Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 43
Mágoas e términos


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Kevin Narrando

Aqui estava eu indo pelo mesmo caminho. Um motel e um cara. Como fiz com Rafael. A espuma e as bolhas da hidromassagem me faziam pensar naquela noite e eu estava ali pra esquecer.

— Não acredito que você me obrigou a entrar aqui de cueca. – ele disse e riu. – As pessoas tomam banho nuas. – fiquei apenas olhando pra ele. – Achei que estava querendo transar quando me chamou pra ir para um motel. – continuei do mesmo jeito. – Você é enlouquecedor. Bem que Luiz me disse.

— Luiz fala demais. – virei a taça que estava em minha mão.

— Por que estamos aqui? – mexi na água.

— Gosto de caras como você. – olhei em seus olhos.

— Então por que ainda estamos tão longe um do outro hein bonitão?

— Não sou tão bonito. Se conhecesse meu irmão... – ele riu.

— Aposto que é a sua versão hétero perfeita.

— Acertou. – sorri.

— Vou te perguntar de novo...

— Preciso me divertir... Ou apenas estar com alguém que não conheço.

— Pode me ligar sempre que quiser. – ele deu um sorriso mostrando bastante interesse. – Qual o motivo de não querer aproximação?

— Tenho namorado. – seu olhar mudou para decepção total. – Bom... Pelo menos por enquanto. Acontece que desconfio que ele me traiu.

— Que foda. Mas não tem como você ter certeza?

— Ainda não. O pior disso tudo é que tem outro alguém... Um cara que eu amo e que nunca sai da minha cabeça e ainda por cima nunca vai ser meu. – ele fez uma expressão de confuso.

— Então você o traiu antes?

— Não. Eu nunca o trairia. A verdade é que eu amo os dois.

— Isso não é possível. – sorri.

— Também achava que não. – bebi mais um pouco.

— Por que ele não pode ser seu? Tá com outro cara também?

— Por causa do meu pai. É complicado. Mas o ponto é que... Eu estou sendo traído e isso está me deixando louco. – respirei fundo.

— É só trai-lo também. – ele deu um sorrisinho e um olhar absurdamente mal intencionados.

— Não perco o controle. – o olhei fixamente. – Minha mente é mais forte que minhas emoções. Estou sentindo uma atração fortíssima por você, mas em minha cabeça eu sei que esse é um limite que eu não consigo ultrapassar. É coisa minha. – peguei a taça que eu havia deixado de lado.

— E confia em você aqui assim perto de mim? – ele sorriu.

— Sim. Apesar de não confiar em ninguém, quanto mais em mim mesmo. Mas... Quem corre maior risco aqui é você. – ficamos nos olhando.

— O que isso quer dizer? – ele ficou sério ao perceber que eu não falava de sexo.

— Se aproximar de mim... Automaticamente é um pedido de... Como eu vou explicar... Hum... Ir a ruína. – ele estreitou os olhos. – E não sou eu que sou o mal, são as coisas que acontecem.

— Por que você deixa as coisas acontecerem?

— Disso eu não posso ter o controle. E eu fico pensando se essa traição não foi uma dessas coisas.

— Mas se a traição foi algo bom pra ele como isso seria uma ruína?

— Desconfio que foi uma traição ocasionada. E quando ele se der conta do enorme erro que cometeu... Essa vai ser a sua maior ruína. Entende o problema?

— Hum... Acho que sim. Mas o amor é grandioso...  Faz a gente perdoar. Você não pode perdoa-lo?

— De jeito nenhum.

— Mesmo que você saiba que existe algo por trás?

— Isso não anula o fato. – mudei a forma que eu o olhava. – Para de falar disso.

— Quer falar sobre o que? – ele sorriu enquanto eu respirava fundo.

— Não sei. Só diz qualquer coisa, me distraia.  – ele deu uma risadinha daquelas sexys e começou a contar algo sobre si. Aquela noite seria memorável.

Cheguei em casa e encontrei Alice dormindo em minha cama. Era a segunda vez que ela dormia aqui desde quando terminou com Arthur. Continuei com a luz acesa e tirei minha roupa. Peguei a minha toalha.

