O Passado do Lobisomem escrita por Heringer II


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

O capítulo anterior foi bem pesado, hein? O que será que este nos guarda?

Espero que gostem! ^^



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EU JÁ ESTAVA FARTA DE TUDO AQUILO! QUE SE DANE SE EU FOSSE PRA CADEIA OU NÃO! EU É QUE NÃO IRIA FICAR MAIS UMA NOITE COM AQUELE VELHO IMUNDO ME MALTRATANDO DESSE JEITO!

Eu chorava descontroladamente caída ao lado da cama dele. Eu já tinha ouvido gritos do meu pai, e até da minha mãe! Mas nenhum dos gritos deles me deixou com tanto medo quanto aqueles que Aldo acabara de dar.

Eu tentava reunir forças para me levantar e ir pra casa, mas não conseguia! Eu estava, realmente, muito impactada. Quando fui, então, surpreendida com um copo de água gelada na minha frente.

— Desculpa. – disse ele, me oferecendo o copo. – Se ainda quiser fazer aquela ligação, o telefone está lá na sala principal.

Ainda assustada, mas bem mais calma do que antes, apenas respondi afirmativamente com a cabeça, bebi a água que ele me deu, me levantei e fui em direção ao lado de fora do quarto.

— Escuta. – disse ele, antes que eu passasse pela porta. – Eu não sou sempre assim... Mas quando eu digo que não é para mexer nas minhas coisas, eu quero que me obedeça. Se você não consegue respeitar um simples pedido desse, como posso confiar que você terá capacidade de cuidar de mim pelos próximos meses?

Não respondi nada. Enxuguei os olhos e fui procurar o telefone do asilo. Ao encontrá-lo, disquei o número da casa de Jeanne. O telefone tocava, tocava, tocava, mas nada de ela atender. Pensei em no lugar de ligar para o telefone fixo, ligar para o celular dela. O motivo dessa demora é que ela estava, para variar, discutindo sobre novelas com a outra amiga dela.

— Então, eu acho que eles vão descobrir que a vilã não é cega nos próximos capítulos. – dizia Jeanne, ao telefone. – Espera um pouco, amiga, tem outra pessoa na linha. – me atendeu. – Alô?

— Jeanne?

— Ah, Evelyn. Olá.

— Como você está?

— Estou bem, por quê?

— Você não foi pra escola hoje...

— Ah, aquilo, não foi nada, eu só...

— Estava com raiva de mim.

— Não, Evelyn...

— Ah, por favor, Jeanne, seja sincera...

— Tudo bem, tem razão. Eu estava com raiva, sim. Mas, eu não estou mais!

Enquanto eu pensava no que falar, ficamos em silêncio por algum tempo.

— Escuta, Jeanne... Eu quero pedir desculpas.

— Você não precisa se desculpar, Evelyn. Eu também perdi a paciência naquele dia.

— Sim, mas... Fui eu que descontei a minha raiva em você e no Denis.

Jeanne percebeu um tom triste e com soluços na minha voz.

— Evelyn, o que aconteceu?

— Nada...

— Sua voz parece... Você estava chorando?

— Não, não estava... Eu só... Estou um pouco cansada, é isso.

— Está no asilo agora?

— Estou sim.

— E está tudo bem por aí?

— Digamos que talvez esteja.

— Escuta... O que quer aconteça... Eu estou com você, ok? Nunca pense que está sozinha.

Não me segurei, comecei a chorar.

— Obrigada, fofa. – disse, derramando lágrimas.

— Agora sim, você está chorando.

— É, estou. – no meio do choro, dei um sorriso. – Preciso ir agora.

Desligamos.

Subi de volta para o quarto de Aldo, quando cheguei lá, o vi sentado na cama com uma faca, e uma peça de madeira nas mãos, quando cheguei mais perto, vi que se tratava de um carro. Uma miniatura de carro feita totalmente de madeira! Com a faca, ele dava uns pequenos retoques na escultura que estava acabando de fazer. Assim como na primeira vez que entrei, ele não olhou para mim, continuou focado no que fazia. Mas, desta vez, ele falou comigo.

— O que acha disso?

— Do carro?

— Não é um simples carro, Evelyn. É um Corvette da Chevrolet, do ano de 1953. Sabe, Evelyn. Esses carros de hoje podem ser o que você quiser, podem até dirigir sozinhos, mas nunca terão 1% da beleza dos carros antigos. Olhe.

Ele me deu a escultura, e eu a analisei. O Chevrolet Corvette daquele ano era um conversível com capô meio arredondado, faróis circulares. Além disso, os parachoques e paralamas eram relativamente pequenos.

— Foi você quem esculpiu?

— Você me vê com uma faca na mão, cortando a madeira, e ainda me pergunta se fui eu que a esculpi?

A resposta grosseira dele me irritou um pouco, mas acho que nada podia ser pior do que o grito que ele me deu.

— Esses carros eram americanos. – disse ele. – Aqui no Brasil eles eram muito raros. Poucas pessoas tiveram o privilégio de ter um desses.

— Você teve?

— Se eu tivesse dinheiro para ter tido um, não estaria aqui.

Levantei as sobrancelhas e devolvi a escultura para ele.

— Só falta pintar essa. – disse ele, abrindo um armário que estava do lado da televisão. Quando ele abriu, pude ver várias outras esculturas de carros americanos dos anos, 50, 60 e 70, assim como essa última que ele havia acabado, eram todas bem feitas, cada detalhe bem esculpido. A única diferença das outras para a última feita é que estavam coloridas, com cores fieis aos carros originais, inclusive. Ele fechou o armário e olhou para mim. – Eu estou entediado.

— Podemos ir jogar alguma coisa lá na área principal do asilo.

— O povo daqui não sabe como se divertir.

Ele se abaixou e tirou de baixo da cama o que parecia ser uma gaveta de guarda-roupa. Dessa gaveta, ele tirou uma jaqueta jeans antiga.

— Vá para a frente da entrada do asilo. Eu te encontro lá.

Eu queria perguntar o porquê disso, mas tive medo de levar outra bronca.

Saí do quarto dele, passei pela sala, com cuidado para que a supervisora não me visse, e assim como Aldo tinha pedido, fui até a entrada do asilo.

Logo, ele saiu do lado esquerdo do asilo, e me viu na entrada.

— Como você saiu do seu quarto e chegou aqui sem passar pela sala principal? – perguntei.

— Não é da sua conta.

Eu estava surpresa demais para me irritar com a resposta mal-educada de Aldo.

— Venha logo! – disse ele, saindo da área do quintal do asilo.

— Para onde vamos?

— Vou te mostrar o lugar que eu vou para não morrer de tédio.


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Notas finais do capítulo

Acho que vocês vão se surpreender com o próximo capítulo. KKKKKKKKKKKKKKK.

Espero que tenham gostado! ^^