—— “UNO”. Eu falei antes de ficar sem cartas, Jacob levou sua mão direita a nuca a coçando, um grande “bico” se formou em seus lábios enquanto eu me deitava sobre os travesseiros no chão do meu quarto rindo.

— Como faz isso? Perguntou ele com uma expressão confusa — Nós jogamos doze partidas e você me venceu treze!

Meus olhos se estreitaram enquanto eu voltava a me sentar — Mas se nós jogamos doze como eu venci treze? Tentei encontrar uma explicação para aquela afirmação dita por ele, Jacob riu e suas mãos avançaram para cima de mim me fazendo cocegas.

— Não Jacob não! Tentei controlar meus risos — Charlie vai nos ouvir! Murmurei — Me responda porque treze.

— Por que vai me vencer a próxima também! Ele respondeu virando seu corpo para cima do meu para selar meus lábios.

Eu afastei meu corpo colocando minha mão direita nos lábios dele, Jacob riu beijando meus dedos— Por que será que estou começando a ficar desconfiada que você está me deixando vencer?

— Você não acredita em si mesma? Ele riu.

— Realmente você está certo! Eu sou muito boa nisso, já pensei em me inscrever em campeonatos mundiais.

Os lábios dele se torceram de uma forma engraçada — Se formos levar em conta seu ego, você venceu todos eles.

Eu rolei os olhos e ele riu, em seguida se levantou com cuidado e me puxou para seus braços, levantei meu rosto já sabendo o que viria depois, ele curvou o corpo aproximando nossos lábios e me beijou, um selinho demorado e depois seus lábios tocaram minha testa — Hora de dormir.

Franzi as sobrancelhas — Desde quando controla meus horários?

— Desde que virei seu namorado!

— Namorado não é dono — Cruzei os braços e ele riu me puxando novamente contra meu peito — Eu preciso ir, estão a me espera! Explicou ele.

— Vendo por ele lado eu o libero! Falei enquanto balançava a cabeça — Alguém precisa trabalhar nessa matilha não é mesmo?

Jacob sorriu, mais uma vez eu era puxada para seus braços e apertada contra seu peito em seu abraço de urso — Boa noite pequena — murmurou ele se afastando lentamente, como se ao se afastar de mim estivesse lutando contra a gravidade, eu apenas sorri, e quando ele finalmente conseguiu alcançar a janela ela pulou, corri atrás e olhei para ele que me jogou um beijo e desapareceu na  floresta.

Fechei a janela e sorri, dei um grande bocejo e me joguei sobre a cama, Jacob começava a me conhecer tão bem quanto eu mesma, realmente eu estava com sono e em questão de segundos após me jogar em minha cama adormeci.

Na manhã seguinte eu acordei com o som alto da voz de Charlie, me sentei na cama e me levantei caminhando apressada na direção da sala, o alívio me invadiu ao ver Bella, finalmente ela havia retornado.

Pelo tom de voz de Charlie achei melhor eu ficar em silêncio.

— Eu simplesmente fiquei louco nos últimos três dias, cheguei em casa do enterro de Harry e você tinha sumido. Sua irmã só pôde me dizer que você saíra correndo com Alice Cullen e que ele achava que você tinha ido ver o irmão dela. Você não me deixou telefone nenhum e não ligou. Eu não sabia onde você estava nem quando... ou se... ia voltar. Tem alguma ideia de como... como... — Ele não conseguiu terminar a frase. Inspirou fundo fazendo um som agudo e continuou: — Pode me dar um só motivo para eu não mandar você para Jacksonville neste segundo?

Os  olhos de Bella se estreitaram — Porque eu não vou.

— Agora espere um minuto, mocinha...

Olhei para Bela e ergui as sobrancelhas, aquela era uma péssima hora para ela provocá-lo.

— Olhe, pai, assumo completa responsabilidade por meus atos e você tem o direito de me deixar de castigo pelo tempo que quiser. Vou cumprir todas as tarefas e lavar a roupa e os pratos até que você ache que aprendi a lição. E acho que você tem o direito, se quiser, de me expulsar daqui também... Mas isso não vai me fazer voltar para a Flórida.

Seu rosto de Charlie ficou vermelho-vivo. Ele respirou fundo algumas vezes antes de responder. — Você poderia explicar onde esteve?

— Houve uma... emergência. Respondeu ela balançando a cabeça.

