Lightsabers Out escrita por Lady Liv


Capítulo 2
The Family




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Se havia uma coisa que Rose Tico não entendia, era a mansão Skywalker.

Se você decidisse ter quatro ou seis filhos, tudo bem, o apartamento de dois quartos que ela vivia realmente não era uma boa escolha. Mas morando sem a família, praticamente sozinho, era estranho o quão apegado Anakin Skywalker era a aquele lugar.

Quanto mais tempo passava na casa, mais simpatia ela sentia por Chewbacca e Maz Kanata, afinal, como conseguiam cuidar de um labirinto como aquele? Como conseguiam fechar todas as janelas quando chovia? E os tapetes? E os quartos? E os itens de decoração? E as-

Meu Deus.

— Uau, ele era excêntrico. – Hux admirou as espadas, todas bem posicionadas, as pontas circulando uma poltrona.

— Quem pendura uma espada assim?

— Alguém que eu gostaria de ter conhecido.

— É mesmo? – Rose debochou, se afastando.

— Na verdade, não são espadas, quer dizer, são, mas, – enquanto mexia em sua bolsa, ela ouvia Finn dizer. — Anakin Skywalker as chamava de sabres de luz.

— Por que?

— Bom, agora não dá pra ver, mas se prestar bem atenção, elas têm uma tintura especial nas pontas. – Finn apontou, mostrando um ponto de luz verde em uma delas. — Elas quase brilham, principalmente no escuro.

— Tem alguma história por trás disso?

Finn arquejou, chocado. — Hellooo?! Guerras Galácticas?

Hux apertou os olhos.

— É o livro mais famoso dele! Como nunca ouviu falar?

— Em minha defesa, fui contratado ontem.

— Ainda assim, chocante!

— Finn, entendemos. – Rose disse. — Pode ir ver se todos já chegaram? Não quero perder nem mais um minuto.

— Você que manda. – Finn assentiu, se afastando.

Se vendo sozinha com o ruivo, Rose abaixou a cabeça, escrevendo em seu bloco de notas.

— Então você e o sr. Trooper conhecem a família?

— Bem que o Finn queria.

— Oh?

— Só conhecemos a Leia, Finn e eu chegamos a trabalhar pro Han Solo antes de ingressarmos na Polícia.

— Han Solo, o que morreu num acidente de carro?

Rose sentiu os ombros pesarem. — Sim... foi há... dois anos, eu acho. Um baque pra todo mundo, ele era bem conhecido na cidade.

— Imagino. – Hux murmurou. — E vocês trabalhavam com o que?

— Sabe aquele galpão que a gente viu quando vinha pra cá? Pertencia a ele.

— Aquele com aviões? O que faziam lá?

— Éramos mecânicos dele.

— Você?

Rose arqueou as sobrancelhas, ele não parecia estar zombando (como seus colegas de trabalho fizeram quando descobriram), mas surpreso. De qualquer forma, ela ergueu suas defesas:

— Algum problema?

Hux mordeu os lábios, não que ela estivesse prestando atenção nisso é claro!

— Absolutamente nenhum.

Quase contra à sua vontade, Rose sorriu.

A porta foi aberta e os dois foram tomados pela visão de Leia Solo; elegante, cabelos trançados em um coque, cabeça erguida, como se nada no mundo pudesse abala-la... nem mesmo a morte do pai biológico. Huh.

Hux se aproximou, estendendo a mão.

— Deve ser o Detetive que Finn estava me falando.

— Obrigado por me receber, sei que é um momento difícil.

— Não seja por isso, só está fazendo o seu trabalho.

— Leia, vamos gravar a conversa apenas por formalidades. – Finn avisou.

— Certo. Rose, como vai?

— Bem, e eu prometo que seremos rápidos.

A mulher se sentou, suspirando. — Eu espero que sim, ainda tenho uma festa para organizar.

— Festa? – Rose engasgou.

— Oh, desculpe, homenagem seria a palavra correta.

Finn permaneceu de pé e Hux se posicionou por trás do sofá que Rose estava sentada.

— Vamos começar então, – Rose ligou o gravador sobre a mesa. — eu sou a Detetive Tico, designada pelo Tenente Detetive Chirpa para fazer mais perguntas a todos que frequentaram a mansão Skywalker há uma semana, no dia 8 de novembro. Comigo estão policial Finn Trooper e o Detetive Armitage Hux. – Rose fez careta, quem chamava o filho de Armitage?

