Entre o Céu e o Inferno. escrita por Sami


Capítulo 27
Capítulo XXVI


Notas iniciais do capítulo

Oie amadinhos! Mais um capítulo e bem agitado, com esse marcamos oficialmente o ponto crítico da história e onde vamos finalmente ser levados para uma direção. Terá um pouco de spoiler nas notas finais, então não vão para lá tão rápido.

Boa Leitura!



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CAPÍTULO XXVI

O arcanjo foi direto ao ponto, não manteria uma conversa muito longa com o demônio, porque percebera que olhá-lo por muito tempo o fazia recordar de tempos atrás, de tudo o que ele já fez. Isso o incomodava. E sua forma de agir também, como o demônio selvagem e sem qualquer tipo de ética que ele era.

— Sei que tem conhecimento sobre os ataques demoníacos recorrentes em Grória e suas incontáveis vítimas, sabemos que é alguém da alta hierarquia por trás disso e queremos saber quem. — Disse. Os olhos amarelos de Baltazar iam do rosto do arcanjo ao de Alana, aonde Kambriel pôde perceber o mesmo brilho ansioso que apareceu no par de íris amarelas, ele não gostou do olhar que foi lançado para a humana e o que ele poderia significar.

Sua postura mudou, o corpo ficou mais ereto na cadeira de maneira que ele conseguisse esconder parcialmente a figura de Alana ao seu lado; trazendo a atenção do demônio de volta para si e não para ela.

Contudo não houve nenhum tipo de resposta, Baltazar continuava a comer muito tranquilamente como se a pergunta feita pelo arcanjo sequer tivesse sido feita ou direcionada para ele. Kambriel travou o maxilar com força e sentiu seus dentes ranger muito baixo, sabendo o que aquela atitude significava — ele não falaria com ele como já era esperado. Devagar, o rapaz virou o rosto em direção a Alana e com um aceno leve, pareceu dizer a ela o que fazer. Ao primeiro momento, West hesitou, mas logo concordou.

— Ataques estão acontecendo em Grória, pessoas estão sendo mortas e temos conhecimento de que são demônios fazendo isso, mas há alguém os liderando, queremos saber quem é no controle. — A fala de Alana soou de maneira gentil, mostrando um claro contraste entre eles; lançando para um demônio um olhar neutro, apesar de ser notável o nojo que ela estava sentindo com a cena dele a se alimentar.

Como se fosse despertado de algum tipo de sono, o demônio erguera os olhos para a humana outra vez, engoliu de uma só vez o que sobrou da carne que comia e lambeu os dedos sujos; para o arcanjo, a cena chegava a ser desrespeitosa e ele não estava falando de si.

— Estou ciente desses ataques e realmente é uma grande pena o que acontece por lá, são muitas vidas perdidas... — Ele disse em falso lamento. —  Mas, vocês humanos são cheios de suposições sobre tudo, por que acha que são demônios causando esse caos? Acompanho de perto como vocês são e olha, eu poderia muito bem julgar que essas mortes estão sendo causadas por vocês mesmos. O que a faz pensar que são demônios?

Perguntou, limpando superficialmente seus lábios, o que não adiantou muito, pois ainda existia resto de carne e sangue em seus lábios.

— Eu vi dois desses ataques acontecer e não há nenhum tipo de explicação humana para o que acontece com as pessoas que são atacadas. Além disso, tenho uma fonte confiável de que é a sua raça fazendo isso! — A fala de Alana surpreende a Kambriel que, não conseguiu disfarçar o momento em que seu rosto se virou na direção da moça, as sobrancelhas estavam levemente levantadas em espanto pela maneira firme e direta em que as palavras saíram de seus lábios.

Ele também percebeu que ela estava imóvel na cadeira, a postura ereta e os olhos fixos no demônio; implacável ao demonstrar a mesma repulsa que via no rosto de Eva ao mencionar o demônio. Baltazar nada respondeu, levou a mão até seus lábios e começou a cutucar um pedaço de carne que se prendeu por entre seus dentes, os olhos amarelos mantiveram-se fixos sobre Alana enquanto a humana sequer se moveu, mentalmente Kambriel sentiu-se revigorado com a coragem mostrada por ela. Momentos atrás a mesma moça estava temerosa sobre conhecer o demônio, mas aquela ao seu lado mostrava uma firmeza admiradora.

O demônio torceu os lábios e fez um som de estalo, jogando sobre seu prato o pedaço de carne que arrancou de seus dentes.

— E está usando uma experiência particular para culpar demônios? Isso é baixo até para mim! — Zombou, apesar de toda a pompa que Baltazar queria mostrar ali, era visível seu desconforto com as perguntas feitas pela humana e Kambriel estava conseguindo perceber isso. — Acusações assim sem qualquer tipo de fundamento ou baseado em algo pessoal é muito perigoso, sabia disso? Tendem a causar problemas futuros.

