Obi Wane-Shots escrita por Pugamegold


Capítulo 28
Reconciliação


Notas iniciais do capítulo

Hello There !!!! Como vocês estão? Espero que tenham tido uma boa semana

O capitulo de hoje se passa após os eventos dos episódios de The Clone Wars, em que Obi Wan se disfarça de Rako Hardeen. Para mim, o Obi Wan pisou feio na bola quando deixou o Anakin de fora e fez todos acreditarem que ele tinha morrido kkkkk Acho que esse foi a unica vez em que eu fiquei com o coração peludo com relação as atitudes que ele teve. E ao meu ver, o Anakin ficou bastante ressentido e magoado com isso e resolvi então escrever algo sobre.
Espero que gostem hahah

Boa leitura

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OBS: Eu sei que o figurino que eles estão usando na imagem não condiz com o figurino dos episódios citados, mas ela representa bem essa ideia que eu tive hahaha era so isso mesmo.



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Obi Wan não precisou usar a força para localizar seu antigo Padawan. Conhecendo o jovem, ele estaria no lugar menos provável para um Jedi estar por livre e espontânea vontade: O prédio do senado. Anakin conhecia a maioria dos senadores apenas de vista, nunca falou diretamente com eles. Entretanto, ele sempre os cumprimentava como se fossem amigos de longa data.  O próprio Chanceler Palpatine parecia nutrir uma afeição única e exclusiva para com ele. Mas o ruivo sabia que o principal motivo para seu ex-aprendiz frequentar esse espaço atípico para um Jedi tinha nome: A senadora Padmé Amidala.

Uma vez Anakin se referiu a Padmé como uma grande amiga e Obi Wan preferiu acreditar naquilo. Não viu sentido em questionar os sentimentos do jovem Jedi pela Senadora sabendo que não chegaria a lugar algum com isso. Porém, o proverbio ``o que os olhos não vem, o coração não sente´´ não se aplicava ao mestre Jedi. Kenobi tinha ciência de que a grande amizade existente entre os dois estava em outro nível. Nível esse extremamente proibido pelo código Jedi e por isso, achou melhor só observar para ver até onde Anakin conseguiria chegar e caso fosse longe demais, ele chamaria o rapaz para uma conversa um tanto quanto desconfortável, para ambos. As regras existiam por um motivo e precisavam ser cumpridas para que o equilíbrio se mantivesse firme, mas Anakin não parecia se importar com o tal equilíbrio e sempre que podia, deixava claro sua maneira de pensar.

Sim. Obi Wan o repreenderia depois, em outra ocasião. De preferência depois que eles fizessem as pazes e voltassem a se falar, sem que Anakin o fuzilasse com um olhar ardente e ressentido. Por enquanto, o Mestre jedi queria se concentrar somente em descobrir maneiras de manter um dialogo com seu companheiro por mais de cinco minutos, coisa que estava sendo bastante difícil ultimamente.

Como se já não bastasse a Guerra lá fora, Anakin e Obi Wan haviam entrado em uma espécie de guerra pessoal. Isso por que quando o jovem Skywalker descobriu que fora o próprio amigo que havia decidido deixa-lo de fora dos planos para evitar o sequestro do Chanceler supremo e não o conselho – que geralmente era o responsável por exclui-lo – uma grande magoa se apossou do coração do cavaleiro Jedi e desde então, a relação entre os dois estava abalada. Ainda tinha a questão de que Obi Wan forjara a própria morte e isso por si só já era motivo suficiente para que o cavaleiro Jedi sequer olhasse para ele.

Apesar das investidas de reconciliação que o ruivo havia tentado, seu ex-Padawan continuava irredutível. O evitava a todo custo. Quando era obrigado a interagir com Obi Wan, ele era seco e frio, não demonstrava sentimento algum em suas palavras.

