Eu havia acordado algumas vezes durante a noite e pude ouvir os passos de Charlie na sala, ele estava preocupado, isso era obvio e eu também estava, enquanto me vestia eu pensei em inúmeros castigos para dar a Bella assim que ela voltasse, pois eu tinha quase certeza que qualquer que fosse o castigo dado por Charlie não seria o suficiente, o castigo tinha que valer por Charlie, Reneé, Jacob e por mim.

Um Castigo quadruplo.

A semana só estava iniciando e eu teria quinze dias de férias, o período de férias de primavera, esperado, amado e aguardado por nós, após minha conversa com Charlie na noite anterior eu me sentia mais leve, eu esqueceria os problemas ocasionados por minha irmã e seus seres mágicos e me concentraria em sem uma adolescente comum.

Sai do quarto motivada pelo cheiro forte do café, ainda não tinha planos para o meu dia — Nessie? — chamou meu pai quando me ouviu na escada. Quem mais seria?, pensei comigo mesma.

— Oi, pai, bom dia!

— Jacob ligou — Falou ele arrumando cuidadosamente a arma no cinturão, Charlie nunca havia disparado a arma no trabalho. Mas a mantinha preparada. Quando eu era criança e passava as férias com ele, ele sempre retirava as balas assim que passava pela porta. Acho que agora me considerava velha a bastante para não atirar em mim mesma por acidente.

— Foi? Eu murmurei tentando não por tanto efeito em minha resposta, eu ainda não estava pronta para falar com Charlie sobre ele, mas admito que mesmo fazendo menos de vinte e quatro horas em que eu havia estado com Jacob eu estava sentindo a sua falta.

— Não vai me perguntar o que ele disse? Charlie indagou.

— O que ele disse? Sorri.

— O convidei para jantar conosco essa noite! Respondeu ele — Billy também vem!

Olhei para Charlie possessa. Até um dia atrás ele havia elogiado Jacob e dito que ele era o garoto perfeito para Bella e agora parecia que Jacob era o garoto perfeito para mim. Charlie parecia decidido a unir a família Swan a Black.

— Mas por...que? Eu me engasguei.

— Eu falei sobre a nossa conversa de ontem — Ele respondeu dando a impressão de que se sentia estranho falando aquilo — Jacob disse que era uma ideia excelente, Billy acha que as coisas devem serem feitas da maneira correta.

Um vinco se formou na minha testa, três homens estavam decidindo minha vida amorosa nas minhas costas sendo que nem eu mesma havia tomado uma decisão sobre ela — Pai...Jacob e eu ainda não conversamos sabe...sobre nós dois.

— É uma excelente oportunidade! Ele respondeu.

— Pai!

— Eu não protegi como deveria sua irmã, mas você eu vou proteger! Charlie falou se aproximando de mim, deu um beijo em minha testa e caminhou na direção da porta — Capriche no jantar, surpreenda Billy.

Meus ombros subiram e desceram em um longo suspiro.

Fui para a cozinha e abri a dispensa verificando o que eu poderia fazer para o jantar, só então notei o quanto a dispensa estava vazia, puxei uma cadeira e subi para alcançar o pequeno pote o levantando e retirando o dinheiro que estava escondido embaixo dele, era onde Charlie guardava o dinheiro das despesas, bom já que eu ia cozinhar teria que ir ao supermercado.

Coloquei o dinheiro no bolso do short jeans e sai da cozinha pegando a chave da minha picape.

O Thriftway não ficava longe, só a algumas ruas ao sul, junto à rodovia. Era bom estar dentro do supermercado. Parecia normal. Desde que havia chegado a Forks eu sempre fazia as compras da casa, e me entreguei com prazer à rotina do mercado. A loja era bem grande por dentro, eu empurrei o carrinho enquanto olhava o rotulo de alguns produtos quando ouvi um sussurro próximo ao meu ouvido.

— Carlie!

Eu virei meu corpo na direção da voz.

— Riley!

— Não esperava encontrá-la aqui! Falou ele em um tom animado.

— Mundo pequeno! Respondi dando as costas para ele e voltando a empurrar o carrinho do supermercado.

— Você não atendeu minhas ligações, depois daquele mal entendido.

— Isso é passado! Respondi pegando um pacote de uma das prateleiras.

— Eu devo a você uma explicação! Insistiu ele.

— Não deve não! Respondi o olhando de soslaio, apressei os passos passando um pouco mais rápido pelos corredores sendo seguida por ele, comecei a acreditar que não havia tanta diferença entre ele e o homem que naquela noite em que o conheci havia me agarrado.

Eu coloquei mais alguns pacotes e latas dentro do carro, ao passar pelo corredor seguinte eu avistei um dos seguranças do supermercado e caminhei na direção do homem, ao me aproximar olhei para trás e Riley não estava mais por perto.

