Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 63
Fatalidade


Notas iniciais do capítulo

*foto citada no capítulo.
Boa leitura ♥



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Murilo Narrando

Desliguei a chamada de vídeo com Lari e Soph e olhei para Eliot. Ele estava estudando as minhas reações e sabia o quanto eu não gostava nada disso.

— Todos pareceram bem surpresos ao saber que você estava aqui. Não devia ter contado. – dei uma singela risada.

— Acho que ainda não devo muitas satisfações a ninguém. – sorri. – Só contei mesmo por costume.

— Você sempre diz onde está? – lançou um sorriso mal intencionado.

— Até parece que você não sabe disso.

— Com quem está trocando mensagens? – o olhei. – Tá. Não é da minha conta. Não mais. – concordei. – O que vamos fazer mais tarde? – se deitou. – Quero aproveitar minha folga.

— Na verdade estou um pouco cansado.

— Não pra mim. – olhei em seus olhos.

— Sua mãe não está em casa? – estranhei a falta de barulho.

— Ela foi à casa da minha tia. Meu pai a deixou lá antes do trabalho. Se ela soubesse que viria teria ficado.

— Por que não contou a ela?

— Minha intenção era te ter sozinho. – não demorou muito e estávamos juntos. Acabei ficando até a mãe dele chegar e ficamos conversando durante um bom tempo... Não sei se pra ela era confuso me ver ali, mas eu acho que não. Pelo menos sua reação era muito positiva.

Enquanto a semana passava eu procurava me manter afastado de qualquer distração dos meus estudos. E queria ter esse foco por todo o tempo que eu estivesse naquele País.

— Para de ler esses livros. – Adam entrou em meu quarto e se jogou na cama. – Você é tão chato. - bufou. - E eu esperto. Estou sentindo um clima entre você e a vizinha.

— Ah, agora ela é vizinha? – o olhei. – Aprendeu né?

— Sim. Ela é gente boa na real. Eu a julgava por não conhecê-la.

— Não entendo esse julgamento todo.

— Eu a via de vez em quando no prédio. Achava ela um pouco estranha. Só isso. E rolam boatos que ela se internou e algumas coisas...  Como você provou que sim... – fiquei o encarando.

— Nunca conversamos sobre isso. E não vai ser hoje que vai acontecer. Ainda mais sobre ela.

— Eu não quero saber sobre ela. Quero saber sobre vocês dois. – deu uma risadinha maliciosa. Contei tudo porque não adiantaria esconder, uma hora ou outra ficaria muito mais nítido.

— Eliot está me ligando. – peguei meu celular.

— E falando em bom sexo... – riu. – Você tá perdido Murilo. – acabei rindo também. A fala dele tinha um pouco de fundamento.

No sábado Adam e Audrey saíram comigo e com Gardan para que eu escolhesse meu carro. E claro, depois demos uma volta para o estrearmos.

— O seu pai não está afim de adotar um filho não? – ele perguntou enquanto ainda analisava o veiculo por dentro.

— Não. Eu e minha irmã somos o suficiente.

— Muh vamos sair hoje a noite para comemorarmos seu presente! – Audrey que mal saia sugeriu. – Não me olhem assim! Eu sei os momentos certos de sair.

— Comemorar um carro até que é uma boa. – Adam riu. – E se fizermos uma festa? Festa do carro. Todo mundo entra. Ou eu entro em todo mundo. – reviramos os olhos juntos.

— Adam não é uma putaria. Vamos só sair. Chame a Paty Murilo.

— Já entendi tudo. Tá trabalhando junto da doidinha. – dei um soco forte nele.

— Você havia parado com isso?

— Ah, mas eu volto quando fico com raiva. Elas querem te fazer amar a garota! Forçando a barra.

— Não é nada disso Adam, se toca. – nossa amiga se defendeu. – De qualquer forma ele a chamaria, não é Murilo?

— Não tenha tanta certeza. Ele tem duas opções. – a olhou e sorriu grande.

— Eliot está trabalhando. E mesmo se não tivesse eu não o chamaria por Paty já estar com a gente. – recebi um olhar nada agradável.

— Você não é namorado dela e não deve satisfações, então por que não pode ter os dois no mesmo local?

— É ridículo. Não vou agir como se eu não ficasse com nenhum dos dois. Não é por ela, é por mim.

— Ah cara, sério, você é muito cheio de coisinha.

— Você que é um depravado sem limites. – dei um sorriso vitorioso.

— Perdeu Adam, cala a boca. – Audrey o impediu de responder. – Estou aqui olhando em meu celular e já vou reservar o restaurante que vamos comer. Ele é muito chique! Sempre quis comer lá. E claro, é tudo por conta do Murilo, se ele tem um carro desse preço ele tem dinheiro para nos pagar um jantar caro.

