O Caminho das Estações escrita por Sallen


Capítulo 51
∾ Colidir nas paredes do seu corpo e descansar no calor de suas pernas.


Notas iniciais do capítulo

Oioi, gente, tudo bem?

Por pouco, não consigo trazer essa atualização para vocês, pois meu computador está nas últimas, respirando por aparelhos! Mesmo hoje, enquanto tentava atualizar, ele deu tela azul e eu quase perdi o processo inteiro, felizmente inventaram a famigerada nuvem salvando tudo e todos simultaneamente. Mas, apesar dos pesares, estamos aqui para mais um capítulo.

E hoje, meus amigos, a jiripoca vai piar. E é só isso o que tenho para dizer.



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Ela bateu na porta uma, duas, até três vezes e não obteve nenhum sinal de resposta. Nem mesmo suas mensagens desesperadas eram respondidas. Juno já não sabia mais o que fazer. 

Um vento frio soprava em sua direção, fazendo seus cabelos crescidos dançarem em torno de seu rosto, sua longa saia colorida esvoaçar ao redor de suas pernas e seus braços desnudos numa blusa sem alças se encolherem arrepiados. 

— Nirav?! — chamou, o rosto de encontro com a porta, na tentativa vã de escutar qualquer sinal de vida que pudesse vir de dentro da casa, porém, tudo era um grande e obscuro silêncio. 

Com um suspiro, ela se afastou da casa. Olhou ao redor, angustiada, procurando o carro. Estava ali, do outro lado da rua, mal estacionado com metade da traseira invadindo a estrada. Juno não compreendia. Se estava em casa, por que não a atendia? E se não queria vê-la, por que diabos apareceu em sua porta de madrugada? Desconfiava já não ter mais capacidade de compreender qualquer coisa. 

Talvez não devesse estar ali, ponderou. Deveria deixar as coisas como estão, respeitar a distância imposta entre eles. Era o jeito mais seguro, no fundo, sabia bem disso. Caso contrário, bem... Tudo parecia destinado a se repetir. Havia prometido a si mesma que ficaria longe e que não iria bagunçar tudo uma outra vez. Já havia feito o suficiente antes, Nirav não precisava do seu caos varrendo a sua vida de novo. E, no entanto, todos os seus esforços pareciam inúteis. Quando deu por si, estava tão entregue a ele que não conseguia mais se afastar. Continuou insistindo nessas brincadeiras perigosas até ser tarde demais e colocar tudo a perder. Se soubesse de tudo o que os aguardavam, teria preferido que ele continuasse a odiá-la, pois assim ela teria um motivo para se manter longe e ele não estaria beirando o precipício novamente. 

E, ainda assim, ali estava. Teimosa como era, permaneceu diante da porta esperando por uma resposta que parecia nunca vir. Era a sua deixa para fazer a coisa certa, mas não podia virar as costas a ele. Não depois de ontem. 

Estava perdida em sonhos profundos sem nexo ou significado quando fora arrancada do sono por pancadas em sua janela. O susto a fez engasgar com a própria saliva, pensava estar presa em um apartamento velho em uma cidade grande e um homem de rosto borrado esmurrando sua porta às duas da manhã. Quando notou o rosto de Nirav por trás do vidro opaco, sentiu o alívio acalmar seu coração. Porém, só quando atendeu a porta, percebeu que algo estava errado. Ele não deveria estar ali. Devia estar com Alice, com o pai, com qualquer pessoa, exceto ela. E estava tão transtornado. Sua aparência expressava a bagunçava que havia se tornado. Os olhos avermelhados pelo pranto, os cabelos emaranhados, a barba desgrenhada e as roupas amassadas. Por um momento, achou que estivesse até bêbado. O que de tão sério havia lhe acontecido para se tornar aquela ruína que tinha diante de sua porta? Mas, antes de perguntar, já sabia a resposta: ela própria. 

Então, assim que apareceu, desapareceu. Sem explicação, sem deixar rastros. E era por isso que, depois do seu expediente, Juno não traçou o caminho para sua casa. Seu coração preocupado fez suas pernas correrem em uma direção incorreta sem que percebesse. E quando se viu diante da porta dele, como ele estivera diante da sua, era tarde demais. 

Porém, não era tarde demais para ir embora. Ela olhou para o céu nublado, sentindo a brisa de uma provável chuva. Logo iria anoitecer. Sua tia ficaria preocupada com seu atraso. E Nirav a agradeceria depois. Iria odiá-la agora, mas quando sua vida voltasse ao normal, ele iria entender. Tinha de entender. 

