Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 72
Desaparecimento


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥
(desculpe a demora)



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Murilo Narrando

As coisas estavam melhorando conforme o tempo ia passando. Eu já não pensava mais no que havia acontecido com minha irmã e nem me sentia culpado. A terapia foi a grande razão disso. E ver Alice bem também. Falar dela me lembrava Kevin e o fato de eu não entrar mais em contato com ele... Eu seria um idiota se não fizesse desse jeito. Ele deixou bem claro na primeira vez que foi a Torres que eu era um problema para o namoro dele. Então o melhor era que eu continuasse afastado mesmo.

Apesar de Paty me mostrar que ela era a melhor escolha que eu podia fazer na vida, todo o meu comprometimento com os estudos e as saídas que tive com Adam acabaram nos afastando um pouco. Ainda tínhamos algo, mas não era como antes.

— Há quanto tempo você não vê Patrícia? – Audrey perguntou entrando em meu quarto.

— Bater na porta é legal, sabia? – a olhei.

— É sério Murilo! – franzi a testa sem entender toda sua reação. – Estou preocupada com ela. E você deveria estar também. – pensei um pouco em nossos últimos encontros.

— Já tem uns três ou quatro dias que não nos vemos. – olhei em seus olhos.

— Ela não conversa comigo mais. E olha que eu sou insistente. – peguei meu celular e mandei uma mensagem pra ela. – Você a sentiu diferente esses dias?

— Parando pra pensar... Acho que um pouco mais desanimada. – suspirei. – Estava tão envolvido com Torres e minha irmã... Nem parei pra prestar atenção nisso.

— Talvez não seja nada. Mas eu sempre me preocupo... – a cortei antes que ela continuasse se explicando.

— Você tá certa. Eu também fico preocupado. – me levantei. – Vou lá no apartamento dela.

Sua mãe me contou que ela mandou dizer que não estava, mas que ela sabia que ela precisava de mim. Seu quarto estava de porta fechada, como eu imaginei que estaria. Assim que entrei a encontrei deitada aparentemente dormindo. Fechei a porta e me deitei delicadamente ao seu lado. E por incrível que pareça ela não acordou. Fiquei um tempão fazendo carinho em seu cabelo esperando que ela despertasse. Olhei em meu relógio e já havia se passado duas horas que eu estava ali.

— Oi. – falei baixinho ao vê-la se virando.

— O que você tá fazendo aqui? Eu pedi a minha mãe pra...

— É, eu sei. – sorri. – Mas eu a convenci que precisava muito te ver. – não quis arrumar problema entre elas. – Estou sentindo sua falta.

— Sério? – me deu olhar tão inocente e incrédulo que eu fiquei com pena dela.

— Por que eu não sentiria Patrícia? – desviou o olhar.

— Você ficou estranho nas últimas semanas. – suspirei lembrando o motivo.

— Tem um motivo.

— Tem. E não é só a sua irmã. Não mente pra mim.

— Eu não queria falar sobre isso. – notei que ela ficou mais triste ainda.

— Estou sabendo que você tá ficando com várias caras Murilo. Ouvi uma conversa sua com Adam. Devia não falar disso no elevador e corredores se não queria que eu soubesse.

— Você quer ir devagar. Por isso ainda não temos um compromisso. E sendo solteiro eu posso estar com qualquer outra pessoa.

— Então é esse o motivo que tá te fazendo ficar estranho?

— Não. – peguei em sua mão e fiquei brincando com os seus dedos.

— Você tem essa mania né? – sorri lembrando de Kevin. Concordei gestualmente. – Não vai mesmo me contar o motivo Murilo? – olhei pra ela e vi que ela precisava saber.

— O meu primo. – não consegui encara-la. – Eu e ele nos aproximamos. Por pouco tempo, claro. O namorado dele não aceita e ele... Parece acatar tudo que ele fala.

— Espera aí. – ela se soltou de mim e se sentou. – Você está falando do seu primo que é aquele seu ex que você... – fechou os olhos. – Caralho Murilo!

— Nunca te vi xingando.

— Você já parou pra pensar no que estava fazendo? – ficamos nos olhando. – Você abriu as portas para alguém que você claramente ainda não superou. É claro que ficaria estranho.

— Não é assim também. Eu consigo lidar com ele numa boa.

