MeliZoe e os Olimpianos escrita por Zoe


Capítulo 12
Convenço uma cobra a me obedecer


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Dormi sem sonhos por o que eu achei que foram minutos, mas pelo relógio do carro 2 horas. Assim que saímos do veiculo ele se dirigiu para a estrada novamente e foi embora. Havia muitos turistas alie nenhum deles parecia notar a falta de um motorista.
Chegamos ao parque de madrugada e, naturalmente, não havia ninguém ali alem de alguns seguranças que pareciam ainda mais cansados que nós.
“Podemos acampar. Eu poderia achar uma caverna para dormimos...” Eu comecei a dizer e Silvia revirou os olhos, acho que ela não gosta muito do jeito que eu faço as coisas.
“O autômato não vai a lugar alguém sem que peçamos. Podemos passar a noite aqui dentro.” Disse Vanessa pensativa.
“É apenas levemente mais confortável que passar a noite no frio.” Silvia respondeu.
“Eu sei fazer uma fogueira, sabe?” Eu falei um pouco nervosa.
“E monstros sabem a achar.” Me respondeu Silvia.
“O melhor plano é estacionar o carro em algum local com muitas pessoas e disfarçar nosso cheiro.” Responde Gavin, que tinha se mantido calado até agora.
Concordamos e o carro se moveu para dentro da cidade. Não olhei muito pelas janelas, mas quando paramos vi que estávamos em um cinema drive–in.
“É uma sessão de filmes românticos que vai até o sol nascer. Nos da tempo suficiente para descansar.” Disse Vanessa para nós.
“Eu e Gavin já dormimos o bastante, vocês dormem e nós ficamos de vigia.” Disse para as garotas.
“Sim, sim... Dessa, porque não conta uma historia de ninar?” Silvia pediu.
“Na verdade, Laura tinha comentado que vocês poderiam me explicar melhor sobre os deuses. E também sobre ela.” Eu peço.
“Não consigo falar e dormir, Luna.” Respondeu Silvia. Ela parecia estar chateada hoje.
“Eu começo. Primeiro havia o Caos  – a mais antiga, a mais inexplicável, a mais absurda das divindades. O Caos ocupava todo o espaço do Universo.O Caos era tudo e, ao mesmo tempo, nada.Mas de repente, e sem qualquer explicação, brotou do Caos o primeiro sinal de um futuro menos caótico: uma deusa. Era a Terra, que os gregos chamavam de Gaia. Das profundezas do Caos, surgiram outros seres grandiosos, enigmáticos e tão antigos que a mente humana mal consegue compreendê-los. Eros, Tártaro, Nyx..."
Vanessa dormiu no meio de uma frase e sorri para Gavin timidamente.
“Obrigada por não contar a ninguém como nos conhecemos.” Eu o disse, tentando sorrir.
“Quiron e Sr.D sabem. E não tem problema, não seria a primeira vez que elas ouviriam algo do tipo.” Gavin me respondeu.
“Muitos semideuses atacam as pessoas que estão tentando as salvar?” Pergunto, curiosa, e tentando me sentir menos mal.
“Os fortes, que sabem se proteger, sim.” Ele responde e da um soquinho no meu ombro.
“Sua adaga e suas moedas ainda estão na minha mochila...” Digo para ele.
“São suas. Seriam suas, de qualquer forma. E se te ajudou alguma vez já é alguma coisa. Luna, a culpa não é sua. Eu devia te proteger.” Ele disse um pouco triste.
“Voce devia se proteger” Eu repliquei.
Ficamos em silencio maior parte da madrugada, tentando não acordar as garotas. Depois de nossa conversa eu me sentia muito mais confortável.
“Gavin... Sonhei com outro satiro. Ele disse que ele iria em outra missão, simultânea a nossa, para o sul, com outros campistas. Estava num lugar com muitos da camiseta roxa, isso quer dizer que ele vai com o outro acampamento?” Perguntei ao satiro.
“É interessante que tenha sonhado com Groover... Sua ligação com a natureza deve ser quase tão forte quanto a dele para fazer isso.” “E não, ele não vai com os romanos. Dionisio não queria que você soubesse. Matheus e Dimitri vão para o Sul. A profecia não foi clara sobre o que aconteceria lá.” Ele me diz, distante.
“É estranho que eu me sinta feliz por Dimitri ir? Sei que é extremamente perigoso, mas pensei que ele estava muito triste de não participar.” Falei envergonhada.
“Ele esta ali a muitos anos mas, mesmo que seja consagrado a Demeter, nunca realmente foi seu favorito. Mesmo depois de tantas missões e combates. Pode ser difícil para ele te ver nesse lugar. Mas Dimitri é uma das melhores pessoas que eu já conheci, ele nunca te ressentiria por isso.” Ele falou eu passou a mão no meu ombro, tentando me consolar.