Deu o primeiro passo. E quando estava para dar o seguinte, o estalo da fechadura se abrindo a impediu de continuar. Assim que a porta se abriu, seu coração pareceu flutuar de alívio. Todo o peso que o esmagava com centenas de preocupações desapareceram por ver Nirav definitivamente melhor do que na noite anterior. 

Parecia ter acabado de sair do banho. Os cabelos brilhavam úmidos com os cachos definindo-se aos poucos enquanto secavam ao ar fresco. A barba tinha sido aparada até ficar quase rente em suas maxilas. E vestia uma blusa verde com uma estampa retrô combinada com uma calça de moletom marrom. Mesmo estando a alguns passos de distância, Juno era capaz de sentir seu aroma. 

Eles se encararam por um longo momento. Esperava que dissesse alguma coisa, qualquer coisa. Entretanto, Nirav apenas se afastou da porta para dar-lhe passagem. Juno hesitou, olhando de um lado para o outro. Deveria ir embora, deixá-lo em paz. Teimosa como era, o acompanhou para dentro. 

Ao mesmo tempo em que era estranho entrar naquela casa depois de tudo, também era reconfortante. A sensação de lar a preencheu no instante que pôs os pés para dentro, de um jeito que nunca se sentiu em sua antiga casa. Sentiu-se mais calma e alegre só por estar ali, naquela pequena casa antiga que não havia mudado quase nada. Continuava pequena e aconchegante, com a sala dividindo espaço com a cozinha através de uma bancada. O pequeno sofá e a velha televisão nos mesmos lugares. E Nirav, andando de um lado para o outro, descalço. Percebeu sentir tanta falta daquela sensação, embora tão pouco tempo tivesse passado dentro daquelas paredes junto dele. 

Por pouco, quase perdeu-se com os fantasmas do passado. Uma discussão, lágrimas no rosto e um beijo roubado. Ele interrompeu seus devaneios. 

— Pensei que não queria me ver. — disse, cruzando os braços ao se encostar na bancada. 

— Eu nunca disse isso — defendeu-se, abaixando o rosto. — De qualquer forma, eu fiquei preocupada. Você simplesmente aparece na minha porta de madrugada. Achei que estivesse bêbado. 

— Não tem que se preocupar, eu não sou meu pai. Nem Leo. 

Juno engoliu a seco, escolhendo as palavras. Ele parecia tão assombrado por fantasmas quanto ela. 

— Disse que não tinha mais para onde ir e depois fugiu. 

— Eu aprendi com você — abriu um sorriso irônico. 

— Acho que estamos quites então. — Juno devolveu. 

— Pois é, não foi o que fez na outra noite? Quando nos encontramos, você simplesmente fugiu e me deixou lá. 

— Eu só não queria que você cometesse um erro. Estava tentando proteger você de mim e... de você mesmo. 

Nirav respirou fundo, depois deu de ombros. 

— Desculpe te desapontar. Cometi o erro de qualquer forma. 

Juno piscou algumas vezes, confusa. 

— O que quer dizer? 

— Eu terminei com Alice. 

Sentiu a revelação dele despencar sobre si como um golpe, o estrondo em seu âmago era como algo que se partia em milhares de centenas de pedaços, todos irrecuperáveis. De repente, todas as palavras desapareceram de sua garganta. Ela apenas fechou os olhos, amparando a testa com a mão esquerda. Mais uma culpa para a sua conta, agora. Havia uma lista interminável destas e não parava de crescer. 

— Não vai dizer nada? — inquiriu quando seu silêncio se tornou insuportável até para ele. 

— O que você quer que eu diga? — ela tirou a mão do rosto, encarando-o com um olhar desamparado. Acertou a mão na coxa com um estalo. — Eu sinto muito. É só o que eu posso dizer. 

— Não é culpa sua para sentir muito. 

Juno não conseguiu evitar uma risada mordaz. 

— Está brincando? — ela meneou. — Então porque eu sinto como se fosse? — sua voz ficou mais grave. — Desde que eu voltei, eu... Nossa, é como se eu estivesse ferrando com a sua vida inteira só por estar aqui, bagunçando você inteiro. 

— Alice falou a mesma coisa. 

Claro que falou. Quem não notaria algo tão óbvio? Bastava olhar para Nirav e ter plena noção da ruína que se tornou ao se deixar envolver pelo caos de Juno. 