— Consegue? – cruzou os braços e me encarou incisivamente. – Então por que teve que se afastar de mim?

— Eu não me afastei! Você também ficou estranha. E tinha muita coisa acontecendo... – ela me interrompeu bruscamente.

— Você não consegue aceitar a verdade. E quer saber? É por isso que ainda não estamos namorando. O dia em que você conseguir esquecer tudo que passou e não deixar esse cara te controlar tanto, talvez aí a gente tenha alguma chance.

— É só isso? – vi pelo seu olhar que ela não entendeu direito a minha pergunta. – Eu quero saber se é só isso que está acontecendo com você.

— Eu não estou muito bem e você sabe disso. Não tem nada a ver com você.

— Então esquece que eu sou um namorado em potencial e me vê como o amigo que consegue te entender. Vem cá. – a abracei e beijei o topo da sua cabeça. Não precisava olha-la para saber que ela estava chorando. Talvez eu não vivesse aquela mesma dor, mas eu sabia como era o desespero de querer parar de sentir algo a qualquer custo.

— Você é muito louco Murilo, não pode fazer isso. – Adam discordava de mim ao conversarmos uns dias após o episódio no quarto de Paty. – Sua mãe chorou na ligação.

— Ela não vai morrer Adam. Eu não vou conseguir estar lá. Sei que Patrícia precisa de mim aqui. – o olhei. – E além do mais, tem aquela festa no ano novo... – ele sorriu.

— Vamos todos nós? – concordei. – Então vamos ver os sinos tocar, os fogos no céu e a bola entrar. – lancei um olhar bem julgador. – O que foi? É a bola do evento, igual àquela de NY.

— É que falar isso é meio estranho.

— Qual parte? – colocou as mãos na cintura em uma atitude invocada. Dei uma risada.

— A frase toda Adam. – ele revirou os olhos.

— Vamos acabar de comprar os presentes, anda. – deixei sua falta de tato pra lá e continuei nosso passeio. Era triste saber que nada que eu mandasse para a minha mãe iria suprir a falta que ela sentia de mim. Só que eu não conseguia ir e viver mais uma festa cheia de dramas entre Kevin e Rafael e além do mais, havia Patrícia que como já havia dito, precisava muito de mim aqui com ela.

Alice Narrando

Após o quase acidente que sofremos na estrada, Kevin fez o caminho que restava até Torres ainda mais rápido. Ele tentava ligar o tempo todo para Arthur e não conseguia falar com ele. Eu vi a preocupação em seus olhos, em sua face.

— Quer que eu ligue para alguém para ver se sabem dele? – perguntei baixinho.

— Eles não vão saber. – ele discou outro número.

“Olá filhinho, tudo bem”— a voz de Caleb se fez presente.

— Você sabe que não. Cadê o Arthur?

“Eu não sei. Nunca sei de nenhum de vocês. Isso incluiu o novo elemento que apareceu, é... Nicolas?”— não aguentei e dei um suspiro forte de forma enojada.

— Ele sumiu e eu só imagino você envolvido nisso. Anda logo, diz o que tá acontecendo.

“Sumiu? Que história é essa?” – ele parecia realmente preocupado, mas sabíamos como ele era um ator nato. Kevin desligou.

— Acha que ele não sabe mesmo? – o olhei.

— Se sabe já vi que não vai dizer. Não estou afim de perder minha calma com ele.

— Perder sua calma? Acha que ainda resta alguma? Você está quase desesperado.

— É que... – soltou o ar. – Eu acho que algo muito ruim está acontecendo com ele. Desde que fomos para a capital eu tive um pressentimento... Como se fosse um aviso. Pensei que fosse com você. Mas... Estava enganado.

— Calma. Estamos chegando. Você vai ver que não é nada. A bateria dele deve ter acabado ou algo do tipo. – ele não disse mais nada e rapidamente estávamos em Torres. Paramos em frente a casa dos meus avós e entramos. Todos estavam reunidos. E a expressão de ninguém era muito boa. Aline chegou perto de mim.

— Alguém tem alguma noticia de Arthur? – Kevin perguntou sem perder tempo. A resposta não foi positiva.

