MeliZoe e os Olimpianos escrita por Zoe


Capítulo 13
Um capitulo sobre meu corte de cabelo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Conseguimos carona com um casal que estava indo para Cleveland. Nos deixava pouco perto do nosso destino, mas pelo menos estávamos no caminho novamente. E sem mais distrações.
Não contei para Gavin e as meninas sobre meu sonho. Não só porque estava com medo, mas também porque o casal que nos dava carona não parava de contar historias sobre seus filhos.
Aparentemente ela engravidou da primeira antes de as casar, se casaram as pressas, seu pai não gostava do marido, todos eles moravam na mesma rua, alem de seu irmão gay que acabara de adotar uma criança do Vietnã. O pai da moça tinha se casado de novo com uma colombiana e morava com ela e seu filho em uma mansão. O marido era apaixonado por mágica e eles foram ao parque para tentar ter um tempo sozinhos agora que todos os filhos saíram de casa.
Rimos de suas histórias e comentamos como a vida deles poderia ser uma série comida de TV. Eles disseram que não haviam nos contado nada. Discutiram algumas vezes no meio das histórias. Nenhum de nós conseguiu dormir no carro.
A viagem era de 6 horas e Vanessa pediu para que, quando chegássemos, nos deixassem na biblioteca pública. Aparentemente ela gostaria muito de procurar algo em algum livro e estava animada pela arquitetura da biblioteca que fora construída a quase 100 anos.
Silvia queria me levar a um salão de beleza para cortar meu cabelo. Decidimos nos dividir em duplas e nos encontrar na rodoviária para pegar um ônibus para a Califórnia. Todos estavam um pouco nervosos de estarmos tão perto do Canadá. Aparentemente a fronteira não é um lugar seguro para semideuses. Quanto mais chegávamos perto do norte, mais Gavin comia sacolas plásticas escondido.
Fazia algum tempo desde o ultimo ataque de monstros e eu estava desconfortável com a situação. Claro que eu não gostava de ser atacada, mas o limbo é pior. Quando criança li um livro que dizia que só tememos o desconhecido.
Por isso filmes como “Tubarão fizeram tanto sucesso”. Uma ameaça invisível é muito pior do que uma ameça que podemos nos preparar para. Monstros podem aparecer a qualquer minutos. Podem ser desde mulheres que se transformam em furacão até cães que saíram do inferno.
Quando chegamos em Cleveland, paramos na frente da biblioteca e nos despedimos de Tiago e Lillian e eles nos chamaram para jantar em sua casa se ficássemos na cidade. Seus filhos estavam fora então a casa conseguiria acomodar todos nós.
Me despedi de Vanessa a Gavin e segui com Silvia pela calçada. Prometemos entrar em um salão com muitas pessoas, seguindo o plano de misturar nosso cheiro.
“Eu adoro seu cabelo. A cor é linda. Talvez eu tente algo assim um dia.” Silvia me disse enquanto andava.
“Não acredito que você pintaria seu cabelo.” Eu respondo tentando imaginar a garota com o cabelo ruivo.
“Não... Filhos de Afrodite conseguem mudar sua aparência. Mas eu não estou perto desse poder ainda.” Ela me responde com um olhar distante. 
“Mudar a aparência? Parece ser um dos melhores dons possíveis.” Eu falo animada, imaginando as possibilidades. 
“Claro, perto de invocar raios e controlar os mares. Ou construir armas do nada e poder fazer magia.” Ela responde sem graça.
“Parece ser incrivelmente útil pra camuflagem. E eu vi você lutar num beco de Nova York, não sei o que invocar raios e mares faria naquela situação.” Falo com ela sendo o mais sincero que conseguia. 
“É difícil... Sempre converso sobre isso com Laura, parece que filhos de Zeus e Poseidon sempre são os protagonistas de todas histórias e todos os outros estão ali apenas para ajudar.” Ela me diz.
“Pode ter sido assim na antiguidade, mas nós estamos aqui agora, não prova a teoria ao contrário? E um filho de Apolo com um filho de Deméter cumprindo a segunda parte da profecia...” Falo com a filha de Afrodite.
“Bom, não temos filhos dos três grandes em idade apropriada.” Ela responde sorrindo um pouco.