— Espera. – Adam virou pra trás encarando a garota. – Quem disse que a gente quer ir a um restaurante pomposo?

— Murilo estuda gastronomia. Ele é apaixonado por comida. E ele sempre quer comer em lugares novos e diferentes. É por causa dele. A comemoração é em virtude dele.

— Que seja. Esses lugares sempre têm garçons lindos com calças apertadinhas. – o olhei. – Nem vem me encher o saco, o Gardan não vai estar lá.

— Você ainda vai ser acusado de assédio. Sabe disso né?

— Eles até acusariam se não fossem pra cama comigo antes. – Audrey riu alto.

— Não disfarça seu fracasso amoroso com falsa autoestima. – os dois começaram a discutir até chegarmos ao apartamento. Chamei Patrícia e no horário combinado ela estava lá. Mais linda que normalmente.

— Vem cá, vamos tirar uma foto. – revirei os olhos.

— Você é viciada em fotos. – reclamei.

— Sou. Houve algumas épocas em que eu não queria tirar nenhuma, então agora que eu sinto vontade vou tirar sempre.

— Mas calma. Parece até alguém que tá vivendo seu primeiro carnaval solteiro.

— O que é carnaval? – ri lembrando que não éramos do mesmo lugar.

— Esquece. Vamos tirar a foto logo.

— Por favor, faz uma carinha bonitinha. – fiquei olhando pra ela. – Você fica fazendo essas expressões de má vontade. Não gosto. – fez beicinho. Meus olhos grudaram em sua boca. Ela aproveitou disso e se aproximou. Acabamos nos beijando. – Depois disso... – dizia enquanto recuperava o fôlego. Nossos rostos quase se encostavam. – Exijo que faça uma boa expressão facial. Sorri e me posicionei. – É eu gostei. – avaliou após olhar em seu celular.

— O casalzinho tá pronto? – Adam chegou sendo inconveniente, como de costume.

— Cadê Audrey? – o ignorei.

— Tá vindo. Passou tanto perfume que eu acho que não vai nem precisar pagar a conta. No fim da noite todos estarão mortos. – comecei a rir.

— Do que estão rindo? – ela apareceu e vi que ele estava com razão.

— Amiga... Assim... Pra que esse tanto... – Paty gesticulou balançou as mãos pra cima.

— O carro do Murilo cheira a plástico. Adoro esse cheirinho de novo, mas quero que tenha meu cheiro. – elas se olharam. – Marcando território. – piscou.

— É. Isso de trabalho em conjunto já foi longe demais. – Adam resmungou abrindo a porta. Ninguém comentou mais nada, muito menos eu. A noite foi deliciosa, conversamos, rimos e comemos uma comida sem igual. Depois andamos um pouco pela cidade. Acabamos a noite em um dos lindos parques perto do nosso prédio. E milagrosamente Adam esqueceu que os homens existem nesse curto período de tempo.

Alice Narrando

Estava em uma consulta com minha mãe. Era um momento decisivo. Eu iria começar o tratamento. A médica disse milhões de coisas e acertou quando ao me ver apostou que eu estava em total regressão. Quer dizer, segundo as palavras dela, era a fase final.

— Ela ainda sente algumas emoções, principalmente em relação ao namorado e ao irmão. Mas tá completamente indefesa.

— São as reações esperadas. – ela respirou fundo. – Não entendo até hoje por que ela teve essa regressão. E de forma tão brusca. – minha mãe e ela ficaram se olhando. – O tratamento será conforme já foi conversado. Ela pode iniciar amanhã.

Minha mãe fez mais algumas perguntas e se certificou de que a doutora a atenderia qualquer hora que ela precisasse. Fomos pra casa e Kevin estava me esperando.

— Meu pai já chegou? – estranhei ele estar em minha sala.

— Não, mas eu vim da academia. Ele me emprestou a chave dele, disse que vocês chegariam logo.

— Você estava malhando? – me sentei ao seu lado.

— Sim. Estava precisando. Se não o ódio iria me corroer. – respirou fundo. – Mas não vim aqui pra falar de mim. Aliás, vim. Mas primeiro quero saber como foi a consulta.

— Normal. Vou começar a tomar o remédio amanhã.

— E vai a aula? Não é muito perigoso?

— Arthur quer me levar e buscar. – sorri pequeno. – E ele vai estar atento ao celular se acontecer algo. As meninas também vão me ajudar se eu precisar.

— Tá. – vi que ele não estava bem.

— O que você tem hein? – cheguei mais perto e me encostei a ele.

— Alice... O que o Murilo pretende fazer? Digo... Ele vai acabar os estudos e vai voltar pra cá em seguida? – nos olhamos.

— Não sei Kevin. Provavelmente.

— E quanto tempo dura esse curso?

