Os dias depois do episódio nariz quebrado foram tranquilos, Jacob e eu fomos ao cinema na noite do meu aniversário e como esperado ele salvou meu dia, apesar de ainda ter que suportar os olhares de Riley Biers eu decidi ignora-lo totalmente, tinha medo que Jacob descobrisse e acabasse cometendo alguma besteira.

Charlie estava terminando o café da manhã quando eu desci do meu quarto, era manhã de sábado e eu tinha um encontro com Ligia e Megan, eu estava ajudando nos preparativos pro baile de final de ano, eu estava animada,  e ele percebeu meu estado de espírito de imediato. — Está um lindo dia — comentou.

— É — concordei com um sorriso pegando a caixa de cereais junto com minha tigela de cachorrinhos.

 Ele também sorriu, os olhos castanhos enrugando-se nos cantos. Quando Charlie sorria, era mais fácil entender por que ele e minha mãe tinham decidido se casar tão rapidamente. A maior parte do romantismo da juventude dele naquela época desaparecera antes que eu o conhecesse, à medida que seu cabelo castanho e ondulado a mesma cor, se não a mesma textura, do meu tinha encolhido, aos poucos revelando cada vez mais a pele brilhante da testa. Mas quando ele sorria, eu podia ver um pouco do homem que fugira com Renée quando ela era só dois anos mais velha do que eu agora.

— Muito bem pai, me diga o que você quer!

— Não sei do que você está falando — grunhiu ele.

— Eu conheço esse sorriso, é exatamente igual ao meu quando quero algo de você.

— Bom, é sobre Jacob. Senti meu rosto corar.

— O que tem ele? — perguntei.

A expressão de Charlie de repente era de preocupação. — Não que chateada comigo, está bem, sei que agora ele é seu namorado, mas eu pedi a ele para conversar com ela, Jacob e você a ajudaram em um momento difícil, eu não acho bom esse clima entre eles dois.

Meus olhos se estreitaram.

— Ele comentou comigo! Respondi levando um pouco de cereal a boca.

— Bela foi a La Push conversar com ele.

O olhei surpresa brincando com a colher movendo o cereal na tigela— Foi?

— Eu a liberei do restante do castigo, em troca ela teria que conversar com Jacob e voltar a passar um tempo com ele, sua irmã tem passado muito tempo com Edward — As sobrancelhas dele se franziram — Ou melhor dizendo com os Cullen, ela parece ter esquecido os outros amigos.

Balancei a cabeça — E onde eu me encaixo nisso?

— Jacob sempre faz tudo por você, você pode ajudar a aproximá-los novamente.

— Entendi! Olhei para a tigela novamente.

Charlie ficou constrangido.

— Não intérprete mal, eu só quero que sejam amigos novamente, não quero que veja isso como uma competição entre e você e sua irmã.

Olhei sombriamente para ele. — Não existe competição.

— Isso é muito bom, então posso contar com você?

— Claro! Respondi me levantando da cadeira e caminhando com a minha tigela até a pia.

Charlie afastou a cadeira da mesa e se espreguiçou quando ficou de pé. Levou o prato dele à pia, mas, antes de abrir a água para lavá-lo, parou para olhar para mim — Eu falei algo de errado?

 Dei um sorriso forçado — Não, eu entendo você pai, eu preciso ir! Falei passando por ele.

Respirei fundo passando apressada pela sala e sai batendo a porta, eu acreditava que Charlie havia aceitado minha relação com Jacob mas estava começando a acreditar que ele estava tão preocupado em afastar Bela de Edward que não importava muito que isso me machucasse.

Entrei na minha picape e suspirei, resolvi não pensar mais nisso girei a chave no carro e sai cantando pneus.

Assim, graças a Charlie, eu estava magoada e curiosa, liguei o som do carro colocando em uma estação qualquer e peguei a estrada, a musica que tocava era até animada e me fez esquecer o mal humor ocasionado minutos antes,  cantarolei dando um sorriso mas a musica parou e fiz uma careta ao ouvir a voz do locutor “ Numero de mortes aumentam em Seattle, a polícia desconfia de gangue.”

— Obrigada por me lembrar de tirar Seattle da minha rota. Murmurei.

Estacionei o carro na frente da casa de Megan, olhei para o céu e o sol como sempre estava escondido entre as nuvens, caminhei até a porta e toquei a campainha, Megan atendeu com um sorriso.

— Pontual como sempre! Ela falou encostando-se na porta para que eu entrasse.

— Ei Carlie vem! Ligia gritou do meio da sala.

— Ligia e eu estávamos discutindo sobre o tema do baile! Megan comentou sentando-se ao meu lado no chão da sala, Ligia empurrou uma grande tigela com chips, levei um a boca e olhei a lista feita por elas enquanto mastigava.

— Esse tema de Cassino foi o usado no último baile! Murmurei.

— É ´sério?

— Sim minha irmã comentou comigo.

— Estávamos animadas com esse, agora voltamos a início, tema para o Baile.

Ficamos em silencio pensativas por alguns minutos.

— E se fizermos uma festa dos Deuses? Sugeri.

Megan e Ligia me olharam.

— Zeus, Apolo...

As meninas sorriram — Acho que acabamos de encontrar o tema do baile.

