Amor Perfeito XIV - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 42
Dois filhos, uma morte.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Kevin Narrando

Estávamos a caminho da universidade. Arthur teve a brilhante ideia de chamar Yuri, já que ele se sentia tão deixado de lado por nós dois.

— O que você tem? – ele me perguntou me fazendo olhar pra ele. Lembrei a nossa conversa para nos acertarmos. Ele até chorou, disse como se sentia e explicamos o nosso lado. Ele não era idiota, eu já disse a ele o quanto o admirava, o que acontecia é que tudo o que estava rolando era demais pra ele.

— Nada. – respondi e voltei a olhar para o outro lado.

— Você tá bem puto. Brigou com o Rafael? – ignorei.

— Sim. – Arthur respondeu lá da frente. – Vocês tem brigado bastante né?

— O que você chama de briga eu chamo de discussão.

— Qual é a diferença? – Alice questionou se virando pra trás.

— Briga é algo mais sério. – respondi com evidente má vontade.

— E qual foi o motivo da discussão dessa vez? – ela não se incomodou e continuou.

— Aquele idiota tá jogando futebol com a perna daquele jeito. Ele diz que os pontos estão caindo, mas sinceramente... Quem faz isso?

— Meu irmão faria. – ela me olhou. – Tranquilamente. – assim que ela virou pra frente respirei fundo.

— Isso explica muita coisa. – respondi. Olhei para Yuri. – E o papai do ano, tá preparado para enfrentar isso?

— Estou me preparando. Mandei mensagem pra ela, vamos conversar essa semana para decidirmos como vamos contar aos nossos pais.

— Como vão contar? Vejo só uma forma “vamos ter um bebê”.

— Não discuta a sensibilidade dele. – Alice o pediu e eu a encarei. Passei o resto do caminho tentando dormir e não conseguindo.

Chegamos e eu comecei a reparar no lugar, andando pelas ruas e alojamentos. Assim que entramos no prédio que segundo Arthur iriamos encontrar Fabiana, uma garota abordou meu irmão.

— Arthur Montez! – ela disse vagarosamente com a voz um pouco sedutora e muito surpresa. Parecia impressionada e bastante eufórica em vê-lo. Dei uma risadinha ao notar a cara de Alice.

— Oi. – ele falou apenas sem nem olha-la direito e continuou andando.

— Quem era aquela? – ela perguntou sem disfarçar o quanto estava nervosa.

— Não sei. – ele desconversou o que ele sabia que era pior.

— Ah não sabe?! Com certeza alguma garota que você ficou.

— Ele se livrou dela em segundos Alice, deixa de ser chata. – reclamei.

— Se fosse o Rafael, queria ver se seria chatice. – pensei um pouco.

— É... Melhor eu não me meter né? – dei um sorrisinho sem graça pra ela e ela me olhou ainda com raiva. Arthur parou em frente uma porta e bateu. Fabiana atendeu rapidamente ficando totalmente surpresa. Depois de batermos papo deixamos Alice lá e fomos beber alguma coisa, os três irmãos juntos. Quem diria.

— Alice está ligando. – Arthur falou e atendeu seu celular. Depois de dizer sim algumas vezes ele nos olhou. – Ela está com dor de cabeça e pediu pra comprar remédio pra ela. Fica longe a farmácia, quer que eu deixe vocês lá no bar primeiro?

— Ela é um gênio. – dei uma risada. – Ela tá é com medo de você encontrar alguma outra garota. Isso vai te manter ocupado por tempo suficiente. – o olhei e ele desviou o olhar.

— Ela não faria... – antes que ele completasse a frase voltei a falar.

— Faria. Você sabe que faria. Ainda mais depois de você quase transar com outra.

— O que? – Yuri nos olhou.

— A gente conta no bar. Depois de irmos comprar o remédio da ciumenta insegura. – ele me repreendeu com o olhar e lá fomos nós. A farmácia realmente era longe pra caralho e ao chegarmos lá ela ainda demorou a nos atender.

— Vamos com vocês. – elas disseram sorrindo. Olhei pra Arthur e ergui as sobrancelhas.

— A dor de cabeça dela até passou. – comentei e fui me virando andando para a saída do prédio.

Pelo visto as duas haviam se acertado, pois sorriam e batiam papo bem animadas. Chegamos à porta do bar e eu dei um passo pra trás. Todos entraram menos eu.