“Laura...” Eu começo, mas ela me interrompe. 
“Sr.D provavelmente nunca mais vai deixar ela sair dali. Todos fingimos que não, mas é a verdade. E não é culpa dela. Mas se ela não fizer algo para acabar com a maldição aquela vai ser sua ultima missão.” Ela continua com um olhar distante e a voz triste.
“Nós tentamos salvar o dia enquanto isso.” Falo com ela tentando rir.
“Sim... Sabe que Deméter é tão poderosa quando os três grandes?" Ela começa, mas desvia rapidamente do caminho.
Ela se virou rapidamente e entrou dentro de um salão enorme. Parecia um salão de beleza de luxo onde celebridades faziam a maquiagem para o tapete vermelho. Silvia falou alguma coisa com a recepcionista e nós estávamos dentro. Mulheres de todas as idades faziam cabelo e unha, com pepinos nos olhos e bebendo água com cheiro de canela. Imaginei que nenhum monstro poderia nos achar em meio a tanto pepino, hortelã e laranja.
A recepcionista nos apontou duas cadeiras e nos sentamos.
“As vezes você só precisa de um pouco de charme.” Silvia sorriu para mim.
Quando o cabeleireiro apareceu ela sorriu para ele e colocou as mãos em seus ombros.
“Então... Jay. Você adoraria me emprestar suas ferramentas para eu melhorar a aparência desse jovem, não?” Ela fala com ele, encostando em seus ombros e dando seu melhor sorriso.
“Sim, eu adoraria.” Ele diz, como que hipnotizado, não parava de olhar em seus olhos.
“Vou lavar o cabelo dela ali, você quer tomar um café enquanto isso?” Ela pergunta a ele, ainda sorrindo.
“Sim, eu adoraria.” Ele continua com seu olhar hipnotizado. 
Silvia o agradeceu e me levou até uma cadeira para lavar meu cabelo.
“Lavar o cabelo é como uma terapia. Relaxe.” Ela me diz e encosta no meus olhos. 
Fechei os olhos, mas não conseguia parar de pensar na missão. Em morrer dividida. Em matar Gavin. Em morrer. Matheus e Dimitri morrendo do outro lado do país. Vanessa e Silvia morrendo ao meu lado. Os olhos do satiro completamente loucos.
“Como é, normalmente, o relacionamento dos deuses com seus filhos?” Pergunto a Silvia.
“Eles não podem interferir muito. Alguns aparecem as vezes. Outros nos mandam para missões bobas para nos fazer sentir melhores. Hermes faz muito isso.” Ela me responde, seu tom mostrava que ela não gostava muito de falar desse assunto.
“Voce gosta de ser filha de Afrodite?” Pergunto a ela, com coragem. 
“Posso dizer que sim... Quer dizer, ela aparece as vezes e me mandou em missões. Me deu presentes e, bem, o charme e a aparência e essas coisas não são ruins.” Ela me responde brevemente.
“Parece quase um relacionamento normal.” Tento sorrir, gostaria de ter um desses com a minha mãe também. 
“Sim, quase é. E ela realmente gosta de Andre, também. Foi difícil no inicio, nós nos conhecemos muito cedo. Ela tentou fazer eu ficar com outras pessoas... Mas agora ela não tenta sabotar o relacionamento mais, o que praticamente quer dizer que ela aprova.” Silvia continua, parecendo mais confortável agora. 
Parecia um relacionamento normal de família. Melhor do que qualquer um que eu já tenha tido na minha vida. Talvez Deméter seja assim comigo também e apareça as vezes. Não espero nenhum outro presente dela, mas gostaria de algumas visitas.
“Me conta mais sobre as pessoas no acampamento.” Eu peço a ela, curiosa sobre seus amigos. 
Silvia secou penteou meu cabelo e virou minha cadeira para eu não poder olhar o espelho.
“Quão curto estamos falando?” Ela fala olhando bem nos meus olhos, quase fico tão hipnotizada quanto o atendente. 
“Confio em você.” Digo tentando desviar o olhar. 