— Apaga. Tá me incomodando. – ela resmungou acordando.

— Você tá no meu quarto. Tá bem folgada, não acha?

— Quero esquecê-lo. Quero seguir em frente como você fez com meu irmão.

— Tem coragem de dizer que eu segui em frente?

— Pelo menos você tá com outra pessoa e a ama.

— É e essa pessoa está me traindo. Vou toma rum banho. – fui andando para o banheiro e deixei a porta aberta, sabia que ela iria continuar falando.

— Estou começando a me acostumar a te ver de cueca.

— Vai ser um costume difícil de explicar a um próximo namorado ciumento.

— Não vou namorar ninguém. Kevin...

— Oi Alice. – perguntei impaciente.

— Você ficou com alguém hoje?

— Nunca Alice. – sai e me enrolei na toalha.

— Então por que o Luiz disse que você saiu do bar com um cara? – parei de me vestir e a olhei.

— Você esteve lá? – questionei bastante surpreso.

— Sim, o Yuri me levou. Depois que vocês se desculparam ele voltou a ser bonzinho como sempre. – apaguei a luz e me deitei.

— Boa noite Alice.

— Não vai me contar?

— Não há nada pra contar.  – ela não se deu por vencida. Senti sua curiosidade latente. – Ficar com alguém machucaria mais a mim que a ele. Eu não fiz nada, juro.

— Se você e o Rafael se acertarem você vai me abandonar? Ele não vai dormir aqui no meu lugar vai? – dei uma risada baixa.

— Não existe acerto pra traição. E você tem que parar de dormir aqui.

— Por quê? – ela se virou para o meu lado. – Seu pai? Eu sempre tranco a porta.

— Não estou afim de fazer um relatório das minhas noites todos os dias para o Arthur. – a olhei. – Alice vocês dois tem que voltar a ser amigos.

— Ele não acha que rola alguma coisa entre a gente né?

— Não. Ele até prefere que você durma aqui. Mas vocês sempre foram grudados e é óbvio que não se falarem não vai funcionar.

— Ele ainda não ficou com ninguém? – ela perguntou sem jeito e com muita vergonha.

— É isso que você chama de querer seguir em frente? – segurei o sorriso.

— Que seja. Eu não ligo. – ela se virou de novo.

— Vem cá. – a puxei e a abracei de costas. Ela tirou o cabelo. – Por isso eu gosto de homens.

— Não amor, você gosta por outra coisa. – ela suspirou. – Meu cheiro é igual ao do Murilo? – cheirei sua nuca.

— Não Alice. Cada pessoa tem um cheiro e isso não é genético.

— Você falou com tanta convicção, então por que cheirou antes?

— Queria saber qual cheiro você tem se era de insuportável ou de irritante.

— Vou te bater.

— Vamos dormir.

— Estou acostumada a dormir abraçada com um corpo bem mais forte. – ela deu uma risadinha.

— Vou te jogar pra fora dessa cama.

— Você não faria isso com sua amiga tão linda e... – delicadamente a empurrei a fazendo cair no chão. Ela gemeu de dor e eu dei uma risadinha.

— Perdeu a oportunidade de dormir de conchinha comigo. Agora me deixa em paz. – ela se levantou e se deitou. Depois cheirou minha nuca.

— Sinto cheiro de crápula e cretino. Boa noite. – ela virou para o outro me fazendo rir.

No outro dia a gente foi encontrar todo mundo, parece que Arthur queria dizer alguma coisa. Torci para não ser nada que eu tivesse que consertar.

— Agora vocês dois só chegam juntos. Tá acontecendo alguma coisa? – Larissa perguntou olhando pra mim e pra Alice.

— Só chegamos? Se for a segunda vez é muito. Não exagera.

— Ela e Arthur terminaram. – falei rapidamente. Ela me olhou com raiva. – Qual é, acha que logo eles não saberiam?

— O que aconteceu? – ele ficou incomodado ao ouvir a pergunta.