— Por que só agora eu estou sabendo disso? – perguntei a Arthur assim que ele veio até a mim.

— Você não veio na época que todo mundo veio, ela trabalha... – falei por cima dele.

— E não pensou em me perguntar se eu queria vim mesmo assim?

— Não Kevin. Por que eu perguntaria? Deixa de ser infantil.

— Por quê? Ela é a única garota que ele amou, ela o amava também, ele é meu namorado... É perfeito. – falei indignado. Alice veio perto da gente notando que havia algo errado.

— Esse é o único bar dentro do campus Kevin. – ele disse e ela entendeu tudo.

— Tá. Eu vou. Mas eu não me responsabilizo pelos meus olhares. E se ela falar alguma coisa comigo eu vou trata-la mal.

— Kevin... – Alice ficou de frente pra mim e segurou meus braços na altura do cotovelo. – Por favor, já tem muita coisa ruim acontecendo.

— Tem que parar de fazer isso. – falei a encarando.

— O que? – ela questionou sem entender ou se fazendo de sonsa.

— Achar que eu vou bancar o bonzinho só porque você tá pedindo.

— Eu te disse que você nunca vai ser igual a ele... Mas isso não significa que não pode ser tão bom quanto ele. Desculpa por aquele dia, eu fiquei muito nervosa. Você me lembrou de você do passado.

— Algumas coisas que eu disser ou fizer sempre vão lembrar aquele Kevin, mas você tem que entender que eu não sou mais ele. – respirei fundo. – Mas também não sou o cara que você controla. Esse aí é outro. – apontei com a cabeça para o lado.

— O que tá havendo? – Yuri perguntou vindo até a gente.

— Dá o fora. – respondi rapidamente.

— Já vão começar a agir comigo desse jeito? – ele já iria ficar magoadinho.

— Ele tá nervoso Yu. Alícia trabalha aqui e ele tem ciúme dela.

— Uau, quem estava julgando Alice agorinha mesmo? – ele questionou me olhando com aquela cara abobada que ele tinha.

— Temos que entrar. – olhei pra Alice. Emburrei mais ainda e fui com eles.

— Ei gente que surpresa. Achei que nunca entrariam. – a garota que já estava perto da mesa conversando com a amiga disse e abraçou Arthur e Alice. Sentei e fiquei olhando pra ela.

— E aí Kevin, como Rafael tá? – sua pergunta me parecia mais um desafio. – Soube que ele não está muito bem. Ele foi para a casa né? Não temos amigos em comum, na verdade a gente nem mora perto apesar de morarmos na mesma cidade, mas... Andei falando com ele esses dias. – continuei olhando pra ela.

— Ele já tá melhor. – Arthur respondeu vendo que eu não falaria nada.

— Meu irmão sempre pacificador... – comentei. – Já que ele respondeu primeiro, vou deixar ele te dizer os detalhes que te interessam, antes que eu diga... Não sou tão legal.

— Você... Se sente ameaçado por mim. – ela concluiu quase sorrindo. Mas não era um sorriso comum, havia arrogância e prazer ali. Alícia não me enganava. – Você é esperto. Deveria se sentir mesmo. E... Eu e ele nos odiamos, agora não mais. Acho que estamos começando a criar um vínculo de amizade. Ele... Realmente não me parece muito bem. E não estou falando do machucado. – ela sorriu. – Gente eu vou voltar pra lá, tenho que trabalhar.

— Calma. – Alice falou me olhando.

— Ele tá desabafando com ela! – falei pra ela. – Sei que estamos discutindo, mas... Ela?!

— Você acha que é sobre as brigas de vocês? – meu irmão perguntou e eu respirei bem fundo.

— Lógico. – respondi completamente insatisfeito.

— Não é isso. – Fabiana falou parecendo não querer falar. – Não posso dizer o que é, mas não é isso. É algo mais sério, mas que você não deve sair correndo pra ir atrás dele porque só vai piorar as coisas.

— Ele ficou com alguém. – falei em um tom de voz baixo quase não acreditando no que eu disse.

— Deixa que ele volte. Ele mesmo vai te dizer.

— Você nem é tão amiga dele, como sabe? – Arthur a questionou.

— Alícia não aguentou e me falou... Não estou fazendo fofoca. Meu intuito é apenas preparar Kevin. Acho que vai ser um baque muito grande pra ele.

