Be Mine escrita por EloiseFeh


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus caros leitores! Espero que gostem do capítulo de hoje!
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789097/chapter/13

Ali no alto, com a cidade pairando sob a leve neblina, Ben tentava discernir que sentimentos as pessoas ali embaixo lhe causavam. Naquele lugar, acima fisicamente de tudo e todos, era difícil não se sentir superior, o orgulho cultivado sendo aflorado a cada minuto que persistia em olhar por aquela janela panorâmica, indo do chão ao teto no andar. Foi assim que entendeu o motivo do dono da visão se sentir assim.

 

Sua atenção foi desviada pela pisada firme de um sapato social caro, virou-se a tempo de ver o secretário, impecavelmente arrumado, lhe cumprimentar.

 

— Ele já pode recebê-lo - anunciou o homem, sem nenhum ânimo ou sentimento na voz.

 

Ben coçou o queixo, incomodado com os fios de barba que haviam começado a crescer em seu rosto, não ligou muito para isso naquela manhã. Caminhou até a porta dupla de madeira, aberta pelo mesmo homem que havia permitido sua entrada. Assim que entrou na sala, ouviu a porta fechar-se atrás de si.

 

O escritório de Ren, localizado no alto de um dos mais sofisticados prédios, era uma ampla sala iluminada pela luz que passava através das grandes janelas e ocupava todo o andar. Era quase como um apartamento, na questão de comodidade. Arrumado, sério e nada modesto.

 

Não demorou muito para que a figura de Ren, marcada por seu cabelo albino e vibrantes olhos azuis, surgisse de trás de uma divisória de madeira cujo único objetivo era dividir a ampla sala, proporcionando um lugar mais reservado próximo ao banheiro de onde o homem havia vindo.

 

— Garoto - cumprimentou Ren. Não havia simpatia ali, apesar do tom naturalmente cortês.

 

Ben continuou de pé, esperando que Ren lhe fosse direto.

 

— Não atendeu minhas ligações - disse Ren, olhando para a tela do computador em sua mesa. A presença de Ben não parecia nada importante para ele.

 

— Ando ocupado - respondeu o rapaz, sem nenhum rodeio. - Escola, essas coisas.

 

Ren soltou uma risada de canto, deixou que o computador se desligasse antes de voltar sua atenção para o garoto à sua frente. O homem parou por um momento, observando rapaz, os olhos aquilinos analisavam cada detalhes do adolescente que insistia em continuar de pé, ansioso para deixar aquela sala o mais rápido possível. Uma risada sarcástica saiu de sua boca.

 

— Você é uma mistura engraçada de seus pais, jovem Solo - comentou Ren. - O gênio ruim de seu pai e a postura corajosa de sua mãe.

 

— Me chamou aqui pra isso? - retrucou Ben, impaciente.

 

— Na verdade, gostaria de agradecer pelo que fez na oficina em Jakku. Foi bem… efetivo, pra não dizer outra coisa. - Ele abriu a gaveta de repente, tirando um envelope de papel madeira relativamente robusto. Ergueu para entregá-lo ao rapaz. - Isso é uma pequena compensação.

 

Ben continuou a encarar o homem, seus olhos indo de Ren ao envelope vez ou outra. Não conseguia aceitar, sabendo o custo dele. Sabia o que aconteceria se aceitasse aquele dinheiro, então continuou parado. Ren soltou um suspiro longo.

 

— Rapaz, um conselho: se continuar assim, não sei por quanto tempo vou poder te manter sob meus cuidados - disse Ren, a voz saindo rígida. - Nossa relação se baseia em confiança e favores mútuos. Não posso continuar fazendo isso de resolve me ignorar e agir como uma criança mimada.

 

— Não - A resposta de Ben saiu rápida, sua voz não escondendo a raiva e frustração. - Sem mais favores! A oficina foi a última vez! Quer fazer algo, faça você mesmo dessa vez.

 

Ren não perdeu a postura, continuou olhando sério para o rapaz. Como um adulto assistindo a birra de uma criança. Coçou a parte de trás dos cabelos grisalhos e sua postura relaxou na cadeira. Novamente, abriu uma gaveta e tirou uma pasta de lá. Ben pôde ver o volume proporcionado pelas as diversas folhas que pareciam saltar dali. O mais velho arrastou levemente a pasta sobre a mesa, na direção de Ben.

 

— O que é isso? - questionou Ben.

 

O homem à sua frente fez um gesto para que ele ficasse à vontade para pegar o envelope. Assim que suas mãos tocaram o papel, Ben sentiu o peso de sua própria consciência ali. Páginas e mais páginas, fotos, anotações, um registro quase completo de 2 anos. Os da frente eram mais recentes, imagens de uma câmera de segurança de uma oficina. Imagens de um garoto sem acompanhado por uma moça sorridente.

 

— Me surpreende você ser tão preocupado e ainda sim me dar todo esse material. - riu Ren, tomando a pasta bruscamente das mão do rapaz ali aturdido. - Eu sei que você não liga pra isso, mas nossa… Eu adoraria ver a carreira da sua mãe se despedaçar aos poucos. Ia ser uma oportunidade e tanto.