Ele ergueu as sobrancelhas de expectativa por uma brilhante explicação, em seguida seu olhar se voltou para mim após eu encher as bochechas de ar e soprá-las com um ruído.

— Desculpe! Murmurei indo para a cozinha.

— Não você fica! Ordenou ele.

— O que eu fiz?

Charlie me encarou. Eu me calei. Então sua atenção novamente retornou para Bel.

— Não sei o que dizer a você, pai. Foi principalmente um mal-entendido.  Ela explicou.

Ele esperou com uma expressão desconfiada. — Ouça, Alice disse a Rosalie que eu pulei do penhasco...

Uma careta se formou em meu rosto, por que ela tinha que tocar no assunto penhasco? Minha irmã não parecia satisfeita em levar a bronca de Charlie sozinha ela começava a tentar me arrastar para a bronca e o castigo com ela.

Antes que Bella pudesse continuar sua explicação, a expressão de Charlie a lembrou de que ele não sabia nada do penhasco, tínhamos um problema dos grandes, comecei a sentir que eu também estava ferrada.

— Acho que não lhe contei sobre isso — ela disse — Não foi nada. Só estava brincando, nadando com a Nessie. De qualquer modo, Rosalie contou a Edward e ele ficou transtornado. Ela meio que por acaso deu a impressão de que eu estava tentando me matar ou algo assim.

A fisionomia de Charlie estava congelada. — Você estava tentando se matar, Bella?

Aproveitei que Charlie estava com sua total atenção sobre Bella e pisei no primeiro degrau da escada, meu plano era simples, bater em retirada para meu quarto, trocar de roupa e fugir pela janela, sempre via Jacob pulando com facilidade, talvez não fosse tão difícil, — Onde pensa que vai? Murmurou Charlie.

Virei meu corpo e sorri para ele.

— Você pulou do penhasco com Bella?

— É, estávamos nos divertindo, mergulhando do penhasco. Os garotos de La Push fazem isso o tempo todo. Como a Bells  disse, não foi nada.

A fisionomia de Charlie esquentou foi de congelada a quente de fúria — Pai ela não tem culpa, foi ideia minha — Falou Bella.

— Será que eu posso ir tomar meu banho agora? Creio que esse assunto deva ser resolvido entre vocês dois — suspirei — Nós conversamos sobre isso! Completei o lembrando da nossa conversa no dia do enterro de Harry.

Seu rosto corou de novo — Tudo bem você pode ir.

Eu sorri e sem perder tempo subi as escadas correndo, eu estava decidida a não me envolver mais nos problemas de Bella,  fiz questão de  demorar tempo o suficiente no banho e em me vestir, quando sai do quarto e retornei a sala Charlie estava sozinho, tinha um semblante de aborrecimento, a conversa com certeza não havia sido fácil, mas como já era esperado por mim não havia passado de uma conversa.

— Vou para La push! Falei ao passar pelo sofá atrás dele, você vem almoçar?

— Não se preocupe querida, a partir de hoje todas as tarefas da casa são de responsabilidade da Bella.

Torci os lábios — Legal.

— Fique longe de penhascos!

— Está bem! Respondi enquanto passava pela porta quase correndo.

Eu dirigia devagar pela rua tomada pelo mato, contornando as árvores que arqueavam sobre mim como um túnel verde e vivo, eu estava ansiosa, não sabia qual seria a reação de Jacob ao saber que Bella havia voltado, e assim que estacionei a picape diante da casa de Billy sorri ao ver que Jacob esperava por mim;

— Hey! Ele gritou me pegando em seus braços e me girou no ar enquanto me abraçava — Charlie ligou avisando que estava a caminho — Ele falou enquanto seus lábios tocavam minha testa e lentamente me colocava no chão.

— Eu acho que vai odiar a notícia que tenho para dar a você — Respondi e acenei para Billy, que olhava pela janela.

 — Se for sobre sua irmã, eu já sei.

— Na verdade não, a notícia era que passarei o dia com você!

Jacob sorriu voltando a me abraçar — Isso nunca será uma notícia ruim! Murmurou ele em meu ouvido.

— Ainda não enjoou mesmo de mim? — perguntei. Ele devia estar começando a achar que eu era aquele tipo de namorada chiclete, mas na verdade eu só estava aproveitando as férias, quando nossas aulas reiniciassem nós dois teríamos menos tempos livre para ficarmos juntos.

— Não, ainda não. Respondeu ele.