— Larissa está emburrada desse jeito porque você correu perigo e ele foi correndo te salvar. – Aline contou baixinho aproveitando que vários falavam ao mesmo tempo. – O que aconteceu? – não respondi e prestei atenção no que Yuri dizia.

— Ele recebeu uma ligação não sei de quem e disse que Alice corria perigo e saiu correndo. Só sabemos disso. Tentei ir atrás dele, mas não o alcancei.

— Foi uma armadilha. E nunca vamos saber de quem. – Kevin concluiu.

— Não foi. – discordei. – A gente realmente correu perigo.

— Não Alice. Se o carro batesse em você apenas te machucaria, ele não estava correndo tanto assim. O quase acidente foi uma distração. O perigo mesmo era com ele.

— Como você pode ter tanta certeza? Daqui a pouco ele deve estar aí.

— É difícil explicar algo que se chama intuição. E Arthur não iria ligar daquele jeito e desligar do nada.

— Já disse que a bateria dele pode ter acabado. Ele pode ter ficado sem gasolina, sei lá...

— Quer que eu rastreie o carro dele? – ele olhou para Alê.

— Eu já tentei. Tá desativado. – todos ficaram em silêncio.

— Será que é coisa do seu pai Kevin? – Rafael questionou dirigindo a palavra a ele pela primeira vez desde que chegamos.

— Provavelmente. Mas também já liguei pra ele. Ou ele não sabe ou ele não vai dizer. E em nenhum dos dois casos não há muito o que se fazer.

— Vamos esperar, talvez ele apareça.

Foi o que fizemos e durante o resto daquele dia nada aconteceu. Luna questionou cadê o filho dela. Ninguém sabia. Ela foi até a cobertura e como sabíamos, nada. Estávamos novamente reunidos na casa de avó Isa e pedimos pizza e alguns lanches, mas Kevin até agora não havia comido nada.

— Você tem que comer alguma coisa. – Rafa falou se sentando ao seu lado. – Toma. – ele pegou o pedaço de pizza na mão dele e ficou brincando com o guardanapo. – Kevin. – eles se olharam.

— Eu não estou com fome. – ele passou as pontas das unhas na bochecha de baixo para cima concentrado em um ponto de forma tão fixa que chegava a assustar.

— Mas você vai. Chega de pensar no que pode ter acontecido. Ele vai chegar. Relaxa tá? – ele olhou o namorado de uma forma esquisita.

— A gente tem que conversar. – o entregou a pizza de volta. – Vou ir lá em casa. Eu te encontro na cobertura daqui uma hora.

— O que foi isso? – Yuri perguntou assim que o irmão saiu.

— Ele lembrou que estávamos brigados. – Rafael respondeu. – Pelo menos isso vai manter a cabeça dele ocupada um pouco. – deu um suspiro pesado. – Cadê o Arthur? Onde será que ele se meteu?

— Vocês dois que estavam saindo tanto com ele nos últimos dias, não sabem de nada que pode ter acontecido? – Larissa perguntou a Yuri e Nicolas.

— A gente saia pra se divertir não conversar. – Nic respondeu e Yuri concordou.

— Quanto tempo pode ser considerado um desaparecimento? – Sophia pesou totalmente o clima. – Gente... Se o Kevin tá desse jeito eu acho que é melhor trabalharmos com o pior.

— Cala a boca. – a irmã dela ordenou. – Ele vai voltar nem que seja em um, dois ou até três dias. Talvez ele se tocou que era um absurdo Alice correr perigo e ele ir correndo. – olhei pra ela.

— Por que absurdo Larissa? – não aguentei ficar calada.

— Você o trocou. Você não quer nada com ele. Já é a terceira vez que você o chuta. Presta atenção Alice! Não era nem pra ele perder tempo ouvindo sobre você. – olhei pra Alexandre.

— Sim. Ela está apaixonada. – ele disse antes de mim. – É de conhecimento de todos que ela me traiu com ele. – arregalei os olhos.

— O Arthur fez isso? – não consegui acreditar o conhecendo como eu conhecia.

— Fizemos. Eu contei no outro dia ao Alexandre e terminei. Ele aguentou guardar isso com ele poucas semanas... Teve que explodir e jogar na nossa cara na primeira oportunidade.

— E não me arrependo. – ele deu de ombros encerrando o assunto. E pelo visto custaria a superar aquilo. Não era pra menos.

