Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 70
Novo cenário


Notas iniciais do capítulo

ENTÃO... Aconteceu uma coisa trágica. Eu fiz uma bagunça e misturei um casal, que é a Aline, uma hora eu coloquei ela com a Fabiana e outra com a Alícia. Não sei o que me deu. (mas eu dou dessas né?rs). O fato é que o casal real é com a Fabiana, porque desde o início láaaaaa na universidade com o Arthur ela contou da bissexualidade dela. A Alícia podia ficar com ela tb? Podia. Mas não vamos misturar tanto né? Depois vou ter que voltar os capítulos e consertar, sorry. Mas só esclarecendo mesmo! (é que Aline e Alícia são sonoramente mais bonito kkkkkk, acho que foi isso)
Outra coisa, a temporada tá quase acabando (quase nada, ainda faltam bons capítulos, mas revisei hoje o cronograma e já vejo um fim próximo, poderia dar uma data, mas como estou postando aleatoriamente e não todos os dias fica difícil dizer.). A próxima tb é enorme.
Mais uma coisa, caso existam pontos abertos ou algo que ainda não fez sentido, por favor me fale, estou trabalhando muito e às vezes eu não consigo me dedicar tanto. É de extrema ajuda ♥
Chega, né?
Boa Leitura ♥



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Alice Narrando

Atravessar uma linha do pensamento em que você tem certeza de uma coisa é uma experiência bizarra. É como se houvesse um grande buraco e atravessa-lo fosse a única saída para seguir em frente. Só que quando você pula para o outro lado, percebe que todas as certezas que antes eram concretas se desfazem. Elas se dissipam como areia voando no deserto. O vento simplesmente havia levado tudo, foi assim que aconteceu comigo.

Meu namoro era certo. Noivaria e me casaria com Arthur. Nós dois formaríamos uma família linda e mais tarde explicaríamos aos nossos filhos que éramos primos e contaríamos o quanto nossa história foi cheia de altos e baixos. Seguiríamos a tradição dos nossos familiares.

Mas não deu certo. E isso era quase que premeditado. Inacreditavelmente eu, Alice, beijei outra pessoa que não era ele e que também não era Kevin, que eram as duas únicas pessoas que eu havia beijado na vida. E eu que pensei que isso nunca aconteceria.

Após todo o acontecimento fatídico daquela noite horrível em que eu perdi o controle, Arthur decidiu que não dava mais para ficarmos juntos e eu concordava com ele. Na verdade, fui eu quem o induziu a tomar essa decisão. Jogar na cara dele que sentia mais vontade de estar ao lado de Orlando foi trágico e cruel.

E mesmo reconhecendo o quanto fui longe, eu queria ir ainda mais. Planejava estar com Orlando, continuar com Orlando, viver isso com ele. Não conseguia dizer não.

— Você vai mesmo ir para a capital? – ele perguntou concentrado no que eu iria responder.  

— Sim, mas eu vou vim pra cá sempre. – sorri. – Se quiser que a gente... – procurava as palavras. Continue se vendo era o que eu iria dizer, mas eu não conseguia.

— Lógico que eu quero. – me abraçou. – Eu quis desde o instante que coloquei os olhos em você Alice. Parece até que estou realizando um sonho.

— Não extrapola. Não sou isso tudo. Nem mesmo emoções eu tenho. – baixei os olhos.

— A gente prometeu que não falaria disso, lembra?

— Tá. – me aproximei e nos beijamos novamente. O beijo dele era totalmente diferente de todos os beijos que já dei em Arthur... Era calmo em demasia, parecia até que ele tinha medo que eu partisse em pedaços. Não que eu não tenha dado beijos calmos em Arthur, isso sempre acontecia na verdade, mas eram tipos de calmas diferentes se é que eu podia explicar assim. O fato é que se existia mesmo alguma dúvida que Orlando sentia alguma coisa por mim, todas elas se acabaram após ficar com ele.

— Você tá dizendo que Arthur era mais firme, preciso e demonstrava o tempo todo saber o que estava fazendo, diferente de Orlando que tem insegurança. Entende que você prefere o seu ex namorado? – Aline perguntou assim que desabafei com ela. – E partindo de alguém que já o beijou, é difícil mesmo achar quem se compare a ele. Ah não ser uma mulher... Aí já é outra história. – deu uma risadinha.

— Mas... Eu tenho que tentar. Já dei o primeiro passo. É tarde demais.

— Não, não é Alice. Se você estalar os dedos ele vem correndo igual um cachorrinho.