Eu sorri enquanto pegávamos uma folha e começamos a anotar a lista de materiais para entregar na direção da escola, tínhamos muitas coisas para resolver em pouco tempo, mas tinha que admitir que estava me divertindo sendo organizadora do evento do primeiro ano da escola.

— Então quando nos reunimos novamente? Megan perguntou enquanto Ligia e eu nos levantávamos.

— Podemos ver algumas tardes livres, ou discutir enquanto fazemos os trabalhos de casa! Sugeriu Ligia.

— Por mim tudo bem.

— Por mim também! Concordei, e enquanto elas diziam algo meu celular vibrou, sorri timidamente lendo a mensagem “Passa a tarde comigo?” Jacob.

Concordei com tudo que as meninas disseram sem prestar atenção na metade do que haviam decidido, nos despedimos na porta da casa de Megan, Ligia caminhou para o seu carro e eu para minha picape.

Minha picape, definitivamente, estava “ofegando” quando parei diante do familiar casa vermelha e desbotada. Dei um sorriso largo, e antes mesmo que eu desligasse o motor, Jacob estava parado na porta da casa, com aquele sorriso que eu já esperava que se espalhou por seu rosto como o sol rompendo as nuvens. Seus dentes cintilaram na pele avermelhada, ele correu para a picape e meio que me arrancou pela porta aberta, me girando em seus braços como se eu fosse uma criança.

— Demorei muito? Murmurei enquanto era colocada no chão.

— Oi, Nessie! — Billy tinha chegado na soleira da porta para ver o motivo de tanta comoção, em seguida sorriu balançando a cabeça.

—  Oi, Bil...! Nesse momento fiquei sem ar — Jacob me pegou num abraço de urso tão apertado que não consegui respirar, e me girou novamente num círculo.

— Saudade de você pequena!

— Não consigo... respirar — ofeguei.

Ele riu e me colocou no chão.

— Eu também! Sussurrei dando um sorriso.

Jacob e eu decidimos ir caminhar, com Billy Black estando em casa ele ficaria de olho em nós dois a pedido de Charlie e não teríamos a menor privacidade para conversar. Enquanto caminhávamos de mãos dadas Jacob praticamente quicava, e por várias vezes tive de lembrá-lo de que eu não tinha pernas de três metros.

Em meio a risos e sorrisos conversávamos sobre diversos assuntos, como estávamos na escola, o tínhamos feito quando não estávamos juntos, as noites de rondas dele com a matilha, até que chegamos ao assunto Bela.

—Ela esteve mais cedo aqui! Explicou ele, mas pela primeira vez não vi irritação no rosto dele ao falar de Bella — Parece que Charlie também negociou com ela! Ele sorriu.

— Charlie comentou comigo! Disse sendo puxada por ele para me sentar ao seu lado em um tronco de arvore de frente para o mar, ele passou um dos braços em volta do meu ombro me puxando para seu peito — E como foi? Sussurrei olhando para cima na direção de seu rosto.

— Acho que chegamos a um acordo! Disse ele olhando para mim. — Meu único problema com Bela é o fato dela ter amigos e namorando sanguessuga.

Ri baixinho — O fato deles não caçarem humanos não conta?

Seus lábios tocaram os meus em um selinho — Eu prefiro não falar mais disso.

— Do que prefere falar então? Perguntei curiosa.

Seus olhos se fixaram nos meus, em seguida ele tirou o braço de meu corpo e suas mãos pararam em meu rosto o deixando preso entre seus dedos macios e quente — Na verdade meus planos são outros! Murmurou ele aproximando o rosto do meu, seus lábios novamente se encontraram com os meus os entreabrindo iniciando um beijo.

Passamos o resto da manhã caminhando na praia, Jacob se abaixou para que eu pulasse em suas costas e correu comigo pela praia, quando estávamos juntos éramos como duas crianças, sem preocupações, sem medo de nada, éramos apenas ele e eu.

O mar estava calmo. Quando percebemos tínhamos tomado o caminho que dava acesso ao penhasco, os gritos e bagunçam chamaram minha atenção me fazendo rir, um dos garotos estava a beira do penhasco, no ponto mais alto fazendo pose, Jacob riu e logo em seguida o garoto pulou, mesmo estando longe eu reconheci que era Quil.

— O que acha de um pulo de penhasco? Sugeriu Jacob voltando a caminhar.

Virei meu rosto sobre seu ombro olhando para ele — Vamos pular do penhasco?

— Sim, mas da pedra mais baixa!

— Que graça tem pular da pedra mais baixa?

— Ou é isso, ou nada feito! Disse ele de forma firme.

Dei um sorriso e lembrei da última vez que Charlie havia me dito que eu estava proibida de pular do penhasco.

— Tudo bem! Eu concordei — Dessa vez irei ceder!

Jacob riu e minutos depois estávamos nós dois, prontos para saltar.

— Pronta? Perguntou ele olhando para mim por cima dos ombros.

— Sim! Eu sorri apertando os braços em volta de seu pescoço e as pernas de seu abdômen.

— 3...2...1.... Conferiu ele.

— Weeeeeeeeeeeeeeee! Eu gritei enquanto saltávamos.

Sem acidentes dessa vez.