Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 31
Descobertas e Erros


Notas iniciais do capítulo

Bom, como pôde ser visto, eu fiquei um tempinho sem escrever. Além de ter meu exame de proficiência de inglês no sábado(que destruiu meus neurônios), meu emocional não tá tão bem ultimamente, então por mais que eu adore escrever EAEB, eu não tava muito na vibe.
Melodrama pessoal de lado, esse capítulo foi, como posso dizer? Interessante de escrever. Espero que gostem ♥



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P.O.V Flower

 

Nard claramente ainda estava chocado com o que havíamos visto, e eu não o culpava. Tive uma reação parecida também ao ver a clara evidência de sabotagem do Acampamento. Haviam claras marcas de pegadas na Cabana de Hécate, junto com uma trilha levando à ferraria. Eu poderia não ser filha de Ártemis, mas era bem claro que alguém havia passado por ali várias vezes.

Não bastasse a trilha de pegadas, havia marcas de algo sendo arrastado no chão. Ou alguém. Eu e Nard concordávamos que cada vez menos pessoas aparentavam estar no Acampamento, incluindo alguns conselheiros. Mesmo que todo mundo pensasse que era só coisa da nossa cabeça, algo vindo da paranóia, estava ficando cada vez mais suspeito. As vezes eu até perguntava se alguém havia visto alguma pessoa que eu conhecesse, e muitas vezes a resposta era “não”.

“Tiveram outro caminho menos usado, talvez só uma vez”, disse Nard, apontando ao chão. Tive que forçar um pouco meus olhos para conseguir ver, mas logo vi um conjunto de pegadas bem menos claras, que haviam rastros de mais de uma pessoa. A trilha ia até a floresta, e decidimos segui-la, Nard com ambas espadas em mãos e eu com meu violino. Embora eu preferisse usar os poderes de controle emocional do violino antes de ir para a violência, algo me dizia que isso não daria certo. Vi a arco do violino rapidamente se transformar em um arco e flecha de verdade, e meu violino virar uma aljava.

Andamos em guarda para dentro da floresta, sentindo uma escuridão forte, combinada com as nuvens que decidiram cobrir o sol. Era um pouco difícil ver na penumbra, mas meus olhos se acostumaram depois de um tempo. Vi Nard com o dedo no ouvido, como se tentasse parar de ouvir algo. Pegou um comprimido do bolso e engoliu, sem nem se importar em beber algo para ajudar o remédio a descer. Fiquei confusa por alguns instantes, mas acabei abstraindo a ação depois de alguns segundos.

Passávamos por árvores e mais árvores, em alguns momentos até vendo pequenos animais silvestres passando nas trilhas. O canto dos pássaros estava melancólico, quebrando o silêncio e dando uma atmosfera ainda mais pesada para o local. Eu constantemente olha acima do meu ombro, para ver se alguém nos seguia, e Nard parecia estar atento a qualquer sinal de ameaça em meio aos cantos depressivos dos pássaros.

Andamos por mais alguns minutos, até vermos uma clara trilha de líquido verde, parecendo clorofila, que se estendia por alguns metros. Coloquei uma flecha no arco, me preparando para atirar em qualquer coisa que não tivesse uma intenção amigável, mesmo se fosse um dos animais silvestres do lugar. Seguimos a trilha por alguns segundos, mas o que achamos no final não era o que esperávamos: uma ninfa da terra, morta. Sua figura quase humana estava no chão, com um enorme furo em sua barriga.

Claramente o líquido verde que vimos antes era seu sangue, mas o que não fazia sentido era por que alguém mataria uma criatura tão pacífica. As ninfas, assim como várias outras criatura do Acampamento eram simbiontes conosco, então essa morte misteriosa não fazia sentido algum. Eu desviei os olhos assim que eu vi a imagem, mas Nard era mais sangue-frio e se aproximou, analisando o ferimento que matou a ninfa. “Faca”, ele disse, com um claro tom de raiva na voz. Vi de canto de olho ele tomar mais um comprimido, e voltamos para o Acampamentos, sem acreditar na cena, sem respostas e sem felicidade.

Embora nosso primeiro instinto fosse avisar Quíron imediatamente, sabíamos que ia ser muito difícil contar a história sem que parecermos culpados. Enquanto voltávamos para o Acampamento em meio ao céu cinza, vimos algumas pessoas passando, mas em bem menos quantidade do que em uma situação normal. Ao passar em frente ao refeitório, vi Lana e Hanna em uma mesa, rindo e conversando, em contraste com o humor que eu e Nard estávamos. “Tão parecendo bem hoje”, disse Odd, desdenhosamente. O comentário me enraiveceu muito, mas Nard me segurou antes que eu pudesse revidar. “Não vale a pena”, foram suas únicas palavras. Odd deu de ombros, embora esperasse uma briga, e foi para o meio do Campo de Treino, provavelmente para meditar com suas músicas altas. 

Raven estava em outra mesa, arrumando um baralho de suas cartas de tarot nas mãos. Vestia uma camisa preta, da mesma cor de suas calças, que eram rasgadas, junto com uma sombra de olho leve. “Querem uma leitura?”, ela perguntou, enquanto arrumava uma das mechas de cabelo atrás da orelha. “Tô na vibe não”, respondeu Nard, taciturno. “Uma leitura não mata ninguém”, respondeu Rav, um pouco desdenhosamente. Nard suspirou e se aproximou, e por eu não ter muito mais o que fazer, fui junto. Ela fez alguns movimentos com as cartas nas mãos, e logo depois colocou seis delas na mesa, viradas de cabeça para baixo. Ela as organizou de forma que ficaram três conjuntos de duas cartas, e enquanto Nard se sentava, fiquei em pé olhando.