— Não se trata disso. É que nosso relacionamento... Já acabou. Ele não consegue estar comigo sem me ajudar e não tem como ele me ajudar. Eu não quero ser um peso pra ele. E parece que eu não passo de um monte de insensibilidade em uma pessoa só.

— Olha... Você me diz que eu sou sua melhor amiga... – sorriu carinhosamente. – E eu não quero ficar me metendo, mas tem certeza de que é o que você quer? – a olhei com impaciência. Não tinha como ser diferente. – Porque o Arthur é sua alma gêmea, todo mundo sabe disso. Relembra tudo que esse cara já fez por você desde quando ele nem mesmo sentia nada.

— Não é que eu tenha me esquecido. – baixei os olhos de novo. – E nem que eu não o ame mais. Mas é que desde a minha regressão completa, os meus sentimentos por ele ficaram mais confusos.

— É compreensível Alice. E foi essa confusão toda que fez você se envolver com Orlando. – ela era mesmo contra essa ideia. – E falando nisso, eu fui ver o Arthur hoje, ele tá arrasado.

— E o que eu devia fazer Aline? Mentir pra ele? Engana-lo? Eu me sentia melhor ao lado de Orlando e não dele. E isso é fato.

— Não. Mas não devia deixar o Orlando entrar em seu coração confuso e sem emoções.

— É, mas ele entrou. E agora estou me sentindo confusa. Não foi nada do que eu imaginei e talvez eu estivesse apenas... Encantada? Fugindo? Eu não sei! – falei quase em desespero. – Eu tinha que descobrir o que essa vontade significava... E posso tá perdendo o amor da minha vida por isso.

— Nisso eu tenho que concordar plenamente. – ficamos em silêncio. – Tá, vamos deixar isso pra lá. – começamos a falar sobre as minhas expectativas em morar com Kevin e na forma como os meus pais deixaram tão rápido.

— Foi a minha médica. Ela se fez bem convincente. Tudo o que eles querem é que eu melhore. – suspirei. – Acho que isso é o unanime.

— Mas ainda estou chocada. Os seus pais são muito super protetores.

— Kevin ficou ouvindo recomendações durante umas duas horas e eu vou ter que ligar para eles todo dia. Além do mais, vamos vim a cada quinze dias. Acho que é bem razoável Aline. – ela acabou me dando razão.

O dia de ir chegou. O frio em minha barriga era imenso. Eu nunca havia saído de casa para quase nada, há não ser viagens acompanhada de familiares. Até mesmo quando íamos ao litoral tinha que ter um adulto com a gente. Por mais que Kevin fosse mais velho e já estivesse na faculdade eu o considerava como igual e isso me dava mais entusiasmo ainda para estar lá com ele.

Amei o lugar que iriamos ficar. Reparei que para chegar havia uma estradinha que embora fosse asfaltada, era cercada de árvores e a nossa casa tinha uma floresta ao seu redor. O motivo dele ter escolhido uma casa e não apartamento é que segundo ele apartamentos eram barulhentos, sem privacidade e pequenos demais. Não que a casa escolhida fosse grande, pelo contrário. Ela era bem aconchegante e já vinha mobiliada, o que com certeza foi o que contou para ele tomar a decisão final. Tinha dois andares, mas era pequena. A entrada dava direto para a sala, onde tinha um sofá de dois lugares branco de couro e uma poltrona marrom claro, achei que não combinavam muito os dois elementos, mas isso não era importante.

Na lateral esquerda do sofá havia uma lareira. O inverno na capital costumava ser muito mais rigoroso que em Torres. Em frente aos sofás uma estante com uma televisão. Ao lado da estante uma escada de madeira, que dava acesso ao segundo pavimento. Na lateral direita do sofá branco encontrava-se uma mesa de madeira clara que comportava quatro lugares. De frente a ela uma janela trazia muita luz ao ambiente. A sala era cheia de janelinhas compridas que lembravam castelos, mas essas eram redondas.

Atrás dessa mesa um muro com uma abertura mostrava a cozinha. Ela era bem clássica. Os quartos ficavam nesse mesmo andar, um era de madeira com uma cama de casal e o outro era comum com duas camas de solteiro. Havia dois banheiros, um no quarto de madeira e um no pequeno corredor.

O mágico era o segundo andar, ele era todo um cômodo só e trazia janelas enormes de vidro que mostrava toda a área verde. Também havia uma lareira em um dos cantos.

— Já sei o que vou fazer com esse lugar. – Kevin disse concentrado.

— O que? – o olhei.

— Uma improvisada e pequena oficina para fazer vasos. – franzi a testa.

— Você faz vasos?

— Ah é, você não sabe. É meu hobby. E eu vou precisar praticar muito pra desempenhar minha paciência e aguentar a chatice do Rafael.

