Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 29
Escapando Da Ilha


Notas iniciais do capítulo

(mesmo que ainda falte um "campista do mal", eu sou impaciente, então próximo capítulo vai ser no CHB)

Provavelmente um dos capítulos mais curtos da fic, mas como diria Platão "melhor um capítulo curto de EAEB do que nenhum capítulo"
No início eu experimentei um jeito um pouco diferente na escrita, então feedback é bem vindo.
Espero que gostem, ♥



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P.O.V Maggie

 

Era uma criatura semelhante às criaturas verdes do Labirinto. Seu corpo era uma massa de lama cheia de folhas, onde se podia ver o formato de braços e pernas. Não tinha olhos, nem sequer uma cabeça, e um forte cheiro de podridão aparentava acompanhar os passos do ser.

Produzi um martelo da minha mão, e minha prótese começou a soltar um chiado baixo. Já ia me levantando para ir em direção à criatura, quando Aurora segurou minha mão. “Não… Perigo não… Ataca não… Olhar centro…”, ela disse, em um tom monótono assustador. Entendi rapidamente o que aconteceu, a criatura tinha poderes hipnóticos. “OLHAR…! CENTRO…!”, Aurora disse, ou melhor, a criatura disse por Aurora.  De alguma forma, a criatura sabia das habilidades de charmspeak de Aurora, porque senti uma enorme vontade de me virar e encarar o centro da criatura.

Tentei resistir, mas por mais que eu tentasse, meus músculos pareciam se mover por conta própria. Eu sabia que o único jeito de fazer aquilo parar seria deixar Aurora inconsciente, mas isso envolveria machucá-la, algo que eu não estava disposta a fazer. Depois de muito suor, músculos tremendo e punhos cerrados, perdi o controle e olhei para a criatura. Até mesmo Viren, que até agora estava silencioso aparentava olhar para o hipnotizador. 

Larguei o martelo, o perigo parecia haver sumido. A única coisa que eu conseguia fazer era olhar a criatura chegar cada vez mais perto. Não havia perigo. Mais perto. Não existe mais nada. Mais perto. Mais perto. Não há motivo para pegar meu martelo do chão. Mais perto.

Minha hipnose foi quebrada quando minha prótese decidiu evoluir de chiado para sinfonia. Um som ensurdecedor, semelhante ao de alguns dias atrás saiu da máquina, o que pareceu atordoar até a criatura, mesmo que por poucos segundos. Tentei pegar meu martelo do chão, mas não havia perigo. Mais perto. Tão perto que quase dava para sentir o frio de morte da criatura. Sem perigo. Mais perto.

A cabeça do hipnotizador subitamente sumiu de seus ombros, quebrando o efeito hipnótico. A criatura começou a “sangrar” lama no pescoço decepado, para logo depois se dissolver por completo. Aurora caiu inconsciente no chão, e Viren vomitou o pouco conteúdo de seu estômago. Aylee estava à nossa frente, com a lança ainda com um pouco de lama, e os outros chegaram correndo atrás dela. 

Me agachei no chão, deixando a cabeça de Aurora nas minhas coxas, acariciando os cabelos dela com os dedos. “Vocês podem dar um tempo?!”, praguejei aos Deuses, enquanto todos pegavam suas mochilas. “Temos que sair daqui rápido”, interviu Aylee. “Essas criaturas tão em todo o canto, e julgando pela pilha de ossos que a gente achou ali atrás, dá pra ter uma idéia sobre o que aconteceu com eles”, completou. Pegamos nossas mochilas, e arreguei Aurora nos braços, assim como Eve carregou Vi, e saímos correndo.

Dois monstros apareceram na nossa frente pouco tempo depois, e Nick foi na frente para derrubá-los, enquanto Aylee achava a rota mais rápida. Mais e mais monstros apareciam, e eu estava começando a ficar cansada de segurar  o peso de Aurora. Mesmo assim, eu não a soltaria por nada nesse mundo, e eu continuava, sentindo o suor e o cansaço invadir meu corpo.

