Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 9
"Relax... You're safe now..."


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que eu disse que ia começar o conflito da história nesse capítulo, mas esqueci que tinha que apresentar uma personagem e acabei enrolando muito, então esse capítulo ficou gigantesco(pros meus padrões) e acabei só causando o conflito no final. Eu ainda preciso fechar algumas pontas então meio que o conflito vai começar só no capítulo 11, vou usar esse capítulo e o próximo como "interludes" entre a vida costumeira e a ameaça. Vou tentar postar o próximo capítulo assim que possível, mas por enquanto vou ter que "enrolar" a história um pouco mais. Isso sendo dito, o capítulo se passa no pov da Aurora, logo depois da coversa do Nick com o Quíron(do capítulo passado). Espero que gostem, desculpem pelas notas gigantescas, mas eu tinha que dar esse aviso.



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P.O.V Aurora

 

Dor. Essa era a única coisa que eu conseguia pensar naquele momento. Minha visão estava falhando e eu sentia uma ardência enorme nas minhas costelas, enquanto sentia meu corpo balançando. Olhando para cima na posição que eu estava, eu via árvores desfocadas e rostos borrados. Eu não conseguia me mover, meus braços não respondiam aos comandos do meu cérebro e eu só conseguia mover minha cabeça com uma enorme dificuldade.

Usei todo o meu esforço para levantar minha cabeça, tentando ignorar a dor nas minhas costelas. Minha visão clareou um pouco e reconheci alguns paramédicos, percebendo que eu estava em uma maca. Tentei olhar para frente e logo me arrependi, vendo a poça de sangue que estava nas minhas costelas. Os acontecimentos rapidamente passaram pela minha cabeça, desde o momento que atirei em Mevans ao momento que senti uma faca nas minhas costelas.

Eu não fazia a mínima idéia de o que havia acontecido após a facada, mas me lembrava de Maggie me acordando e a voz dela dizendo que tudo ia ficar bem. Tentei olhar ao redor, mordendo meu lábio para distrair a dor e vi uma multidão no refeitório à minha direita e Maggie olhando para mim à minha esquerda. O rosto dela estava vermelho e havia restos de lágrimas em seus olhos.

Eu tentei falar, mas a única coisa que saiu da minha boca foi sangue e uma tossida, espirrando sangue em todo o meu pescoço. “Relaxa” ela disse, com um sorriso no rosto. “Você tá segura agora” ela disse, com um sorriso sincero e uma voz calmante. Ela pegou um pano e começou a limpar o sangue do meu pescoço, sorrindo para mim no processo. Tentei retribuir o sorriso, mas acabei tossindo mais sangue por acidente, que acertou bem no rosto dela. “D-d-desc-c-culpe” gaguejei, em uma voz muito baixa, com o rosto ardendo de vergonha. “Não se preocupe” ela respondeu, ainda em um tom de voz calmo, casualmente limpando o sangue do rosto com outro pano.

Ela me acompanhou até a enfermaria e me ajudou a deitar na cama, comigo gemendo de dor na hora que saí da maca. Eu estava em uma das muitas camas com cortinas do lugar, com a cortina aberta e Maggie estava no lado de fora. Meus braços já começavam a se mexer e estiquei numa lentidão agonizante meu braço em direção à Maggie, tentando segurar a mão dela. Ela percebeu o movimento e se aproximou, sentando no banco ao lado da minha cama e segurou minha mão.

Eu me senti melhor instantaneamente, provavelmente por estar descarregando minha dor ao segurar a mão dela. Ela pegou um pano úmido e colocou-o no lugar onde eu levei a facada, o que ardeu bastante na hora. “P-p-po-por fa-fav-v-or” gaguejei, apontando à uma jarra de água em uma mesa próxima. Nunca tinha pensado o quanto que água fresca é refrescante, mesmo com todo o sangue na minha garganta.

“Descanse” ela disse. “Você precisa”. Ela se virou para sair e fechou a cortina que cercava minha cama, me deixando sozinha na penumbra. Eu não tinha percebido o quão cansada eu estava até esse momento, porque no momento que eu fechei os olhos, eu caí em um sono profundo.

Não sei por quanto tempo dormi, mas acordei descansada. Minha ferida doía menos, mas eu ainda tinha dificuldade de me mover. Pelo ângulo da luz, julguei que estava de manhã. Vi um copo d'água na mesa ao meu lado, e pelo embaçamento no vidro, julguei ter sido colocado a pouco tempo. Estiquei meu braço e coloquei meus dedos ao redor do copo, mas ao tentar puxá-lo para perto, acabei o derrubando, causando um barulho alto e vários estilhaços no chão.

Alguns segundos depois, a cortina se abriu rapidamente e vi Maggie com uma cara de preocupação na minha frente. Ela deu um suspiro de alívio ao ver que eu estava bem e pegou outro copo. Bebi a água como se fosse a última vez, sentindo a refrescância se espalhar pelo meu corpo.