— Foco, Tico. – como se lê-se seus pensamentos, Hux a cutucou por trás.

Céus, ele era estranho.

— E vamos conversar agora com Leia Solo, a filha de Anakin Skywalker. Leia, vocês estavam tendo uma reunião familiar no dia anterior a morte do seu pai, certo?

— Sim, algo que fazíamos todos os anos.

— E todos da família compareceram?

— Sim.

— Você sabe me dizer se houve alguma discussão naquele dia?

— Não que eu me lembre.

— Se lembra se seu pai estava feliz?

— Eu achei que sim, ele mesmo escolheu a lista de convidados, não veio tanta gente como costumava vir, – Leia explicou, suspirando novamente. — agora está claro que eu não notei os sinais, já que ele se matou logo depois.

Houve um momento de silêncio e Finn murmurou:

— Nós sentimos muito pela sua perda.

Leia apenas assentiu, sem tirar os olhos do chão. Com pesar, Rose seguiu para a próxima pergunta:

— Quem estava na festa além dos parentes?

— Maz, a cozinheira; o marido dela Chewie, um grande amigo, ele era o motorista do meu pai; Rey, a enfermeira dele, uma boa moça. – Leia quase sorriu, pensativa. — Zorii, namorada do meu filho Poe, ah e Bazine Netal também.

Diante do nome, Hux bateu a bengala contra o chão.

— Espera, a Bazine não é a sua sobrinha? – Rose perguntou, olhando no bloco de notas.

— Ah, sim. Sim. Desculpe, eu esqueci.

Rose assentiu, franzindo o cenho.

Quem esquecia a própria sobrinha?

— Estamos falando agora com o filho de Anakin Skywalker, Luke Skywalker. – Rose anunciou, ligando o gravador novamente. — Ele e a esposa Mara Jade estavam presentes na festa, certo Luke?

— Sim.

— Vocês chegaram juntos?

— A Mara veio primeiro, pra organizar as coisas com o pessoal do buffet, mas é... todo mundo chegou por volta das oito...

— E ocorreu tudo bem na festa?

— Na medida do possível.

— É mesmo? Por que?

Nisso, Luke parou; uma expressão pensativa, tão parecida com a de Leia, se formou em seu rosto.

— Ao contrário do que muitos pensam, nós somos uma família bem comum. E toda família tem seus desentendimentos, certo? – ele riu, dando de ombros. — Mas tentamos nos dar bem pelo papai... quer dizer, tentávamos... desculpe, ainda estou tentando me acostumar.

— Nós entendemos. – Finn se apressou em dizer. — E sentimos muito.

— Obrigado, rapaz.

Então era a primeira vez que Rose o conhecia.

Lembrava-se de Han Solo contando uma história de sua juventude uma vez, envolvendo Leia indo parar na cadeia por causa de um protesto e Luke criando um plano mirabolante para salva-la se passando por policial. Lembrava-se de ter ouvido admirada, absorvendo cada detalhe, fazendo perguntas sobre como ele enganou a Polícia (e fazendo notas mentais de nunca cair em tais truques), e lembrava-se de como Luke Skywalker lhe pareceu ser algum tipo de herói, saído direto de um dos livros do pai.

De perto, ele era bem humano.

Algo que Finn com certeza não concordaria, cego por um fanatismo baseado em uma época que ele não viveu.

— E quanto a Amilyn Holdo?

— Amy? Oh sim, ela estava lá. Não é porque somos divorciados que ela deixou de ser da família.

Amilyn Holdo, assim como Leia, era elegante. Diferente de Leia, corajosa o suficiente para não abdicar de seu espírito jovem, esbanjando mexas roxas em seus cabelos loiros. Será que eu ficaria bem de luzes? Rose perguntou a si mesma, afetada pela visão da mulher.

— Sra. Holdo-

— Oh, por favor. – ela a interrompeu. — Pode me chamar de Amilyn, sra. Holdo era a minha mãe.

— Certo. – Rose sorriu. Céus, ela era tão simpática. — Amilyn, você já foi casada com o Luke-

— Fui o primeiro casamento dele, sim.

— E se dá bem com a família?

— Eu diria que sim, Leia e eu somos melhores amigas.

— Houve alguma discussão durante a festa?

— Não que eu possa me lembrar, mas eu bebi um pouquinho, então...

— Entendo, e a sua filha Kaydel estava lá?