— Viemos pra fofocar? – questionei o salvando.

— Conversei com Ravi sobre ir trabalhar com meu pai. – torci o nariz. – Vou ficar até o final do mês e quando Rafael voltar ele vai ficar no meu lugar.

— Ele já sabe? – Otávia perguntou olhando o irmão que concordou. – Ele deve tá muito feliz. - ela comentou e sorriu.

— É... Nem tanto. – ele franziu a testa. – O que foi bem estranho... Mas enfim, queria dizer que eu sei que a maioria de vocês não concordam comigo, só quero que não deixem com que isso faça vocês não me dizerem nada em relação a isso. E também saibam que eu não vou deixar meu pai me manipular.

— É um grande alivio. – debochei. – Eu vou passar uns dias longe. – avisei.

— Mesmo com tudo que está acontecendo? – ele questionou sem acreditar.

— Por causa de tudo que está acontecendo. – respondi.

— E vai pra onde? – Alice me olhou perplexa.

— Não sou seu novo namorado lindinha. – sai e antes olhei para Ryan. Ele havia lido minha mensagem e concordado. Ótimo.

— Entra. – falei quando ele apareceu na janela no meu carro. Estacionei na rua de trás da casa de Arthur e estava esperando por Ryan, conforme disse em minha mensagem.

— O que você quer comigo? – ele perguntou se sentando e fechando a porta.

— Caleb Montez vai dar as informações que o incriminam para termos o suficiente para o levarmos à prisão. – o olhei. – Só eu acho isso suspeito demais?

— Você acha que é uma armadilha?

— Pode ser. O cara não vale nada. Aprendi a desconfiar de tudo com o próprio. E por todos esses meus anos de convivência... Eu não dou nada por ele. O que você vai fazer amanhã?

— Não sei, por quê? O que está pensando?

— Preciso ficar em sua casa. Vou fingir que vou fazer uma pequena viagem... Quero deixa-lo tranquilo com o meu afastamento. Ele não pode saber que estou desconfiado. Se eu ficar em casa vou acabar o confrontando.

— Por que minha casa Kevin?

— Maísa é médica e faz vários plantões, mal para em casa e Jean... Sei lá, seu pai parece sonso.

— Você tem uma péssima forma de analisar as pessoas.

— Quebra essa vai. – pedi esperançoso.

— Por que não confronta-lo é tão importante?

— Você não entenderia. Tudo pra ele é parte de um jogo. E eu preciso ser mais inteligente se quiser ganhar dessa vez.

— O que tá rolando com você e Rafael?

— O que isso tem a ver Ryan?

— Nada. Só estou curioso mesmo. – ele sorriu.

— Provavelmente ele tá me traindo. – respirei fundo. – Ainda não tenho certeza.

— Depois de ele tirar a virgindade de Otávia você realmente esperava que ele fosse alguém legal? Rafael é movido pelo sexo e você é bem burro se ainda não entendeu isso.

— Que mundo eu estou pra ser humilhado por você?

— Não diz “você” como se eu fosse o Yuri. Respeita o meu intelecto e a minha bagagem de percepções.

— Você é um escroto que só sabe fumar Ryan.

— E o seu namoradinho é um escroto que só sabe transar. Quem é pior? – ele me encarou e depois sorriu. – Acho que ainda estou em vantagem.

— Nenhum dos dois. Na verdade o pior fui eu de ter acreditado.

— Nunca mais diga isso. – ele ordenou de forma séria. – Ninguém perde por acreditar em alguém, idiota é a outra pessoa por enganar. E enquanto você estiver em minha casa sem lamentos e choradeira. Tá entendendo?

— Valeu. Não só por me deixar ficar lá. – suspirei.

— Que merda, você tá tão sensível... Sinto falta do Kevin durão.

— Sente não, eu era o pior tipo de pessoa. – ele concordou com o olhar e deu um sorrisinho.

No outro dia fiz o que planejei. Ficaria na casa de Ryan uns dois ou três dias, talvez quatro, era pouco tempo, apenas para mostrar ao meu pai que eu não estava nem aí pra ele. O que não condizia nada com a realidade.