“Como você está?” ela perguntou, sentando-se no banco ao lado da cama. Tossi quando tentei responder, mas foi uma tosse seca ao invés do chafariz de sangue de antes. “Melhor” disse, com a voz meio rouca. Senti meu estômago roncar e pedi por comida. “Guardei pra você ontem” ela disse, mostrando um prato de sopa. “Acabei de esquentar, um pouco antes de chegar na enfermaria” ela complementou. Ela me ofereceu uma colher e peguei-a com as mãos tremendo, me sentando. Ao tentar trazer a colher a meus lábios, acabei derramando a sopa nos meus lençóis.

O sopa derramada queimou um pouco minha perna, mas Maggie rapidamente passou uma toalha no local. Fiquei envergonhada por precisar de alguém para colocar a colher na minha boca, mas adorei a minha companhia. Ela saiu rapidamente e voltou com uma comida dourada que eu nunca havia visto na vida. “É ambrosia. Vai ajudar na sua recuperação” ela disse, trazendo um pedaço à minha boca.

Eu nunca havia provado ambrosia, então fiquei surpresa ao sentir o gosto de caramelo ao comer. Ela me deu uma porção generosa, mas negou quando eu pedi mais, dizendo que poderia ter efeitos colaterais catastróficos. “Preciso ir” ela disse, para minha tristeza. “Descanse, daqui a pouco os efeitos da ambrosia começam a vir”. Ela se virou e saiu, me deixando sozinha com meus pensamentos. Ela estava certa: alguns minutos depois, meu corpo parecia estar renovado, estando muito mais fácil mover meus braços e meu pescoço. Não tentei levantar, com medo de cair, mas consegui me sentar com facilidade.

Olhei para minha cintura, vendo que já não havia mais sangue nas minhas costelas. Eu estava sem armadura, então eu estava apenas com a minha camisa rosa e minha calça. Mesmo sem sangue, a linha vermelha do local onde a faca acertou ainda estava lá, e mesmo um pouco melhor, a visão ainda era muito grotesca.

Passaram-se vários minutos até a cortina se abrir novamente, e como eu estava esperando Maggie, fiquei decepcionada quando vi Avery na porta. Em condições normais, eu teria mandado ele sair, mas depois que eu levei a facada eu percebi o quão estúpida era nossa discussão por causa da areia nos olhos.

“Como você está?” ele perguntou, com uma voz surpreendentemente doce, que eu nunca o vi falar. “Melhor”, respondi. “Já consigo mover meus braços” complementei. “Eu sei que a gente não se deu muito bem quando a gente se conheceu, então eu queria compensar as nossas discussões”. Ele pegou uma aljava cheia que estava nas costas dele e me entregou. “56 flechas, a aljava é feita de couro de minotauro e bronze celestial, as flechas tem o cabo de prata e as pontas de ouro” ele me entregou a aljava e eu analisei-a.

A qualidade era muito boa e vi que metade das flechas tinham a ponta solta para colocar amocinese dentro. “Eu sei que parece que eu tô tentando comprar tua amizade” ele disse, lendo meu pensamentos “mas eu fiz todas as flechas na mão e a Maggie me ajudou a reforçar a aljava, então ela deve ter colocado umas coisas especiais aí, conversa com ela depois”. Dei uma olhada na aljava e vi um coração estampado no fundo dela, e não sabendo se era pra representar que eu era filha de Afrodite ou se era por algum “outro motivo” , cobri-o com a mão para Eve não ver.

Ele estava quase saindo quando ele se virou e disse “Ah sim, quase esqueci de falar, mas o Mevans ficou bem mal depois de te esfaquear, e vi ele tentando consertar teu arco, mas como a Maggie se recusa a falar com ele, ele tá tendo dificuldade”. Ele se virou e saiu, me deixando um pouco confusa, visto que eu não sabia que tinha sido o Mevans que me esfaqueou.

Uma raiva começou a borbulhar internamente, e mesmo sabendo que provavelmente foi um acidente, senti uma ira crescer dentro de mim. Meu rancor foi rapidamente cortado por Maggie, que apareceu sorrindo na cortina. Ela parecia estar bem animada e dava pra ver uma cara de antecipação no rosto dela. “O que você achou?” ela perguntou, quase histérica de excitação.

Deixei minha raiva de lado e respondi “Eu amei!” mesmo tossindo depois, esquecendo que tinha sido esfaqueada. Eu estava sendo sincera quando disse que adorei o presente, mas eu ainda estava com raiva de Mevans, já que eu não conseguia nem conversar com Maggie direito por causa da facada. Disfarcei minha raiva o melhor possível enquanto ela mostrava um botão na aljava que colocava óleo nas flechas, possibilitando que eu tivesse flechas incendiárias.

Eu estava com um pouco de vergonha e não quis tirar Maggie da sua zona de conforto, então não mencionei o coração. Conversamos vento por algum tempo e ela me deu um pouco mais de ambrosia e água, que me deixou bem melhor. Ela saiu para me deixar descansar e fechou a cortina, me deixando sozinha de novo. Fiquei analisando a aljava por uns 15 minutos, passando a mão no couro, que era bizarramente macio, e vendo a alta qualidade das flechas, perfeitamente retas e balanceadas. Passaram-se uns 20 minutos e eu estava entediada, então encarei o coração no fundo, passando meus dedos no linha curvada de ouro, e levei um susto quando a cortina se abriu, e cobri o coração rapidamente.