— A mãe do Kevin me ligando, isso não é bom. – Rafael disse e atendeu seu celular. Ele falou poucas coisas e que já estava indo antes de desligar. – Kevin disse a ela que iria atrás do Caleb. Só que a intenção dele não é conversar...

— Ele ainda tem a... – não consegui completar a frase.

— Tenho que alcança-lo e convencê-lo que o pai dele pode não ter nada a ver com isso.

— Pode tentar, mas não vai conseguir. – Yuri afirmou o óbvio.

— Você vai. – assegurou me olhando. Pegou minha mão e saiu comigo correndo. Meu pai e minha mãe estavam na copa com os adultos e nem me viram saindo. Eles com certeza ficariam preocupados.

— Rafael nós não estamos em um filme e eu não pretendo morrer em um acidente! – reclamei da velocidade dele.

— Desculpa é que eu estou preocupado.

— Sua preocupação é mesmo ele fazer algo ao pai ou... Você não tá comovido dessa forma porque ele está indo para Alela onde ele tem aquele amigo Luiz e... – me cortou agressivamente.

— Cala a boca e se segura no banco. – ele virou de uma vez e fechou o carro de Kevin que freou bruscamente. Eu só ouvi o barulho e toda a fumaça subindo.

— Você é louco. – falei saindo do carro com ele. Eles começaram a discutir aos berros e eu vi que se eu não intervisse o negócio iria ficar feio.

— VOCÊ NÃO MANDA EM MIM RAFAEL. – Kevin gritou ainda mais alto.

— É, não mesmo. Esse é o Murilo. – eles se olharam com o que parecia ser muito ódio.

— Olha, eu acho melhor vocês dois pararem com isso. – falei me enfiando no meio deles. – Vai pro carro. – mandei e Rafael obedeceu. – Você não pode ir atrás do seu pai Kevin. – praticamente pedi. – Isso só vai piorar tudo. Quando o Arthur voltar e ele vai, você estará morto ou preso. Lembra das coisas horríveis que o seu pai já fez a você? Por que ele não faria de novo?

— Naquela época eu não havia me revoltado contra ele. Alice eu preciso ir. Não vou ficar parado enquanto meu irmão está em não sei onde.

— Ameaçar seu pai de morte é a solução? Acha mesmo que vai dar certo? Se o Arthur estiver com uma arma apontada pra cabeça você só vai estar apertando o gatilho. – ele passou a mão no rosto e soltou todo o ar do pulmão. – Eu ainda acho que ele vai chegar e você vai ver que não era nada demais.

— Você não consegue se importar porque não tem suas emoções Alice. E eu não estou te criticando e nem te culpando, só tentando te mostrar que você não me entende e nem vai me entender.

— Mesmo sem as minhas emoções eu me preocupo sim. Tanto que estou aqui atrás de você. Então, por favor, vamos pra casa. – demorou um pouco, mas ele cedeu. O caminho de volta Rafael estava em silêncio e estranho.

— Deve ser legal ter esse super poder que você e o seu irmão tem. – me olhou. – O que vocês querem, conseguem.

— Não precisa ter ciúme dele. Murilo nem mesmo vai vim passar as festas de final de ano aqui pra evitar vocês dois. Se tem alguém que devia estar chateada aqui esse alguém sou eu.

— Desconte no seu amiguinho. Foi ele que namorou seu irmão.

— Mas não é pelo Kevin que ele não vai vim. É por você. – me olhou de novo. – Ele sabe que te incomoda. E o Murilo detesta ter o sentimento de estar atrapalhando alguém. – chegamos. – Devia esquecê-lo. Seu namorado já esqueceu há muito tempo. – entrei na casa da minha vó e fiquei com meus pais até eles irem embora.

No outro dia de manhã eu acordei e vi minha mãe conversando no telefone com alguém. Sentei na mesa e esperei que ela acabasse.

— Eu não entendo. – ela disse após desligar. – Arthur tá sempre pra lá e pra cá, ele até mesmo já morou na capital. Luna sempre confiou nele e deu muita liberdade desde novo, agora se desesperou e foi parar até no hospital.

— É por causa do Kevin. Ele alarmou todo mundo. Mas mãe... Não acha mesmo estranho Arthur ter ligado e dito que eu estava em perigo e um carro vim em minha direção?