“Essas aqui representam passado, presente e futuro, nessa ordem”, ela disse, apontando aos conjuntos. Virou as duas primeiras cartas, mostrando um dois e um dez de espadas. “Segredos escondidos e traição, nada surpreendente aqui”, disse, embora eu percebi que a voz dela estava um pouco nervosa. Logo após, retirou um ás e um sete de espadas, e pude ver ela tremendo um pouco. “O traidor é revelado…”, disse, e mesmo sem ser filha de Afrodite, dava para perceber que ela estava com medo. Muito medo.

Estava muito suspeita a situação, e me preparei para qualquer situação que pudesse se desenrolar. Alan parecia lentamente se aproximar, passando pela mesa onde Lana e Hanna estavam, e fiquei focada nele também. “Tu andou indo pra ferraria de noite?”, Nard perguntou, pegando Raven de surpresa. “N-nã-não”, ela disse gaguejando um pouco. “Tá doido?”, adicionou, voltando a voz ao tom normal. Nard franziu o cenho, mas vi que a mão dele estava prestes a pegar as espadas. 

Raven, cega aos movimentos agressivos, virou as outras duas cartas, e Alan ficou um perto de Lana, que nem o percebeu conversando com Hanna. Ambas pareciam ignorá-lo, mas ele estava perto. Perto demais. Nas cartas, saíram uma torre e um cinco de paus, fazendo Rav tremer um pouco. “No futuro… Forte mudança e…”, suspirou. “Luta”. Ela mal havia terminado as palavras quando Alan em um movimento absurdamente rápido, tirou uma faca da bota e colocou-a na garganta de Lana, segurando ambas no lugar.

Lana não teve reação, ficou sem palavras de choque, mas Hanna se levantou em um pulo, segurando seu cajado. “LARGA. ELA. AGORA!”, disse, com forte raiva na voz. Raven pegou as cartas da mesa e saiu correndo, enquanto Alan pegava um espelho no bolso, o transformando em um escudo. O escudo era dourado e revestido de diamantes, mas não era hora para apreciar a beleza do equipamento. Nard levantou com ambas as espadas, e peguei meu arco. 

Parecendo vir de lugar nenhum, Odd surgiu onde Raven estava, segurando seu chicote dourado com espinhos. Nard partiu com as duas espadas em direção a ele, com uma raiva intensa nos olhos. Enquanto Nard defendia as chicotadas, Raven voltava com um livro velho em mãos, seu clássico livro de feitiços. Mirei uma flecha em sua direção, e ela abriu o livro em uma página que parecia ser aleatória. “Oducse!”, ela disse, e quando atirei a flecha, ela pareceu bater em algo sólido. “Sohnipse!”, ela disse novamente, e vários espinhos surgiram do chão, me fazendo rolar para o lado para desviar a onda de espinhos vindo em minha direção.

Nard parecia estar com dificuldades em lutar com Oldrich, e Alan andava lentamente para trás, com Hanna tendo seus olhos presos nele, segurando seu cajado ameaçadoramente. “Açamuf ed anitro!”, disse Raven, o que fez uma forte cortina de fumaça branca surgir do ar. Os três sumiram em meio à névoa, e corremos em direção à eles. Quando a fumaça finalmente se dissipou, estávamos na beira da floresta e só era possível ver Alan, que ainda segurava Lana nos braços.

Mirei uma flecha na cabeça dele, enquanto os outros nos alcançavam. “Alan, você não precisa fazer isso”, começou Nard. “Ainda dá tempo de tu dar as costas desse caminho, cara”. Alan jogou a cabeça para trás e riu alto, o que deu Lana uma oportunidade de escapar. Alan, porém, previu o movimento e simplesmente apertou um pouco mais a faca em seu pescoço. “Você realmente acha que eu tenho volta?”, ele começou, desdenhosamente. Meus braços já estavam ficando cansados de segurar a flecha, assim como minha paciência estava acabando. “Eu juntei forças com a Empusa, sequestrei sete pessoas e matei uma ninfa, e mesmo assim, você REALMENTE acha que eu tenho volta?”, ele continuou, dando outra risada psicótica, e podia jurar que eu vi rapidamente uma lágrima descer de seu rosto. “E no que isso me leva? Afinal de contas, os Deuses não fizeram nada pra impedir isso. Como sempre, eles se acham superiores demais para sequer ligar para nós. Será que é demais pedir um pouco de RESPEITO? De um mínimo de IMPORTÂNCIA?”, falou, completando seu raciocínio torto.

Por mais que eu quisesse muito acertar uma flecha no meio do crânio dele, algo me impediu. Não era medo, eu já havia atirado em meu pai no dia em que me libertei, era alguma outra coisa, algo interno. Por mais que ele estivesse ameaçando nossa vida, ele ainda era de uma certa forma, uma vítima, Vítima de seu próprio raciocínio torto, com sua visão de “a intenção justifica os meios”. Não consegui soltar a corda do arco, e o abaixei. Pouco depois, percebi o quão grave foi esse erro. Pouco depois desse pequeno gesto, fiz o maior erro da minha vida. Pouco depois, ele puxou a faca.

 


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Notas finais do capítulo

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