Uma menina de Atenas estava na porta, com uma bandeja com água e ambrosia. Ela tinha uma pele clara, um cabelo castanho com algumas listras verdes e olhos azuis, além de uma camisa cinza e uma minissaia azul em cima de leggings pretas. “Desculpa aparecer do nada sem avisar” ela disse, colocando a bandeja na mesa ao lado da minha cama. “Eu sou a Hanna” ela falou, em um tom amigável “A Maggie tá ocupada numa reunião na Casa Grande, junto com os outros conselheiros das cabanas e pediu pra eu te entregar isso, além de te trazer mais comida” ela completou, mostrando um pedaço de papel. “Não se preocupe, eu não olhei” ela assegurou, sorrindo.

Eu desdobrei o papel e o li, e escrito nele lia-se “Não sei sobre o que vai ser a reunião, mas acho que tem a ver com o fato do Nard ter sumido ontem e não voltou ainda. Eu ainda posso receber mais um bilhete, mas tenho a impressão que só vou voltar amanhã. Melhoras!” e no fundo havia um coração. Perguntei se Hanna tinha uma caneta e fiquei bem feliz quando ele disse que sim, me entregando uma caneta rosa.

Minha mão ainda tremia um pouco, então ao invés de escrever uma mensagem, desenhei um coração com a letra “a” no meio. Era um movimento arriscado, talvez até um pouco apressado, mas já era o segundo coração que eu recebia dela e eu não acho que era uma coincidência. Dobrei o papel e hesitei um pouco antes de entregar a ela. Ela deve ter pecebido minha relutância, porque logo depois ela disse “Relaxa, eu não sou como os filhos de Hermes, eu não vou olhar”. Decidi confiar nela e entreguei o papel, e ela logo após saiu.

Passaram-se uns 10 minutos quando a cortina se abriu de novo, e levei um susto quando vi Mevans. Meu susto logo virou raiva e eu estava quase gritando para ele sair quando ele disse “eu entendo se você não quiser que eu fique aqui, mas deixe só eu falar uma coisa”. Mesmo com raiva, decidi ouví-lo. “Primeiramente, eu não espero que você me perdoe” ele disse, com a cabeça levemente abaixada. “Então estamos na mesma página” respondi secamente. “Mas eu queria especificar que foi um acidente. Eu estava mirando no seu pé e era apenas pra te derrubar, eu não esperava que fosse te machucar gravemente como aconteceu. Eu sei que você não vai me perdoar, mas mesmo assim eu queria pedir desculpas, eu sei que você deve estar bem mal agora” eu ia replicar algum comentário seco quando vi os olhos dele começarem a lacrimejar. “Eu só estava com muita raiva sabe? Eu já não queria participar do jogo e eu estava estressado com você antes” ele começou a soluçar, mas mesmo assim continuou falando. “Eu já estava sozinho na Cabana 2 e eu queria que eu pudesse provar meu valor para o Acampamento pelo menos uma vez, e eu vi essa oportunidade na bandeira. Eu fui um babaca, eu nem sequer tentei te ajudar quando a faca te acertou e tudo por causa de uma bandeira estúpida. No fim das contas, a marretada que eu levei da Maggie não foi nada comparado com o que eu merecia. Eu também queria pedir desculpa por ser um idiota imaturo quando te conheci”.

Ele fungou e limpou as lágrimas. Me senti um pouco mal por ele e senti minha raiva evaporar um pouco. Eu estava prestes a responder quando ele disse, ainda meio soluçando: “Mas enfim, tirando a parte extremamente emocional, vim te trazer isso”. Ele mostrou meu arco e vi que havia um remendo dourado no meio dele, provavelmente onde havia quebrado e trouxe minhas adagas embainhadas. “Eu demorei um pouco pra remendar o arco depois que ele quebrou, mas no fim das contas um moleque de Hefesto me ajudou e eu afiei suas adagas. Era o mínimo que eu poderia fazer”.

Vi um arrependimento sincero no rosto dele e senti um pouco de remorso por ser tão seca com ele. Eu disse: “Posso até não te perdoar… Mas isso não significa que não possamos ser amigos” e vi o rosto dele brilhar. Ele agradeceu e saiu, me deixando sozinha. Comi o resto da ambrosia que Hanna trouxe e dormi.

Acordei ouvindo berros, as palavras “façam elas pararem” se repetindo várias e várias vezes. Reconheci a voz de Nard e me preocupei com a quantidade de gritos que ele estava fazendo. Maggie apareceu na minha frente e disse que tínhamos problemas. Quando perguntei o que estava de errado ela simplesmente disse: “Hanna e outros 3 campistas desapareceram”.


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Notas finais do capítulo

Já aviso que se tiver algum "erro médico", eu sou péssima em biologia então me desculpem. Comentem o que vocês acharem, vejo vcs no proximo capitulo ♥