Até que chegou num ponto em que o próprio Kenobi cansou-se de tentar fazer as pazes com Anakin. Decidiu que se o jovem não queria falar com ele, ele não iria insistir mais. Não estava orgulhoso do tinha feito e durante um bom tempo sentiu-se culpado por ter que fazer isso com seu amigo, mas pensando racionalmente, chegou à conclusão de que fez o que tinha que fazer. Tinha uma missão a cumprir e a segurança do Senado – Querendo ou não, Palpatine era o Senado – estava em perigo. Algo tinha que ser feito e ele fora o escolhido para realizar a missão. Não podia simplesmente negar o que o conselho havia lhe imposto. Queria que Anakin entendesse isso e parasse de tortura-lo daquela maneira. Sabia que o jovem tinha ficado chateado e sentia-se traído, ele entendia perfeitamente e não o culpava, mas estava farto de ser julgado por algo que não poderia desfazer, mesmo que quisesse.

O fato era que, se ante eles tinham uma relação de harmonia e companheirismo, agora era exatamente o contrario. Nos raros momentos em que encontraram-se juntos na mesma sala nas ultimas semanas, a tensão pairava no ar como se fosse algo solido, pesando sobre os ombros de qualquer um que estivesse presente.

Obi Wan chegou ao final do corredor e virou à direita. De cabeça baixa, pensativo, não percebeu que duas pessoas aproximavam-se pela direção oposta a ele e por pouco não colidiram.

— Peço desculpas, eu... — Ele engoliu em seco quando levantou a cabeça e percebeu de quem se tratava. — Anakin?

O rapaz o encarou por alguns instantes, antes de virar o rosto em direção as extravagantes cortinas azuis aveludadas que adornavam um dos vitrais dispostos pelo corredor. Seu braço direito segurava o braço esquerdo de Padmé, como quando um cavaleiro oferece-se para acompanhar uma dama, mas o apertou afrouxou-se e eles se separaram.

— Mestre Kenobi. — Padmé o saudou com um sorriso e o ruivo retribuiu com uma sutil reverÊncia. — É bom vê-lo. O que faz aqui? Precisa de alguma cosia?

( Sua ajuda, se possível. Poderia fazer Anakin me ouvir?) Ele teria lhe pedido isso, se pudesse.

— E bom vê-la também Senadora. — Obi Wan esboçou um sorriso tímido e voltou sua atenção para Anakin, que ainda fingia estudar as cortinas. — Na verdade, preciso ter uma palavrinha com Anakin, se não se importa. Sei que estão ocupados por causa da reunião de amanha e estão cuidado dos detalhes finais, mas — Seu tom de voz hesitante fez com que a Senadora franzisse suas sobrancelhas em preocupação — É um assunto urgente e só Anakin pode me ajudar.

Anakin bufou e virou-se em direção a Padmé. Pela sua expressão carrancuda, Obi Wan não conseguiria nem meia palavrinha com ele e ela percebeu isso também, pois lançou lhe um olhar de repreensão e apoiou a mão coberta por uma delicada luva de cetim sobre o ombro de seu Marido/Jedi.

— Mas é claro Mestre Obi Wan. Tenho certeza de que posso lhe emprestar Mestre Skywalker por alguns minutos. Não é mesmo? — Ela gentilmente empurrou o ombro dele.

( Na verdade, preciso de um pouco mais do que isso) ele pensou, mas guardou para si mesmo. Não arriscaria perder aquela valiosa oportunidade de falar com Anakin por causa de um infeliz comentário.

— Senadora, se me permite. — Anakin pronunciou-se de forma bastante contida. — Mas não temos tempo. Ainda há muita coisa a se fazer antes da reunião. Detalhes da segurança que precisam ser revisados e...

— Podemos fazer isso depois, não se preocupe. — Ela alcançou as mãos do cavaleiro Jedi e as apertou com ternura e Obi Wan teve a impressão de que ela não se importava de que ele visse o gesto de carinho. — Imagino que o assunto deve ser de extrema importância.

Anakin ameaçou rebater novamente e Padmé colocou um pouco mais de força no aperto. Sem sombras de duvida, havia algo mais do que uma grande amizade naquele gesto, mas Obi Wan se manteria calado até que tivesse certeza de que poderia entrar naquele assunto com seu amigo.