— Por favor, me avise quando eu começar a lhe dar nos nervos. Não quero ser um incômodo.

— Tudo bem. — Ele riu, um som gutural. — Mas, no seu lugar, eu não contaria muito com isso.

Eu saí de seus braços e caminhamos de mãos dadas — Como estão as coisas com a fugitiva na sua casa? Perguntou ele com um tom de tranquilidade em sua voz, eu achava que Jacob ficaria um pouco mais perturbado com o retorno de Bella e dos Vampiros, mas ao invés disso ele parecia não se importar.

— Charlie conversou com ela.

— Apenas isso?

— É...eu não quis participar da conversa deles, mas eu acredito que Charlie a colocou de castigo!

Jacob riu — Honestamente, quando se trata de Bella seu pai e um molenga.

Franzi as sobrancelhas — Vai falar mal do Charlie agora?

— Sua irmã desaparece por dias, deixa ele desesperado e ela volta como se nada tivesse acontecido e fica por isso mesmo?

— Bom, tirando a parte de Charlie ser um molenga eu tenho que concordar com você.

Jacob parou por alguns segundos e virou o corpo ficando de frente para mim — Eu acho que Bella merece um castigo!

Eu sorri — Por acaso quer se vingar dela por ela ter voltado com o Edward?

Ele passou o braço por meu ombro e beijou a minha cabeça — Disso você não precisa ter ciúmes, em seguida me puxou na direção da oficina.

Alguns dias se passaram depois do retorno de Bella. Charlie não estava satisfeito com ela, nem falava com Edward. Mas havia dado a Edward para entrar em casa já Bella não tinha permissão de sair dela, com exceção da escola e do trabalho dela. Jacob vinha me ver sempre depois que Bella e Charlie dormiam, ele não queria ver Bella e muito menos cruzar com Edward, eu respeitava seu direito de estar chateado com ela, Bella não tinha tido uma atitude boa com ele.  Jacob havia me dito que Bella sempre ligava, mas ele não atendia a seus telefonemas.

Eu chegava da escola quando estacionei a picape e sorri ao ver o que estava estacionado na entrada da casa, perto da viatura. Vermelha, brilhante, impossível de esquecer. A moto de Bella exposta sozinha na entrada de carros.

Jacob havia colocado o seu plano em prática, quando me contara o que planejava eu temi, Bella poderia alegar que eu também estava envolvida na história das motos, mas ele me garantiu que faria com que a culpada fosse somente ela.

Meus olhos se voltaram na direção da casa e então eu sorri, ele ainda estava lá, Jacob me esperava a pouca distância na trilha. Esperava encostado num tronco musgoso, eu corri ao seu encontro e ele me puxou para seus braços me dando o seu abraço apertando que eu tanto amava.

— Você é maluco! Eu falei em meio aos meus risos.

Ele olhou para mim, mas depois a sua fisionomia mudou, a boca de Jacob se esticou num esgar sem humor, me afastou de seus braços cuidadosamente e ao virar meu corpo pude ver o motivo de seu desgosto, Bella caminhava em nossa direção acompanhada de Edward, Mas Edward parou assim que o vimos.

— Bella — disse Jacob.

— Por quê? — Bella sussurrou em um tom de angústia— Como pôde fazer isso comigo, Jacob?

Olhei para Jacob e ele sorriu, mas depois seu rosto voltava a se sério e rígido.

— É para o seu bem.  Ele respondeu.

— O que é que isso significa? Quer que Charlie me estrangule? Ou quer que ele tenha um ataque cardíaco, como Harry? Por mais chateado que você esteja comigo, como pôde fazer isso com ele?

Jacob estremeceu e suas sobrancelhas se uniram, mas ele não respondeu.

— Se Charlie não teve nenhum ataque Cardíaco até agora com tudo que tem aprontado, ele não terá com isso — Respondi.

O olhar de acusação de Bella caiu sobre mim — Você o ajudou com isso? Você sabe que isso vai magoar o Charlie.

— Ela não quer magoar ninguém, só achou que não teve castigo suficiente — murmurou Edward, explicando meus pensamentos e os de Jacob.

Os olhos de Jacob cintilaram de ódio ao fitarem Edward novamente.

— Ai, Jake! — gemi. — Eu já estou de castigo! Por que acha que não fui a La Push para te dar um chute por evitar meus telefonemas?

— Ele não te receberia! Edward falou novamente.