“Não achei que faria... Fico preocupada por eles.” Respondi.
“Por Matheus?” Ele ri um pouco.
“Por Matheus também.” Eu digo, sorrindo.
Nos calamos novamente.
Não fomos o ultimo carro a sair do estacionamento, mas quando fomos embora o Sol estava nascendo. Sempre me sentia mais disposta durante o dia. Noites eram lugar de pesadelos, dentro e fora do sono.
“Se ficarmos perto de um numero grande de turistas será mais difícil de monstros nos acharem.” Disse Silvia.
Antes de sair do carro ela havia me dado uma de suas blusas para eu me camuflar melhor entre as pessoas. A blusa azul de alcinhas ficara um pouco justa e desconfortável, mas as duas garotas bateram palmas ao me ver.
Gavin acordou antes mesmo de mim no carro e estava bem, Ainda não tínhamos conversado sobre nosso primeiro encontro. Não queria falar na frente das meninas pois temia o julgamento. Ainda não tenho laços fortes suficiente de amizade para isso.
Andamos até um grupo de turistas animados na porta do parque. Eu nunca tinha ido ali, mas Gavin estava animado. Os turistas conversavam sobre ver ursos e corujas enquanto Silvia parecia convencer duas garotas que nós estávamos com elas.
“O que vamos fazer? Trilha, cachoeiras, praia...” Pergunta Gavin para nós.
“Acampar?” Eu pergunto.
“Pode ser a melhor idéia. Sem saber o que buscamos, pode demorar.” Aconselha Vanessa.
“E também será a segunda noite que passamos fazendo coisas fora da missão. Não podemos esquecer de porque estamos aqui.” Falei com eles.
“Sim, mas, também, porque estamos AQUI?” Me pergunta Silvia.
“Minha mãe apareceu para mim em um sonho e me disse que deixou um presente aqui para mim.” Eu respondi rapidamente.
“Não é sempre que deuses presenteiam seus filhos. Voce pode ser mais especial do que imaginamos.” Gavin fala misteriosamente.
“Ou a missão é mais difícil e Demeter sabe.” Eu falo.
“Vamos andar por ai, com a benção de Afrodite não teremos que acampar.” Silvia nos diz e começa a andar. Vamos atrás dela.
“Se fizermos a trilha em direção ao nordeste teremos o que fazer o dia todo” Diz Vanessa. “E podemos parar em um dos museus”
“Ou, podemos parar no lago e mergulhar.” Diz Silvia, sorrindo.
“Nordeste então. Mas foco, nada de museus ou mergulhos. Vamos encontrar o que viemos buscar e ir embora.” Eu falo com as duas. Gavin esconde o riso tossindo.
O lugar era maravilhoso. A trilha era bem feita e não saímos de perto dos turistas por um minuto. Quando paravam para tirar fotos de animais ou arvores eu fechava os olhos e tentava sentir a direção que deveria ir. Nada aconteceu por quilômetros e quilômetros de trilha.
Quase podia sentir os outros me odiando ao meu lado, mas não podia parar. Se Demeter me mandou aqui é para buscar algo importante.
Turistas pararam em uma clareira para almoçar seus piqueniques. Comemos restos da comida de ontem e algumas coisas que havíamos trazido separadamente. Acabamos de comer mais rápido que nossos companheiros de trilha e fomos olhar para dentro da floresta fechada, sem nos afastar muito.
O guia chamava todos para levantar quando uma enorme cobra amarela se aproximou de nós. Silvia deu vários passos para trás e seu alarde chamou a atenção de nossos amigos. Todos vieram para junto de nós tirar fotos do animal. Nosso guia gritava para termos cuidado e procurava em um pequeno livro a informação se a espécie era venenosa ou não.
Olhando o animal, estranhamente, senti que ele olhava de volta para mim. Sabia que precisava segui-lo, mas com todos tão perto seria suspeito sair para dentro da floresta.
“Silvia, faça um escândalo.” Eu digo para ela, nervosa.
“O que?” Ela me responde confusa.
“Eu tenho que ir com a cobra, meu presente esta com ela” Falo com ela, gesticulando para ela ir mais rápido.
“Voce é da sonserina ou alguma coisa assim?” Me pergunta Vanessa.
“Cobras são um dos símbolos de Demeter. Mas você não deveria ir sozinha.” Diz Gavin.
“O que eu deveria é ir AGORA.” Eu falo, um pouco alto demais.