— Está bem. — Anakin enrijeceu os ombros e puxou as mãos do aperto da Senadora. — Nos encontraremos mais tarde então, para terminar de discutir os detalhes. — Ele  desviou o olhar de Padmé e focou de má vontade no ruivo a sua frente.

O ressentimento ainda estava lá, presente nos olhos de seu antigo Padawan e isso entristeceu Kenobi. Se não conseguisse fazer as pazes com Anakin naquele momento, então nunca mais conseguiria. Duas semanas já havia se passado desde que tudo acontecera. Semanas que se arrastaram feito uma eternidade para o ruivo. Até aquele momento, ele e Anakin nunca tiveram uma briga tão seria, na maioria das vezes brigava por coisas estupidas e logo faziam as pazes. Mas dessa vez, ele sentiu como se uma parte considerável de sua vida tivesse se perdido. Duas semanas sem as conversas descontraídas; Duas semanas sem ouvir reclamações do quanto às rações que eles tinham que comer eram ruins e sem gosto; Duas semanas sem a ajuda de Anakin para lhe tirar das situações criticas em que ele geralmente se enfiava sem querer; Duas semanas sem seu melhor amigo.

Enquanto se afastava dos dois, Padmé piscou para o Mestre Jedi, tomando o cuidado necessário para que Anakin não visse o gesto. Ele esperou até que ela estivesse longe o suficiente e soltou um longo e cansado suspiro.

— Anakin. — Obi Wan disse relutante. — Suponho que ainda esteja chateado comigo.

— Não me diga. Por que acha isso mestre Kenobi? — O sarcasmo era evidente no tom de voz do jovem Jedi.

Obi Wan cruzou os braços. Quando o jovem erguia suas muralhas ao redor de si, derruba-las era quase impossível. Poucos o conheciam tão bem para realizar tal feito.

— Digamos que ser cordial não é um dos seus pontos fortes, então que tal simplificarmos as coisas? — Kenobi massageou seu queixo barbudo. — Podemos ir a outro lugar? Sinceramente, não entendo como você gosta de passar tanto tempo aqui.

— O que você quer Obi Wan? Não podia ter esperado um pouco? — Seus olhos brilharam como laminas afiadas. — Ah sim — ele franziu as sobrancelhas — Esqueci que você gosta de ter tudo sobre seu absoluto controle. Quer escolher nosso destino também?

Kenobi pensou em retribuir as alfinetadas, mas agir com implicância não era o jeito Obi Wan Kenobi de ser, era o jeito Anakin Skywalker de lidar com situações desagradáveis.

— Fique a vontade, meu amigo. Contanto que ouça com atenção o que eu tenho a dizer, qualquer lugar serve, exceto no meio desse corredor. —  Ele engoliu em seco e continuou. — É importante, acredite.

Anakin não respondeu, apenas revirou os olhos e começou a caminhar. Obi Wan manteve-se calado também, trabalhando mentalmente para evitar captar os pensamentos que vazam involuntariamente da mente agitada e conturbada de seu amigo. Ele não queria que Anakin pensasse que estava invadindo sua privacidade, mas era difícil não absorver um ou outro fragmento aleatório do que o jovem estava pensando.

— Já lhe disse que sua testa é como uma vitrine? — Kenobi tentou puxar assunto, mas não obteve uma resposta muito animadora. Anakin o fuzilou com o olhar.

Eles haviam voltado pelo corredor pelo qual o ruivo viera e entraram em um elevador, situado na parede lateral do corredor. Anakin apertou um botão retangular presente no painel e logo começaram a subir. Obi Wan sentiu uns solavancos e por um segundo achou que o elevador fosse despencar em direção ao fosso, há vários metros de altura - Anakin talvez não se importasse se ele quebrasse um ou dois ossos na queda - mas o temor logo passou quando o elevador parou e a porta se abriu, relevando o terraço do prédio.

Não era diferente dos demais terraços que o ruivo já vira, pois quase todos os prédios em Coruscant assemelhavam-se nesse espaço.  Porém havia uma estrutura diferente ali: Uma estufa oval erguia-se praticamente no centro e uma trilha feita artesanalmente de cascalhos levava diretamente para a entrada da estrutura, cuja a  porta abria-se somente com uma senha numérica, que deveria ser digitada no pequeno painel retangular perto da maçaneta.

