Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 66
Relação a três


Notas iniciais do capítulo

*foto citada no capítulo.
(postando de uma vez no início da madruga porque o dia amanhã vai ser longo)
Boa leitura ♥



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Murilo Narrando

A felicidade que eu sentia por ter conseguido reproduzir sem defeitos um prato que um dos meus professores fez era incomum. Não sentia isso com outras coisas e nem com pessoas. A culinária realmente me preenchia de forma indescritível.

— E hoje você consegue admitir que estar longe do seu primo e principalmente daquele pai dele foi o melhor pra você? – minha psicóloga perguntou com aquele olhar típico dela de dona da razão.

— Sim, admito. – sorri. – E digo isso com uma paz no coração... Tudo o que o Caleb traz é pesado demais. Jogos mentais, ameaças, chantagens... Isso não é normal, não é comum e não é bom. Sabe? – franzi a testa. – Hoje eu sei que toda essa ansiedade que desencadeou em mim teve início lá trás com ele. Por ter noção do quanto ele é sujo. Não quero nem lembrar disso.

— Mas preciso que lembre. Sabe por quê? Esse é o grande ponto. Aquele é um lugar que não devemos voltar. Não a sua cidade, mas quero dizer perto desse homem.

— Aí que tá. Ele é da minha família. Não tem como não tê-lo perto. Será que vou morar aqui a vida toda? Nunca vou ter controle sobre isso?

— Olha Murilo... Não posso dizer com exatidão. Os remédios estão sendo excelentes e você tá ótimo. Mas... A gente não sabe como você vai reagir quando vê-lo de novo. Sua mente é uma caixinha de surpresas entende? Todos esses pensamentos acelerados eles se colidem quando sua visão alcança o alvo de todo seu desgosto. – sorri.

— Eu viajo em suas ideias. – ela riu.

— Não são ideias. São construções de avaliações dadas através de técnicas aprendidas. Você diz suas emoções e a gente conversa sobre elas. E como anda o coração?

— Estou evitando pensar nisso. – respondi ainda sorrindo. – Quero viver só pra culinária mesmo. Essa é a minha decisão final.

— Você estava tão animado com o relacionamento aberto com as duas pessoas...

— Sinto que uma me dá atenção de menos e o outro de mais.

— Nada tá bom pra você? – deu uma risada. – Explique o que é essa atenção pouca e muita.

— Diria se tivesse tempo. – dei um sorriso maior ainda.

— Salvo pelo relógio. – se levantou se despedindo de mim. Após a terapia passei no hotel para ver Gardan. Sentia saudade dele e era sagrado pelo menos de quinze em quinze dias eu ir vê-lo.

— Sua consulta tá marcada. Não vai querer mesmo minha companhia? – questionou em um tom carinhoso.

— Não precisa.

— Murilo... Você ainda tá saindo com o... – concordei antes que ele terminasse.

— Por quê? – juntei as sobrancelhas mostrando não entender o motivo da pergunta.

— Sei lá... O que vocês têm é sério?

— Não, não é.

— Ah sim. É que ele parecia querer que eu soubesse que ele tá saindo com um cara... Esse cara iria se hospedar aqui, mas ele pediu que não fizesse isso. Quando o questionei por que perdemos um hóspede por causa dele, ele disse que é porque ele estava saindo com ele e não queria misturar as coisas.

— Deve ser coincidência. Ele teve que dizer por causa do trabalho.

— Foi toda a situação. Você não conseguiria entender sem presenciar.

— O que você acha que ele quer com isso?

— Cobrar uma posição da sua parte. Se ele tá fingindo sair com alguém e quer que você saiba disso indiretamente... Ele quer ser assumido por você.

— Não vai tá rolando não. – ele riu com certeza da minha expressão facial. – Vou lá, já está tarde.

— Agora você tem um carro, pode ficar até a hora que quiser.

— Mas preciso descansar para estudar mais amanhã.

— Tão estudioso. – sorri me despedindo dele.

Quando cheguei ao apartamento Paty estava lá com Audrey e Adam. Notei que ela estava toda arrumada e maquiada. Estava linda.

— Aonde você vai? – ela fez um bico.