— Não é uma acusação — Ela o respondeu, mantendo-se firme com suas palavras. — É uma certeza, uma informação que veio diretamente do inferno. De alguém da sua raça.

O arcanjo cuidava de manter sua atenção dividida entre a humana e o demônio, em alerta para qualquer reação inesperada que a colocasse em perigo. Novamente sua fala o surpreendeu, era estranho vê-la agir daquela maneira, firme e sem qualquer sinal de simpatia não apenas em sua voz, mas em seu rosto também.

— Não deveria confiar em mentiras, Alana — Começou a falar, o corpo se inclinando para frente, suas mãos se apoiaram sobre a superfície da mesa, os dedos longos e pálidos pareciam apertar aquela beirada com força. Como se quisesse arrancá-la. Seu tom de voz mudou ali, um tipo de mudança que fez com que a face do demônio ganhasse um ar mais cruel.

Alana lutou em demonstrar certa indiferença com a resposta do demônio.

— Como eu disse antes, foi um da sua espécie que confirmou. — Alana diz, o tom manteve-se firme, mas Kambriel percebeu um leve tremor em sua mão quando olhar de Baltazar se intensificou nela; existia certa diversão nos olhos vermelhos do homem, mas o que predominava era o teor cruel com a qual ele a encarava. — Por que está fugindo da resposta? Está tão decidido em dizer que a minha “acusação” não passa de uma mentira, então por que todo esse incômodo em me responder?

Novamente o arcanjo se viu surpreso com a atitude de Alana, no modo firme e tão astuto em que as palavras fluíram por seus lábios e pareceram acertar em cheio o ego de Baltazar. Pelo visto ele não fora o único a notar o desconforto no demônio pela pergunta feita e, ela fora esperta em usar isso. Kambriel tinha ciência da ousadia da moça ao seu lado — viu isso quando ela se ofereceu para ir ao inferno, mas ele não esperava por isso naquele momento; não quando instantes atrás, ela estava temerosa com aquele encontro.

— Você me pegou, Alana. — O demônio riu, levantando os braços para cima como se fosse um criminoso pego. Havia um teor de zombaria em sua voz. — A julguei mal, admito meu erro, é bem mais esperta do que pensei. — Uma pausa. — Sim, eu sei quem é o demônio por trás desses ataques.

Houve uma segunda pausa, mas esta nem durou muito.

— O que? Não vai insistir para que eu diga quem é o demônio?  — Perguntou ele com falsa decepção, curvando os lábios como se mostrasse tristeza. — E você, irmão? — O demônio virou-se para Kambriel. — Não vai insistir também pela informação que tenho?

O arcanjo soltou um muxoxo desdenhoso.

— Sabe que se eu for mesmo insistir, será de uma forma nada agradável. — O ameaçou, seu rosto sequer pareceu se mover. Permaneceu firme e implacável. Baltazar e ele se encararam pelo que pareceu uma verdadeira eternidade, estava claro que ele tentava provocá-lo de alguma forma e quando viu que não conseguiria, desistiu.

— Mas antes, eu gostaria de bater um papinho bem rápido com você, Alana. Isso se, você não se importar, obviamente. — Pediu, mudando a direção de seus olhos para a humana. Alana demorou para concordar, mas o fez, mantendo-se firme. — Na verdade é só uma pergunta, algo que tem me deixado intrigado muito.

— Qual é a pergunta?

Devagar, Baltazar inclinou parte de seu tronco para frente e sorriu.

— Está ciente de que você se meteu em um assunto que não lhe diz respeito? Quer dizer, você é uma humana — sem querer ofender —, não vejo o que esse mundo e essa situação toda tem que despertou em você esse estranho interesse, mas já que está aqui acredito que esteja sabendo que, se intrometer em assuntos que não lhe dizem respeito pode causar problemas sérios. — Sua fala soa em um tom muito leve e quase descontraído demais, seus olhos brilharam quando notaram um breve incômodo na humana, mas fora algo que não durou muito. — Digo o mesmo para seu amiguinho aí, os dois estão se metendo em assuntos que não deveriam.

— Acha que eu não estaria aqui se não estivesse ciente de tudo? — Ela devolveu sua resposta com outra pergunta.

Os lábios de Baltazar se franziram levemente.

— Honestamente? Se realmente soubesse aonde está se metendo não estaria aqui tendo essa conversa comigo. — Argumentou dando com os ombros. — Se fosse esperta, se fosse realmente esperta, estaria sendo mais prudente sobre o assunto no qual se meteu. Até porque, pode acabar como a sua mãe, presa no inferno por uma eternidade de tormento. — Um sorriso cruel foi mostrado nos lábios sujos de Baltazar ao mencionar o pai de Alana. Kambriel piscou e pôde sentir a tensão no corpo da humana ao seu lado, o coração batendo acelerado era algo que ele conseguia ouvir.