— Não se preocupe. — O rapaz disse quando viu a expressão intrigada no rosto de seu antigo Mestre. — Poucos sabem da existência desse lugar aqui em cima, por isso ninguém vem aqui. — Anakin digitou a senha distraidamente. Parecia fazer isso com frequência.

— Foi você que construiu? — Obi Wan perguntou cauteloso e novamente obteve o silencio como resposta.

A porta então deslizou para o lado e Anakin entrou, dirigindo-se para o meio da estufa. A trilha de cascalho seguia para dentro da estrutura e de cada lado, plantas e mais plantas decoravam o local. Algumas alocadas sobre bancadas transparentes, outras penduradas no teto oval. Havia também algumas mudas em grandes caixotes forrados de terra. Em toda a extensão da estrutura, plantas de varias formas e cores espalhavam-se pelo chão. Parecia uma mini selva.

— É encantador. — Kenobi exclamou quando entrou logo atrás. — Só não entendo...

— Pode ir direto ao assunto? Já perdi tempo demais. — Anakin olhou ao redor, ansioso. — E por favor, não conte a ninguém sobre esse lugar.

Obi Wan não contaria, obviamente. Entretanto, a curiosidade em saber o motivo da existência daquele lugar lhe incomodava como uma pulga atrás da orelha. Mais um dos assuntos que trataria com seu antigo Padawan quando tivesse a chance.

(concentre-se Obi Wan! A prioridade agora é outra)

— Não direi, fique tranquilo. — O ruivo suspirou. A postura rígida de Anakin não era favorecia em nada. — Deve saber do que se trata, na verdade.

— Não faço ideia. — Skywalker deu de ombros, indiferente.

— Bem. — Obi Wan colocou as mãos na cintura e encarou o rapaz com atenção, sustentando seu olhar ansioso — Anakin, isso já esta ficando insustentável. Já faz alguns dias desde que tudo foi esclarecido e ainda sinto como se você estivesse me bloqueando, apesar de conseguir captar boa parte de seus pensamentos e acredite em mim, não é intencional. A ultima coisa que eu quero que pense é que estou invadindo sua privacidade.

— Não me leve a mau Mestre, mas acreditar em você é um pouco difícil no momento. — A voz de Anakin saiu seca e cortante. — Você pode simplesmente ficar longe o suficiente para que não precise se preocupar com isso.

— Quantas desculpas eu terei que pedir a você? Obi Wan foi incisivo e direto. Não fazia sentido prolongar seu discurso de arrependimento, pois era inútil considerando que Anakin não demonstrava interesse algum em ouvir. — Por quanto tempo mais vai me ignorar e agir como se eu não existisse? Eu não quero me manter longe Anakin, quero fazer as pazes com você.

— Era sobre isso que queria falar? — Anakin desviou o olhar do ruivo, impaciente. — Se for, perdeu completamente o seu tempo. Se me der licença, tenho assuntos mais importantes para cuidar.

Anakin estufou o peito e caminhou em direção à saída. Quando passou ao lado de Obi Wan, este agarrou seu braço com força e o puxou, virando-o para si.

— Me desculpe Anakin. Desculpe-me por ter feito o que eu fiz, mas de todas as pessoas que eu conheço, eu esperava que você entendesse meus motivos — Ele fitava o jovem a sua frente com intensidade, tentando decifrar seus pensamentos que dessa vez, estavam sendo fortemente contidos pelo jovem Jedi. — Eu não esperava que você fosse ficar tão ressentido.

— E o que você esperava? —A súbita explosão em sua postura fez o ruivo soltar a prótese mecânica de Anakin e recuar alguns passos. — Me diga Obi Wan! O que queria que eu fizesse? Lhe desse parabéns por ter enganado a todos nos? Por ter mentido para mim? De todas as pessoas que eu conheço. — Ele apontou para si mesmo, enfatizando cada palavra com raiva. — Eu nunca esperei isso de você Obi Wan, nunca.