— Oh, não se preocupe! – Holdo riu, arregalando os olhos. — Eu não bebi na frente dela, se bem que, ela vai entrar pra faculdade logo e todo mundo sabe como faculdades são.

— Ah não, não foi isso que eu quis dizer, – Rose se apressou em explicar. — Eu só queria saber se chegaram juntas na festa?

— Aaaah, claro! Entendi. Não, a Kaydel vive comigo, mas ela é filha do Luke também, ela estava com ele aquele dia. – Holdo gesticulou, sorrindo. — Ele sempre quis ter muitos filhos, o Luke, não só por ele, mas pelo Anakin também. Luke queria encher essa casa de crianças.

Rose assentiu, sorrindo. — Bom, é mesmo uma casa grande.

— Não é! – Holdo confirmou, as duas rindo por um momento. — Realmente uma pena que Mara nunca conseguiu realizar o desejo dele.

O sorriso de Rose falhou.

— Mas, – Holdo continuou, sem perceber. — pelo menos ele tem a Kaydel!

Alguns chamavam de sexto sentido, Rose chamava de instinto de policial. A bolha de simpatia que a mulher carregava de repente começou a perder um pouco de cor.

Foco, Tico. Ela quase podia ouvir a voz de Hux em sua cabeça.

— Você dirige a Editora do Anakin, não é?

• 

— Sim, mas não porquê somos da família, a minha mãe sempre foi muito independente, o meu avô gostava disso nela.

Kaydel Skywalker estava prestes a entrar na faculdade e já era a ansiedade em pessoa; perna inquieta, olhar constantemente sendo desviado para o celular e uma incrível mania de fazer e desfazer penteados em menos de 5 minutos.

— Eles conversavam?

— Sim, pelo menos, eu acho que sim. Ele ligava pra saber como eu estava.

— Notou alguma mudança no humor dele nos últimos dias?

— Ahmmm... Não.

Enquanto ela parecia ser bastante inteligente com a mídia, não era ligada o suficiente para saber o que acontecia na própria família.

— Editora Império. – Holdo voltou a sorrir, visivelmente orgulhosa. — Trinta idiomas, mais de oitenta mil cópias vendidas, um verdadeiro legado. Fico feliz pela família ter me dado essa honra. Vocês são fãs?

— Na verdade, eu não-

— Grande fã! – Finn exclamou. — Muito fã mesmo.

Rose encarou seu parceiro com um olhar repreensor, mas Finn não pareceu se importar, tagarelando animado:

— Eu queria até perguntar, no livro das Guerras Galácticas, de onde ele tirou a ideia de fazer o vilão da história se apaixonar pela Senadora da Resistência? Quer dizer, meu Deus. Isso foi tão ousado.

— Irritou muitas pessoas.

— Sério?!

— Anakin acreditava muito em redenção, quando tentei falar com ele, ele recusou mudar o enredo, você deve ter notado que- – Holdo arregalou os olhos, sem graça. — Oh me desculpem, eu trabalho com os livros há tanto tempo que mal consigo segurar o meu lado de fã!

— Tudo bem. – Rose disse.

— É, está tudo bem, não se preocupe. Tudo muito bem. Na verdade-

Ouvindo Hux suspirar, Rose interrompeu Finn:

— Então todo mundo chegou quase na mesma hora, né?

— É... – Holdo olhou pra cima, pensando. — Eu fui na verdade a segunda a chegar, a Mara chegou primeiro. Eu vou te contar, fico feliz pelo Luke passar o tempo todo com a Kaydel, a Mara não tem jeito com jovens.

— É mesmo?

Holdo se inclinou, sussurrando como se contasse um segredo:

— Sim, e ela estava uma pilha de nervos, gritando ordens pra todos os lados, coitado do Anakin, teve que leva-la pro escritório pra acalma-la... o que não deu muito certo, acho que ela estava naqueles dias, me entende? Nem deixou o Luke entrar no quarto aquela noite, coitado. Ele teve que dormir no sofá. De novo.

Okay... Rose resistiu a vontade de fechar os olhos. Detalhes demais.

— A Holdo disse o quê?!

Eram poucas pessoas no mundo que conseguiam intimidar Rose Tico. Na verdade, ela podia contar nos dedos de uma mão quem conseguia; o seu chefe em um dia ruim, Gwen Phasma do RH em um dia ruim, até mesmo Poe em um dia ruim, e agora, Mara Jade Skywalker. Era a primeira vez que Rose a conhecia, mas ela já tinha a certeza que aquela mulher poderia intimida-la todos os dias, bons ou ruins.