— Se você tá dizendo. – dei um sorrisinho tentando parecer compreensiva. O resto do dia ficamos guardando nossas coisas e fazendo compra de mercado e tudo mais.

No outro dia cedo eu já estava matriculada e começava a estudar em uma escola diferente. As pessoas olhavam pra mim o tempo todo, não sei se por eu chegar no meio do ano ou por... Ah claro. Não tinha como eu fugir. O meu pai, a minha mãe... Aquela coisa toda de “sei quem você é”. Mas quem não sabia tomava coragem e dizia que os meus olhos eram muito diferentes e chamavam atenção. Por que não foi Murilo que nasceu com esses olhos amarelos?!

— Como foi seu primeiro dia de aula? – Kevin questionou assim que entrei em seu carro.

— Exaustivo. Tive que responder milhões de vezes que sim, eu era filha do ex lutador e da ex cantora. E para outros, que não, que eu não tinha problema de vista só porque meus olhos eram dessa cor. – ele me olhou e riu. – Se pelo menos eu estivesse em Paris não passaria por isso. Sorte a do Murilo. – ele ajeitou a posição.

— Às vezes não. Até fora do País seus pais são conhecidos. Principalmente o seu pai. 

— Seu celular tá tocando. – avisei ao ver o aparelho vibrar.

— Adivinha? – perguntou após olhar a tela.

— Ele não vai te dar paz. – dei uma risada.

— Amor, tô dirigindo. Ligou atoa? – perguntou ao atender.

“Alice está ao seu lado né?”

— Sim, por que? O que aconteceu? O que o Arthur fez?

“Você é tão sexy e esperto.”— dava pra notar que ele sorria. – “Ele tá tocando o foda-se. Estou perdendo um pouco o controle dele. Você sabe o que pode acontecer né?”

— Ele não vai fazer nada. Tá vivendo na academia. O máximo que vai fazer é beber demais e perder o critério pegando qualquer coisa que aparecer na frente. Eu tenho que desligar, posso levar multa e isso seria um problema com minha mãe e os pais de Alice.

“Tá. Liga assim que der. Te amo.”

— Você desligou sem responder. – comentei assustada.

— Ele sabe que eu não gosto que ele fica dizendo isso. Perde o sentido.

— Você é bem estranho.

— E você é bem normal. – nos olhamos. Passar os dias com ele estava sendo uma experiência incrível. Eu sabia que seria bom, mas não imaginava que seria tanto. Mesmo que ele estivesse comprometido com os estudos e a gente só conversasse no caminho de casa e em alguns momentos, ainda assim era bom e eu estava amando.

Minha rotina estava se baseando em acordar um pouco mais cedo, caminhar pela nossa rua por uns vinte minutos ou menos, voltar pra casa e tomar um banho, fazer nosso café e ir para a escola. Kevin também estudava de manhã e ele fez isso para que eu não ficasse a noite sozinha em casa. Mas na maioria das vezes ele voltava pra lá de tarde, pelo menos nessa primeira semana.

Sexta feira. Sete e quarenta e cinco da noite. Eu queria sair, mas Kevin não. Ainda não havíamos conhecido nosso bairro direito e nem ido em restaurantes, pizzarias e lugares do tipo. Só pedíamos lanches e comida e eu estava tentando convencê-lo que devíamos explorar o lugar. Mas não obtive sucesso.

“Oi”— vi o rosto de Orlando ao atender a ligação. Estava sentada em minha cama, encostava na cabeceira. – “Que saudade. Como você está?”

— Eu tô bem e você? – sorri sendo simpática.

“Estaria melhor se você estivesse aqui né? Mas está tudo bem. Estou fazendo algumas entrevistas de emprego e...”— deu uma risada.  – “Não revire os olhos.”

— É que Kevin foi longe demais. Quando se trata do irmão ele fica irracional e cego.

“Não tem problema Alice. Eu prefiro que seja assim. De qualquer forma o pai do seu ex namorado é dono daquilo ali e eu me sinto melhor sendo demitido.”

— Tá. Mas fora isso, o que tem feito?

“Pensado em você.”— sorriu. – “Nada demais, sabe como essa cidade é parada.”

— Apesar de eu estar na capital, aqui também é bem parado.

“Demorou uma semana pra me ligar.”

— A gente sempre troca uma mensagem ou outra. Não seja dramático.

“Estou brincando.”— deu outro sorriso.