Ela expirou, balançando desoladamente a cabeça. Sentia o olhar dele sobre si, cheio de expectativas, ansiando por alguma garantia que ela não tinha. Se ele queria que ela pudesse garantir que Alice estava errada, infelizmente, teria de desapontá-lo. 

— Receio que ela esteja certa — enquanto dizia sentia as lágrimas arderem em seus olhos. Jamais se perdoaria por estragar a vida dele outra vez. Juno fungou, tentando controlar o pranto que fazia seu queixo tremer. Então, encarou o homem desolado, com olhos perdidos e semblante ferido. — Por isso resolvi fugir naquela noite. Estava tentando me manter longe o suficiente, enquanto ainda era possível, para não afetar você. Era o melhor a se fazer, olha só como estão as coisas agora. Eu... — sua voz falhou com um soluço involuntário. 

Ele tomou sua repentina pausa como uma deixa para se aproximar. 

— Pare de falar assim, por favor. — ele respirou fundo, tentando manter uma confiança em seu tom de voz que Juno sabia não existir. — Foi uma decisão minha, somente minha! Fiz isso porque eu não queria... — quando não soube escolher as palavras, Juno completou a frase por ele: 

— Cometer mais um erro por minha causa — sugeriu, passando as costas da mão nas bochechas, mantendo as lágrimas longe da vista dele. Ao erguer a vista para ele de novo, no entanto, foi difícil impedi-las de se derramarem. — Olha o que eu fiz, minha nossa! Acabei com seu relacionamento, envolvendo você em outra bagunça. É só o que tenho feito, desde que te conheci, é arruinar sua vida... 

Nirav apenas meneou a cabeça, em uma vã tentativa de negar o que dizia, mas de sua boca nenhuma palavra saia e em seus olhos a insegurança tinha o seu reflexo. Olhando para ele enquanto tentava se convencer da decisão que tomou, Juno soube que era hora de partir. Seria melhor assim. Doeria agora, então cessaria. E Nirav entenderia. 

— Eu sinto muito — murmurou com os lábios trêmulos e a voz embargada. — É melhor não insistir nisso. 

Mas quando deu as costas, ele a impediu. 

— Não vai, por favor. — a súplica tinha uma entonação tremida, não por falta de certeza, entretanto. O suficiente para ela desistir de ir. — Não vai embora você também. Não posso perder você também. 

Sem entender, ela se virou. Observando seu cenho franzido, ele deu-lhe a resposta. 

— Terminei com Alice e, além disso, meu pai foi embora — ele ergueu as sobrancelhas, tentando surpreendê-la. — Nós brigamos. Foi por isso que fui te procurar, não sabia o que fazer. Quando eu voltei, ele já tinha partido. — ele a soltou, caminhando em direção a bancada uma outra vez onde pegou um papel muito amassado. — Só me deixou um recado. 

Juno passou o olhar de Nirav para o papel, então se aproximou, pegando a nota entre seus dedos. Antes de ler, ela o olhou novamente. Em seus olhos, uma súplica silenciosa por conforto. As palavras de August, apesar de não destinadas a ela, machucaram-na da mesma forma. Percebeu a vontade de chorar emergindo novamente, apertando sua garganta, conforme seus olhos decifravam as frases rabiscadas em uma caligrafia antiga, que parecia dizer muito mais do que o que estava escrito. Ao terminar, Juno ponderou se August teria chorado ao escrevê-las.  

— Não fui capaz de perdoar ele — a voz soluçada de Nirav a pegou desprevenida. Estava praticamente chorando. — Eu não consigo! Eu só consigo sentir raiva dele. Eu pensei que pudesse fazer isso, Juno, mas eu não consigo. Eu não consigo. 

Abandonando o bilhete, Juno tocou seu ombro, afagando sua pele com o calor do seu conforto. Já não era mais capaz de abandoná-lo daquele jeito. Na verdade, não sabia se era capaz de abandoná-lo de qualquer forma. Agora, só queria ficar ali e dar a ele um pouco de conforto. 

— Está tudo bem não perdoar, Nirav, não era sua obrigação. 

Então, ele se permitiu chorar. Era a primeira vez que o via chorar e desejou que fosse a última. Aqueles olhos não foram feitos para derramar lágrimas assim como aqueles lábios não mereciam esboçar soluços. Ele todo foi feito para sorrir. Não era certo que estivesse sofrendo. Juno desejou ser capaz de arrancar toda sua dor, mesmo que significasse absorvê-la inteira só para si até se sufocar. Não se importaria de sofrer por ele, se isso o fizesse sorrir uma outra vez. Mas Nirav jamais a pediria algo assim. Então, ela simplesmente o abraçou. 