— Queria ir. Vim pronta pra sair, mas ninguém quer me acompanhar.

— Você só não chamou a pessoa certa queridinha. – Adam disse e me olhou.

— Vou tomar um banho. – suspirei. – Não vamos voltar tarde né? Amanhã tenho aula.

— A hora que você quiser a gente volta. – sorri indo me arrumar.

Estava muito frio e ela estava apenas com um colete e uma blusa fina. Aquilo me incomodou desde o instante que saímos de casa.

— Da próxima vez se veste de acordo com clima. – pedi ao entrarmos no carro.

— Não sinto muito frio. É efeito colateral de um dos remédios... Aumenta minha taxa metabólica de repouso, ou seja, eu gasto muita energia quando estou parada. Por isso também meu peso é tão baixo.

— Não acho isso. – a olhei.

— Você me deixa sem graça. – ela indicou o lugar que pararíamos. – Tem uns petiscos ótimos aqui, você vai amar... – não a deixei continuar falando e a puxei iniciando um beijo.

— Eu estava doido pra fazer isso. – sussurrei quando nos separarmos.

— Mas nós já nos beijamos antes de sair de casa.

— Acho que não foi o suficiente. É... Não foi mesmo. – fiquei intercalando meu olhar entre seus olhos e sua boca.

— Eu só queria sair pra me divertir, mas parece que você quer outra coisa. – me afastei dela rapidamente.

— Não. Não é isso. Desculpa. Não vou mais ficar em cima de você por essa noite, prometo.

— Eu não quero te deixar chateado.

— Mas não deixou. A prioridade sempre vai ser você e o seu bem estar. Você quer um amigo pra se divertir essa noite, você vai ter. Quando me quiser na sua cama ou mais perto da sua boca é só dizer que vai ter também.

— Tenho muita sorte de ter você. – sorri pegando sua mão.

— Acho que o sortudo aqui sou eu. – a olhei antes de sairmos do carro e entrarmos no local. Aquela noite foi leve e divertida. Não esperava nada menos que isso.

— Entrei em sua rede social e vi a última foto que postou... – Eliot comentou assim que nos vimos. Dois dias depois daquela noite. – Pode me explicar?

— Explicar o que? – abri a boca completamente espantado.

— Sua boca estava até molhada na foto. Isso é casual ou não? Vocês se beijam assim, o tempo todo, como se fossem namorados?

— Você tá mesmo me fazendo cobranças?

— Eu quero saber o que é isso porra. – quase gritou. – É um triângulo amoroso?

— Eliot... – me impediu de falar.

— Não. Para. Você tem duas pessoas que são apaixonadas por você satisfazendo seu ego. É isso que você tem Murilo. – andou de um lado para o outro mais nervoso ainda.

— Posso falar? – seu olhar me dizia que ele não iria se acalmar.

— Se for pra responder o que é isso sim.

— Isso é uma relação a três em que todos sabiam onde estavam se metendo.

— O que quer dizer com isso?

— Você quer que eu te ame Eliot. Mesmo sabendo que isso não vai acontecer. Já tem meses que estamos nos vendo e nada mudou. Sinto um carinho absurdo por você, adoro estar contigo, mas... Não força um sentimento que não vai existir.

— Mas parece que por ela existe né? E VOCÊ NEGOU O TEMPO TODO!

— A sua raiva não é por eu ter negado. É de ser ela e não você.

— Não me procura mais Murilo. – saiu me deixando sozinho.

Eu havia sido um idiota com ele, mas eu não suportava ninguém gritando comigo daquela forma. Isso me tirava completamente do sério. Só esperava agora que eu tivesse chance de me desculpar. Ou não. Talvez fosse mesmo melhor assim.

Alice Narrando

Fizemos uma mini festa surpresa no aniversário de Giovana. E todos estavam presentes, menos Kevin que agora evitava todo mundo.

— Estava com tanta saudade. – Fabi me abraçou forte. – Já tem alguns dias que estou aqui, mas não consigo superar a saudade que sinto de você. – sorri.