Como se não bastasse, ela ainda era ruiva. (O que lembrava Rose de um certo Sherlock que a intimidava sempre que fixava os olhos nela... não que ela fosse admitir isso).

Diferente de Leia e Amilyn, Mara Jade dispensava da elegância e de saltos e se vestia com roupas bastante casuais e botas de combate.

— Por favor, sra. Skywalker, só estamos cruzando as informações.

— Então querida, está recebendo informações erradas porque primeiro, – a ruiva ergueu um dedo. — a Holdo é uma invejosa que vive correndo atrás do meu marido, ela pensa mesmo que pode opinar na nossa vida?! E segundo, – ela ergueu outro dedo, fazendo o número 2. — eu só cheguei cedo a pedido da Leia, você não tem ideia da bagunça que essa casa estava. O pessoal do buffet chegava e deixava tudo no chão da cozinha sem arrumar nada, quer dizer, o que?! Isso não é o trabalho deles? Pra quê eu os contratei? Acham mesmo que eu que vou separar tudo? Onde está a cozinheira? Foi por isso que a Leia me mandou aqui?

Rose piscava, sem saber o que dizer. Mara continuava a tagarelar da mesma maneira que Finn fazia com os livros de Skywalker, só que diferente dele, a entonação dela era puro ódio e cansaço. Aquela era uma mulher que precisava urgentemente de férias.

Trocando um olhar com Finn, ele balançou a cabeça desesperadamente de modo que dizia: Se vira, Tico.

— E não tinha mais ninguém na casa quando você chegou? – achando uma brecha na conversa, Rose perguntou hesitante.

— Deixa eu ver, a cozinheira sumiu, – mais uma vez, Mara começou a contar com os dedos. — o motorista não fala a nossa língua, a enfermeira era a protegidazinha do meu sogro e só chegava a hora que queria, então... é. Eu estava sozinha. Quer dizer, eu e o meu sogro.

Respirando aliviada por encontrar outra brecha na conversa, Rose perguntou:

— E chegou a falar com o Anakin nesse meio tempo?

— Com certeza, ele gostava muito de conversar, principalmente sobre a falecida. – Mara rolou os olhos. — Falava nela o teeeeeempo todo.

— Entendo... e por acaso Anakin disse estar se sentindo sozinho ou triste naquele dia?

— Não pra mim, não...

Anotando tudo em seu bloco de notas, Rose estava pronta para terminar as perguntas quando Hux se levantou de repente.

— E sobre o que discutiram?

Houve um momento.

— Perdão?

— Hux. – Rose murmurou, sem entender.

Ele a ignorou, apoiando-se em sua bengala.

— Holdo disse que viu Anakin te levar pro escritório pra tentar te acalmar, ela disse que “não deu muito certo”, palavras dela.

Mara arfou, chocada. — É mentira!

— Será? Porque eu liguei para a fornecedora do buffet e ela também mencionou ter ouvido uma discussão vinda do escritório.

— Senhor Detetive-

— Só senhor já está bom-

— Eu não sei o que está querendo dizer, mas Anakin amava o Luke mais do que a qualquer um, e isso já era o suficiente para ele ser a minha segunda pessoa favorita no mundo.

— Então por que discutiram? – Hux insistiu calmamente, para o desespero de Rose, surpresa de Finn e indignação de Mara Jade.

— Ora porquê!

— Seria por causa da Bazine?

Sem hesitação, ela assentiu.

— Ele não gostava dela? – Rose franziu o cenho.

— Ninguém gosta dela. Principalmente a Leia.

Terminando a última pergunta, Rose fechou o bloco de notas em suas mãos e sorriu.

— Bom, eu acho que já temos tudo. – ela buscou o olhar de Finn, que assentiu. — Obrigada, Leia.

— Já posso ir então?

— Claro-

— Um momento, sra. Solo. – Hux ergueu a voz pela primeira vez, fazendo Rose o encarar com confusão. — Se me permite, tenho uma curiosidade.

Leia arqueou a sobrancelha.

— Bazine Netal.

— Sim...?

— Você a mencionou como uma convidada que não fazia parte da família.

— Mencionei?

— Sim.

— Oh. Não tinha percebido.

Hux sorriu, em uma expressão que Rose estava começando a aprender a reconhecer como achei você. A resposta que na cabeça dele fazia sentido.

— Vocês não são muito próximas, são?