— Você está confirmando. – falei em relação a traição. - Notei que ele estava estranho, mas eu tentei não pensar em coisas ruins. Além disso, eu estou tão envolvido com várias coisas... – comecei a me sentir culpado.

— Não confirmei nada. Não tem ninguém, também não é isso. Posso te falar algo que vai te deixar mais tranquilo? Seja o que for não tem como você mudar. Então não pensa mais nisso e espera ele chegar e daí vocês conversam. Agora foca nas coisas que você tá envolvido.

— Tá bom. – respondi tentando não demonstrar o quanto eu estava triste.

— Você conseguiu uma resposta positiva dele, parabéns. – Alice falou pra ela e sorriu.

Nem preciso falar que fiquei calado o resto daquele passeio e da volta pra casa. Era noite e infelizmente o que havia com Rafael não seria o maior dos meus problemas.

— Leva Alice e depois vai pra casa. – Arthur mandou olhando Yuri enquanto dois caras nos pegavam e outros dois apontavam arma para o carro. Eu já estava tão mal que aquilo ali seria apenas algo a mais.

— VOU FALAR PARA O MEU PAI E A MÃE, AONDE ESSES CARAS VÃO LEVAR VOCÊS? – ele gritou enquanto Alice chorava desesperadamente. Se aquele moleque não calasse a boca ele iria acabar sendo levado junto, o que acabaria sendo um problema ainda maior.

— Não fala nada pro Ravi e nem pra nossa mãe. – Arthur pediu antes de ser jogado dentro do carro. – Não faz nada com eles, por favor. – ele quase implorou.

— Relaxa. Eles não vão fazer. – falei depois de ser jogado.  – Difícil vai ser Yuri conseguir chegar sem bater o carro tremendo como ele estava.

— Eles não podem chegar em casa daquele jeito, todo mundo vai saber.

— Todo mundo vai saber de qualquer jeito Arthur. Acha o que, que vamos dar um passeio? Um de nós dois vai morrer agora. E espero sinceramente que seja eu, já que acabei de descobrir que não tenho sorte nenhuma na vida mesmo. – olhei o carinha que me encarava. – Você podia ter me amarrado menos forte hein? Tá doendo igual um inferno isso.

— Cala a porra da boca. – ele mandou e eu ri.

— Vou vendar sua boca. – sorri e fiquei calado.

Olhei pela janela e vi que entramos em uma espécie de estacionamento aberto enorme e logo eles pararam o carro, nos tiraram e levaram para dentro de um balcão.

— Olá garotos. – o maldito disse sorridente.

— Senhor Eugênio poderia só deixar as nossas armas que nos tiraram com o irmão que ficar vivo? – perguntei rapidamente. – Elas foram muito caras.

— Não é atoa que esse garoto é o preferido do Caleb. – ele disse e riu. – Mas me chame de Glygol garoto, demonstre seu respeito.

— O que podemos fazer para entrarmos em um acordo? – Arthur perguntou inutilmente.

— Tá meio tarde pra bandeira branca não acha? Não vou parar enquanto não machucar o seu pai. O garotinho ali já captou o roteiro de hoje. É uma pena não poder fazer suspense. – ele riu. - Lembram que eu disse que vocês não tinham todas as respostas e nem mesmo sabiam as perguntas? – ele questionou daquela forma nojenta. – Então, agora que vocês decidiram dar uma de homens crescidos e usarem até armas, me deixem contar tudo o que não sabem. Quer dizer... Tudo não. O que envolve esse caso do pai de vocês.

— Você sempre fala muito assim mesmo?

— E você nunca tem medo de morrer assim mesmo? - ele sorriu pra mim. - O desvio do pai de vocês foi pago por ele. Bem rápido, antes de descoberto na verdade, ele é esperto e percebeu que a casa dele estava caindo. Só que como vocês imaginam... Ele tinha que pagar. Com a vida. Quando eu ia aniquila-lo ele me fez uma proposta de negócio. Aceitei porque é algo que só ele vai conseguir... Já que envolve o novo hotel de Alela. – ele sorriu. – Só que ainda não era o bastante. A gente tem um código de honra, que tem ser levado a sério. Ele me roubou! Então, pedi para escolher um dos filhos pra pagar por ele, adivinha quem ele escolheu? Quem acertar fica vivo. – ele riu e olhou seus homens. - Vamos nos divertir um pouco. – ficamos em silêncio. – RÁPIDO. Um nome.