De esguelha ele a olhou, o rosto da moça estava na mesma expressão neutra de antes, mas era notável que existia sim um certo... Abalado. As palavras de Baltazar a machucaram, muito.

— A ameaça de ser levada ao inferno não me assusta. — Alana respondeu, gaguejando as palavras enquanto manteve seu olhar fixo no demônio ainda a encará-la com o ar cruel de antes.

— Não minta, pensei que seu papai como pastor a tivesse ensinado que mentiras são do diabo — As palavras do demônio saíram de forma pausada por seus lábios em um sinal óbvio de provocação. — E ele entende muito bem de mentiras não é mesmo, mentiu até finalmente morrer!

— Não sabe nada sobre ele. — West defendeu o homem no mesmo instante com fúria e ao mesmo tempo muito autocontrole para não deixar que sua voz tremesse, seus olhos se estreitaram levemente. A pressa com a qual as palavras saíram de seus lábios deixou em evidência que ela não gostou do que ouviu sobre o pai. — Você não sabe nada sobre ele e muito menos sobre a minha mãe, seu bastardo!

O rapaz percebeu tarde demais que sem que notasse, Alana dera a Baltazar a brecha que ele tanto buscava naquela conversa que mal havia começado. Diante da provocação clara sobre sua mãe — uma informação que ele desconhecia —, ele saiu vitorioso quando decidiu também mencionar Jacob West na conversa, pois sabia que isso de certa forma a menção do homem a abalaria. E realmente abalou.

— Não sei? Seu pai foi para o inferno certo de que eram demônios atacando humanos comuns na sua cidade, acusando-nos de algo que baseou em uma experiência pessoa. Exatamente como você está fazendo agora, talvez ser lunático seja herança da família West, tal pai, tal filha — Riu desdenhoso com a própria provocação. — Talvez você acabe como ele, morta. Ou termine como a sua mãe: tomando um banho quente no mar de fogo.

Foi o ápice, não só para Alana, mas para Kambriel também.

— Chega! — O arcanjo exclamou quando empurrou a cadeira para trás e colocou-se de pé em um salto ao mesmo tempo em que Baltazar fizera o mesmo. Sorrindo de maneira vitoriosa por ter conseguido mexer com Alana.

— Eu nem me aqueci ainda! Não queriam conversar? Então vamos conversar, tenho muito o que falar! — Provocou o demônio, apoiando as mãos sobre a mesa para que se mantivesse inclinado, ainda em direção a humana. — Alana, você primeiro: O que é mais frustrante, humana? Saber que de um jeito ou de outro, você acaba como a sua mãe ou que seu pai esteve sempre mentindo para você?!

Kambriel sentiu suas costas formigar e para se controlar, fechou suas duas mãos em punhos firmes antes que qualquer atitude fosse tomada ali. Seu subconsciente gritava para fazer o que tentava evitar — atacá-lo e o jogar janela afora —, mas algo o puxava para uma realidade mais severa, o silêncio de Alana e a expressão endurecida de seu rosto. Ele viu que ela parecia se sentir completamente exposta ali, o peito subia e descia tão rápido e os olhos pareceram se encher de lágrimas, mas existia nela uma força ainda maior que pareceu impedir que ela chorasse. Bastou para Kambriel.

— Vamos embora! — Anunciou ele, puxando a mão da humana quando ela se levantou, os olhos fixos no demônio e na maneira zombeteira com a qual falava.

— Agora você Kambriel: — Ele ouviu a voz do demônio ficar mais alta, chamando mais a atenção. Ele tentou ignorar as outras provocações que viriam, mas foi impossível quando ouviu as palavras saírem dos lábios de Baltazar. — Quão frustrante é para você saber que independente do que fizer, sua queridinha e amada Alana acaba no inferno junto conosco de qualquer maneira? E que você não tem a mínima ideia do que realmente está acontecendo? É ingênuo por pensar que vai derrotar alguém quando sequer sabe por começar!

Se fosse realmente humano, ele poderia dizer que era impossível que seu coração simplesmente parasse de bater quando as palavras do demônio ecoaram por sua mente e mesmo que fosse um ocorrido sem qualquer possibilidade de acontecer com uma pessoa normal; foi exatamente isso o que aconteceu naquele momento. Durante meio segundo, o coração de Kambriel parou de bater. Seu corpo pareceu esfriar e ele — com sua mente humana — sentiu-se realmente morto. Contudo, a raiva que sentiu subir por cada veia de seu corpo, tensionar cada músculo fez com que esse meio segundo em que seu coração parara, voltasse; agora com batidas aceleradas.

Foi necessário muito controle de si mesmo, porque se não fosse por Alana junto a ele, sua reação seria muito semelhante a que teve com Zarael dias atrás. A janela de vidro seria quebrada e a queda não seria um problema, mas o que viria em seguida sim e, o rapaz não queria expor-se daquela maneira para Alana. Não quando sabia que poderia assustá-la. Kambriel pediu forças para ignorar a fala do demônio e continuar seguindo para a porta, os passos apressados do arcanjo não pareciam um problema para West que, parecia se controlar para não correr dali.