— Lógico. Mas ele sabe se virar, é o Arthur Alice. – revirei os olhos.

— Vocês e a mania de achar que o Arthur é um super herói.

— Bom dia. – meu pai apareceu acompanhado de Aline. – Sua amiga estava chamando lá embaixo.

— Nada dele ainda né? – ela perguntou baixinho assim que eu a abracei. – Faltam poucas horas para completar vinte e quatro horas.

— Vem, eu vou trocar de roupa. – fomos para o meu quarto. – Eu vou chamar todo mundo para ficarmos lá na casa da vó Isa. É melhor né?

— Está preocupada? – me olhou de um jeito desconfiado.

— Não sei. É, acho que talvez possa estar sim. – meu celular começou a chamar, ela estava sentada ao lado dele e me entregou, rejeitei e joguei de volta na cama.

— Não é você que tá com Orlando? Tá difícil acompanhar essa novela. – se referiu ao fato de eu ter ignorado a chamada dele.

— Eu não estou com ele. Estamos apenas... Sei lá. Nos vendo. Mas agora com isso tudo com Arthur, não acho que seja a hora de encontros com o cara que estou tendo um caso.

Como eu havia planejado juntamos todo mundo. Estávamos na biblioteca. Kevin e Rafael ainda não haviam chegado, espero que seja por terem feito as pazes e estarem juntos.

— Pensei em um detalhe. – Ryan falou atraindo a atenção de todos. – Se Arthur tivesse sido roubado, ele já teria dado um jeito de entrar em contato. Se ele estivesse morto também já estaríamos sabendo. Algo me leva a crer que ele está bem. – todos pensaram em suas palavras.

— Ótima ideia a de Kevin de dar lugar a ele. Ryan é bem intuitivo. – Aline comentou apenas comigo. – Você também acha que Arthur está bem? – ela me olhou.

— Sim e não. Ele não deixaria a mãe preocupada. Muito menos o irmão. Alguma coisa aconteceu. Mas... Eu acredito que ele vai se sair bem do que seja.

— Eu já revirei a cobertura atrás de alguma pista e não achei nada. – Kevin disse ao entrar. – Inclusive quando Luna for a delegacia mais tarde eles vão até lá e levar tudo dele, eletrônicos, tudo.

— Ela vai delegacia? – questionei boquiaberta.

— Já deu vinte e quatro horas Alice. Ela vai esperar mais um pouco, claro.

— O certo não são quarenta e oito horas?

— Não existe certo mais. Minha mãe disse que acabou isso. – Giovana respondeu. Yuri chegou e deixou todos espantados.

— O que é isso? – Kevin o questionou imediatamente.

— Um olho roxo, nunca viu?

— O que aconteceu Yuri? – ele se sentou emburrado.

— Fui atrás do meu pai tentar ver se ele sabia alguma coisa do Arthur e a gente acabou brigando.

— Levou uma pelo time, parabéns. – Kevin o agradeceu zombando dele.

— Você tá bem mais tranquilo que ontem, o que houve?

— Nada. Coloquei em minha cabeça que ele vai aparecer. Caso contrário eu enlouqueço.

Só que ele não apareceu. A formatura de todos foi horrível. O clima era de velório. Luna foi a delegacia naquele mesmo dia e após isso buscas e mais buscas se iniciaram. A foto dele foi divulgada na televisão, em jornais e programas. Só se falava disso. Um desaparecimento inexplicável. Alguns diziam que ele era um mimado que estava fazendo birra com os pais, outros que o conheciam melhor sabiam da gravidade que era Arthur não dar nenhuma notícia. Ele não faria isso. Mesmo com todos os defeitos que a mãe dele tinha ele a amava muito e deixa-la preocupada era o que ele menos faria. Alguma coisa havia acontecido. E nessa altura isso já era um fato.

— Não sei mais o que eu faço. – Rafael falou ao sair do quarto. Fiquei sentada naquele sofá da cobertura imaginando quartas mulheres já esteve por ali. – Cadê seu pai? – perguntou sabendo que ele havia me levado.

— Ele tá no carro me esperando. – o olhei nos olhos. – Você estava lá quando eu precisei, então queria saber como você estava.

