria rápido. Então, passo alguns minutos sozinha, pensando... Quando você fica 7 meses escondida é difícil voltar para uma rotina, não conseguia dormir direito, pois estava sempre em alerta, adquiri um costume de dormir com a arma em baixo do travesseiro e muitas vezes ia até o quarto de Ally, no meio da noite, para checar se estava tudo bem. Voltar dos mortos não é tão fácil quanto parece, pois você perde meses da vida das pessoas mais importantes na sua vida e se sente um completo estranho. Depois de ter contado toda a verdade para a minha filha, eu realmente achei que ela não me aceitaria, ficaria sem falar comigo e não fosse capaz mais de olhar para mim, um mal costume de sempre pensar no pior, mas não foi isso o que aconteceu, ela me perdoou... Caso contrário, eu não a culparia, entenderia o lado dela, por isso agradeço ela não se parecer tanto comigo.

— Como vão as coisas em casa? -Aaron me pega de surpresa ao se aproximar.

 — Estão ótimas! Eu pensei que iríamos brigar, mas ela me perdoou – falo o encarando e depois olho para Ally.

— Fico feliz por isso! Ela se tornou uma mulher incrível, assim como a mãe – diz sorrindo.

— Obrigada -digo com as bochechas vermelhas – Como está Jack?

— Bem, enfrentando bullying na escola, porém ele mesmo está resolvendo a situação, decidiu ser amigo do menino que estava fazendo isso com ele – diz orgulhoso do filho.

— Isso é ótimo, Hotch -digo contente por ele – Jack tem um coração enorme, assim como seu -retribuo o elogio.

— Obrigado, Emily – ele sorri um pouco, um silêncio se estabelece entre nós, até que ele decide quebrá-lo – Não precisa se preocupar, tudo está bem agora. Todos nós estamos aqui por você, somos sua família – ele toca meu ombro para transmitir o mínimo de afeto e nesse momento quase desejei que ele tivesse usado a primeira pessoa do singular.

 


Allison

Após a saída de Emily, olho na direção de Spence o qual estava conversando animadamente com Morgan, quando ele repara que eu o observava, interrompe a conversa com o moreno e vem em minha direção.

— O que está achando da festa? -diz sorrindo.

— Comida boa e bebia melhor ainda – ergo meu copo de whisky- Não poderia pedir mais nada – nós rimos do meu comentário, mas poucos segundos depois paramos e ele fica um tanto sério.

— Então, queria te perguntar uma coisa... -fala um pouco sem jeito, por que ele está agindo estranho? Será que... – Queria saber se... -o toque do meu celular o interrompe, será que isso poderia não se parecer tanto com uma cena de filme?!

— Desculpa, é do hospital, preciso atender -digo envergonhada e vou receber a chamada num lugar mais silencioso.

Era uma das enfermeiras do hospital, ela me informou de que havia acontecido um acidente com diversos automóveis envolvidos e por isso precisavam de todos os médicos, portanto, deveria ir para lá o mais rápido possível. Após desligar, volto para Spencer e aviso que tenho que ir e digo para terminarmos aquela conversa amanhã tomando um café, ele concorda e parece gostar da alternativa. Coincidentemente, Hotch recebe a notícia de que haviam recebido um novo caso e todos, menos Emily que ainda deveria ser reintegrada oficialmente, tinham de ir para a UAC, pelo jeito o universo não queria de jeito nenhum deixar Spence terminar o que iria dizer. Entretanto, de qualquer maneira seria uma longa noite para mim.

Depois de 24 horas de plantão, eu estava completamente destruída e só queria a minha cama. Quando abro a porta de casa, não encontro Loki, ele sempre é o primeiro a me receber... Dou mais alguns passos em direção a sala e descubro o porquê dele não estar me esperando.

— Eu não acredito que o meu cachorro me trocou por você -digo sarcástica vendo Spence brincando com Loki e os dois só percebem da minha presença quando falo, assim, aquela bola de pelos vem correndo até mim e o acaricio.

— O caso foi rápido, então decidi passar aqui para falar com você e sua mãe está lá em cima -Spence diz e deixo minha bolsa na poltrona me aproximando dele.

— O que queria falar comigo?

— Bom... Eu sei que somos só amigos, mas eu não quero mais isso, não quero mais te ver dessa forma... – fico espantada com o que ele diz e com medo, mas antes que eu começasse a falar algo, ele me interrompe – Estou querendo dizer, perguntar na verdade, se você gostaria de ir num encontro comigo...? -ele diz totalmente envergonhado, o que deixa ele somente mais fofo.

— Você diz como um casal? -ele afirma com a cabeça, sim, eu estava muito chocada, a pergunta foi só para confirmar se isso era real- É óbvio que eu aceito! -digo um pouco mais alto que o normal e muito feliz, ele sorri de orelha a orelha.

Em seguida nos despedimos com um abraço e Spence vai embora... Meus Deus! Sabe aquela cara de idiota de quando você está perdidamente apaixonada por alguém? Essa é minha cara nesse momento, eu... Eu estou sem palavras, sério, poderia soltar fogos de artifício nesse exato momento! Nem percebo minha mãe me encarando e rindo da minha cara.

— Vinho? – ela pergunta simplesmente.

— Óbvio! – digo dando uma gargalhada leve com ela me acompanhando.


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