O Passado do Lobisomem escrita por Heringer II


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Galerinha, a partir de terça-feira, eu começarei a ter aulas online (engraçado, a UF passa 3 meses sem aula, e quando eu inicio uma fic nova, eles implantam EaD KKKKKKKKK)
Então, provavelmente o ritmo de capítulos vai diminuir (ou não. Não sei, na verdade KKKKKK)
Atualmente, eu estou tentando manter um ritmo "dia sim, dia não". Ou seja, capítulo a cada dois dias. Quando as aulas começarem, eu não sei como vai ficar, mas a fic vai continuar! ^^
Agora, vamos para o que importa. KKKKKK.
Espero que gostem do capítulo! ^^



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No dia seguinte, na escola...

— Cuidar de um idoso? – perguntou Jeanne, surpresa após eu falar com ela sobre a pena que eu teria de pagar.

— Exatamente.

— Quando?

— Próxima semana. Terei que passar uma hora por dia cuidando de um velho qualquer.

— Não acha que deveria ser mais respeitosa com um idoso?

— Ah, Jeanne, o que é que você tem a ver com isso?

— Nada, nada, só acho que, se a lei te obriga a fazer uma coisa assim, então pelo menos você deveria fazer direito, não é? Tipo, acho que o pessoal do asilo não vai gostar de ver você tratando mal os velhinhos, isso pode acabar te dando problemas na justiça por não estar cumprindo seu serviço social direito...

— Jeanne, por acaso você é advogada?

— Não. Não ainda.

— Pelo menos você já sabe o que vai fazer da vida. Eu, por outro lado, tenho que cuidar de um idoso.

— Trabalhar em um asilo não deve ser tão ruim...

— Jeanne, cala a boca, mulher!

— Por que você tá descontando sua raiva em mim? Eu não fiz nada. Se tivesse me escutado, não estaria nessa! Eu disse que aquela manifestação não era boa ideia.

Entramos na sala de aula, sentei na cadeira, e deitei minha cabeça por cima dos meus braços cruzados, coisa que eu fazia sempre, na verdade.

Denis entrou e se dirigiu até nós duas, com um jornal na mão.

— E aí, meninas, saquem só isso... – interrompeu a si mesmo quando me viu naquele estado. – O que aconteceu com ela?

— Ela foi apreendida na manifestação de ontem.

— É sério?

— Sim. – respondi.

— E aí? – perguntou Denis.

— Vou ter que prestar serviço social.

— Serviço social? Quer dizer que você vai passar a limpar ruas, catar lixo?

— Quem dera fosse algo tão empolgante. – respondi. – Vou cuidar de um idoso.

— Cuidar de um idoso?

— Sim, é a pena alternativa que terei de cumprir. Toda noite, a partir de segunda-feira.

— Por quanto tempo?

— Segundo a ação do juiz, cerca de 5 meses.

— Tem que admitir que é uma pena boa. – disse Jeanne. – É melhor do que ficar presa, convenhamos.

Não falei nada, continuei com a cabeça deitada em meus braços cruzados na cadeira.

— O que você queria nos mostrar, Denis? – perguntou Jeanne.

— Se liguem nisso, outro caso de aparição do lobisomem, desta vez terminou com a morte do fazendeiro.

Ainda na posição em que estava, dei um gemido irritado.

— Algum problema, Evelyn? – Jeanne perguntou.

— Já não basta isso tudo que eu preciso passar, ainda preciso aguentar vocês falando sobre essa lenda fajuta?

— Escute, Evelyn. – Jeanne falou, com um tom de voz claramente irritado. – Só porque você foi obrigada a cuidar de um idoso, não quer dizer que precisa descontar sua raiva na gente.

Disse isso e saiu dali, me deixando a sós com Denis.

— Ei, Evelyn.

— O que você quer agora, Denis?

— Sabe, este sábado eu pretendia jogar uma partida de Dungeons & Dragons com meus amigos, mas não tenho ninguém para ficar com meu avô, quem sabe se você...

Levantei minha cabeça e olhei para ele, com uma cara de ódio.

— Tá bem. – disse ele. – Não tá mais aqui quem falou.

Saiu, me deixando sozinha.

*

Era noite. Estava sozinha numa casa de madeira, com corredores longos e estreitos. Para falar a verdade, não estava sozinha, era eu e ele...

Eu corria desesperada. Só queria sair dali. Eu tentava abrir as portas, mas estavam trancadas. Cheguei até a porta da entrada da casa e tentei abri-la. Fazia tudo, cheguei até mesmo a jogar meu corpo contra a porta para fazê-la abrir, mas eu não conseguia. Foi então que eu vi se aproximar de mim aquela fera. Aqueles pelos pretos, com uns tons escuros de azul, e aqueles olhos amarelos brilhantes me fizeram ficar ainda mais atemorizada.

Comecei a bater na porta, gritando: “socorro! Tirem-me daqui! Me ajudem!”. Mas não adiantava, aquela coisa continuava se aproximando. Quando estava a uns dois metros de mim, deu um enorme salto em minha direção, com aquela boca enorme cheia de dentes afiados.

