MeliZoe e os Olimpianos escrita por Zoe


Capítulo 15
Insulto Hera e tento copiar o plano de Zeus


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Colocou as meninas do lado de Gavin e esperou enquanto seus filhos chegavam com a madeira. Nos contou como já havia feito vários pratos para muitos ciclopes famosos. Não estava prestando atenção. Torci para que Silvia e Vanessa se soltassem e fossem embora sem mim. Afinal, eu acabara de trair elas. E de trair o plano.
Seus filhos chegaram com a madeira e ela os mandou ir para a lanchonete na rodoviara tomar conta do lugar. Pensei que deveríamos estar perto do local, já que eles iram a pé e não demoraria muito.
Ela acendeu o fogo facilmente com as madeiras recentemente cortadas e colocou o caldeirão no fogo. O encheu de água e esperou. Sempre que Silvia ou Gavin tentavam falar alguma coisa, ela os calava. Sempre que ela olhava para outro lado, eles davam um passo tímido para perto do fogo.
Meu plano parecia estar caindo aos pedaços. Eles só estariam perto do fogo se estivessem dentro de um caldeirão de água escaldante. E isso podia derreter a corda de fios sintéticos de pouca qualidade, mas derreteria sua pele junto.
Podia ver que eles haviam percebido isso também e entraram em desespero.
Foi rapidamente que aconteceu. Vanessa, que estava mais perto do caldeirão, se jogou contra ele e o derrubou no chão. Enquanto a ciclope pegava Ness e o caldeirão, Silvia se soltava perto do fogo, gritando de dor, e Gavin corria para as armas.
A ciclope pegou Silvia com sua outra mão e correu atrás de Gavin. O satiro conseguiu pegar a espada de Silvia, mas aparentemente não era sua arma de escolha pois lutava de modo atrapalhado. Os três se juntaram contra a ciclope e eu fiquei parada no meu canto. Aceitei meu destino, eu deveria ficar ali para eles fugirem.
Quando, finalmente, Vanessa conseguiu fazer a ciclope desmaiar, os dois filhos da cozinheira chegavam pela porta dos fundos. Meus companheiros tentaram fugir, mas tudo que conseguiram foi ser presos novamente e jogados do meu lado.
Silvia fora atingida com tanta força que estava desmaiada novamente. Gavin escorria tempero. Vanessa não queria me olhar nos olhos.
Os ciclopes mais novos carregaram a mãe para fora do estacionamento reclamando muito. Queriam nos comer na hora, mas brigaram sobre quem comeria quem, empataram varias vezes no pedra, papel e tesoura, e decidiram que, se não quisessem apanhar, era melhor tirar a mãe dali.
Ficamos sozinhos, e em silencio, durante todo o dia. Anoiteceu e não ouvíamos nenhum barulho.
“Luna, esse não era o plano... Nós tínhamos que ter tempo para fazer os movimentos. Você nos fez ficar presos de novo... Não pode fazer tudo que passar pela sua cabeça.” Vanessa me disse, quebrando o silencio.
“Ela falou que ia nos cortar ao meio. Me dividir ao meio. Essa profecia é minha e Silvia não precisa passar pelo mesmo.” Eu respondi.
“Isso não esta relacionado a profecia! Nada aconteceu até agora relacionado a profecia! Enfrentando amigos e aliados? Guerra e amor? Aconteceu alguma coisa com você que não nos contou?” Vanessa continuou, quase gritando comigo. A filha de Atena estava claramente muito nervosa.
“Não...” Eu comecei, me sentindo mal pelo desentendimento e por não ter pedido ajuda antes de agir.
“Por favor, só não faça novamente. Se temos um plano, siga o plano.” Vanessa falou novamente e ja parecia mais calma.
E ficamos caladas pelo resto da noite. Agora tínhamos passado oficialmente dois dias ali. Pensei no prazo que tínhamos para chegar na Califórnia e ainda estávamos muito, muito longe.
Na manha seguinte, a ciclope entrou no estacionamento. Estava nervosa e ia cozinhar todos nós juntos, não queria mais saber de nós. Ia fazer marmitas e congelar, era isso que famílias modernas faziam agora.
Vanessa estava calada e não tinha comunicado mais nenhum plano. Não sei se não confiava em mim ou se eu tinha estragado nossa única forma de sair daqui. Enquanto o monstro preparava novamente a água, tentei me comunicar com Vanessa.
“Ness... Algum plano?” Perguntei a ela, a garota parecia acabada.
“Não consigo pensar em nada.” Ela diz e lagrimas escorrem do seu olho, mas parecia mais nervosa do que triste.
“Então parece que vamos ter que dar uma de Zeus.” Eu falo e tento sorrir.
“O que?” Ela me responde sem entender o que está acontecendo.
“SENHORITA chef! Posso conversar contigo?” Eu grito em direção a ciclope.
“Não tente usar seu charme em mim...” O monstro começou a falar, mas a interrompi.
“Eu não tenho charme, não tenho dons.” Digo a ela, tentando falar apenas por estrategia e não levar para o coração.
“Claro, é só uma filhinha de Deméter. O que faria? Vai me bater com um agrião?” Ela me responde e ri de sua própria piada.
“Não... Já aceitei minha morte.” Eu tento parecer muito mais calma do que estava.
“Bom mesmo.” O monstro responde sem me dar nenhuma atenção.
“Mas, como você disse, sou filha de Deméter, e ela é a melhor cozinheira do mundo ocidental.” Eu continuo, tentando convencer a "chef". Pensei em como seria melhor se essas palavras viessem de Silvia.