Atrás deles, Baltazar acompanhava a visão como se acabasse de ganhar um grande prêmio e ele realmente tinha; a brecha que queria para desestabilizar os dois.

— E Kambriel — O demônio o chamou uma última vez, mesmo que o rapaz soubesse que talvez iria se arrepender de ouvi-lo, ele parou de andar, mas não antes de jogar parte de seu corpo na direção de Alana, usando a si mesmo como uma barreira para que Baltazar não tivesse nem mesmo um pequeno vislumbre da figura dela. — Lucius não vê a hora de encontrá-lo!

Foi uma reação da qual ele não conseguiu controlar e tão pouco prever que viria sobre si, era um verdadeiro soco em seu estômago. Um golpe certeiro que o desestabilizou facilmente e que o deixou sem qualquer reação que não fosse responder à altura.

— Ótimo, eu vou estar esperando por isso.

 

●●●

 

— Quem é Lucius?! — Alana perguntou assustada assim que entraram no elevador, percebendo uma mudança assustadora nas feições de Kambriel. Em como a fala de Baltazar o deixou tomado por uma tensão estranha, transformando seu belo rosto em algo descaracterizado de sua real aparência.

Ele nada lhe respondeu, apertou o botão do térreo com força e logo em seguida deu um soco forte em todos os botões de uma só vez, apressado e claramente irritado, quase quebrando o painel com sua ação. Isso a assustou, pois Alana sabia que ele só estava agindo daquela maneira por causa do nome que Baltazar dissera e também do que ele falou antes que saíssem de sua sala.

Alana se perdeu nos últimos acontecimentos, ao mesmo tempo em que tentava apagar de sua mente tudo o que Baltazar lhe dissera ela também tentava entender o que acontecera com o arcanjo. Kambriel se transformou ao ouvir a fala do demônio, o corpo alto se tensionou de uma forma que todos seus músculos se contraíam, em seus braços era possível ver várias veias saltadas e algumas em seu pescoço também. Os olhos pareceram escurecer, o azul brilhoso e sempre tão gentil fora substituído por um tom diferente, Kambriel tinha o olhar distante, guiava Alana, mas sequer parecia ouvi-la ou prestar atenção em tudo que os rondava ali dentro.

E sua resposta... O modo como sua voz soou também a assustou.

— Kambriel, quem é Lucius? — Ela perguntou pela segunda vez, chamando-o pelo nome e novamente obtendo apenas o silêncio incomum de Kambriel como resposta. Mesmo que ele nada tivesse falado, a moça percebeu um tipo de resposta em sua reação, o simples mencionar de seu nome fizera com que o aperto em sua mão se intensificasse. Era a terceira vez que o arcanjo apertava com mais força sua mão quando o nome Lucius era dito em voz alta e nesse mesmo momento, West se deu conta de que quem quer que ele fosse, era um problema grande.

Demorou muito, estava no quinto andar quando Kambriel finalmente passou a falar com ela outra vez.

— Ele é um demônio, um dos originais. Príncipe de Lúcifer. — Disse apressado, o medo em sua voz fora algo notável para Alana. Aquela era a primeira vez que ela o via falar o nome dele daquela forma. Nem mesmo Eva chegou a mencioná-lo alguma vez. — Foi um dos primeiros a se corromper logo após Lúcifer se voltar contra o Senhor.

Ela nada mais disse e nem mesmo saberia como iria respondê-lo. Diante do claro tormento do arcanjo, suas palavras seriam inúteis e nem mesmo fariam alguma diferença.

Ao chegarem ao térreo Alana percebeu uma mudança de ambiente, o demônio que os barrou mais cedo não estava ali, assim como toda a decoração interna do prédio. As luzes eram poucas, deixando um ambiente semelhante ao da sala aonde Baltazar estava; escuro e porcamente iluminado. Aquilo a fez lembrar do inferno, a falta de luz que fazia com que todo o ambiente ao redor se tornasse algo mais assombroso. Assim que saíram do elevador, Alana se assustou ao perceber que do lado de fora, já era noite e ela perguntou a si mesma quanto tempo ficaram conversando com Baltazar? Dez minutos? Talvez alguns minutos a mais, mas ela não se lembrava de ter passado quase todo o dia com o demônio. A confusão do tempo, pensou nervosa.

— Vamos voltar para o hotel, arrume suas coisas o mais rápido que conseguir! Precisamos encontrar Eva e dar o fora daqui o mais rápido possível, voltar para Grória e resolver isso de uma vez... — Kambriel continuava puxando-a pela mão enquanto seguiam para a saída daquele prédio, finalmente dando a ela algumas respostas. O que iriam fazer assim que deixassem aquele lugar desagradável. A tensão e aquela mudança assustadora nele ainda era presente, até mesmo sua voz possuía um outro tipo de entonação conforme dava as poucas instruções do que fariam em seguida.

