Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 28
Pain


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei, perdi a frequência diária de EAEB, mas tenho meus motivos. Um, eu não sou de ferro e meu cérebro precisa de espaço pra outras coisas. Dois, E A D, que tá roubando meu tempo. Três, eu comecei a escrever essa história pra treinar minha escrita, e pelos 28 capítulos que eu escrevi, eu notei uma alta melhora. Com isso, eu estou escrevendo minha primeira história original(que vai ser só um conto de 2500-5000 palavras, mas estou pensando em publicar), então meu foco tá dividido entre essa história e EAEB.
Isso sendo dito, espero que gostem do capítulo(spoiler: tá bem sofrido)



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P.O.V Aurora

 

Eu já estava me arrependendo de ter concordado em acompanhar os outros para explorar. Aylee andava em ritmo apressado, enquanto os outros a seguiam, enquanto eu mancava tentando andar na mesma velocidade. Nós mal havíamos começado a andar e minhas costelas já começaram a doer. A dor parecia piorar a cada dia, e praguejei mentalmente por ter deixado as mochilas junto com Vi.

Não havia nada de muito diferencial na floresta, eram apenas árvores depois de árvores de uma costa à outra da ilha. Haviam algumas pegadas de animais silvestres no chão, mas fora isso, o lugar parecia morto. Não havia nenhuma nuvem no céu, o que me fez começar a suar, que somado com a dor que eu estava sentindo, não fizeram uma boa combinação.

Embora eu não quisesse preocupar o grupo com o meu estado físico, a dor estava ficando insuportável, e eu temia que um dos pontos pudesse se soltar. Eu estava prestes a pedir para voltar, mesmo que isso resultasse em uma “overpreocupação” da parte deles, quando chegamos em frente à uma casa abandonada. Era mais um casebre do que qualquer outra coisa, feito da mesma madeira das árvores da ilha.

Muitas das madeiras estavam podres por causa da ação do tempo e do clima, mas parecia seguro entrar no lugar. Dentro de lá tinha o que se esperaria de um casebre abandonado: meses vazias, gavetas abertas e teias de aranha. Nick decidiu ficar do lado de fora ao ver as teias, e Eve fez uma procura nas gavetas em busca de algo útil, nem que fosse comida enlatada.

Ao lado da cozinha, havia uma minúscula sala de estar, com uma poltrona e uma pequena mesa, cobertos de poeira. Nem me importei com a imundice, apenas sentei bruscamente na cadeira, para tentar parar a dor. Eu já mordia meus lábios para distrair a dor, e pareciam ter colocado uma fornalha nas minhas costelas. Eve não achou nada nas gavetas, mas Aylee parecia intrigada com alguma coisa do local, mas eu mal prestava atenção por causa da dor.

A dor ficou tão forte que em um ponto, eu só me levantei e falei que eu estava voltando para o lugar onde estávamos. Obviamente se ofereceram para me acompanhar até lá, mas os dispensei com um rápido sinal de mão. Manquei até a porta e saí, me lembrando do caminho de volta mentalmente. As proporções da floresta pareciam maiores que antes, parecia se passar uma eternidade entre uma árvore e outra e a dor parecia aumentar a cada passo.

Eu não tinha certeza, mas minhas costelas pareciam estar sangrando depois de uns 4 minutos. Minha visão estava começando a ofuscar e escurecer, me deixando tonta e tendo que focar ainda mais no caminho para não me perder. A cada passo, parecia que lanças ficavam cutucando minhas costelas, que nesse ponto já estavam sangrando até quase a minha calça. 

O sol parecia uma lâmpada sendo piscada nos meus olhos, e minha sensação de tontura só aumentava a cada centímetro que eu andava. Pareceu se passar uma eternidade desde o momento que eu havia saído do casebre até que eu finalmente consegui chegar. Viren ainda estava na cama improvisada, mas estava acordado. Maggie estava caída no chão, e julgando pelo galho enorme ao lado dela, julguei que este caiu na cabeça dela.

Praticamente engatinhei até ela, e Viren confirmou meus pensamentos. O galho não pareceu ter machucado ela, só a deixou desacordada. Julgando pela aparência de Vi, ele estava tentando se levantar para ajudar Maggie a um bom tempo, sem sucesso. 

Chacoalhei o ombro dela um pouco, para ver tentar acordá-la. Ela abriu os olhos lentamente, provavelmente muito confusa. “O que aconteceu?”, perguntou, meio zonza. Expliquei para ela que o galho caiu em sua cabeça, e ela se limitou a levantar os ombros em sinal de “ah tá, isso aconteceu”. Ela chacoalhou a cabeça rapidamente e se levantou, vendo o galho ao lado dela. “Só você voltou?”, ela perguntou, fazendo justo a pergunta que eu queria evitar.