Lentamente, fomos nos aproximando do cais, derrubando cada vez mais monstros de lama. Aparentemente, eles conseguiam se regenerar depois de um tempo, e só não haviam nos atacado na noite anterior por causa da lua cheia. Chegamos no cais, indo das madeiras podres até a entrada do lugar onde haviam os jet-skis.

Quanto tiempo necessitas?”, Nick perguntou, enquanto umas 8 criaturas se aproximavam. “El mayor tiempo posible”, respondi, adentrando o armazém de jet-skis. Peguei minha caixa de ferramentas na mochila, e deixei Aurora apoiada em uma parede, e Eve fez o mesmo com Vi logo depois de entrar rapidamente. Mesmo na pressa, os jet-skis estavam relativamente fáceis de consertar, com muito mais danos causados pelo tempo do que fatores externos. Parecia estar uma briga feia com as criaturas do lado de fora, tanto que Aylee perguntou algumas vezes se eu já estava terminando. Eu estava deixando pronto o segundo jet-ski quando Vi conseguiu se levantar e me ajudar.

Ele podia não ter mãos firmes, mas me passava exatamente as ferramentas que eu precisava, sem que eu necessitasse pedir. Aurora acordou quando estávamos consertando o quarto veículo, e pela forma em que o grupo estava, quatro jet-skis eram suficientes. Ela ajudou a terminar o conserto, e joguei os transportes na água. “Todo mundo pra dentro!”, gritei, e todos entraram ao mesmo tempo, cada um pegando uma máquina diferente. Aurora foi atrás de mim, e Vi foi atrás de Eve, tentando arranjar uma posição estável para colocar sua cauda.

Por sorte, os motores ainda tinham gasolina, e empurrei o acelerador com tudo. O jet-ski deu uma inclinada e foi para frente, deixando os monstros de lama para trás, e usando os walkie-talkies das mochilas, falei para todos irem a leste, para abastecermos ainda nos EUA. Aurora tinha os braços em minha cintura, provavelmente por causa de seu medo de veículos, e sua cabeça estava apoiada na minha, me acalmando nesse momento de pura adrenalina.

Água voava de um lado ao outro à medida que o veículo cortava o oceano. O sol havia chegado ao seu ponto mais alto, e o calor era insuportável, deixando pingos de suor em toda a minha roupa. Continuamos por algumas horas, até que terra finalmente começou a aparecer no horizonte. Havia parecido uma eternidade desde que saímos do lugar, tanto que Aurora já dormia em minhas costas.

Chegamos em um cais pequeno, provavelmente de uma cidade isolada. Eve e Aurora conseguiram usar seu charmspeak para conseguirmos bastante gasolina para os jet-skis, visto que os preços eram absurdamente altos. Em uma pequena lanchonete, comprei 6 pacotes de biscoito e um pacote grande de salgadinhos. Dei um pacote para cada um, e me sentei na ponta do cais, vendo o oceano.

Em algum lugar entre a estrutura de madeira que eu estava e o continente asíatico, estava uma inóspita ilha cheia de monstros de lama. Se eu falasse para alguém isso, provavelmente me julgariam como louca, mas eu não me importava. Aurora sentou do meu lado, com as pernas flutuando entre a madeira e a água assim como eu, e abri o pacote de salgadinhos. Eu sempre gostava desses momentos: simples momentos de paz, como se não tivessem monstros, missões ou Deuses mitológicos. Eram apenas eu e Aurora, como se o mundo fosse um pequeno globo perfeito.

Comíamos os salgadinhos em silêncio, com nossas cabeças apoiadas uma na outra. Era nosso momento pacífico, sem batalhas e afazeres. Apenas nós duas aproveitando a presença uma da outra, ignorando os olhares das raras pessoas que passavam por ali. Um momento calmo, em que simplesmente estávamos em paz.

E pela primeira vez, ninguém nos incomodou.


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Notas finais do capítulo

Olha que legal, não acabei em cliffhanger :)
Espero que tenham gostado, deixem seus comentários ♥