— E como pretende acabar com isso?... — Ela perguntou apressada também, sentindo algo de estranho com suas pernas, ela as sentiu pesadas por um momento e então seus passos falharam; ela tropeçou duas vezes.

Sua pergunta foi rapidamente esquecida quando Alana teve seu corpo puxado para trás com força, sua mão se soltando da de Kambriel de maneira tão brusca que ele sequer teve tempo de reagir. A ação a pegou desprevenida, se é que seria mesmo possível estar preparada para algo daquele tipo e quando ela se deu conta, estava a meio metro de distância dele; seu corpo completamente parado, como se tivesse sido imobilizado por algo. Kambriel a olhou com o cenho franzido e fez menção de mover-se, porém logo parou; como se percebesse que havia algo de errado ali. Seus lábios se abriram muito levemente, mas logo se fecharam formando uma linha reta e firme, seu maxilar travando enquanto os olhos se abriam mais. Alana prendeu a respiração por meio segundo e então moveu as pernas, se assustando quando o comando não chegou para elas, em sua mente ela estava se movendo, caminhando normalmente de volta para perto do arcanjo, mas a realidade era outra. Ela não estava saindo do lugar.

Sequer conseguia mover-se.

Foi então que ela pareceu sentir. O toque era suave, porém, muito firme e quente; ao entrar em contato com seu corpo ela sentiu como se estivesse queimando e sua primeira reação foi gritar, contudo conseguiu controlar-se e apenas fazer uma careta. West tinha a impressão de que eram mãos, muitas delas a agarrando pelas duas pernas, ombros e braços, fechando-se com força.

— Kambriel — Ela o chamou preocupada, sua voz saindo trêmula e falha de seus lábios ao entender o que estava acontecendo naquele momento. — Eu não consigo me mover!

Bastou alguns poucos segundos para que ele estivesse na sua frente, a face sempre perfeita dele fora tomada por um tipo de temor nunca visto antes. Os olhos estavam fixos sobre ela e lentamente mudaram de direção, como se ele agora estivesse olhando para mais alguém além dela. Mesmo que West não estivesse conseguindo se mover, a moça conseguia sentir uma presença estranha bem atrás de seu corpo, um tipo de multidão que, parecia estar com os olhos centralizados apenas nela; conseguia sentir que estava sendo observada de perto. Não foi necessário que ela pensasse muito para saber do que se tratava, demônios sua mente sussurrou a palavra com tanto cuidado, temendo que a menção da mesma em voz alta pudesse de alguma forma invocá-los ou desencadear alguma situação desnecessária. 

— Kambriel? — Ela o chamou novamente, sua voz soando num sussurro ainda mais baixo e trêmulo, seu corpo estremeceu por completo quando ela sentiu alguma coisa agarrá-la na nuca; movendo sua cabeça para que esta se erguesse, como se quisesse que os olhares de Alana e Kambriel se encontrassem.

Vendo de perto isso acontecer, Kambriel piscou muito devagar, fechando seus olhos lentamente e os abrindo com a mesma lentidão com a qual os fechara; mudando toda a sua percepção do mundo real para seus olhos espirituais. A visão que teve foi como um soco forte em seu rosto, deixando-o com uma sensação de pura impotência.

A figura de Alana continuava a mesma, parada na sua frente com olhar assustado, os olhos arregalados e tomados pelo medo do desconhecido que a segurava ali. Ele já a viu assustada antes, conseguia lembrar-se muito facilmente de seu rosto nas outras vezes, mas aquela era uma situação bem diferente. Atrás dela, rente ao corpo humano e frágil da moça, ele pôde vê-los, contou apenas seis que estavam visíveis, mas era perceptível que existia muito mais além daqueles que estava enxergando. Suas mãos — garras — estavam agarradas em seus ombros, braços e pernas e uma delas, um sétimo demônio, tinha a garra presa em sua nuca, os dedos compridos e podres afundados no cabelo de Alana.

Em volta de seus corpos ele conseguiu ver fogo, não estava os queimando, mas era um detalhe que deixava claro que fazia parte deles; Kambriel então fez o reconhecimento dos demônios com facilidade. Eram apenas demônios, criações do inferno para tormentos e castigos. A euforia deles parecia controlada, apesar de ser possível perceber que não eram eles quem a estava controlando, os olhos amarelos estavam fixos no arcanjo, era como se eles estivessem esperando por algo.

O arcanjo deu um passo para frente, tocando a mão imobilizada de Alana para soltá-la deles e parou de forma brusca quando ouviu alguém se aproximar deles. Seus passos eram lentos e ao mesmo tempo firmes, Alana também pareceu ouvir esses passos, pois seu rosto adquiriu uma expressão perturbadora. Sua respiração tornou-se acelerada, o peito agora subia e descia muito rápido para se acompanhar, sua boca se abriu e os lábios tremelicaram com claro pavor. Kambriel se sentiu imobilizado também quando sentir duas mãos estranhas repousarem sobre seus ombros, o calor vindo delas correu por seu corpo humano trazendo consigo uma sensação desagradável.