“Então. Nosso grupo tem um relacionamento diferente do resto do acampamento. Eu e Andre e eu nos conhecíamos antes do acampamento. Moramos na mesma rua, fomos para o acampamento juntos. Matheus e Felipe chegaram um pouco depois de nós, juntos também, são irmãos biológicos.Vanessa chegou um pouco depois, Andre foi responsável por ela. Bruno se mudou do Acampamento Romano depois de uma visita a nosso acampamento. Ele e Andre se entenderam como irmãos na hora, ele simplesmente se mudou. Hadassa chegou a pouco tempo e imediatamente começou a namorar Bruno. De alguma forma estamos todos conectados.”
“E Laura?” Perguntei.
“Laura já estava lá quando eu e Andre chegamos. Ela estava na missão que nos levou ao acampamento, na verdade.” A garota fala de modo sombrio.
“Dimitri nunca andou com vocês?” Pergunto, curiosa sobre meu responsável. 
“Sim... Ele também já estava lá quando cheguei, era um dos melhores amigos de Laura. Mas depois da ultima missão eles têm sido um pouco frios entre si.” Ela diz, e parece que quer acabar com o assunto.
Ficamos em silêncio por um tempo. Ela acabou de cortar meu cabelo e começou a o secar. A tranquilidade desse momento me fez temer novamente a possibilidade de encontrar monstros no nosso caminho.
“Não quero ver seu rosto quando você ver.... Não, eu quero..... Não, não quero...” Ela muda de ideia algumas vezes antes de virar minha cadeira.
Ela virou a cadeira e quase não reconheci a garota em minha frente. A menina magra demais e com o cabelo sem corte e desproporcional se tornara uma garota bonita, com o rosto bem enquadrado e um corte lindo.
“Silvia, eu amei! Me sinto como uma pessoa de novo.” Eu digo a ela animada com os olhos cheios de água. Agora me sentia mais como um ser humano. 
Ela me abraçou.
Saímos dali sem que ninguém notasse. Ver o talento de Silvia funcionando era incrível Paramos para comer cachorros-quente na rua e fomos direto para a rodoviária. Chegamos antes de Vanessa e Gavin. Silvia não tinha dinheiro normal, então esperamos por Vanessa para pagar nossas passagens.
“Sabe, o pai dela é muito rico, não precisa se sentir mal por comprar umas passagens...” Ela me diz em voz baixa, como se tivesse fofocando. 
“Se fosse por mim, teríamos ido a pé. E provavelmente chegaríamos antes.” Confinei a ela, eu realmente estava um pouco preocupada com todos os desvios que fizemos. 
“Sem o presente de sua mãe.” Ela me lembra.
Nos sentamos na mesa de uma lanchonete da rodoviária. O lugar cheirava muito a óleo usado varias vezes e escolhemos não comer nada, apenas beber uma coca-cola enquanto esperávamos. Perguntei para Silvia sobre sua alimentação e ela disse que comia praticamente qualquer coisa, não fazia muito diferença para campistas já que treinam quase 12 horas por dia.
“Voce comentou que faz tempo que não há muitas missões importantes. Porque treinar o dia inteiro, então?” Pergunto a ela, curiosa sobre a vida no acampamento. 
“É simplesmente como fazemos no acampamento. Acho que Sr.D não se importa muito em mudar. Mas é basicamente por isso que não se vê muitas pessoas alem dos 16 anos ali. Eles treinam até achar que sabem tudo e quando não acontece nada se mudam para Roma.” Ela diz, parece nervosa e ao mesmo tempo sonhadora. 
“Na Itália?” Pergunto sem entender nada. 
“Não, Nova Roma, no Acampamento Romano. Lá eles podem estudar, fazer universidade, criar suas famílias... Viver uma vida quase normal. Aprender novas habilidades alem de combate.” Ela me explica.
“Parece que se continuar assim o Acampamento Meio-Sangue vai desaparecer em alguns anos.” Eu falo com ela, preocupada, nem mesmo tive chances de chegar no acampamento.
“Poderia. Mas não sei... Parece que algo grande esta pra vir. Alguma coisa nesses últimos anos tem se mexido. Muitos artefatos mágicos aparecendo do nada, antigos presentes e maldições dos deuses voltando... Pode ser algo grande.” Ela diz e me fala de algumas pequenas missões que aconteceram antes de eu chegar.