— Se quer mesmo saber Detetive, não. – Leia ergueu a cabeça. — Pergunte, mas não faça joguinhos comigo.

Hux abaixou a cabeça, quase como uma reverência. — Muito bem. Por que não a considera sua sobrinha?

— É simples, Detetive, ela não é filha do meu irmão.

— Mas e quanto a Ahsoka Tano?

Leia balançou a mão, como se espantasse um pensamento.

— Ahsoka foi adotada pelo meu pai, eles não tinham laço de sangue. – ela contou e parou, quase sorrindo. — Ora, nem mesmo Ahsoka e Bazine tinham laço de sangue, a mãe verdadeira dela se chamava Offee. Bazine foi adotada muito cedo.

— E quanto ao seu filho Poe? Ele não é adotado?

— É diferente.

— Como?

— Pra começar, meu pai conhecia os pais do Poe, eles eram grandes amigos da família, – Leia defendeu. — meu pai não aprovou a adoção da Bazine.

— Então a sua irmã fez isso para enfrenta-lo?

Leia suspirou.

— Eu não posso falar por ela, Detetive. Ela morreu há alguns anos. Não seria justo.

— Tem razão, não seria.

Não importava quão contato Rose Tico havia tido com Leia Solo no passado, aquela era a primeira vez que ela via a mulher agir tão friamente.

Trocando um olhar com Finn, Rose percebeu que não era a única se sentindo desconfortável.

— Então eles não se davam bem.

— Bazine e meu pai? – Hux afirmou e Leia balançou a cabeça. — Não.

• 

— É claro que eles eram próximos! – Luke respondeu quando Hux o perguntou. — Se não, qual seria a razão da reunião familiar?

Rose e Hux se entreolharam, confusos. Isso ia totalmente contra o que Leia havia dito.

— Bazine era a razão? – Finn perguntou.

Luke riu.

— Eu sei, eu sei, é que o meu pai... ele não gostava de aniversários. – Luke gesticulou. — Mas depois que a Ahsoka morreu, ele quis fazer algo pela Bazine, pra ela não se sentir sozinha. Ela só tinha 11 anos. Então ele escolheu um dia qualquer pra reunir a família e... deu certo.

— Tão certo que continuaram fazendo, todos os anos.

— Isso mesmo. – Luke sorriu.

— Então todos os anos, a família vinha para essa casa... se reunir... – Hux murmurava para si mesmo, dando voltas pela sala. Rose o observou atentamente, o que ele estava pensando?

— Então ele a amava muito, eu imagino. – Hux voltou a dizer alto, e Luke assentiu.

— Pode perguntar a qualquer um.

— Eu não sei te dizer, – Kaydel respondeu quando Hux perguntou. — eu não prestava muita atenção.

— Mas ele não falava dela?

— Eu sei que ele falava muito da mãe dela, a tia Ahsoka, pelo menos foi isso que a Rey que me contou.

— Ele a detestava! – Mara Jade cuspiu as palavras, quase em nojo. — A garota pode ter casado cedo, mas se tornou uma vadia depois que cresceu, vive correndo atrás do Kylo.

— Kylo, espera, como em Kylo Ren?

Hux buscou o olhar de Rose, que assentiu, o deixando surpreso.

Kylo Ren, grande violinista da banda Cavaleiros de Ren. Rose havia ficado chocada quando descobriu por Rey que ele era o filho de Leia e Han Solo.

Não tão chocada quando descobriu que ele era, aparentemente, um babaca. Ela odiava aquela banda.

— Sim, o filho da Leia, ele é outra ovelha negra. – suspirando, Mara amansou a voz: — Eu amo a minha cunhada, mas sinceramente, toda vez que aquele garoto vem visitar, a casa quase cai.

Hux murmurou, interessado.

— Hmm, e ele estava na festa?

— Sim, e brigou feio com o Anakin! Até aí nenhuma surpresa.

— E sobre o que eles brigaram?

— Olha eu não sei, aconteceu tudo no escritório, mas, – Mara ergueu o dedo. — não foi a primeira vez.

— Posso dizer que é muito estranho ser interrogado pelos meus amigos? – Poe Dameron ergueu as mãos em rendição. Rose rolou os olhos.

— Só responde as perguntas, tá? Vai ser rápido.

— Certo, eu gosto de rápido.

— Poe! – Rose exclamou, mas ele apenas riu.

— Tá, tá, não precisa ficar tão escandalizada, não é Finn? Finn me entende.