Lentamente seu rosto se virou, a fúria que sentiu o dominou da cabeça aos pés e seu rosto se transformou também. Lá estava ele, parado ao seu lado. A visão de Lucius fez com que a ira dominasse seu corpo facilmente e quase se descontrolou quando percebeu o quão perto ele também estava de Alana, bastasse um segundo para que ele o jogasse para longe dela. Contudo, seu corpo não moveu-se, ele o estava impedindo.

Os olhos vermelhos demonstravam uma vitória que não fora conquistada ainda.

— Ela é minha. — A frase foi dita com lentidão e suavidade, então os lábios finos do demônio se esticaram para cima em um sorriso psicótico. A visão muito lhe incomodou, pois era um olhar conhecido. Algo que sempre aparecia em sua face antes do demônio causar uma destruição.

— Nem ouse! — A voz do rapaz rasgou sua própria garganta devido ao tom usado, a fúria não estava presente apenas em seu corpo ou em sua face, mas também no tom de voz. A mesma causou um leve tremor no corpo demoníaco, mas não chegou nem perto de soar intimidadora para ele, seu olhar então mudou; para algo mais desafiador.

O que veio em seguida foi rápido demais, Lucius já estava do lado de Alana quando a agarrou pela cintura — como se cravasse suas mãos no corpo humano dela — e então, ele a puxou violentamente para trás — Alana nem mesmo teve tempo de perceber o que aconteceu —, levando o corpo para cima e ultrapassando o teto que se quebrou. Os gritos dos outros demônios ecoaram pelo lugar, alto e estridente, assim como a voz dela ao gritar por seu nome em um pedido de resgate. Levo um segundo para que a imagem de Alana simplesmente desaparecesse diante de si.

— NÃO! — Gritou Kambriel em descontrole. Correndo na mesma direção em que Lucius e os outros demônios foram; saltando alto e passando pelo teto destruído por eles sem nem pensar em nada que não fosse em Alana. Em seu desespero, no medo visível em seu rosto e olhar, na forma como seu nome foi gritado em clamor por socorro quando ela foi levada.

O formigar em suas costas durou apenas dois segundos até que ele finalmente sentiu quando o tecido frágil da camisa que usava rasgou-se em suas costas. Foi como sentir-se liberto depois de um longo aprisionamento, seu corpo pareceu ficar mais leve quando suas asas saltaram de suas costas e se viram finalmente livres. A forte luz que emanava delas passou a iluminar o espaço estreito por onde passava, ele conseguia senti-la arder em seu corpo, sentindo-a correr de suas asas até as costas, em seguia por seus ombros, braços para só por fim, estar em todo seu corpo. Lá estava ele, o arcanjo. Suas asas batiam forte para que lhe dessem mais impulso, seus pés pareceram pesados no começo pelo tempo em que ficara sem libertá-las, mas a sensação rapidamente sumiu e então, todo seu corpo estava leve, tomado por uma força para que ele conseguisse alcançá-la logo.

Os pedaços irregulares de concreto, gesso e madeira que eram destruídos conforme os demônios passavam pelos tetos caíam em sua direção, alguns eram lançados com a intenção de acertá-lo; uma forma para conseguir atrasar sua aproximação da humana. Em certo momento, foi preciso que Kambriel empurrasse o próprio corpo para cima, ele mesmo destruindo uma parte de um dos andares e sequer dando qualquer importância ou atenção para aquilo. A destruição do prédio de Baltazar não era nada comparada com a possibilidade de Lucius conseguir levar Alana. O simples pensamento fez com que suas asas estremecessem, bateram mais fortes, quebrando uma parede ao lado, o som da construção sendo quebrada foi escutada, mas ignorada.

Kambriel sentia seu coração humano bater em um ritmo incomum, acelerado contra seu peito era como estar perto de um colapso nervoso; cada vez mais forte, cada vez mais rápido. Dando-lhe a falsa sensação de que, a qualquer momento o mesmo rasgaria seu peito e saltaria dali, caso continuasse a bater daquela maneira. Seu corpo encontrava-se tomado por um tipo inédito de frenesi no qual o deixou descontrolado, suas asas batiam mais fortes agora, sendo forçadas ao máximo para que a distância entre ele e os demônios fosse diminuída o quanto antes. Ele se viu completamente irracional, a visão do corpo de Alana a ser puxado e a violência usada tornou real o sentimento de que, ele estaria disposto a tudo para garantir que ela não seria levada.