Seus braços envolveram seu corpo, trazendo-o para o conforto do seu corpo, tentando impedir o resto do mundo de tocá-lo. Eram braços pequenos, finos e fracos, contudo, foram suficientes para protegê-lo da dor que sentia. Era pouca coisa, apenas um abraço, mesmo assim, conseguiu enxugar suas lágrimas. Era somente ela, mas para ele pareceu bastar. Aceitando o pouco que ela poderia oferecer, Nirav a abraçou de volta, apertando o pequeno corpo dela dentro do seu. Sentia-se tão pequena dentro de seus braços, entretanto, ao mesmo tempo, parecia ser o encaixe perfeito para ele. 

Não soube dizer quanto tempo permaneceram abraçados, apesar de que todo tempo do mundo não seria o suficiente após tanto tempo em que estiveram separados. E nenhuma palavra também sequer parecia ser capaz de dizer tudo o que nunca foi dito, portanto, escolheram o silêncio. Os toques disseram por eles o que não ousavam dizer em voz alta. 

Quando sentiu os lábios de Nirav roçarem em seu pescoço, Juno encontrou-se desarmada contra o desejo iminente. Como um choque, esse desejo desceu por seu ser, eriçando todos os pelos em seu corpo, rasgando sua carne como uma lâmina afiada e estremecendo suas pernas. Foi difícil não esboçar qualquer som lascivo por mais ínfimo que tivesse sido o toque. Juno agarrou-se aos braços dele, cravando as pontas das unhas curtas em seus músculos tensionados. Ao sentir o hálito quente de Nirav em seus lábios, Juno não resistiu. Permitiu-se ser beijada e o beijou de volta. 

Pensou ter esquecido havia muito como era ter os lábios de Nirav sobre os seus. Surpreendeu a si mesma ao perceber que se lembrava da exata sensação que era e como não havia mudado nada. Era conforto, era serenidade, era paz. Era a alegria em sua mais pura forma. Era como se cada parte sua se tornasse parte dele em uma só. O cheiro mesclando ao seu, o calor da fazendo a sua transpirar, a pressão do corpo pressionando o seu, os lábios envolvendo os seus até arrancar-lhe o fôlego. 

Por um instante, temeu estar apenas sonhando. Há tanto tempo ansiava por aqueles beijos e o gosto daquela boca, que parecia quase uma fantasia criada por sua mente vil e traiçoeira. Entretanto, sentindo-o agarrar seus cabelos com uma das mãos enquanto a outra apertava a carne de seu traseiro, soube que era verdade. E com a noção da realidade também veio a insegurança dos receios anteriores. Tentou se desvencilhar dos braços, tirar as suas mãos daquele corpo, soltar a boca dele, mas já era tarde demais. Seu próprio corpo lhe traía e ela não conseguia resistir. 

Tudo o que restou foram suas palavras, ofegantes, inseguras e gaguejadas: 

— Nirav... Por favor, você não deveria... — dentro de sua cabeça, uma outra voz insistia que deveria sim, por favor. — Você vai se arrepender... 

Nirav afastou a boca de seu rosto, por um momento, parecendo escutar a voz da sua razão. Conseguia ver seus cabelos presos na barba dele, criando uma teia que os conectava e os mantinha próximos. Ele admirou toda sua face, desde sua boca até seus olhos. Quando Juno tentou desviar o olhar, segurou suas bochechas e ergueu seu rosto até que fosse obrigada a olhá-lo nos olhos. Ele simplesmente sorriu. E se ajoelhou. 

Uma exclamação de surpresa escapou de seus lábios no momento que as mãos invadiram sua longa saia para erguê-la na altura de seu quadril. A surpresa transformou-se em prazer depois de sentir as mordidas leves e os beijos úmidos em suas coxas pálidas. Juno deu por si agradecendo por ter decidido vestir saia hoje. 

— Como pode ter tanta certeza assim de que vou me arrepender? — ele perguntou, olhando para ela de baixo para cima ao mesmo tempo que empurrava sua roupa íntima por suas pernas. A visão fez seu coração bater mais forte. 

Toda a insegurança desapareceu no instante em que ele deslizou a boca para o calor entre suas pernas. Sua única resposta foi um gemido trêmulo e manhoso, embebido de prazer. 