— Se não calar a boca agora eu vou repensar aquela multa por alta velocidade. – Finn ameaçou.

— Nossa que mal humor, Rose vai deixar ele falar assim comigo?

Antes que Rose respondesse, a bengala de Hux reverberou pela sala em um som bem mais alto do que eles haviam combinado. Ela se virou, franzindo o cenho com a expressão impaciente que ele tinha.

— E quem é você? – Poe perguntou, finalmente o notando.

— Ninguém.

— Um amigo, – Rose e Finn responderam ao mesmo tempo, seu parceiro tomando a frente e indo para as perguntas: — Você e a Zorii chegaram foram juntos pra festa não foi?

— Sim... na verdade eu não queria ir, mas ela insistiu.

— Ah é?

— Zorii tem um respeito por essa família que me impressiona. – ele disse pensativo e Rose rolou os olhos, homens!

— E por que você não queria ir?

Ele deu de ombros.

— Sei lá, só não queria.

— Poe não queria ir a festa? Quem te disse isso?

Como explicar Zorii Bliss? Rose se perguntou, fazendo uma nota mental para contar tudo a Hux assim que a moça saísse da sala.

Rose conhecia Finn há exatos sete anos, e Finn conhecia Poe há muito mais tempo do que isso. Quando Rose conheceu Finn, ele já reclamava de Zorii, nas palavras dele, uma sanguessuga de dinheiro e bom senso que enxergava demais e estava ali para destruir amizades. Rose por outro lado, tendo conversado com a moça exatas duas vezes para criar uma opinião própria (pois Zorii passou a recusar seus convites de tomar café), achava que ela era apenas uma namorada grudenta bancando roupas de marca e que enxergava demais, Finn estava certo nesse ponto.

— Ele mesmo.

— Quando?

— Ainda agora, – Rose segurou a frustração em seu peito e continuou: — Pode apenas responder a pergunta?

— Ele não me disse que não queria ir. – Zorii murmurou para si mesma, ignorando Rose completamente. — Será que foi por isso que ele saiu mais cedo?

Rose e Finn trocaram olhares entediados e Hux se levantou, tomando a frente mais uma vez.

— Anakin e Poe eram amigos, srta. Bliss?

— Você não conhece o Poe, né? Ele é tipo, a pessoa mais carismática do mundo! – ela disse, e era o primeiro momento em sete anos que Rose concordava com ela. — Com certeza era o neto preferido do Anakin!

Cedo demais, Rose pensou, fechando os olhos.

— Que estranho, então por que o Poe saiu mais cedo?

— Eu não sei! Ouvi Anakin discutindo com a Amy na festa-

— Espera, o que?

— ...e tinha certeza que ele ia conversar com o Poe depois se não fosse por- – Zorii parou, arregalando os olhos e arfando alto. — JÁ SEI! Eu sou uma péssima noiva! É claro que Poe não ia querer ir! Kylo ia estar lá, o maldito!

— Espere um momento, srta. Bliss, o que estava dizendo, Anakin discutindo com a Amy? Amilyn Holdo? – Hux se aproximou, rindo nervosamente.

— Ah, é. Não que eu estivesse, sabe, – Zorii riu, o acompanhando. — Não, eu estava longe, eu os vi discutindo beeemm de longe!

— Oh?

— E-eu só ouvi alguma coisa sobre advogados e a faculdade da Kaydel, mas tenho certeza que eles resolveram tudo, Anakin parecia bem satisfeito. O que posso dizer? Somos uma família unida!

Hux apertou os olhos, sorrindo enquanto se apoiava em sua bengala.

— Entendo... e aquilo que você estava falando, sobre o Poe não querer ir por causa do Kylo, ele é o filho biológico da Leia, não é?

Zorii bufou, o sorriso sumindo de sua face. — Ah é, mas ninguém poderia dizer isso se os vissem juntos, eles são tão diferentes!

— Oh? E ele e o Poe não se dão bem?

— Kylo não se dá bem com ele, – Zorii defendeu. — com ninguém, na verdade, nem com a própria mãe. Ele tem inveja da atenção que o Poe recebe.

— Não acredito.

— Acredite, Detetive! Ele já brigou com o Poe tantas vezes que eu nem sei como- – ela passou a mão pelos cabelos, irritada. — Olha, pra você ter uma ideia, da última vez foi até físico! Uma coisa horrível, os dois rolando na chuva, Poe perdeu um dente! Um dente! Kylo passou a noite na prisão! Bem menos do que ele merece! O Finn lembra, não é Finn?