— Arthur foi buscar Rafael. – Ryan me contou entrando em seu quarto.

— É, estou sabendo. Ele vai voltar mais cedo... A gente mal tem se falado.

— Não é pra menos né Kevinho? – nos olhamos. - Semana que vem é aniversário da Alice. Ainda bem, assim ela para de vim aqui encher o saco. Por que diabos contou a ela que estava aqui? Ninguém sabe.

— Você entende o quanto ela é chata? – ele riu. – Contei por isso.

— Alexandre pediu que Aline continue participando das nossas reuniões daqui pra frente. O que você acha disso?

— Tá perguntando por eu desconfiar de todo mundo? – ele concordou. – A garota é de boa. Por falar em desconfiança... Tem visto o Danilo?

— Não. Ele sumiu. A irmãzinha dele também. Parece que foram visitar familiares. Otávia deve saber. – respirei fundo com sua resposta. – Ela é uma idiota.

— É de família. Yuri é. Arthur é. E olha só... Até eu acabei sendo.

— Vai conversar com ele? – o olhei e fiquei sério.

— Preciso. Mas preferia fingir que esse namoro nunca aconteceu.

— Seu jeitinho Kevin de resolver as coisas. – ele riu, ignorei e comecei a arrumar as poucas coisas que levei pra lá, afinal hoje ainda eu voltava pra casa.

Arthur Narrando

Assim que parei em frente a casa de Rafael vi que ele evitava me olhar. Talvez por vergonha. Mas eu ainda não podia julga-lo. Ele se despediu do pai novamente e eu fiz o mesmo e então pegamos a estrada. Em silêncio.

— Você tá devastado né? – ele perguntou em relação ao fim do meu namoro que ele já sabia que havia acontecido.

— Sim. – respondi quase em um sussurro.

— Estou aqui se precisar conversar, se quiser alguém apenas pra te ouvir... – o olhei por alguns segundos.

— Sei que pediu pra eu estar aqui por algum motivo... Diz logo Rafael, o que foi que você aprontou? – ele ficou em silêncio. Achei que seu olhar seria de vergonha, mas parecia ser raiva.

— Por que eu teria que aprontar alguma coisa?

— Eu e você te conhecemos muito bem.

— Se eu não fizesse por amor seria por você Arthur. Sabe o quanto você é importante pra mim e sei o quanto ele é importante pra você.

— Então por que você continua o ferindo dessa forma? – o olhei. – Ah, você não sabe? Devia ter imaginado quando desabafou sabe-se lá o que com a garota que você amava antes.

— Já sei que Alícia falou demais. Fabiana me contou.

— Se fosse só ela. Porque Fabiana também falou. E fez um tremendo show em cima do que seja lá o que for que você esteja escondendo.

— Arthur... – esperei ele dizer algo, mas não saiu nada.

— Cansei. Você se resolva com ele. – respirei bem fundo. – Mas não diga que não te avisei quando as coisas em sua vida começarem a ir de mal a pior. Você mexeu com a pessoa errada. E ele não vai ser bonzinho como foi com Murilo. Não espere por isso.

— Que?

— Se... Ele se sentir magoado por você... A missão da vida dele vai ser te infernizar. E eu não queria estar na sua pele.

— Por que não me avisou isso antes de eu dizer sim ao pedido de namoro?

— Você sabia do histórico de psicopatia dele. Não precisava de avisos.

— Mas eu não o conhecia antes! Isso não devia ser nenhuma novidade pra você.

— Tá com medo? – o olhei e sorri.

— Sim. Estou. – notei que na verdade ele estava apavorado.

— Você fez uma merda muito grande. – falei com desgosto. – Se eu perder meu irmão por sua causa, eu juro que vai ser difícil te perdoar. – ele não respondeu nada e ficou em silêncio o resto do caminho. Saímos de uma perseguição criminosa para uma avalanche de mágoas e términos. Não sabia mais o que fazer para as coisas irem bem.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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