O ar de repente tornou-se escasso, mas o ruivo não soube identificar se era real ou coisa de sua cabeça. Havia dor e magoa nas palavras proferidas por Anakin e elas o atingiram em cheio.

— Não pense que eu me senti bem fazendo aquilo. Fiz o que achei que fosse o certo, para o bem da missão. — Kenobi engoliu em seco. — As vezes temos que fazer escolhas difíceis Anakin, você mais do que ninguém sabe disso.

— Você por acaso se colocou no meu lugar? — Ele esperou a resposta de Obi Wan e continuou quando não a teve. — Ou no lugar de qualquer outra pessoa que se importa com você? Pelo visto, acho que não. Pois saiba que. — Anakin engoliu em seco e fechou os olhos com força. Parecia ser extremamente difícil para ele expor o que estava sentindo — Eu senti medo Obi Wan. Me senti perdido e sem rumo. Vi Ahsoka chorar sobre seu caixão e eu não tive forças para ampara-la. — Ele inspirou fundo e abriu os olhos, fuzilando o ruivo. — Sabe quem mais chorou por você? Satine! Padmé! Pessoas que se importam com você. E o que você dá em troca? Mentiras e mais mentiras.

— Anakin... — Obi Wan murmurou.

— Eu não terminei! — Ele avançou contra Obi Wan. — Achei que confiasse em mim. O que achou que eu iria fazer? Sair por ai, contando para todo mundo que você não tinha morrido? Que tudo não passou de uma encenação patética do conselho? — Ele apontou o dedo para o rosto de seu antigo mestre. — Estou acostumado a ser tratado desse jeito pelo conselho, mas por você? Eu não sei se consigo esquecer isso.

Medo. Raiva. Angustia. Ressentimento. Sentimentos perigosos que facilmente poderiam levar até mesmo o Jedi mais experiente em direção ao caminho para o lado sombrio da força. Obi Wan sabia disso perfeitamente, mas depois de ouvir o desabafo de seu antigo padawan, ele se deu conta da falha que havia cometido. Permitiu que Anakin experimentasse cada um desses sentimentos quando aceitou fingir sua morte e assumir a identidade de Rako Hardeen. Era preciso, era importante. Mas a que preço?

— Anakin, eu... — As palavras recusavam-se a sair de sua boca devido a vergonha que o envolvia. — Eu realmente sinto muito. Achei que estava fazendo o melhor para você, mas eu percebo que estava equivocado. Infelizmente — Ele passou a mão pelos cabelos, ajeitando-os para trás. — Não posso desfazer o que eu fiz. Tudo o que posso fazer é continuar a ter paciência e respeitar o seu espaço. 

— Só agora você percebeu?- Skywalker jogou os braços para o alto, exasperado. — Estou cansado Obi Wan. Cansado de ser tratado como se não tivesse valor, cansado dos olhares de desconfiança dos mestres do conselho. Antes, eu ainda conseguia suportar por que sabia que poderia contar com você, mas agora. — Seus braços afrouxaram ao redor do corpo. — Eu não sei com quem posso contar ou não.  

— Pode contar comigo, como sempre fez. — Obi Wan disse contendo sua insegurança. - Sou eu Anakin, Obi Wan. Eu não mudei. Não do jeito que esta pensando. Eu já lhe disse, fiz o que tinha que fazer. Você pede que eu me coloque em seu lugar, mas você se colocou na minha posição? Acha realmente que eu tenho orgulho de todas as coisas que eu já fiz ou que tenho que fazer diariamente nessa Guerra?

Anakin virou-se de costas para ele e cruzou os braços. Mesmo sem poder ver o rosto dele, Kenobi podia sentir a tensão que irradiava de seu corpo. Um distúrbio muito intenso na força o alertava de que o cavaleiro Jedi enfrentava um conflito interno.

