Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 30
Estrelas


Notas iniciais do capítulo

Esse é mais um capítulo curto, que eu fiz mais para voltarmos a se acostumar com o CHB, e também introduzir outros personagens.
E como é o capítulo 30, pra comemorar eu finalmente dei a explicação pro nome da história, coisa que eu já queria fazer a algum tempo.
Espero que gostem ♥
(vou tentar postar outro capítulo ainda hoje, mas no promises)



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P.O.V Hanna

 

Acordei alguns minutos antes do sol nascer, com as enormes nuvens ainda no céu. Ultimamente, trovões e raios estavam sendo frequentes, mesmo que nenhum caísse dentro do Acampamento. Eu estava cada vez mais paranóica com quem seriam os Campistas colaborando com a Empusa, tanto que eu sempre dormia com meu cajado na mão. Eu não conseguia confiar em ninguém a não ser Nard, porque até as vítimas dos ataques poderiam estar fazendo aquilo para ganhar nossa confiança.

Um dos piores lados de ser filha de Atena era esse: eu pensava demais em planos e consequências, o que podia ser bem enlouquecedor em vários momentos. As coisas certamente estavam mudando no Acampamento: altas e escuras nuvens, o lugar parecia cada vez mais sem vida e até mesmo Quíron não dava mais as caras. Claro que eu não o julgava, eu sei quanto que Viren é importante para ele, mas ainda sim. Até mesmo uma das manias que eu e Nard temos, que consiste em roubar um ou dois morangos das plantações estava ficando ruim, já que os morangos pareciam ficar cada vez mais azedos.

Saí da Cabana, encarando o céu escuro e os eventuais relâmpagos de luz no céu. Estava frio, muito mais frio do que uma noite de verão deveria estar, e eu tinha a sensação de estar sendo seguida. Com o fato de eu ter jogado um dos meus aparelhos naquele dia depois da enfermaria, eles tendiam a falhar em alguns momentos, o que me deixava um tanto insegura. Andei meio sem rumo, sentindo o sereno da noite no meu rosto.

Em cima de uma das barracas do Campo de Treino, estava Nard, encarando as estrelas. Ou o mínimo que era possível ver delas, devido a grande quantidade de nuvens no céu. Subi na barraca e me sentei do lado dele, me lembrando dos nossos primeiros dias no Acampamento, em que só ficávamos um ao lado do outro. “Quíron costumava me dizer uma coisa quando eu me sentia inseguro antigamente”, ele começou a dizer, sem floreios. “Ele me disse que as pessoas, especialmente as pessoas próximas, são igual estrelas: mesmo de longe elas brilham. É uma frase que ficou quase meu mantra durante esses últimos dias, e eu prometi que eu teria fé Enquanto As Estrelas Brilharem. Mas eu estive encarando as estrelas ultimamente, e eu podia jurar que uma delas se apagou, como se um pedaço do espaço fosse simplesmente tirado do mapa.”

Coloquei um de meus braços no ombro dele, me apoiando na cabeça dele. “Sabe, big bro…”, comecei, relembrando do nosso apelido de infância. Tudo aquilo parecia tão distante, com toda a discórdia que estava acontecendo ultimamente. “Eu tive uma coisa parecida… Não sou filha de Hécate ou Apolo pra poder dizer com certeza, mas eu tive uma sensação estranha, sabe? Como se eu estivesse sentindo uma tristeza enorme de outra pessoa, mesmo que eu não saiba quem”, expliquei, deixando de lado o fato de que isso, combinado com o meu excesso de pensamento, estavam evitando que eu tivesse uma boa noite de sono.

Ficamos naquela posição por um bom tempo, até que o sol lentamente nasceu na nossa frente. Era uma vista muito bonita, mesmo com todas as nuvens no céu. Os raios começaram a refletir no rio e nas árvores, dando uma  aura dourada, em contraste com o cinza do local. Enquanto olhávamos o sol subir no horizonte, Campistas foram acordando aos poucos, populando o pequeno espaço do refeitório. A luz começou a crescer ainda mais, tirando os vestígios da noite, como um pano sendo passado em um monte de poeira.