Respirei aliviada, segui na direção dos caixas e após pagar pelos produtos caminhei de forma apressada na direção do estacionamento.

— Posso me explicar ou não? A voz me fez dar um grande pulo enquanto eu colocava as sacolas dentro da picape.

— Você é maluco? Perguntei sem olhar para Riley.

— Insistente! Ele respondeu.

Cruzei os braços me encostado na porta do carro e olhei para ele — Certo Riley fale o que você quer.

— Carlie! Murmurou ele — Eu não estava com a Nat...eu...não sabia que ele iria à festa, foi somente naquela noite que eu soube que minha mãe tinha a convidado.

— Olha Riley! Respondi olhando para ele — Está tudo bem, realmente isso não importa mais.

— Mas para mim importa!

— Mas para mim não! Respondi abrindo a porta da picape entrando de forma apressada nela, após bater a porta Riley debruçou o corpo na janela.

— Carlie eu só quero que você me perdoe!

— Não sou padre para perdoar! Respondi dando partida no carro, Riley deu dois passos se afastando e eu acelerei.

Quando cheguei em casa, guardei todos os mantimentos, colocando-os onde houvesse espaço, enquanto pensava na estranha atitude de Riley, só então percebi que eu havia me livrado de um grande problema caso tivéssemos nos relacionado, Riley havia demonstrado ser um tipo de garoto possessivo, eu não queria nunca mais encontrar com ele.

Fiquei sozinha em casa durante o resto da tarde, Charlie me ligou algumas vezes para saber se Bella havia telefonado, aproveitei o tempo livre para organizar as roupas limpas de Charlie e não ficar tão ansiosa para aquela noite.

Enquanto dobrava as roupas eu pensei em Jacob, em nosso quase beijo na cozinha no dia anterior, e sobre o que Bella havia me dito ao se despedir de mim, tinha que admitir que quando eu estava com Jacob eu me sentia diferente. Naquela tarde eu havia desejado beijá-lo, por mais difícil que fosse para mim admitir alguns sentimentos com relação a ele haviam mudado.

No fim da tarde eu embrulhei as batatas em papel de alumínio e pus no forno para assar, coloquei uns bifes para marinar e os equilibrei em cima de uma caixa de ovos na geladeira. Sai da cozinha e após organizar a sala eu tomei um banho, me vesti e corri para baixo para tirar as batatas e colocar os bifes para grelhar.

Estava terminando quando ouvi o som do abrir da porta, dei um pulo colocando a cabeça para fora da cozinha e a cadeira de rodas de Billy passava pela porta sendo empurrada por Charlie — Oi, pai, Oi Billy — Eu disse. Logo em seguida meus olhos se direcionaram para Jacob que entrava logo atrás deles, ao me ver ele abriu um largo sorriso e caminhou na direção da cozinha

Eu recolhi minha cabeça para dentro e mordi meu lábio inferior voltando a olhar para os bifes.

— Oi pequena! Ele murmurou com o sorriso largo encostando-se na entrada da cozinha próximo a mesa.

— Oi, Jacob! — Senti um surto desconhecido de felicidade ao ver o sorriso dele. Percebi que eu estava feliz em vê-lo. Eu também sorri e algo se encaixou em silêncio, como duas peças correspondentes de um quebra-cabeça. A quem eu estava tentando enganar? Eu gostava de Jacob Black.

Ele parou a pouca distância de mim e eu inclinei a cabeça para trás para olhá-lo — Eu liguei cedo, mas estava dormindo, eu lamento pelo meu sumiço, mas eu tive alguns contratempos.

— Não foi tanto tempo assim! Eu respondi.

— Foi uma eternidade para mim!

—Então você decidiu pelas minhas costas junto com nossos pais um jantar de compromisso?

Jacob riu — Na realidade eu fui enquadrado! Falou ele enquanto eu pegava os pratos e arrumava a mesa, quando minhas mãos ficaram vazias Jacob passou um dos braços em mim, apertando-me contra seu peito, prendendo-me a ele. Mais uma vez eu não recusei, eu gostava daquele abraço, era gostoso.. — Me perdoe. Eu Juro que não quero pressioná-la a nada Ness, Lembra do que eu disse naquela noite em seu quarto? Sobre eu ser aquilo que você quiser?

— Não achei que fosse sério! Sussurrei.

 — Mas é sério, é muito sério pequena, eu estou tão feliz por ter você que poderia até cantar... E isso é uma coisa que ninguém quer ouvir. — Ele soltou seu riso rouco em minha orelha.

Minha respiração se acelerou, mas eu ri do final da sua frase.

Jake apertou o rosto quente contra minha cabeça, borboletas assaltaram em meu estômago, eu virei meu rosto de lado e coloquei meus lábios em seu braço tentando encostar em seu ombro — Por favor me fale Ness — murmurou ele com a voz rouca, um dos seus braços libertou meu corpo e seu dedo grande e quente se colocou debaixo do meu queixo me fazendo olhar para ele — O que quer que eu seja para você?