— Amor vem cá. – Arthur me chamou. Depois daquele dia eu me desculpei com ele e voltamos a ficar numa boa, mas eu ainda não concordava com aquele relacionamento. Porém eu tinha que ouvir Kevin, se eu sentia tanto por ele ainda havia razão para permanecermos juntos.

— O que foi? – perguntei quando já havíamos nos afastados de todos.

— Rafael está dando uma crise de choro muito forte, eu não sei mais o que fazer.

— E você procura a mim? – certamente minha testa estava franzida.

— É que... – suspirou. – Você é a melhor amiga do Kevin. E eu não sei mais como persuadir o meu irmão a ter uma conversa com Fael.

— Ele não quer Arthur. Deixe-o. – iria sair, mas ele me puxou.

— Quem é o garoto que apareceu agora com ele? – sabia que seria difícil disfarçar. – Você sabe Alice. Rafael está achando que é um novo futuro namorado dele.

— Qualquer cara que se aproxima do Kevin ele acha isso.

— Diz quem é. Por favor.

— Isso é assunto do Kevin Arthur. E se ele estiver mesmo com ele? Ele tem as necessidades dele, transar com alguém não quer dizer que ele esqueceu Rafael.

— Você tá ouvindo a nojeira que está dizendo?

— Que nojeira? Eles não estão juntos. Não é traição. Como você acha que Kevin consegue suportar estar com uma garota sendo que ele nem gosta de garotas? Você estaria bem sendo obrigado a se relacionar com um homem? –olhei dentro dos seus olhos, ele pensou por um instante.

— Mas... – o cortei.

— Mais nada. Deixa o Kevin com os assuntos dele. – consegui sair.

O fato é que Kevin havia me contado tudo sobre esse garoto, mas eu não podia dizer nada. E assim como guardei o segredo que ele iria terminar eu guardaria esse segredo. Eu era boa com segredos.

— Não entendo. É como se ele nunca fosse parar de me amar. – ouvi o lamento do loiro. – E agora ele tá com outro. É real. Ele desistiu rápido demais.

— Caleb puxou todos os pauzinhos possíveis para fazer isso acontecer. – Ryan comentou com revolta. Todos nossos amigos estavam próximos, acho que querendo dar apoio a ele.

— Mas se o Kevin tá mesmo com esse cara é ele que tomou a decisão, ele devia ter lutado mais pelo namoro dele. – a romântica Larissa opinou.

— Gente tudo o que o Rafael menos precisa é das opiniões de vocês. – Otávia avisou quase que apelando. – Vamos tentar apenas distrai-lo.

Assim fizemos. Demorou um pouco, mas ele parou de chorar. E com o passar da tarde até deu umas risadinhas.

— Alícia e Aline sempre tão próximas né? – Fabi comentou enquanto eu saia da piscina e me sentava ao seu lado. Olhei as duas conversando.

— O que você quer dizer com isso? – ela riu.

— Nada. – deu de ombros. Depois me olhou. – E você, como tá com tudo que te aconteceu?

— Você sabe. Levando.

— Ele tá péssimo. – apontou com a cabeça para Arthur. – Não sabe o que fazer pra te ajudar. E quando ajuda acaba atrapalhando.

— Acho que você não devia estar me dizendo essas coisas. Pelo menos ele não iria querer.

— E eu ligo? – revirou os olhos. – Lembra que era eu que sempre resolvia tudo quando cheguei aqui? Ou eu tentava. Às vezes conseguia.

— Até ficar enlouquecida pelo meu irmão e perder toda sua sanidade e sensatez. – ela riu alto.

— Não me lembre disso, por favor. É a parte mais trágica da minha vida. – nos olhamos. – E ele, como está?

— Bem. Muito bem. Amando Paris e tudo que ela pode oferecer.

— Você sente muito a falta dele né?

— A cada instante. – baixei os olhos. – Mesmo que eu perca todas as minhas emoções isso é algo que nunca vai mudar.

— Assim como você e Arthur não mudará. – olhou novamente meu namorado de longe. – Alice... Não sei o que acontece ai dentro de você, mas tenta ser mais paciente com ele e com vocês dois. Ele só te ama e quer o seu bem.

— Ei. – Arthur chegou perto da gente e me beijou. – Quer que eu pegue sua toalha?