“Nard!”, chamou Flower, debaixo da barraca, me dando um pequeno susto. “Vem cá, preciso te mostrar uma coisa”, completou. “Preciso ir, big sis”, ele falou, se virando. Ele pulou do teto, e vi ela levá-lo para algum lugar perto da ferraria. 

Ao longe, vi Raven cuidando de seu jardim de margaridas, perto da floresta. Mesmo na distância, era impossível não reconhecer o cabelo raspado na lateral direita enquanto o lado esquerdo era longo e liso, tingido de preto, embora ela mudasse constantemente. Eu já havia feito algumas leituras de tarot com ela, embora eu não acreditasse que meu futuro seria dirigido por meras cartas. A lógica proibia. 

Oldřich estava andando perto de Rav, e fiquei com medo do que aquilo poderia causar, já que a filha de Hécate não deixava ninguém, nem mesmo sua gata preta Lilith, chegar perto do lugar. E Odd era filho da Deusa da discórdia, Éris, então a combinação de fatores não tinha muitas opções pouco caóticas. Enquanto eu virava os olhos para longe do cenário caótico, ouvi um barulho vir debaixo de mim, logo vendo que Alan estava tentando pegar algum suprimento no interior.

Pulei do telhado, caindo rapidamente no chão, dando uma cambalhota. Ao terminar, dei de cara com ele, que parecia tentar pegar algo em uma estante. “Mas se não é um anjo caído do céu”, ele disse, em seu clássico tom jocoso. Ele era um mulherengo sem cura, e ignorei o comentário. Tinha pele escura, com olhos que ficavam em algum lugar entre verde e azul, além de cabelos cacheados. “Corta a merda, o que tu veio pegar aqui?”, respondi friamente. Ele apontou para um peitoral de couro embaixo de uma caixa de armas de madeira, e logo entendi. Mesmo assim, ele não era do tipo que treinava, então achei a ação muito suspeita. Deixei nota para me lembrar de ficar de olho nele, para ver se ele fazia mais alguma coisa suspeita.  Ele não era o primeiro Campista em que eu tomava nota de ficar de olho, e provavelmente não seria o último.

 Fui em direção ao refeitório, para tomar meu café da manhã, e esbarrei com Odd no caminho. Tinha olhos escuros, com vários tons, mas bem escuros, e um deles estava roxo, provavelmente por seu encontro com Raven. Tinha cabelos castanhos bagunçados, além de sempre estar com camisetas de rock ou grupos políticos. Evitei conversar com ele, sabendo que qualquer comentário poderia causar uma briga, e me sentei na mesa. 

Quando terminei a refeição, que foi pão e ovos, fiquei andando meio sem rumo pelo Acampamento, coisa que eu gostava de fazer quando estava preocupada. Passei pela ferraria, pelo Campo de Treino, e pelas várias margens do lago, até que em um dado momento, encontrei Lana sentada em uma pedra, afiando sua espada. Meu primeiro instinto era só dar as costas e sair, mas eu percebia que esse comportamento era infantil cada vez mais.

“Fala logo a sua desculpa pra não ter aparecido”, disse secamente, e ela elevou os olhos da espada para os meus. Explicou o que aconteceu, e mesmo que eu estivesse cética no começo, o olhar de sinceridade no rosto dela era genuíno. Aceitei o pedido de desculpas dela, e perguntei se poderíamos começar de novo, e marcar o encontro para outro dia. Ela sorriu, em um sorriso tão bonito que eu não o esqueceria por nada.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, não foi uma bíblia cheia de suspense como todo mundo queria, mas eu queria apresentar os novos personagens antes, tanto pra acostumar de volta com o Acampamento, quanto para deixar uma dúvida de quem são os Campistas infiltrados e quem é inocente(claro que quem mandou a ficha sabe, mas peço que não deem spoilers nos comentários pf)
Espero que tenham gostado ♥