Cruzando os braços, Finn assentiu desconfortável.

— É, eu lembro.

— Se não fosse pela Rey, coitado do meu amor...

— Interessante... e Poe não fez nenhuma queixa?

— Oh, mas ele queria muito! Leia que o convenceu a não fazer, – Zorii suspirou, os olhos quase brilhando em ódio. — mas eu já cansei de avisar pra minha sogra, esse garoto precisa de um psiquiatra urgentemente, ele tem um temperamento monstruoso!

— Eu não diria isso do Ben, ele é um bom menino. – Maz Kanata defendeu imediatamente. — Teve a má sorte de nascer em uma família de loucos, mas isso já era esperado quando-

— Maz! Tudo bem em contar a verdade, não precisa esconder nada.

— Mas eu estou contando a verdade!

Finn suspirou, olhando para a senhora com pena.

— Tá bom, Finn, deixa que eu assumo. – Rose o afastou. — Maz, só estamos tentando entender o que aconteceu. Será que pode nos ajudar e apenas responder as perguntas?

— É claro, querida.

Rose apertou os olhos, não convencida do sorriso que estava recebendo. Enquanto Maz Kanata era uma idosa baixinha com piadas bobas e conversas longas, os olhos dela contavam outra história. Aquela mulher era esperta e não enganava Rose nem um pouco.

Quando trabalhava para Han Solo, era normal encontra-la andando entre os aviões, procurando por um marido fujão.

— Ninguém aqui fala russo, – Rose lembrou a todos. — todos os depoimentos dizem que o Chewie esteve do seu lado o tempo todo durante a festa, você confirma?

— Sim, sim, pode anotar.

— Certo.

— A propósito, eu já contei que foi o meu Chewie quem deu o primeiro violino do Ben? Na verdade, história engraçada! O violino era do Anakin, mas foi o Anakin quem entregou ao Chewie para-

Rose rolou os olhos, ouvindo Finn suspirar:

— Sim.

— Olha Maz, não estamos interessados em ouvir-

— Oh não, me conte! – Hux correu, assustando os dois. — Como foi?

Maz sorriu, surpresa com o olhar curioso do Detetive.

— Oh, bem... Ele tinha uns 11 anos, foi logo depois que a Abusada morreu-

— Quem?

— Oh, a Ahsoka.

— Aaah.

— Anakin achou que tocar fosse ajudá-lo a se expressar mais, o Han estava viajando na época e a Leia nem parava em casa! – ela olhou pra cima, pensativa. — Eu ainda me lembro bem, era uma tarde nublada e... espera, será que foi nublada? Ou já era noite? Na verdade, eu acho que o sol-

— Eles eram bem próximos, então? Anakin e o Ben? – Hux apressou.

— Sim, sim! Se bem que, – Maz parou por um instante. — eram bem mais próximos na infância, é claro. Depois que o Ben foi pra faculdade de música, as coisas mudaram um pouco.

— Começaram a discutir?

— Sim, não tanto quando o Luke ou a Leia faziam, mas...

— Luke discutia com ele?

— Coisas de tio, vai entender!

— Então o.... – Hux franziu o cenho. — Ben, Kylo?

— Kylo. – Maz afirmou. — É melhor se acostumar, ninguém ousa o chamar de Ben pessoalmente, ele não gosta.

— É mesmo? E por que?

Maz apertou os olhos, calando-se pela primeira vez.

— O senhor é bastante ouvinte, Detetive.

— O que posso dizer? Meus ouvidos estão desesperados pela verdade!

— Estou com dor de cabeça. – Rose anunciou assim que Maz saiu, deixando-os sozinhos na sala. Finn e Hux sentaram-se, cada um ao seu lado, o ruivo lhe oferecendo um charuto. — Não, obrigada. Eu não fumo.

— Eu aceito. – Finn estendeu a mão.

Vendo os dois fumando, Rose fez uma careta.

— Vocês também não deveriam, isso faz mal pra saúde gente. – ela avisou, sendo ignorada.

Houve um momento.

— Quem ainda falta dar o depoimento? – Rose perguntou.

— Kylo, que Leia está tentando entrar em contato desde hoje de manhã, – Finn respondeu. — Bazine, que deve chegar mais tarde, ela estava prestes a sair da cidade, então se prepara.

Rose gemeu em frustração, colocando as mãos no rosto. Qualquer coisa menos outra Mara Jade, por favor...