— Não precisa.

— Quer alguma coisa? – ele olhava em meus olhos.

— Que você deixe a gente conversar. – Fabi fez uma expressão de assustada.

— Já estou acostumado. – ele comentou olhando pra ela. – Não a repreenda você ainda está com a imagem da Alice carinhosa. Até ir embora você pega o jeito.

— É... Que tarefa difícil e árdua. – ela suspirou e ele saiu.

Ela resolveu ouvi-lo e não disse nada. Era melhor assim. Bem melhor. Não queria ter que me explicar pela centésima vez. E eu tinha consideração pela Fabiana, então ficar discutindo com ela não me faria bem. Orlando me mandou mensagem na noite daquele dia. Eu evitava responde-lo, já que era algo que incomodava tanto Arthur. Se eu me comprometi a estar nesse namoro, que pelo menos eu fizesse por onde para mantê-lo.

Giovana Narrando

Eu havia tido um dia terrível. Em pleno aniversário. E chegar à casa dos avós dos meus amigos e vê-los com aquele bolo foi como ressurgir uma alegria em mim que eu achei que não sentiria no dia de hoje.

O motivo da minha tristeza constante estava logo a minha frente... Yuri e Sofia. Desde que ela perdeu o bebê eles ficaram próximos demais. Demais mesmo. Achei que passaria, mas meses se foram e eles continuavam assim. E parecia que toda a identificação que eles tinham quando ela engravidou, voltou com tudo.  As meninas diziam que eu tinha que ser compreensiva, que era difícil tudo o que ela passou e que ele se importava e devia mesmo se importar, mas e eu? Quem se importava comigo?

Todos estavam reunidos pensando no que fazer para ajudar o Kevin, minha vontade era me manifestar e dizer que não havia como ajuda-lo, mas eu não queria ser a estraga prazeres.

— Temos que descobrir quem é esse garoto que está andando com ele agora.

— Deve ser algum parente de Diana.

— Otávia tenta descobrir com Danilo. – a sardenta revirou os olhos.

— Jamais. Não me aproximo mais daquele garoto.

— O que ele fez pra você? – Ryan questionou bem curioso.

— Não te interessa!

— No mínimo deve ter proposto um sexo a três com a mãe dela. Ou a traído com mais uma mentira. – todos riram da suposição de Alê.

— Posso tentar saber. – Yuri se manifestou. – Kevin ás vezes é mais tolerante comigo.

— Tá bom. Você fica com essa missão. – Arthur decidiu. – Eu já tentei pesquisar de todas as formas quais são os motivos que levaram Kevin a terminar, mas falhei. Então eu vou partir pra velha tática... Jogos mentais com meu pai. Ele vai dizer.

— E depois? – todos nos olhamos.

— Com essas duas informações a gente se reúne e vê o que faz.

— Eu tenho uma ideia. – Alice falou com receio. Todos ficaram esperando que ela continuasse. – Sei de uma forma que não precisa você se sujar no método do seu pai. – Arthur ficou atento. – Eu sei de alguém que vai conseguir essa informação do Kevin. – eles olharam Rafael parecendo querer saber o que ele achava.

— Tudo bem. Como sempre tá tudo na mão do Murilo. – saiu certamente chateado.

— Alice você só reforça o quanto Kevin e Murilo têm uma ligação forte.

— Mas eles têm. – ela deu de ombros. Dei uma risadinha, Alice às vezes era cômica. – E ele devia agradecer por eu usar isso a favor do namoro dos dois.

— É amiguinha você perdeu mesmo sua humanidade. – Sophia comentou zombando dela.

— Lógico. As emoções é que nos tornam humanos. – e o clima pesou no segundo após a fala de Alice. Nem mesmo Arthur conseguia dizer alguma coisa. Eu achei foi pouco, Sophia falava demais e alguém tinha que coloca-la em seu lugar.


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Notas finais do capítulo

Se tudo der certo e eu ainda tiver um quarto habitável eu venho amanhã ♥
Caso contrário até o meio ou fim da semana eu apareço. (conteúdo tem e muito) ah, suspense sobre o garoto que apareceu... Eu quase não gosto. (;



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