— Vou desligar e ver o que vamos comer. A gente se fala. – nos despedimos e fui atentar o Kevin de novo. Acabei confessando o óbvio... A dúvida do arrependimento me rondava. Mas a única conclusão que eu fiz naquela noite era de que se realmente existia esse sentimento todo que eu sabia que existia antes da minha regressão e que também eu vi em Murilo e Kevin, éramos dois casais predestinados a estarmos juntos. E não importava o que acontecesse, pois uma vez o meu pai me disse algo e é verdade, pessoas que devem ficar juntas fazem uma pausa e aí retornam ao seu real amor. E é assim que tem que ser.

Murilo Narrando

Os últimos dias estavam sendo difíceis pra mim. As palavras da minha mãe ficavam ecoando em minha mente o tempo todo. Eu deitava pra dormir e não dormia, pois só conseguia ouvi-la. E pensava nisso o dia inteiro. Passei a evitar Patrícia e até mesmo os dois amigos que moravam comigo.

— Chega. Você não pode sentir pena de si mesmo. – Adam falou em tom de ordem. – Daqui a pouco estará indo mal até em seu curso Murilo. E você acabou de se matricular no nível intermediário. Quer que seu maior sonho se desfaça?

— Eu fiz mal a minha irmã. Como você quer que eu fique? – não consegui nem olha-lo.

— Para com isso Lilo. – ele me chamava por esse apelido bem carinhoso quando as coisas ficavam realmente difíceis. – Sua irmã te ama e você não fez mal nenhum a ela.

— Fiz. Eu me afastei. Deixei de ir vê-la. E ela sentiu isso. Mesmo sem emoções Alice conseguiu sofrer demais com a minha atitude.

— Você tá tão convencido disso que não vai adiantar eu ficar aqui discutindo. – suspirou. – Olha, alguém tá lá na sala e quer te ver. Você tem que parar de mentir que não está aqui. Ela sabe que você tá.

— Eu não quero... – ele me cortou.

— Quando vocês se encontraram outro dia no corredor você disse a ela que estava doente, que não queria passar nenhuma bactéria pra ela ou algo do tipo. Você tem noção do quão ridículo você tá sendo?

— É sério Adam. Eu não quero ver a Patrícia.

— Só me diz o motivo e eu digo a ela pra não vim mais.

— A minha irmã tentou um suicídio. A Patrícia já se internou diversas vezes para que o mesmo não chegasse a acontecer com ela. Você imagina que eu estou emocionalmente frágil pra poder estar perto de alguém assim agora?

— Pra começar a sua irmã não tentou suicídio, ela apenas estava esgotada pela regressão dela e queria esquecer tudo por algumas horas, jamais queria morrer. Como eu sei disso? Patrícia. E pra terminar, aquela garota ali na sala em nada me parece com alguém que tá em crise. Então, por favor, deixe ela te ajudar. – fiquei olhando pra ele sem conseguir argumentar. – Vou dizer a ela pra entrar.

Fiquei quieto e poucos segundos depois Paty apareceu e fechou a porta. Não precisei dizer nada, ela se sentou e indicou que eu deitasse em seu colo. Ficamos assim por boas horas, em silêncio, suas mãos faziam carinho em meu cabelo ou em rosto.

— Se está se sentindo tão culpado por que não vai até ela? – ela questionou, acho que tirando a dúvida que todos tinham.

— Ela tá morando com o meu ex namorado. Se antes eu já demonizava minha cidade, agora ir atrás dela é impossível pra mim.

— Você a ama Murilo. Seu amor por sua irmã tem que ser maior que esse problema com seu ex.

— Não é um problema com meu ex. É um gatilho que eu tenho para sair do controle. E eu estou tão bem, estou tão... Como eu nunca imaginei que estaria. Eu não quero voltar àquilo tudo de novo.

— Você sabe que vocês dois nunca vão ficar juntos né? – nos olhamos por um breve momento.

— Por que tá dizendo isso?

— Eu sei que ainda o ama. E... Se ele te causa isso, é fato que nunca vai dar certo.

— Não é necessariamente ele. É o pai dele.

— Mas ele lembra o pai. E além disso, o vínculo com pai não é algo que é fácil de cortar. Ele teria que te amar muito pra fazer isso.

— Pra que estamos falando sobre isso? Nós dois não vamos ficar juntos. E nem é por isso, é porque ele já tem namorado e o ama demais. Ele faz de tudo por esse namoro e não tem como os dois não darem certo.

— Tá bom. Chega de falarmos disso. Estou preocupada com você. O que eu posso fazer para você melhorar? – forcei um sorriso.

— Nem devia estar aqui. Toda essa onda de dor que me cerca é maléfica a você.

— Você me faz bem Murilo. Isso não depende do seu humor.