Os olhos de Jacob se voltaram para mim, em seguida eu senti o calor de seu braço passando sobre meus ombros.

— Isso é verdade? Bella perguntou o encarando novamente — Jacob você me odeia tanto assim.

— Eu não odeio você! Jacob respondeu

— Foi apenas uma brincadeira Bella.

— Jacob eu achei que pudéssemos ser amigos.

Ele não precisa de você, ele já tem o que ele precisa — Explicou Edward de novo.

— Pare com isso — rebateu Jacob.

Edward não respondeu.

— Bella não exagerou sobre suas... habilidades — Eu disse encarando Edward.

— Sim — concordou Edward numa voz tranquila. — Ela também não exagerou sobre as coisas positivas que me falou sobre você, Carlie.

— Obrigada.

Jacob, eu quero agradecer a você— disse Edward, e sua voz pulsava com a profundidade de sua franqueza. — Nunca serei capaz de lhe dizer o quanto sou grato. Vou ficar lhe devendo pelo resto de minha... existência.

Jacob o olhou sem expressão, os ombros imobilizados de surpresa. Ele trocou um olhar rápido comigo e seus lábios tocaram minha testa, apesar de estar na frente de seu inimigo natural, ele estava tranquilo.

— Não fiz isso por você.

— Sei. Mas isso não anula a gratidão que sinto. Achei que você devia saber. Se houver algo a meu alcance que eu possa fazer por você...

Jacob ergueu uma sobrancelha,

Edward sorriu — Não se preocupe não está nos meus planos fazer isso.

— Será que vocês dois podem usar palavras, só existe uma pessoa que lê mentes aqui! Grunhi — ou melhor...um ser místico...ou seria sobrenatural?

Edward olhou para mim.

— BELLA! — O rugido de Charlie ecoou da casa. — ENTRE EM CASA AGORA MESMO!

Todos nós ficamos paralisados, ouvindo o silêncio que se seguiu.

Bella foi a primeira a falar coma voz tremula. — Merda.

— Só mais uma coisa — disse Edward, depois olhou para Jacob. — Não encontramos rastro de Victoria em nosso lado do limite... Vocês encontraram?

Ele soube a resposta logo que Jacob pensou nela, mas Jacob falou assim mesmo. — Da última vez foi enquanto Bella estava... fora. Deixamos que ela pensasse que conseguiria passar... Estávamos fechando o círculo, nos preparando para emboscá-la...Mas depois ela fugiu como o diabo da cruz.

Edward assentiu.

— Quando ela voltar, não será mais problema de vocês. Nós vamos...

— Ela matou em nossas terras — sibilou Jacob. — Ela é nossa!

— Não... Bella começou a protestar contra as duas declarações.

— BELLA! ESTOU VENDO SEU CARRO E SEI QUE ESTÁ AÍ FORA! SE NÃO ENTRAR NESTA CASA EM UM MINUTO...! — Charlie não se incomodou em terminar a ameaça.

— Vamos — disse Edward.

— Você prometeu — Bella falou olhando para Jacob— Ainda somos amigos, não é?

— ISABELLA SWAN!

— Vamos! Charlie está irritado! Edward a puxou.

Fiquei calada observando Edward levá-la pelo braço na direção da entrada dos fundos de nossa casa.

— Será que exageramos? Murmurei.

Jacob sorriu — o sanguessuga está com ela, ela vai sobreviver.

— O que faremos hoje?

Jacob tirou o braço que estava em torno do meu ombro — Vem comigo, eu tive uma ideia.

Sua mão segurou a minha e seguimos a trilha nos afastando de casa na direção do bosque, quando estávamos em uma distância segura da visão de curiosos ele soltou minha mão e caminhou na direção de algumas samambaias — Espere aqui! Ordenou ele.

Um som que eu conhecia bem me fez dar um passo para trás, o grande lobo de pelo cobre avermelhado surgiu em minha direção, sorri lembrando daquele olhar, o mesmo olhar do lobo daquela tarde na campina.

O Jacob lobo abaixou as patas dianteiras diminuindo sua altura, eu sorri tocando os pelos dele, seu grunhido me fez compreender que ele queria que eu montasse sobre ele.

— Isso vai ser demais! Falei animada enquanto montava em suas costas segurando em seus pelos.

O lobo se ergueu.

— Wooooooooooooooooooooooooow — eu gritei  enquanto ele disparava para o meio da floresta.


Fim da primeira temporada