— Kevin.

— Arthur.

— Cada um falou o outro, que inteligente. PEN! Erraram. – ele ficou nos olhando. – Ele não fez como uma cena de filme chorando e implorando para não matar nenhum filho dele. Até porque tem até um tal de Yuri que conhecendo bem o Caleb eu acho que ele não é muito importante pra ele. MAS... Ele resolveu poupar todos vocês e usar uma jogada de mestre. Aquele idiota, ele é tão... Articulado, astucioso... Ele provou por A+B que se matasse Alice atingiríamos vocês mais que a morte. Acho que ele estava certo. SÓ QUE AI...

— Por que você tá gritando? Estamos perto de você.

— Dá um soco nele. – ele mandou e um dos homens dele veio e me deu um soco forte pra caralho, não lembro a última vez que senti tanta dor. Senti o sangue escorrer e continuei olhando pra ele.

— Como eu dizia... Vocês acham mesmo que ele me ligaria e simplesmente exigiria ou recomendaria que eu mudasse de alvo? Estávamos nos comunicando o tempo todo. Não foi um pedido dele, foi um acordo mútuo. Mas uma coisa me deixou intrigado... Ele estava feliz demais. Matar o garoto pra ele era um alívio. Ele nem ao menos conseguia disfarçar. Acho que seu pai não é muito satisfeito com sua sexualidade né Kevin? E ele me rouba e ainda fica feliz? Não. Isso não tá certo. Foi aí que voltamos aos filhos dele. Então... Qual dos dois vai ser?

— Nenhum. – meu pai apareceu o olhando de uma forma nada satisfeita.

— Veio ver uma das suas crias morrer?

— Tá vendo esse dispositivo em minha mão? Se eu o acionar tudo o que a gente fez todos esses anos vai parar em um distrito policial mais próximo e eu até vou preso também, mas você vai ter um homicídio a cumprir, eu não. Eu não apertaria o gatilho.  

— Será que eu devo confiar em você?

— Seja burro o bastante para testar. Ah, nem pense que conseguirá fugir. Já calculei e não vai dar tempo. Você sabe que não costumo errar em meus cálculos.

— Cretino. – ele guardou a arma. – Sua sorte é seu cérebro. Seu azar é sua ganância. Perca tempo desamarrando seus pimpolhos. Boa sorte.

— Você tinha mesmo um dispositivo que fazia isso? – perguntei depois que eles se foram.

— Não. Mas uma mentira contada com confiança se torna uma verdade.

— Sabia. Foi uma das técnicas que me ensinou. Blefe quando não tiver saída.

— Pois eu pensei que ouviria aquele cara dizer “aperte esse botão morto” e ele atirando em você e em nós dois.

— Vim de colete. E se ele atirasse em mim tem vários homens comigo. Eles entrariam.

— Por que eles não estão aqui te ajudando? Essas cordas estão cheias de nós.

— Porque preciso conversar com vocês. – ele nos olhou. – Enquanto faço isso conversamos. É a melhor oportunidade. – ele suspirou. – Vocês agora querendo ou não estão por dentro demais de tudo o que eu faço. – olhei Arthur. – Quero abrir o jogo pra vocês, totalmente. E... Quero a ajuda de vocês. Não posso ignorar que os coloquei em perigo e não posso deixar que isso aconteça de novo. – ele acabou de soltar meu braço e olhei meus pulsos que sangravam. – Pra consertar isso eu me afundei ainda mais e hoje ao contrário de antes eu sei que não é certo, vocês me ajudam? – olhei meu irmão novamente.

— Tá. – estranhei sua resposta.  Ele me olhou sério. – É o patrimônio da minha família e eu não vou deixa-lo devastar mais que já devastou. – dei uma risadinha e não disse nada sobre o motivo principal dele ter concordado tão facilmente. Arthur era sensível a ponto de ter visto amor no ato de Caleb salvar nossas vidas. Talvez eu achasse que ele estivesse certo... Se não tivesse sido criado por ele e soubesse que psicopatas são incapazes de amar os próprios filhos. Mas isso não mudava o fato de eu querer que ele estivesse mesmo com razão.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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