 

Ben tirou os olhos da pasta, que encarara durante todo tempo e sua atenção se dirigiu toda a Ren e sua leve risada. Não o olhar de um jovem furioso, ali apenas se viam os olhos de uma criança assustada e arrependida.

 

— O senado odeia ela, não é? - Ren continuou. - Senadora Organa, nossa… Tão idealista. Tentando fazer o certo num mar de tiranos. E a única brecha pra sua moralidade perfeita? O filho vagabundo.

 

— O que mais você quer de mim?

 

— Que me obedeça, somente - a resposta rápida e cortante. Ele acenou com a mão, já impaciente. - Pode sair agora. E da próxima vez, Solo, me atenda.

 

Ben exitou por um momento, pensando em avançar em Ren naquele exato momento, a raiva subindo pelo seus nervos. Saiu da sala sem dizer mais nenhuma palavra. Ren o tinha em mãos, como um brinquedo que sabia ser descartável depois que já não divertisse-o mais.

 

Cerrou os punhos com força quase que por todo o caminho até o estacionamento, o motor da Harley roncou ferozmente quando o rapaz começou a correr. Se pudesse, Ren estaria morto naquele momento, por sua próprias mãos. O pensamento obscuro o assustou por um momento, mas sabia que o ato não lhe causaria nenhum arrependimento.

 

{...}

 

— Eu só falei que ele não é tão ruim! - insistiu Rey, revirando os olhos para cada expressão julgadora na cara de Poe.

 

O moreno escutou com atenção o relato de Rey sobre sua ida à residência Organa-Solo. Leia talvez fosse a única coisa na história que ele defendia, a admiração que sentia pela senadora poderia ser percebida a metros de distância. Mas o fato que mais o incomodava era o de Rey, sua amiga e uma pessoa que ele havia cultivado certo respeito, ter aceitado um convite do tipo de um rapaz cujo o grupo de amigos se divertia em humilhar e atacar outros. Além de que o jovem Solo, para Dameron, também não demonstrava ser a pessoa mais exemplar e empática em suas ações.

 

— Eu só tô dizendo que fiquei surpreso com seu amiguinho novo, só isso - disse Poe, o sarcasmo escorrendo por sua boca.

 

— Meu Deus, cadê o Finn? - resmungou Rey. - Eu vou surtar se tiver que ficar mais um minuto sozinha com você.

 

— Em aula agora, os desocupados hoje são só você e eu - respondeu o rapaz, recostando as costas no banco de madeira onde ambos se encontravam e tomando um gole se sua água.

 

Algumas pessoas já se dirigiam para o refeitório, outras entravam no amplo pátio e sentavam-se na grama. Rey olhou na direção de Poe com um sorriso sugestivo.

 

— Então… você vai chamar o meu amigo pra sair logo ou só ta esperando minha benção? - perguntou ela, Poe engasgou-se com sua água.

 

— Qual o teu problema? - respondeu o moreno, as bochechas assumindo um tom corado.

 

— Poe, eu não sou cega! Você é insuportavelmente óbvio!

 

— Quem te contou? - questionou Poe, não encarando a amiga.

 

— Ninguém, eu reparei sozinha - respondeu Rey, sendo recebida com a sobrancelha erguida e uma expressão facial duvidosa. A garota revirou os olhos. - E a Rose também confirmou.

 

— Desgraçada!

 

— Ei! A culpa não é dela se você não é o rei da sutileza - defendeu Rey, rindo ainda mais do amigo. - Mas, cá entre nós, Finn não notaria que alguém gosta dele nem se fizessem um cartaz.

 

Poe concordou com um aceno e deixou seu corpo relaxar no banco.

 

— Me promete que não vai falar nada? - pediu Poe, a voz preocupada não condizente com a expressão de desdém, marcada por um leve bico, em seu rosto.

 

— Prometo que não vou negar se o assunto surgir - disse a amiga.

 

— Rey…

 

— Tá bom! - Riu mais um vez.

 

Poe revirou os olhos e, quase como que invocado, Finn foi ao encontro dos dois. Poe se levantou, querendo evitar ao máximo o olhar malicioso e divertido de Rey.

 

— Com fome? - perguntou Finn, mais para Rey, largada no banco, do que para Poe.

 

— Morrendo - respondeu a garota, se levantando.

 

— Ah, antes que eu eu esqueça: Não sei se vocês sabem, mas a irmã da Rose vai se formar - disse Poe, acompanhando ambos os amigos.

 

— Aquela que entrou junto contigo antes de você largar por um tempo? - retrucou Rey.

 

— Precisa elaborar tanto?

 

— Não é como se fosse um segredo, Poe.

 

— Enfim, a Paige tá chamando alguns veteranos pra uma "festa" esse fim de semana e eu estou estendendo o convite pra você e você. - O rapaz apontou para dois separadamente, andando de costas para o caminho em que seguiam.

 

— "Festa"? - perguntou Finn, percebendo a mudança no tom de voz do rapaz.