Desde que os Jedi viram-se no meio das Guerras Clônicas, cada vez mais se distanciavam do que significava ser um. Decisões difíceis tinham que ser tomadas todos os dias e na maioria das vezes, as consequências negativas eram maiores do que as positivas. Querendo ou não, todos sem exceção, estavam sendo influenciados pelo conflito que se alastrava pela Galáxia. Alguns lidavam com isso melhor do que outros.

— Eu sabia que você não estava morto, mas como poderia ter certeza? Mestre Yoda e Mestre Windu não me contavam nada. Eu queria ter te ajudado Obi Wan, eu poderia ter te ajudado, mas você preferiu me excluir. — Skywalker diminuiu seu tom de voz. —  Achei que acima de tudo, fossemos amigos e amigos não fazem isso um com o outro.

— Eu jamais teria feito isso pensando em prejudicar você, Anakin, jamais. — Kenobi suspirou e passou as mãos pelo rosto suado. - Eu não sei mais o que fazer para provar isso a você.

— Sabe qual é a pior parte? — Anakin questionou quando se virou e ficou novamente de frente para o ruivo, sustentando seu olhar. — E que eu sei disso. E eu me sinto péssimo por estar com raiva de você, mas eu simplesmente não consigo evitar. Não é uma coisa fácil de esquecer Obi Wan. E durante todo esse tempo em que eu me mantive afastado de você, eu estava procurando um jeito de poder seguir em frente com isso.

Um alivio sutil inundou o coração apertado de Obi Wan quando ouviu aquelas palavras. Já não havia mais raiva nem rancor, apenas ressentimento.

— Não estou pedindo que esqueça. E também não vou insistir mais nesse assunto. Não quero força-lo a nada meu amigo, apenas gostaria que soubesse que eu sinto muito por tudo. —Kenobi falou contendo ao máximo sua ansiedade em poder encerrar logo tudo aquilo. — Eu imagino o quanto foi difícil para você e eu respeito isso. Mas. — Ele hesitou por alguns segundos. — Eu não poderia deixar de tentar uma ultima vez.

Anakin ergueu o rosto aflito e fitou Obi Wan com atenção, estudando-o.

— Por que eu tenho a impressão de que isto é uma despedida?

Kenobi franziu as sobrancelhas.

— Estou partindo em missão para Vassek. — Anakin estreitou os olhos. — Você não foi avisado?

— O que você acha? — O rapaz cruzou os braços visivelmente ofendido e Obi Wan balançou a cabeça negativamente.

— Pedi que lhe avisassem, já que não estava sendo muito receptivo comigo esse dias. Pelo visto não fizeram o que eu pedi. — Ele suspirou, receoso com a atitude que Anakin teria em seguida.

— E mais uma vez, fui passado para trás pelo conselho. — Foi tudo o que ele disse, aborrecido.

(Eu teria lhe avisado pessoalmente, se não tivesse fechado a porta na minha cara, meu jovem. Mais de uma vez.)

— Não diga uma coisa dessas Anakin. O conselho é muito grato por todo o seu esforço e dedicação para com a Ordem. Você é um herói. — Obi Wan mais uma vez preferiu guardar sua opinião apenas para si. Diferente de Anakin, ele sabia muito bem como bloquear seus pensamentos, sem deixar que vazassem. — Não fique imaginando bobagens.

— Não é o que parece, já que me substituíram nessa missão. — Anakin disse entredentes. - Meu batalhão havia sido designado para ir.

Apesar de Obi Wan querer evitar ter que entrar em assuntos delicados com seu amigo, esse não poderia ser adiado.

— Fui eu que solicitei que fosse feita essa mudança. — Disse por fim, encolhendo levemente os ombros quando sentiu o olhar desgostoso de ANakin sobre si.

— Você? — Ele estreitou os olhos. — Por que não estou surpreso?

— Anakin, antes que tenha a chance de demonstrar sua insatisfação, deixe-me explicar. — Obi Wan levantou as mãos. —  Eu o conheço melhor do que você mesmo. Essa missão não tem previsão de retorno e eu sei o quanto você fica ansioso quando não tem previsão de retornar para casa. Eu achei que se sentiria melhor se ficasse e ajudasse na preparação para a reunião que o senado convocou. — O ruivou percebeu, para seu contentamento, que Anakin relaxara um pouco. — para anunciar as novas medidas adotadas com relação à guerra. Você me conhece também, afinal, sabe que não me sinto a vontade no meio de políticos. Você por outro lado, parece gostar bastante de interagir com eles.