A risada alta de Lucius ecoou mais ao fundo juntamente com o som de gritos de agonia e gemidos de dor que parecia vir dos demônios, Alana gritou também quando seu corpo fora puxado mais forte e ultrapassou o teto de vidro que marcava o último andar daquele prédio. As centenas de cacos que caíram foram ignorados, o rapaz conseguiu proteger-se deles, mas ganhou alguns arranhões no braço quando os usou para cobrir parte de seus olhos. Isso nem mesmo era importante no momento, ele queria apenas salvá-la, tirá-la das mãos sujas daqueles demônios antes que fosse tarde demais.

— Ela é minha. — Ouviu a frase dita pelo demônio soar em sua mente, trazendo consigo um temor diferente. Ele relembrou da pergunta feita por Baltazar, sobre a mãe de Alana e de que ela estava no inferno... Será que isso acontecera com a mulher? Demônios a levaram? E a fala de Lucius se referia a isso, ao fato de ele estar disposto a levá-la também? Kambriel precisou sacudir a cabeça para afastar aqueles pensamentos que, no momento estavam lhe distraindo de seu real objetivo. Naquele instante somente uma coisa importava: Salvar Alana. O resto ele poderia resolver depois.

Alana então foi jogada para o lado, seu corpo saindo dos limites do prédio de Baltazar, os demônios não estavam mais a puxando para cima como faziam antes, mas sim o oposto. As garras se fecharam ao redor de suas pernas e eles começaram a puxá-la para baixo, acelerando sua queda. Na rua, abaixo da terrível cena que acontecia, Kambriel viu quando parte do asfalto começou a ceder, como se acontecesse um tipo de tremor que estivesse causando aquilo e não demorou para que ele avistasse o abismo de fogo. Centenas de almas começaram a gritar, ele nem mesmo conseguiu contar quantas eram, mas as viu, os braços erguidos enquanto gemiam em agonia; prontas para puxá-los de volta. Lucius estava no meio dessas almas, apenas esperando.

O tempo pareceu desacelerar para Kambriel. Alana tinha os olhos fixos nele agora, o olhar apavorado continuava ali presente, ela ergueu os braços em sua direção; como se isso o ajudasse. Parecia até uma ação boba e sem necessidade, mas Kambriel se viu forçado a imitá-la, esticou também o braço em sua direção, mostrando a ela que ele iria pegá-la. Isso era uma certeza, uma promessa.

West gritou outra vez quando duas mãos subiram por seu corpo, queimando-a. Passaram por suas costas, ombros e começaram a alcançar suas mãos; perto de agarrá-las também. Foi o suficiente para ele, o arcanjo rangeu os dentes com força e fúria ao vê-la gritar, desesperada em conseguir de alguma maneira se soltar deles — o que ele sabia que era inútil —, ele então jogou suas asas para trás. Acelerando sua própria queda também, forçando o corpo para baixo, estava perto dela, mas não o suficiente. Estavam próximos do abismo, o limite entre ele conseguir pegá-la e Lucius conseguir levá-la para o inferno.

Os gritos aumentaram de intensidade e estavam agora em sua mente, o atormentando fortemente, almas condenadas que não tinham mais salvação. O tormento o dominou e também dominou Alana, que parecia tentar jogar-se para cima para que ele conseguisse pegá-la a tempo. Novamente escutou a gargalhada de Lucius, agora mais alta, mais vibrante e medonha; certo de que ele conseguiria levá-la.

A terceira garra subiu pelas costas de Alana e ela gritou, como se queimasse outra vez, Kambriel praticamente se lançou para baixo, deixando de lado todos os seus pensamentos racionais e concentrando-se unicamente e exclusivamente nela. Seus olhos se fecharam e ele sentiu-se descontrolar totalmente, seu corpo caiu de uma só vez e quando abriu os olhos, sua mão tocou a dela e ele conseguiu agarrá-la, puxando-a para si no mesmo instante. Virando o corpo durante sua queda, o arcanjo fechou os braços ao redor do corpo de West de forma protetora, puxando seu rosto contra seu peito para que ela não visse o que estava para acontecer. 

A luz de seu corpo tornou-se forte e tirou dos demônios um grito muito agudo e perturbador para qualquer ouvido — humano ou não — ele sentiu alguns tentarem tocá-lo, agarrá-lo de alguma maneira até que desapareceram finalmente. O abismo na rua não existia mais, era como se toda a visão que viu não passasse de apenas uma visão perturbadora e ruim; aquela parte da rua estava tomada por um tipo sombrio de escuridão, não existia pessoas ou carros ao redor, não havia ninguém além deles ali e o forte brilho de vinha de Kambriel que dava a impressão que o próprio sol descera à terra.

Quando ele alcançou o chão, as pernas de Kambriel bateram com força, afundando no asfalto; isso também não o incomodou. O arcanjo respirava como se acabasse de sair de uma maratona, estava ofegante e com o coração a bater ainda muito acelerado; aos poucos ele conseguia recuperar o pouco do controle que lhe sobrou. Seu corpo relaxou e as asas se afrouxaram ao redor dele, libertando-o para que Alana conseguisse respirar e ver que, estava bem.