“E as pessoas estão mais animadas do que com medo?” Pergunto a ela, sem entender muito, de novo.
“Sim. E isso é perigoso.” Quem respondeu não foi Silvia, Vanessa estava atrás de nós, com Gavin. “Não é uma conversa segura para se ter perto de mortais.”
“E alguma é?” Diz Silvia, sorrindo.
“Passamos para comprar as passagens, vamos ter que esperar até o ônibus noturno.” Gavin nos avisa.
“Então sente-se e aproveite.” Falo com os dois.
Acabaram de se juntar a nós na mesa e a cozinheira chegou para nos oferecer algo para comer, de novo, ela sorria estranhamente e respondemos que não.
“Na verdade, tem problema se eu der uma olhada na sua cozinha? Gostaria de um desses pasteis de legumes...” Disse Gavin, e depois, mais baixo só para nós. “E quero ter certeza que não considera frango um legume.”
“Claro docinho, pode olhar a cozinha.” Ela responde docilmente para ele.
“Esse é um pedido estranho para se fazer.” Vanessa fala com ele.
“Voce comeria frango?” Ele responde olhando para mim. Pensei que teria alguma relação entre eu ser filha da deusa da natureza e ser vegetariana.
“Estranhamente, minha comida favorita é hambúrguer.” Rimos juntas da situação e Vanessa começou a nos contar sobre suas pesquisas. Tinha procurado mais sobre a flauta e seus efeitos mas não havia praticamente nada escrito sobre isso. Procurou em livros sobre Atena e até especializados em satiros, mas parecia que a historia não tinha importância nenhuma.
“Sinceramente, não foi tão importante assim. Apolo queimou o satiro vivo e acharam que tinha acabado.” Ela nos diz.
“Ninguém pensou na flauta?” Silvia perguntou a ela, desconfiada.
“A flauta não tinha um poder mágico de enlouquecer a natureza, Atena não faria isso.” Vanessa responde em voz baixa.
“Atena não faria isso, mesmo que quem a estivesse zoando fosse a deusa da natureza?” Eu pergunto a ela.
“É, Ness, sua mãe não sabe perder. Não preciso te lembrar de Aracne.” Silvia completa meu pensamento.
“Ouvi essa historia na escola. Achei que ela tinha sido punida porque Atena venceu o torneio.” Digo para as duas.
“O tecer de Aracne era melhor. Mas Atena é uma deusa e ninguém ganha de deuses.” Silvia continua.
Lembrei de já ter ouvido algo parecido antes. Aparentemente deuses precisavam de uma aula sobre humildade.
“Sabe, Gavin esta demorando demais. E agora que paro pra pensar, aquele cozinheira ficou muito feliz quando ele quis ver a cozinha.” Vanessa muda de assunto.
“Faz algum tempo desde que o ultimo monstro nos achou.” Falo, orando secretamente que ele só estivesse conversando. Não queria encontrar outro monstro tão cedo.
Nos levantamos juntas e fomos em direção à cozinha. Quando entramos, não havia ninguém ali. Vanessa suspirou alto, parecia muito irritada com a situação. Talvez filhas de Atena também não lidassem muito bem com a perda.
Abri minha lança e Silvia tirou sua espada. Vanessa não pegou suas adagas, mas sabia que ela poderia as pegar e atirar mais rápido do que eu pensaria em um golpe. Nos dividimos para andar pela pequena cozinha. Estava suja, mas não havia muita coisa cozinhando.
Quando abri uma panela dei alguns passos para trás e segurei minha boca para não gritar. Dentro da panela havia algo que parecia um ensopado.
E dois pequenos chifres.
Não tive muito tempo para avisar as meninas, quando me virei, a cozinheira bateu em minha cabeça com uma frigideira e tudo desapareceu.


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Notas finais do capítulo

Comentem! Amo vcs ♥
Reconhecem a história do casal no inicio do capitulo?
Gostaria de agradecer vocês, meus leitores fantasmas!! Já acabei a história e só continuo postando um cap por dia por pensar que tem alguém lendo... Apareçam, bbs, sou legal, juro!



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