— Logo agora que estávamos tão bem, indo por um caminho tão bom... – dei um suspiro triste. – Não tenho mais nem cabeça pra isso.

— E eu entendo. Não estou aqui como sua... – seu rosto ficou corado. – Pretendente. Estou aqui como amiga e alguém que se preocupa.

— Você falou com a minha irmã? – lembrei as palavras de Adam.

— Sim. Ela tá legal agora. Foram dias difíceis. Tudo não passou de uma sobrecarga. Ela disse que o namoro dela terminou. Achei sacanagem ele abandona-la nesse momento.

— Não. Ela deve ter dado o primeiro passo. E se Arthur terminou com certeza tem motivo plausível. Ele dá a vida por Alice. Pode acreditar nisso.

— Parece que tem alguém no meio.

— Eles estavam mesmo brigando por isso. Ela havia me contado. Mas... Minha irmã às vezes é impulsiva. Ela deve ter cometido alguma burrada.

— Ela me lembra alguém... – sorriu. – Quero tanto que você melhore. – ficamos nos olhamos. Eu me aproximei dela e a beijei. – O que foi isso?

— Saudade, eu acho. Um beijo de agradecimento em uma amiga. – dei um sorriso que dessa vez saiu mais natural e verdadeiro.

— Pode agradecer quantas vezes você quiser. – brincou e riu. Devo confessar que ela fez meu humor melhor oitenta por cento e eu devia ter deixado que ela entrasse antes.

Conforme os dias iam passando a culpa ia me abandonando. Ainda doía, mas eu tentava trabalhar isso na terapia e me forçava a entender que eu era apenas uma pequena parte na dor da minha irmã, que o cenário era bem maior.

Kevin havia dito que eu podia ligar pra ele quando sentisse necessidade... Então assim eu fiz. Sabia que era o primeiro fim de semana deles na capital e que ele não iria pra Torres. Então, arrisquei ligar.

“Olha, olha, a que devo a honra?”— perguntou sorrindo.

— Só quero saber como minha irmã está.

“Acho que ela tem um celular e um número. Admite que sentiu saudade.”— não aguentei e sorri. Percebi que ele estava ocupado fazendo alguma coisa.

— Não seja tão audacioso Kevin. É sério, quero saber como andam as coisas.

“E eu quero saber por que não ligou pra ela.”— parou de fazer o que estava fazendo e se encostou em uma grande janela, me dando total atenção.

— Você sabe... Acho que com você as informações vão ser mais verdadeiras.

“Além de sentir a minha falta, declara que confia mais em mim. Você tá sendo mais fofo que o comum Murilo Montez.”

— Suas brincadeirinhas são ridículas.

“Essa sua cara de quem levou a pior na brincadeira é impagável.”

— Vamos nos tratar como se tivéssemos oito anos? Mesmo? – tentei segurar o sorriso.

“Sempre fizemos isso. Qual a novidade?”— voltou a fazer algo que eu não sabia o que era.

— O que você está fazendo?

“Arrumando um cômodo aqui da nossa nova casa. Preciso prepara-lo para as coisas que vou trazer semana que vem.”

— Bela atividade de sábado. Por que não vai sair um pouco, procurar um clube, tomar um sol, sua pele branca está quase me cegando. – ele ficou me olhando com um sorrisinho de deboche.

“É uma pena que eu não possa te responder como eu queria. Agradeça ao Rafael por isso.”— dei uma risada imaginando qual seria a resposta. – “E por falar nele, devo desligar. Já esgotamos nossa cota de conversa e você já sabe que tá tudo bem. Por mais que você seja importante, meu namorado é mais.”— arregalei os olhos. Depois coloquei a mão no peito.

— Eu me senti profundamente ofendido agora. Mas tudo bem. – dei de ombros. Voltei a ficar sério. – Kevin cuida dela.

“Como se fosse a minha vida.”— sorriu e desligou.

Era bom ter essa aproximação com ele. Aos poucos talvez nós até esquecêssemos que um dia namoramos. Ou não. Mas de qualquer forma, ele já deixou claro um milhão de vezes que o namorado era ABSOLUTAMENTE TUDO na vida dele e eu respeitava isso. Não ter esquecido ainda Kevin completamente não me fazia querer a infelicidade dele. Pelo contrário. Se ele amava tanto Rafael, só desejava que os dois pudessem ir o mais longe possível e que desse mesmo certo. E eu sabia que daria. Eu conhecia Fael do abrigo, mesmo com aquele jeitão largado dele, no fundo ele era carente e implorava por amor. E isso o Kevin sabia dar como ninguém.


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Notas finais do capítulo

Até sexta possivelmente (mesmo que seja de madrugada) ♥



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