— Meu melhor amigo está desaparecido. Pra completar o meu namorado é o irmão dele e que o considera como tudo na vida. Não tá fácil Alice.

— Você não pode ser forte o tempo todo por causa do Kevin. Tem que desmoronar também, sabemos o quanto Arthur significa pra você.

— Ele vai voltar. – afirmou entre lágrimas. Depois ele se acalmou e me olhou. – Agora todos queriam ser como você. Desculpa, mas é muito mais simples não sentir.

— Eu sinto Rafael. Sentimentos e emoções se divergem um pouco. É difícil explicar isso.

— Se os sentimentos são gerados a partir das emoções, como você pode sentir?

— A emoção é um conjunto de respostas químicas e neurais que surgem quando o cérebro sofre um estímulo. E o sentimento é uma resposta à emoção. Mas não quer dizer que um precisa necessariamente do outro, entende? Não né? Marca um horário com minha neurologista. Ela vai te explicar melhor. O que eu quero dizer é que apesar de parecer que não, eu me importo sim com Arthur.

— Esse vai ser o pior natal de todos.

— Vó Isa queria cancelar as festas e não receber ninguém. Ela tá péssima. Meu pai a convenceu que seria melhor estarmos todos juntos nesse momento e não cada um em sua casa infeliz. – peguei meu celular que vibrava. – E por falar nele. Vou lá Rafa. – o abracei. – Estou o tempo todo tentando conversar com Kevin, apesar dele me ignorar e fingir que não existo.

— Ele tá agindo assim comigo também. Não importa o que ele faça, não podemos parar de ir atormenta-lo. A mãe dele me disse que tá de olho nele o tempo todo, eu tenho muito medo do que ele é capaz de fazer sem o Arthur.

— Caleb vai vim?

— Luna ficou sabendo sobre ele e Yuri, ligou querendo saber a versão dele... Ela é idiota né? Mas enfim, parece que ela pediu que ele não aparecesse até que os ânimos se acalmem.

— Ela acredita mesmo que ele não tem nada a ver com isso tudo. – afirmei e revirei os olhos. Depois me despedi dele e fui embora.

Como Rafael havia previsto o natal foi horrível. E o ano novo também. Ninguém estava afim de comemorar nada e isso era unanime entre nossos amigos e familiares. As férias de janeiro estavam sendo do mesmo jeito.

— Quem vai fazer dezessete aninhos esse mês? – meu pai perguntou tentando me animar. – Não vai querer comemorar né?

— Obvio que não né pai?

— Só acho que é mais um ano de vida e... – minha mãe começou a falar e eles se olharam. – Essa tristeza geral tá afetando Alice! Ela se afastou do garoto que estava ficando, ela não sai mais, eu temo que ela desenvolva algum... – eles continuaram se olhando.

— Vou ir acompanhar minha irmã aos resultados das buscas do dia. – ele saiu visivelmente chateado pela fala dela.

— Ele acha que eu não me importo.

— Não é isso. Você iria dizer transtorno e ele tem um, lembra? De alguma forma ele se sente culpado pelo que os filhos passam. Não precisa lembra-lo disso.

— Ai. – esfregou os olhos. – As vezes que esqueço que o seu pai tem um tamanho de um leão e a sensibilidade de um gato.

— Gatos não são sensíveis mãe.

— Claro que são!

— Não, não são.

— Você já teve gato Alice? – dei um sorrisinho me rendendo. – Kevin vai continuar estudando lá na capital mesmo com isso tudo?

— Sim. E eu vou com ele.

— O combinado era só o resto daquele ano. Você tem o ultimo ano agora, tem que se concentrar.

— Mãe todo mundo já se formou, eu vou estudar sozinha! E o Kevin precisa de mim agora.

— Você vai fazer drama para o seu pai, não vai? – a olhei de lado. – Se eu deixar saiba que é apenas para evitar brigas entre nós dois. – pulei da cadeira e a abracei forte. Ela começou a chorar, sabia que por sentir falta do meu irmão. Era algo que eu não podia mudar. E me doía muito vê-la desse jeito. Talvez por isso mesmo eu devesse ficar, pra fazer companhia a ela, só que eu sabia que isso não supriria a falta que Murilo fazia.


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Notas finais do capítulo

Talveeez até amanhã ♥



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