“Não seja ridícula menininha.” O monstro me responde, ainda sem dar nenhuma atenção ao caso.
“É verdade... Mas ela não come carne. Não sabe o que esta perdendo sem comer bode, não é mesmo?” Eu tento rir um pouco no fim da frase, mas soo mais nervosa do que descontraída.
“É a melhor refeição que existe!” A ciclope continua sem olhar para mim.
“Se você deixar me dar só uma dica... Eu aprendi com a minha mãe...” Eu continuo, tentando controlar minha voz.
“Pode falar, mas não sei se a dica de alguém que nunca comeu bode me serve de alguma coisa.” Ela diz enquanto continua suas tarefas.
“Minha mãe usa uma planta para fazer o caldo ficar mais gostoso. Claro que não queremos esconder o gosto delicioso desse satiro, mas se colocar só um pouquinho pode transformar seu prato em um vencedor da competição dos deuses!” Eu tento parecer animada agora, e quase consigo.
“Competição dos deuses?” Ela finalmente olha para mim com curiosidade.
“Sim... Claro, no Olimpo eles fizeram essa competição de culinária e minha mãe ganhou de Hera usando essa planta. Ela colocou bem pouquinho, mas tirou nota máxima.” Eu falo com ela como se não fosse grande coisa, e oro para Hera me perdoar por isso.
“E onde eu encontro isso? No mercado?” A ciclope começa a andar na minha direção, interessada.
“Não... é muito rara. Mas eu trouxe um pouco pra mim comer na viagem. Esse pessoal que anda comigo não entende bem de gastronomia, mas minha mãe é a maior cozinheira do Olimpo, não posso comer qualquer coisa!” Eu digo e dou uma risadinha, não consigo olhar para o monstro se aproximando.
A ciclope foi até minha mochila, reclamando sobre seus filhos que poderiam comer qualquer satiro velho e sem tempero e ela estava cansada de tentar fazer receitas novas já que eles nunca apreciavam.
“Tenho certeza que esse tempero vai fazer seus filhos chorarem de felicidade!” Eu continuo, conseguindo afastar meu medo. Ela pegou vários dos meus frascos.
“Qual é?” Ela me pergunta, quebrando alguns dos recipientes de vidro com suas mãos.
“O que esta escrito Caladium bicolor... Pode colocar pouquinho que já vai fazer efeito.” Eu a aconselho.
Ela levou o pote de vidro até seu caldeirão e o despejou todo. Quando fez que iria provar a água, eu gritei, ela se assustou.
“Não quer provar junto com seus filhos? Ver a expressão de felicidade no rosto deles quando descobrirem que a mãe deles é a melhor cozinheira do pais?” Eu digo para ela com medo de ela provar primeiro e seus filhos encontrarem a cena no local.
“Do mundo.” Ela me diz.
“Do mundo.” Eu repito, com medo.
Ela gritou para seus filhos. Então estávamos muito mais perto da rodoviária que eu imaginava. Mas não conseguia ouvir nenhum barulho de ônibus saindo, ou de pessoas andando.
Olhei para meus companheiros e apenas Gavin parecia compreender o que estava acontecendo. Silvia e Vanessa se apoiavam e não olhavam para mim.
Os ciclopes jovens trouxeram colheres para experimentar.
“Posso sentir o aroma daqui.... É tão bom, eu não poderia experimentar um pouquinho?” Eu peço aos monstros.
“Não! Cria de Deméter, você é comida e não chef. Fique quieta.” A ciclope me responde.
Todos beberam ao mesmo tempo. Fizeram caretas, mas comentaram como era melhor do que qualquer coisa que haviam comido antes. Eu sabia que aquilo tinha um gosto horrível, mas imaginei que os filhos estavam mentindo novamente para não apanhar.
Depois da terceira colherada eu comecei a ficar preocupada que o plano não funcionaria, mas de repente eles começaram a gritar que suas gargantas estavam queimando.
A ciclope cozinheira veio correndo até nós me perguntando o que eu a tinha feito comer.
“Eu disse para colocar só um pouquinho... Essa planta brasileira pode ser toxica. Mas ficou muito bom, não é meninos?” Eu digo, me sentindo melhor agora que o plano tinha funcionado. 
Um pouco antes de sua mão conseguir atingir meu pescoço os ciclopes desapareceram em cinzas.
Vanessa e Silvia me agradeceram, mas ainda pareciam estar chateadas comigo por ter perdido um dia da missão por impulso meu. Queria pedir desculpas, mas um orgulho estranho que eu nunca sentira antes tomou conta de mim e apenas fiquei calada.
Gavin adorou a história e gostaria de ter pensado nisso antes. Falei com ele que não era a primeira vez que eu usava plantas venenosas. Quando mais nova, costumava fazer uma pasta e passar na ponta de minha lança para matar mais rapidamente quem me atacasse.
“Que bom que você me atingiu com uma pedra então.” Ele me diz, ainda abalado.
“Voce tirou minha lança.” Respondi, rindo um pouco.
Vanessa e Silvia nos olharem sem entender a conversa.
Conseguimos nos soltar com a tesoura da ciclope que ficara caída no chão. Quando saímos do estacionamento percebemos que estávamos a poucos quilômetros da rodoviária. Não paramos em outra lanchonete, entramos no primeiro ônibus que saiu e fomos em direção a Detroit.


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Notas finais do capítulo

Quase não postei nada hoje... Mas fico feliz de saber que tem algumas pessoas acompanhando!
Amo vcs ♥



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