Eu arfei, uma, duas, três vezes, enquanto olhava para os lábios dele, tão próximos, definitivamente eu não podia mais continuar daquela forma, lentamente meus calcanhares se afastaram do chão como se eu começasse a flutuar em busca daquele encontro, a minha mão direita subiu até seu rosto, tocando aquela pele macia e quente, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios — O que você...

Eu encostei nossos lábios, mas recuamos um passo ao ouvi o som da cadeira de roda de Billy. Jacob baixou a cabeça rindo sem parecer nada aborrecido com a pequena intromissão.

Charlie estava de pé atrás da cadeira de rodas de Billy que deu uma rápida olhada para o filho, enquanto Charlie me fitava com olhos arregalados, que se desviaram para baixo e notaram a mão de Jacob na minha.

— Billy está ansioso para jantar — disse Charlie num tom distraído.

— Temos hoje como prato principal bife e batatas grelhadas, além super-receita secreta de espaguete.

Billy riu  — Não foi aquela que ensinei a você?

— Eu fiz algumas modificações.

— Não acho que os molhos prontos existam há tanto tempo.

Charlie afastou uma das cadeiras dando espaço para Billy, enquanto Jacob me ajudava a terminar de por a mesa, e logo estávamos nós quatro na pequena mesa velha de Charlie comendo bife, batatas e espaguete, Billy sentado a direita de Charlie, eu entre Charlie e Jacob.

—Então Nessie, como vai na escola? Perguntou Billy tentando iniciar uma conversa.

— Muito bem! Eu respondi — Estou de férias.

— Ela é uma excelente aluna! Charlie respondeu em um tom de orgulho.

— O Jacob também! Billy falou olhando para o filho.

Charlie cortou um grande pedaço de Bife e levou a boca, enquanto mastigava seus olhos se prenderam em Jacob, que enfiou um bife inteiro na boca ao perceber que não somente meu pai, mas o pai dele também olhava para ele.

Por mais estranha que fosse aquela situação eu simplesmente baixei a cabeça rindo.

— Jacob você não tem nada a dizer para o Charlie.

Jake se engasgou. Tentou puxar o folego duas vezes e eu só acreditei que aquilo era verdade quando sua expressão se tornou desfigurada. — Ai meu Deus Jake! Eu gritei dando um pulo da cadeira dando alguns tapinhas nas costas dele. Charlie pulou tentando ajudá-lo, o susto durou alguns segundos e então finalmente ele se recuperou.

Como não havia como fugir daquela situação ele tentou iniciar — Charlie...ele grunhiu...Bom eu...

— Pai — Falei interrompendo Jacob — Isso realmente é necessário? Quer dizer, Jacob e eu nós ainda estamos conversando, sobre isso.

— Conversando? Murmurou Charlie.

— É...Jacob e eu não vamos nos casar amanhã, quer dizer, nós somos novos — eu gesticulei com as mãos tentando encontrar mais palavras para explicar a ele.

Charlie e Billy trocaram olhares e em seguida riram, riram alto e juntos, como um coral ensaiado. As sobrancelhas de Jacob uniram-se enquanto ele olhava para o pai.

— Isso foi divertido! Falou Charlie se levantando – O que acha de tomarmos uma cerveja Billy.

— Espera aí? Vocês dois só estavam se divertindo?

Billy riu novamente e Jacob manteve sua expressão de confusão, meu pai passou por minhas costas e ao passar por Jacob apertou o ombro dele em um gesto carinhoso, abriu a geladeira e pegou algumas latinhas atirando para Billy que as pegou com destreza, então Charlie e Billy foram para a sala, os dois conversaram sobre o jogo, e Billy e Charlie enquanto faziam planos para pescar.

Jacob me ajudou a tirar a mesa e larvar as louças, se bem que ele praticamente fez tudo sozinho, quando finalmente terminamos saímos de mãos dadas passando pela sala, Billy e Charlie nos olharam de soslaio e então fomos para fora.

— Parece que fomos enganados, mas não foi tão ruim! Jacob falou enquanto segurava minha mão passando suavemente a ponta dos dedos sobre ela.

— Charlie está me saindo um verdadeiro fofoqueiro.

— E como ele está, você sabe, com relação a Bella?

— Ele está enfrentando bem! Respondi.

Os olhos de Jacob se prenderam em mim, ele curvou o corpo aproximando o rosto do meu e o deixando na minha altura — E nós como ficamos? Perguntou ele.

Dei um leve sorriso com o canto dos lábios — Eu acho que posso dar uma chance a você sabe — Balancei a cabeça.

Jacob sorriu, aquele sorriso largo e pleno de felicidade, eu senti novamente suas mãos quentes prendendo meu rosto na direção do dele e sem perder mais tempo algum ele uniu nossos lábios em um beijo doce, intenso e apaixonado.