Lentamente ela ergueu o rosto, olhando-o calada e com a mesma expressão assustada de antes, seu cenho se franziu levemente quando ela percebeu a presença de suas asas a rodeá-los, ela não demonstrava surpresa ou confusão; estava ainda assustada. Sua ação imediata foi jogar-se em seus braços, ela o abraçando fortemente, enterrando o rosto em seu ombro e soltando um suspiro demorado em alívio. Kambriel nem hesitou em responder a ação, a envolveu também, trazendo-a para mais perto de seu corpo em um abraço largo e protetor. As mãos femininas ainda tremiam demais e seu coração batia acelerado contra o peito, mas o que realmente denunciava o pavor que a dominava, era sua pele gelada e o corpo levemente fraco.

— Alana! — Kambriel a chamou, levando a mão para seu rosto, puxando-o para que ele a olhasse mais uma vez; queria verificar se ela fora ferida fisicamente. Lentamente ela ergueu a face e ele viu seus olhos arregalados e ainda muito assustados, lágrimas começaram a cair; estava chorando. — Está tudo bem, está tudo bem!

Ele começou a dizer de maneira repetida, desesperado por vê-la daquela maneira, começou a tentar consolá-la, acariciando a face jovem para acalmá-la, limpou as lágrimas persistentes que saíam de seus olhos; o choro silencioso de medo e pavor quebraram seu coração em vários pedaços. Lucius conseguira assustá-la ao tentar arrastá-la para o inferno e ele sabia que, não era apenas um aviso ou algo que ele facilitou, Kambriel tinha ciência de que o demônio iria tentar outra vez e era uma questão de tempo.

— Está tudo bem — Repetiu a frase, usando o que Alana chamava de truque de anjo para tranquilizá-la. Mesmo sabendo de um retorno de Lucius, ele não deixaria que algo daquele tipo de repetisse, nem que para isso fosse necessário mover céus e terra para mantê-la segura. Era uma promessa que não quebraria. — Você está segura!

Alana lentamente afrouxou o aperto de suas mãos e seguraram as mãos masculinas do arcanjo, como antes ele sentiu o toque humano e quente dela, a sensação inconfundível e aconchegante que vinha dela era o total oposto do que sentiu quando Lucius o tocou nos ombros. Ela o olhou, algumas poucas lágrimas caíram de seus olhos, mas ela não estava mais chorando como antes, respirava mais devagar, os lábios menos trêmulos agora; estava se acalmando aos poucos. Isso era um bom sinal.

— Era ele... — Alana conseguiu finalmente formar uma frase sem que fossem múrmuros sem sentido, ainda que estivesse gaguejando um pouco, Kambriel conseguiu entender sua fala facilmente. O arcanjo uniu as sobrancelhas um tanto confuso com a fala dela.

Alana parecia tentar reaprender a falar, fechou os olhos e respirou fundo, não estava totalmente calma, mas era notável que ela estava se esforçando para conseguir isso, porque sua fala parecia ser importante.

— O que foi?

A expressão de Alana mudou por completo.

— Eu vi... Uma besta — Começou a gaguejar. Seus olhos brilharam, mas com um pavor já visto pelo arcanjo antes; o mesmo que ele sempre presenciava quando ela estava tendo pesadelos durante a noite. Era uma expressão que ele conhecia, via acontecer todas as noites desde que começa a vigiá-la durante o sono, em alerta caso ela acordasse assustada com o pesadelo que tivera.

— É ele quem eu sempre vejo nos meus sonhos, era ele quem eu senti me atacar no outro dia enquanto eu dormia. — Disse preocupada, as palavras saindo com certeza por entre seus lábios, mas num tom temeroso. — Eu vi ele... O rosto dele era uma besta... Era ele!

O arcanjo sentiu seu corpo tenso outra vez e ligou todos os pontos que perdera. Alana certo dia contou com mais detalhes o que via nos pesadelos, a imagem que a atacava sempre antes de acordar, os olhos vermelhos... Ele lembrou-se de que ela dissera que era como olhar uma besta. Sua mente despertou e aos poucos ele entendeu, o que ela sempre via nos pesadelos e o que viu enquanto era puxada para o inferno. Era Lucius, a real face de Lucius.


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Notas finais do capítulo

~ Sim, a conversa com Baltazar ao mesmo tempo que não deu em nada deu em muita coisa também.

~Kambriel finalmente descobriu quem está causando os ataques em Grória... O bicho vai pegar de vez agora!

~Alana por muito pouco quase foi arrastada e sim, isso tem um motivo. Tudo o que acontece aqui tem um motivo e ele será revelado muito em breve!!!!

~ Lucius é o demônio que tá atacando Grória e o mesmo demônio que a Alana vê nos pesadelos... Isso tem ligação sim, o que será?????????



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