Quando acordei daquele pesadelo, já eram cerca de oito horas da noite. O ônibus já estava perto de chegar ao asilo. Ainda assustada com o pesadelo, minha respiração se normalizava e a velocidade das batidas do meu coração diminua vagarosamente. Uma senhora de cerca de 40 anos de idade, que estava sentada ao meu lado, vendo meu estado, resolveu comentar.

— Sabe, na sua idade eu também tinha muitos pesadelos. Eu costumava sonhar que era abduzida e que os alienígenas tinham a cara do John Travolta.

Eu não sei o que era mais estranho, o meu pesadelo ou o comentário da mulher ao meu lado. Só sei que toda aquela lenda de lobisomem estava mexendo no meu subconsciente. Quando o ônibus parou em frente ao asilo, eu desci, e fui imediatamente lá para dentro.

Apesar de, por fora, o asilo ter uma fachada bem simples, por dentro parecia ser bem aconchegante. Era um lugar espaçoso, as paredes eram pintadas com cores fracas, como as cores de roupas de crianças. Tinha uma televisão Led de 40 polegadas (naquela época, não era todo mundo que tinha uma dessas), onde os velhinhos assistiam a uns vídeos de cantores da jovem guarda e de outros estilos dos anos 60 e 70. Do lado, havia uma mesa, onde eles jogavam uns joguinhos de cartas, como pife, paciência, pôquer, entre outros. Outro grupo de velhinhos faziam exercícios, e outros simplesmente conversavam entre si. Haviam, nas paredes, fotos de celebridades dos tempos antigos como Elvis Presley, Marilyn Monroe, Charlie Chaplin, e alguns cantores e atores que eu não conhecia. Parece que não seria tão chato como pensei.

— Posso ajudar? – disse uma das enfermeiras que cuidavam deles.

— Ah, sim. – respondi. – Eu estou aqui para prestar serviço social.

— Ah, claro. Tinham me falado sobre você. Pode me acompanhar, por favor?

Ela me levou até outra sala, com uma decoração semelhante à anterior.

— Fique aqui, vou chamar a supervisora.

— Tá bem. – respondi.

— Vou deixar a TV ligada para você se distrair enquanto isso.

Com um sorriso, a enfermeira me deixou sozinha naquela sala, assistindo a televisão. Não era uma TV tão moderna quanto a que estava na sala principal, mas para passar o tempo era útil.

Como era de costume em todas as televisões da minha cidade, estava ligada no jornal local, e pra variar, adivinhem qual era o tema que eles estavam abordando?

— Vários especialistas já deram sua opinião a respeito do tal lobisomem que supostamente tem atacado fazendas no interior rural da cidade. – dizia o âncora. – O perito Charles Silveira, da Polícia Civil municipal, diz não acreditar nessa história de lobisomem.

— É humilhante para nossa cidade ter pessoas que acreditam numa lenda que a gente conta para crianças para que não sejam malcriadas. – dizia o perito, e eu concordava plenamente com ele. – Investigando o último crime atribuído a esse suposto lobisomem, averiguou-se que, de fato, foram feitos vários cortes, todos seguindo um padrão, no peito do fazendeiro. Porém, a conclusão que chegamos é que esses cortes foram feitos com faca, e se existe um padrão nos cortes, como se fossem feitos de uma vez só, muito provavelmente, o autor desses cortes possui algum transtorno obsessivo compulsivo, ou seja, não foram feitos por garras de uma fera, como se acredita.

— Já o criptozoólogo Alexandre Estevão – disse o âncora do jornal –, compartilha de uma opinião diferente.

— Se você for ver a profundidade dos cortes – disse o criptozoólogo –, vai ver que eles possuem um padrão tão perfeito, que mesmo uma pessoa com o caso mais grave de TOC não conseguiria fazer. Além disso, se você for ver o tamanho do estrago causado na fazenda, o número de animais mortos, e o fato dos vizinhos da vítima não terem visto nenhum ser humano rondando aquela área no horário do ocorrido, vai chegar facilmente à conclusão de que quem atacou a fazenda não foi um ser humano. Um único ser humano não conseguiria fazer todo aquele estrago no pouco espaço de tempo relatado no caso.

Aquilo tudo me fez lembrar o meu pesadelo. Eu já não prestava atenção no jornal, minha atenção ficou voltada para o meu sonho.

Voltei para mim com o barulho da porta da sala abrindo. Era a supervisora.

— Boa noite... Evelyn, não é isso?

— Isso mesmo. – respondi, tentando esboçar um sorriso.

— Sei que não está aqui por voluntariedade.

— É verdade.

— Bom, venha comigo, vou te explicar a rotina das nossas noites.


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Notas finais do capítulo

Uma vez eu sonhei que um amigo meu se transformava no Lich, de Hora de Aventura. KKKKK.
Qual o pesadelo mais estranhos que vocês já tiveram?

Espero que tenham gostado! ^^