Pela minha falta de resposta, e pelo fato de eu estar praticamente me arrastando no chão, ela entendeu rapidamente a situação. Enquanto ela corria para a mochila, provavelmente para pegar ambrosia, a dor voltou com tudo. Eu já achava que eu estava sentindo dor antes, mas meu corpo decidiu elevar ainda mais o nível de dor. Maggie veio correndo enquanto minha visão começava a escurecer, e colocou um pedaço de ambrosia na minha boca.

Mesmo que a agonia da dor fosse muito alta, o bolinho com gosto de caramelo amenizou bastante aquilo. Eu ainda conseguia sentir a dor, mas não em uma intensidade menor. A preocupação nos olhos de Maggie era aparente, e ela ficou ainda mais ansiosa ao ver o sangue nas minhas costelas. Ela me apoiou em uma árvore, me dando um grande gole de água, e levantou a lateral sangrenta da minha camisa.

A situação estava bem pior do que antes, por mais inesperado que fosse: não só um, mas dois dos pontos haviam soltado, e por eu ter negligenciado a soltura, havia um corte quase perpendicular, feito pelo simples ação do atrito na pele. A dor só aumentou quando eu vi a gravidade do machucado, como se meu cérebro decidisse que eu não havia sentido dor o suficiente. Maggie ficou andando de um lado para o outro, fazendo gestos com as mãos e murmurando coisas em espanhol, e mesmo sem a capacidade empática, era notável que ela estava extremamente preocupada. 

Mierda, mierda, MIERDA!”, ouvi ela ir de um murmúrio até um grito em voz alta. Ela estava de punhos cerrados, e claramente não estava nem um pouco calma. “Aurora, só tem um jeito de consertar isso aí: a gente vai ter que costurar. E eu não vou te dar nenhuma ilusão, porque isso vai doer pra carajo”, ela disse, em um misto de preocupação, medo e até um pouco de insegurança. Embora agulha e linha fossem partes essenciais do nosso kit de primeiros socorros, nunca pensei que precisaríamos usá-las.

Ela voltou com as peças necessárias e Viren conseguiu arranjar alguma força ao ponto de conseguir se arrastar até o meu lado. “Desconta tua dor aqui”, ele disse, me oferecendo a mão. Relutei em segurar, com medo de machucar ele ainda mais. “Eu caí de uma escadaria, levei porrada de um ciclope e quebrei meu braço e minhas costas, eu acho que eu aguento um aperto forte de mão”, ele disse, parecendo ler meus pensamentos. Peguei a mão, e fiquei com medo do que iria se proceder.

As mãos de Maggie tremiam um pouco, mas ela respirou fundo e amarrou a linha na agulha. Apertei a mão de Viren antes mesmo de Maggie encostar a agulha na minha pele. A agulhada em si não doeu, e sim os movimentos de puxar. Além de esmagar a mão de Vi, mordi meus lábios tão forte que eles sangraram um pouco. Mesmo assim, os movimentos de Maggie eram suaves e precisos, resultado de todos os seus anos em oficinas e ferrarias.

No fim das contas, o procedimento foi relativamente rápido, terminando comigo coberta de suor, e minha mão e a de Viren ambas vermelhas de tanta pressão. Uma dor ainda crepitava nas minhas costelas, e Maggie foi até a sua mochila, provavelmente para pegar mais ambrosia. Ela pareceu hesitar um pouco antes de colocar a mão dentro da mochila, e veio em minha direção com um pedaço muito pequeno de ambrosia na mão. “É o que sobrou da minha mochila”, ela disse, evitando minha pergunta.

Encarei o minúsculo pedaço de ambrosia que ela colocou na minha mão, tentando não pensar muito nas consequências, algo que claramente não deu certo, já que minha próxima ação foi perguntar “por que você não me falou que tava acabando?”, em um tom um pouco mais acusativo do que eu deveria. “Eu achei que a gente teria mais antes do Mevans-…” ela parou de falar, e achei ter visto uma pequena lágrima no rosto dela, que ela secou com a mão rapidamente. “Enfim… Eu não queria te preocupar”, completou

“Mas eu me preocupar não mudaria o fato que a sua ambrosia tava acabando!”, respondi, com uma certa raiva por ela não ter me falado, mas logo me arrependi. Eu falei em um tom muito acusador, embora os motivos dela fizessem todo o sentido. “Eu sei que não, mas eu me preocupo com você!”, ela respondeu, em um misto de raiva e tristeza. Eu já estava sentindo uma aura de preocupação nela há algum tempo, mas achava que era por causa da missão e não por causa disso. Me arrependi imediatamente de ter a acusado, e murmurei algumas desculpas, envergonhada.

“Eu que devia ter pedido desculpas por não ter te falado”, ela disse, me abraçando, tomando cuidado para não pegar nas minhas costelas. Viren sorriu ao ver que nossa briga não foi adiante, e ouvi barulhos de passos nas redondezas. Pensei serem os outros voltando da exploração, mas a partir do momento que eu vi quem fazia os passos, notei que não era humano.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez, desculpa pela demora, vou tentar postar pelo menos 4 ou 5 capítulos por semana(no promises tho)
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