— Isso não é verdade. — Anakin inspirou fundo e expirou. — Eu poderia muito bem ter lidado com isso. Não sou uma criança Obi Wan, sei das minhas responsabilidades.

— Sei que poderia, mas achei que estava lhe devendo um favor. — O ruivo arriscou um sorriso amigável. — Além do mais, sei também que qualquer oportunidade que apareça para poder ficar próximo da Senadora Amidala lhe é muito conveniente. Já que são grandes amigos. Não é?

— Isso não vem ao caso agora. — O rapaz ruborizou sutilmente. — Poderia ter me perguntando antes. É isso que amigos fazem, ou pelo menos, o que nos fazíamos. — Ele pigarreou. — Nos sempre compartilhávamos tudo um com o outro, Mestre, e eu sinto falta disto.

— Eu concordo Anakin. — Obi Wan cruzou os braços e fitou a prótese mecânica do jovem jedi. — Então por que não me contou sobre o fato de que sua prótese estava apresentando problemas em seus componentes internos? Eu percebi isso muito antes de você começar a me evitar pelos corredores do templo.

Surpreso, Anakin levantou seu braço robótico e o analisou. Realmente, sua prótese vinha apresentando alguns defeitos que a longo prazo, poderia lhe ser muito prejudiciais, principalmente se estivesse no meio de uma batalha.

— Ahsoka... - Anakin cerrou os dentes. — Disse que era um presente.

— Não fique bravo com ela, fui eu que pedi para que não lhe contasse, caso contrario você não aceitaria. Além do mais, não deixa de ser um. — Kenobi deu de ombros descontraidamente. — Mas não precisa me agradecer agora. Faça mais alguns testes e quando eu retornar, me diga o que achou. E um  modelo de ultima geração. —  Ele inflou o peito, orgulhoso. — Permite maior mobilidade e tem maior resistência a impactos e explosões, além de uma camada extra que protege os componentes internos de tiros de blasters. Só não sei quanto a sua resistência a um sabre de luz, acho que você vai ter que testar.

Enquanto o ruivo listava todos os pros da prótese nova que instalara recentemente em seu braço, Anakin revirou os olhos e fitou seu antigo mestre com carinho. 

— Isso. —  Ele ergueu a prótese. — Era o seu plano B caso a sua abordagem inicial não desse certo? Isso é novidade.

— Confesso que tinha uma centelha de esperança de que isso ajudasse. — O sorriso tornou-se mais verdadeiro no rosto do ruivo. — Aprendi com um jovem muito habilidoso que às vezes é importante termos um plano B.

— Você consegue ser tão dramático quanto eu. — Anakin esboçou um sorriso contido, mas reconfortante.

— Essa é a sua especialidade, na verdade. — Obi Wan colocou a mão no ombro do jovem e apertou gentilmente. — Amigos?

— Vou te dar uma resposta quando voltar da missão. — Anakin disse após uma pausa de alguns segundos.

O sorriso de Kenobi esmoreceu um pouco.

— Não posso dar garantias de que vou voltar. — Ele disse seriamente. — Estou indo até o esconderijo de Grievous, não vai ser fácil e muito menos rápido captura-lo.

— Considere então minha resposta como um incentivo a mais para o seu breve retorno, mestre. — Anakin sorriu com sinceridade dessa vez. — E quando voltar, iremos testar se essa prótese é boa mesmo.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Gostaram? Me contem kkk adoro saber
Quero agradecer mais uma vez por todo carinho e por acompanharem minha historia. Fico muito feliz.

Vou aproveitar e já adiantar que o proximo vai ser uma especie de continuação desse conto, mas dessa vez nosso querido Mestre Jedi vai ter que fazer as pazes com outra pessoa. Será que alguém arrisca um palpite? hahahaha
Bjs e que a força esteja sempre com vocês



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