— E a Rey.

— E o que estamos esperando?

— É que o Hux pediu pra entrevista-la por último.

— O que? Por que? – ela encarou o ruivo, que tinha os olhos fechados.

— Relaxa, Tico. Tenho meus motivos.

— Que são...?

— Jardim.

— O que?

Abruptamente, ele se levantou do sofá. — Vamos lá pra fora.

— Por que?! – Rose perguntou, vendo a mão do ruivo estendida em sua direção.

— Porque preciso pensar. – ele respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Relutante, ela aceitou.

Se a mansão Skywalker era gigante, Rose não sabia o que dizer do terreno ao redor.

A maioria das pessoas, classe média ou não, tentava pelo menos uma vez cultivar um jardim, seja no quintal, ou na calçada de casa; já que vivia em um apartamento, o máximo que Rose fez foi tentar criar um girassol na janela de seu quarto... o que não deu certo, já que Rose sempre esquecia de aguar a planta.

Os ricos eram diferentes, principalmente os Skywalkers.

Eles não tinham um jardim; tudo era um jardim. Grama verde e brilhante, cheia de flores e, meu Deus, aquilo era outra fonte?

— “Nunca conheça seus ídolos” continua uma frase verídica se seu ídolo está morto e você acabou de interrogar a família dele? – Finn perguntou. — Nada nessa família faz sentido.

— Faria se você prestasse mais atenção.

— Oh, me desculpe oh ser superior! O que você viu que nós não vimos?

— Que eles são uma família comum, assim como o Luke disse. – Hux tragou, olhando pro céu quando soltava a fumaça. — E sempre existe um “mas”.

— E esse “mas” é mas um de nós matou o velhote?

— Sim.

— Uau.

— Viu? Não é tão difícil.

Deixando que Hux andasse na frente, Finn diminuiu os passos, cutucando Rose.

— Que foi?

— Ele é estranho.

— Só percebeu agora?

Finn ignorou seu deboche, citando: — Primeiro ele surge do nada, não nos conta quem o contratou e nos arrasta pra esses interrogatórios loucos, é muito estranho.

— Ele é estranho porque ele acredita que alguém assassinou o Skywalker?

— Não, porque ele tem certeza disso. Acabamos de interrogar essa família Rose, seja sincera, acha que algum deles é capaz de matar?

— Qualquer um é capaz de matar. – Rose o corrigiu.

— Eu sei disso, mas nenhum deles parece ser calculista o bastante. Certo, talvez a Zorii, mas não pra matar, o lance dela é mais se esbanjar com a herança imaginária do Poe.

Nisso Rose riu, balançando a cabeça.

— Tá, mas você viu que eles têm problemas.

— Problemas domésticos, não é como se-

— QUE COISA!

Rose e Finn pularam, assustados. Próximo a uma janela da casa, Hux estava paralisado com um olhar confuso.

— Estou alucinando ou isso é real?

— Calma, não é tão ruim assim. – Rose se aproximou, tocando seu braço.

— Não, é ruim sim. – Finn discordou.

— Quem é esse? – Hux perguntou, ainda sem entender.

Em defesa do ruivo, aquela era uma reação normal. Rose Tico bem sabia que tinha se assustado quando o viu pela primeira vez, por trás da janela, pálido e envolto de lençóis, numa aparência quase fantasmagórica; com marcas de queimadura por todo seu rosto.

No fim, ele era só um pobre homem, Rose pensou, explicando:

— Ahsoka morreu em um incêndio, já faz uns 15 anos, ele tentou salva-la e acabou se ferindo.

— Ele me parece catatônico. – Hux observou, apoiando-se em sua bengala, um gesto que Rose estava começando a entender como pensativo.

— Ele está, por isso não o interrogamos. Parece que ele não consegue mais falar.

— Interessante.

— Interessante? – Finn engasgou-se, mandando para Rose um olhar que dizia: estou te dizendo que ele é estranho!

— Anakin o acolheu, ele vive aqui desde então.

— Então ele não é um Skywalker?

— Não, o sobrenome dele é Palpatine.


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Notas finais do capítulo

Já olhou pra alguém e se perguntou, o que passa na cabeça dele? HUX MEU FILHO, COMPARTILHE SUAS DESCOBERTAS
E vocês, me digam o que acharam, façam sugestões, críticas, aqui estou para ouvir. Perdão qualquer erro de escrita.
Vejo vocês próxima semana ;)



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