Por sorte, a bancada estava ao alcance de suas mãos, caso contrário teria despencado sobre o homem que tinha entre as pernas. E ainda assim, precisou de uma força sobre-humana para se manter apoiada na bendita bancada. Enquanto uma de suas mãos agarrava o mármore frio, a outra segurava os cachos dos cabelos lavados dele. 

Era difícil controlar seu tom de voz ao sentir a boca de Nirav explorando sua intimidade. Nem mesmo em seus mais devassos sonhos tinha se permitido fantasiar algo do tipo. E, no entanto, lá estava ele, envolto na saia colorida com os lábios afogados no seu prazer mais úmido. Conseguia sentir o calor do rosto dele esmagado entre suas coxas, a respiração sufocada e condensada em sua pele, as mãos segurando a carne de suas pernas com firmeza e a barba fazendo cócegas em sua virilha. Sua boca abriu-se involuntariamente e, de lá, um xingamento em alto e bom som escapou. Nirav riu, mesmo com a boca ocupada, ele teve a audácia de rir. 

Sem querer finalizá-la de uma vez, ele terminou a brincadeira com um último beijo antes de se erguer. Encontrou-a mole em seus braços, com o rosto ardendo e as bochechas vermelhas. Ele ajeitou seus cabelos com a ponta dos dedos e a beijou nos lábios uma outra vez. E se Juno tinha dúvidas se era possível se apaixonar pela mesma pessoa repetidamente, acabava de encontrar a resposta. 

Entre o beijo, Nirav a tomou no colo, envolvendo suas pernas em torno de sua cintura. Não a levou longe, até o sofá, onde se sentou e a deixou por cima de suas coxas. A partir daí, não houve mais delongas. 

Por mais bobo que pudesse parecer, Juno sentia-se nervosa. Havia um frio em sua barriga enquanto o via desamarrar os cadarços da calça de moletom. Não era a primeira vez. Ainda recordava de uma tarde nublada, em um lugar isolado após um banho de cachoeira. Quantas vezes fantasiou com aquela recordação e julgou ser tudo o que teria dele pelo resto da vida. E agora, o tinha deslizando para dentro de seu corpo, arrancando o nome dele de seus lábios. 

Tantas as coisas que tentavam fazer ao mesmo tempo e todas se atrapalhavam. Não estavam com pressa ou desesperados, só estavam ansiosos, cheios de um desejo há tanto reprimido. Risadas divertidas ecoavam junto com gemidos de prazer ao tentarem conciliar toques, beijos e movimentos acelerados. No início, pareciam um pouco atrapalhados com toda a saudade, mas quando o ritmo se consolidou, pareciam feitos um para o outro. 

Juno beijou os lábios dele, escutando-o murmurar seu nome. Tinha-o abraçado em sua cintura, pressionando-a contra seu quadril enquanto ela conduzia os movimentos ao ficar por cima. Ele parecia gostar disso, de admirá-la em cima de seu corpo, rebolando contra sua carne úmida de suor. Seus olhos, quando não estavam fechados por conta de um beijo, deleitavam-se com a visão dos movimentos de seu corpo. Juno conseguia ver no reflexo o entorpecimento, o que só a excitava mais e a obrigava aumentar a cadência até, em determinado momento, o prazer manifestar sob a pele. Nirav agarrou seus cabelos com uma mão e apertou sua pele com a outra até que marcasse em vermelho. Juno arranhou suas costas e mordeu seu ombro até desenhar o formato de seus dentes em sua pele. E assim souberam que estava feito e que não havia mais volta.  

Do lado de fora, uma chuva grossa começava a cair para anunciar a noite que se aproximava. Embora parecesse com a mesma chuva de sete anos atrás, eles não se preocuparam em se despedir. Pelo contrário. O som dos trovões e dos grossos pingos de chuva constantes foram usados para abafar os gemidos e os prazeres que recomeçaram.

Se fosse para se arrepender, que se arrependesse depois. Mas o problema era esse, no entanto. Juno não se arrependeria. 


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Notas finais do capítulo

Ééééé gatas, às vezes a pessoa vai dar um pouco de conforto e acaba dando outras coisas...

Ai, eu admiro essas atitudes controversas que, pessoalmente, jamais tomaria. Se me permite, acho que nossos queridos continuam metendo os pés pela mão e metendo outras coisas nesse processo também... Hahahha, mas chega de piadas de duplo sentido!

Até a próxima, se meu computador sobreviver até lá!



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