 

— Eu não sei exatamente quantas pessoas vão - respondeu Poe. - Podem ser 10, podem ser 50. Não sei classificar esse tipo de reunião social com outra palavra…

 

Finn riu de canto e olhou para a amiga ao seu lado.

 

— O que você acha?

 

Rey fez uma careta.

 

— Não sei, não conheço ninguém da turma da Paige ou coisa do tipo.

 

— Conhece a gente - respondeu Finn, passando os braços em volta dela enquanto verificava o celular com a outra mão. - E a Rose. E a galera vai gostar de você, pelo menos a Paige eu sei que vai.

 

Rey respondeu com um sorriso amarelo.

 

— Eu não tenho nem roupa pra isso - disse ela.

 

— A Rose te ajuda! - afirmou Finn, sorrindo e mostrando uma troca de mensagens em seu celular. - Até porque já confirmei que você vai.

 

— Finn! - protestou Rey.

 

— Aprende a relaxar, Rey! - insistiu Finn, sacudindo a amiga com ambas as mãos. - Qual o problema de sair uma vez com seus amigos, vai? Por favor? Uma vez?

 

Finn fez um bico infantil, o que fez Rey dar uma leve risada. As tentativas do rapaz de sempre fazer com que ela se sentisse bem, alegravam-na sempre.

 

— A gente já almoça junto todo dia e saímos tem menos de uma semana! - argumentou a garota, rindo mais do drama do amigo do que de qualquer coisa.

 

— Enfim… - cortou Finn, sabendo que iria perder qualquer argumento se continuasse. -  Vai contar o que aconteceu da casa do Solo?

 

Rey revirou os olhos, com tanta força que achou que iria ficar cega.

 

— Me deixem em paz sobre isso, por favor! Festa? Fim de semana? Estarei lá - disse a garota estrategicamente, se afastando dos amigos o mais rápido que podia.

 

Ambos pararam por um tempo, observando a garota se distanciar. Os dois trocaram um olhar, cúmplice e duvidoso.

 

— Ela não tá meio estranha desde que foi lá? - perguntou Poe, sendo recebido por uma risada abafada. - É sério, vai saber o que ele fez ou disse com ela...

 

— Eu tenho certeza que ela sabe se cuidar - respondeu Finn e, com um simples aceno, fez o amigo o acompanhar.

 

{...}

 

O respiro de alívio fez com que seu hálito fosse expelido na forma de uma leve fumaça de vapor, indicando para Rey que aquela seria uma noite fria. A garota desprendeu as alças de seu macacão e esticou os braços sem nenhum impedimento. A camisa de malha amarela, levemente frouxa no seu corpo pequeno, estava manchada de graxa e poeira. Seu afazeres finalmente haviam terminado, apenas dois colegas ficaram na oficina para fechar, o que não demoraria muito.

 

Trancou-se no seu trailer, e se permitiu ficar a vontade. Ligou um rádio velho que tinha já há algum tempo, a estática precedendo uma música calma tocada pela rádio local. Pegou um pacote de biscoito qualquer e um livro recém adquirido da biblioteca da escola, sentou-se em seu sofá. Aquele paz doméstica era o tipo de coisa que, apesar de tudo, a fazia se sentir bem ali.

 

Havia terminado os serviços rapidamente naquele dia, surpreendendo até mesmo um garoto novato que havia chegado naquela semana. Substituindo Udo.

 

O pensamento acerca do ex colega de trabalho a deixou desconfortável, apreensiva. Era uma lembrança que Rey gostaria de esquecer: o homem semi-morto na porta de sua casa, seus pensamentos desesperados, as luzes e o som da ambulância chegando. Era incrível como ela não conseguia simplesmente ser indiferente àquilo, como vários outros ali pareciam ser. Isso havia se tornado algo cada vez mais contrastante em sua mente, que nos últimos dias havia se acostumado com ambientes e pessoas que a faziam se sentir bem.

 

Ela tomou um susto com as batidas na porta, fortes mas não brutas como a de Unkar ou a de alguém da oficina. A garota demorou um pouco para processar a recente informação de que havia alguém ali, deixou o livro de lado e se dirigiu à porta, já irritada por alguém ter atrapalhado sua leitura. Uma outra série de batidas começou a ser feita.

 

— Já vou! - respondeu ela, o tom de voz irritado.

 

Quando abriu a porta, a última coisa que sentiu foi raiva. Surpresa, acima de tudo. E uma estranha sensação no peito se apossou de seu corpo no momento em que ela viu o olhar suave de Ben Solo sobre si.

 

— Eu… posso falar com você?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Muita coisa ainda tá por vir, o que vocês acham que o Jovem Solo pode estar fazendo aí? Ahaha Deixo vocês com o cargo de pensarem ♥️

Outra coisa: Devem ter notado que tá ficando cada vez mais difícil postar capítulo toda semana. Mas não se preocupem, no máximo vai ter um intervalo de 2 semanas. É o que o tempo livre entre trabalho/faculdade está me permitindo ahaha

Obrigadíssima por acompanhar! Até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Be Mine" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.