Empurrei Silvia no chão e pedi mil desculpas enquanto ela rolava para cair diretamente no rio. Todos prestaram atenção na queda e, enquanto isso, sai correndo atrás de uma cobra amarela.
Peguei a adaga de Gavin, pensei que a lança não me ajudaria muito contra cobras se isso acabasse por ser uma armadilha.
Parece que andei horas e horas a procura de um rastro até encontrar uma pele perto de um pinheiro. A pele devia ter, pelo menos, uns 2 metros. Um frio se passou pela minha espinha, mas continuei.
—Então você é a filha adorada de Demeter?
“Sou Luna.” Eu digo, com medo, mas tentando parecer confiante.
—Eu fui a filha adorada um dia, sabe... Agora tenho que dar meu ouro para crianças que mal sabem segurar uma faca.
A cobra deu um bote em meu braço e derrubou minha adaga no chão. Não tentei a alcançar.
“Minha mãe me mandou aqui. O que você tem que me dar?”
—Eu não TENHO que fazer nada.
“Voce TEM que obedecer a Demeter... Ouvi algumas historias de pessoas que não obedeceram.” Digo ela e minha voz não treme dessa vez.
— E o que ela pode fazer a mim pior que isso?
“Ela pode fazer de você uma pequena cobra de quintal, vivendo no lixo de moradores de subúrbio e sendo perseguida por adolescentes. E como você disse, eu sou a filha adorada de Demeter, tenho certeza que, com a benção da deusa, posso eu mesma fazer isso.” Falo para ela, confiante agora, inflando meu peito e com uma força que eu não conhecia.
A cobra se afastou de mim e abaixou a cabeça.
— O bracelete é seu, se conseguir o achar.
E foi embora tão sorrateira quanto chegou.
Não sabia porque um bracelete de ouro poderia me ajudar na missão, mas tentei pensar se eu fosse uma cobra mesquinha e invejosa, cheia de rancor, onde esconderia meu ouro.
Rapidamente, voltei para onde tinha encontrado a pele da cobra. Só a visão era repugnante, então seria o lugar perfeito para esconder algo de valor.
Enfiei minhas mãos dentro da pele a apalpei até achar um fio grosso. Tirei o objeto de dentro da antiga pele da cobra e era um lindo bracelete de ouro com algumas palavras forjadas em grego.
Rapidamente, o coloquei em meu braço e corri para voltar para o lago. Imaginei que já seria quase de noite pelo tanto de horas que passara caminhando na floresta. Não conseguia ver o céu com as copas das arvores tão fechadas.
Quando cheguei na beira do rio, não vi ninguém, Tive medo de que eles tenham ido embora sem mim após empurrar a filha da deusa da beleza em um rio.
“Achou que se livraria de mim assim, tão fácil?” Me assustei com a voz de Silvia atrás de mim. Me virei e os três estavam secos e sorrindo. Silvia mudara de roupa e agora vestia um vestido longo e rosa que combinava perfeitamente com seus cabelos loiros e olhos cinzas. “Lindo bracelete, matou alguma coisa para o conquistar?”
“Não, aprendi um pouco com seu truque de charme. Consegui esse apenas com palavras.” Digo sorrindo.
“Imagino que não foram palavras de amor.” Me diz Gavin, olhando para meu estado.
Rimos juntas e analisamos o ceu, parecia que iria chover a noite. Fazia sentido já que estava calor e a floresta atrás de nos devia estar fazendo seu Maximo de evapotranspiração.
“Acho que vamos acampar, então.” Digo para eles e todos parecem desconfortáveis, até Gavin.
Não estávamos muito longe do local para campistas. Havia muitos turistas ali e me perguntei estávamos em algum feriado ou recesso e eu não tinha percebido. Faz muito tempo que eu não me prendo a calendários e datas.
Andamos ouvindo como Silvia saiu do riacho e a reação dos turistas. Ninguem percebeu que eu tinha saído e aparentemente ela havia tropeçado em uma pedra e caído. O nosso guia a ajudou a ir para um banheiro se secar e, como a filha de Afrodite preparada que era, tinha algumas mudas de roupa na mochila que carregava.
Alugamos uma tenda para dormir e descobri que Vanessa carregava dinheiro mortal com ela. Bastante dinheiro. Sera que ela era filha de algum tipo de ator ou empresário famoso? Nunca perguntei seu sobrenome, mas provavelmente serial que eu eu teria lido nos jornais.
Uma tenda para quatro pessoas. Ficamos um pouco apertados, mas não podíamos dormir todos ao mesmo tempo. Enquanto todos os outros turistas procuravam colocar suas tendas longe dos outros, tentamos procurar uma família que alugara varias e nos localizar ali. Segundo Gavin, o cheiro deles era muito forte e poderia camuflar o nosso facilmente.
Torci para que a cobra não viesse buscar vingança. Provavelmente minha conversa com ela foi suficiente para não me importunar mais. Me pergunto se esse era o único tesouro escondido com ela.
No caminho, as meninas me falaram que (obviamente –para elas, não para mim) não era apenas um bracelete. Deve se transformar numa arma. Mas como não sabíamos que tipo de arma, e estávamos no meio de muitos humanos, decidimos não testar e esperar ficarmos sozinhas.
O novo plano era dormir ali e, ao amanhecer, procurar carona com turistas que iriam na mesma direção que nós. Contei para as garotas sobre meus sonhos, Groover e Percy, Matheus e Dimitri. Vanessa ficou muito preocupada com Matheus e quis fazer uma ligação para Felipe.
Depois de nos instalarmos na tenda Vanessa saiu para ter um pouco de privacidade com seu namorado. Silvia disse que não precisava ligar para Andre, mas que falaria com ele outro dia. A garota também convenceu um de nossos vizinhos a nos deixar jantar com eles. Nossa comida estava acabando e devíamos guardar pra quando fosse realmente necessário.
Vanessa voltou depois de alguns minutos. Parecia que havia chorado um pouco, mas sorriu para nós e disse que Felipe estava bem. Matheus e Dimitri já haviam saído e o clima no acampamento estava tenso. Muitas pessoas estavam preocupadas conosco, mas principalmente com os meninos já que eles não faziam a mínima idéia do que iriam encontrar.
“Parece que também comentaram sobre nossa missão ser somente feminina e a deles masculina. Pode ter a ver com amor e guerra, Afrodite e Ares, Inimigos e Aliados... São todos antagônicos.” Disse Vanessa. Eu quase podia ver as engrenagens de seu cérebro funcionando e tentando desvendar o mistério.
“A profecias são sempre assim tão vagas?” Pergunto para eles.
“Normalmente sim.” Me respondeu Gavin. “E quer saber, não somos só mulheres, eu estou aqui.”
Voce se identifica como homem ou como macho?” Perguntou Silvia e rimos um pouco, Gavin fez um gesto que parecia um soco, não entendi, mas aparentemente Silvia sim.
“Essa é uma pergunta mais filosófica do que biológica” Respondeu Vanessa, tirando um dos livros de sua mochila. Gostaria de saber quantos ela carregava ali.
Gavin não respondeu.
“Não seria mais fácil guardar tudo em um computador?” Pergunto a eles, ainda mais confusa.
“Não confio em tecnologias criadas depois dos livros.” Vanessa responde, se divertindo.
“Uma verdadeira grega.” Gavin diz.
“Sabe... Pode não ser tão ruim sermos uma missão só feminina. Tem um bom histórico. Antígona, Penélope...” Silvia fala e eu não entendo completamente o que ela quer dizer.
“Não achei que seria grande coisa.” Eu respondo.
“Não é, mas faz tempo que não acontece.” Vanessa se intromete.
“Eu não lembro de ter acontecido nunca.” Gavin nos informa. “Tem a história de Percy e Charles, mas não acho que era uma missão com profecia e tudo mais. Acho que era mais uma medida necessária.”
“E o que aconteceu?” Pergunto, inocente.
“Charles morreu.” Gavin fala de forma sombria.
Ficamos em silencio depois disso. Queria pedir para que me contassem mais historias, mas não queria escutar evidencias que a missão daria errado. Decidimos que eu e Gavin dorminiramos hoje, já que passamos a noite passada acordados. Imagino quando vou poder ter duas noites de sono seguidas novamente.
Sonhei que estava em um campo aberto com uma única arvore no meio. Não era uma arvore bonita com uma copa imensa, como a que tinha no parque em que estávamos. Era apenas um tronco muito antigo.
Olhei para minhas mãos e eu segurava uma foice que parecia ser feita de ametista, cravejada com varias safiras. Não conseguia parar de olhar para a foice.
Quando consegui ver o céu, uma tempestade enorme se formava encima de mim. Raios e trovões começaram a fazer um som ensurdecedor. Eu gritava para Gavin e as meninas, mas ninguém me respondia. Não acho que eu conseguiria ouvir se respondessem.
Quando olhei para baixo, estava encima do corpo de Gavin.
Acordei gritando.


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Notas finais do capítulo

Opa pessoal, vou tentar divulgar o tumblr que eu fiz hoje!
Desculpe os capítulos maiores, escrevi demais e não faria sentido dividir esses ao meio.
Comentem!!!!!!! Amo vcs ♥



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