— Um ano. Ele tá fazendo o nível básico apenas. Meu pai diz que com toda certeza pelo entusiasmo dele ele irá inventar de fazer o nível intermediário e depois o avançado. E se assim for, sabe-se lá quando ele volta pra casa. Se é que um dia volta. Por que tá interessado nisso? – notei seu incômodo.

— Eu me preocupo. Sei o quanto Murilo é imprevisível. Se ele decidir ele volta do nada. E eu quero que você me mantenha informado e me conte. – suspirou. – Uma coisa sou eu evitar vê-lo quando ele vier a passeio, outra é saber que ele estará aqui de volta. Conheço o meu namorado e sei o quanto isso iria afeta-lo. E eu preciso me preparar pra quando esse dia chegar.

— Você quer que eu ligue pro meu irmão e avise que ele não precisa mais pensar em voltar? – eu estava incrédula.

— Tá me entendendo errado Alice. Eu só não quero ser pego de surpresa. Tenho que conversar com Rafael antes e fazê-lo entender que terá que se adaptar a ver Murilo. Não iremos conviver com ele porque certamente eu iriei diminuir bastante o contato com todo mundo pra evitar expor meu namorado a algo que sei que o incomoda.

— Tudo por um cara. – suspirei inconformada.

— É. Mas ele é especial. – sorriu todo bobo.

— Você não tem medo de se arrepender Kevin?

— Não. Só tem medo de ser traído quem é fraco, ou impiedoso ou vaidoso demais. O resto não perde um só segundo projetando esse tipo de problema.

— Até que você é surpreendido. – lembrei o meu namoro.

— Arthur quase fez aquilo apenas por não conseguir conter seus desejos carnais. Mas ele jamais planejou te trair, tanto que não traiu.

— Não quero falar disso. Você me deixa na casa da vó antes de ir?

— Tá me mandando embora? – dei uma risada contida.

— Sei que tá na hora de você ir pra faculdade. E ainda tem que tomar banho.

— Espertinha. – se levantou. – Vamos.

Fiquei com todos na vó Isa e a discussão era sobre o que iriamos fazer a respeito de Caleb. Não havíamos conversado sobre isso novamente.

— Tenho um fato interessante para contar... – Alexandre nos olhava sério. – Na viagem eu peguei Danilo conversando no telefone com a irmã dele... E ele disse claramente pra ela se afastar de Caleb porque ele era muito perigoso. – todos se surpreenderam. – Agora eu pergunto a vocês, o que Diana quer com o demônio?

— Bom... – Ryan deu o sorriso de gênio dele. – Não é difícil entender. Diana é louca por Kevin, Caleb é louco por Kevin com alguma garota... É uma combinação interessante.

— No dia da festa que Caleb deu no hotel eu o vi sendo muito simpático com ela e a família dela. Ele gosta da garota. E por já ser próximo dos pais por ser sócio deles...

— Vocês estão entendendo que ele pode planejar alguma coisa com essa menina doente?

— Não acho. Ele não perderia tempo. Mas ele certamente a tem como pretendente a nora.

— Tá. E o que a gente vai fazer? Alguém teve alguma ideia nesse tempo todo? – ninguém se manifestou.

— Já sabemos que não dá para denuncia-lo então o que nos resta é acabar com a reputação dele. – Ryan opinou.

— Não querido. Não vamos colocar sexo e uma garota que aindanão atingiu a maioridade no meio.

— Eu não disse isso. Já descartaram minha ideia. Mas... Estive pensando... O que ele mais abomina? – todos pareciam pensativos. – Poderíamos soltar boatos dele ser gay.

— Ah tá. O cara que já traiu a esposa com toda e qualquer mulher.

— Também tá na sua cabeça dopar algum cara e tirar foto dos dois juntos? – Lari o provocou e riu.

— Vocês não concordam comigo, mas pensem bem, Caleb sendo bombardeado por todos os lados com notícias de algo que ele não é e que ele detesta, iria derruba-lo.

— O que iria acontecer?

— Ele iria surtar. Não conseguiria trabalhar, fazer as coisas erradas dele, iria fraquejar.

— Exagero. Isso é algo que ele contornaria.

— E se... O cara fosse alguém que o comprometesse? Tipo o Eugênio.

— E parecesse para o Eugênio que foi Caleb que inventou tudo?

— Ele poderia ser morto eu acho. Esses caras são loucos.

— A gente não quer isso? Que Caleb morra?

— Não é mais fácil colocar veneno no café dele?

— E irmos presos por causa daquele ser? Jamais.

— Se o Kevin estivesse aqui ele já teria perdido a paciência.

— E se o Arthur estivesse já teria dado uma lição de moral. – todos começaram a rir.

— Não tem jeito gente. Vamos deixar o Caleb na dele aprontando como sempre. Não temos poder para fazer nada. Aceitem. Só aceitem.

— Concordo. – falei e suspirei.

Acabamos mudando de assunto e combinamos de dizer ao Kevin que não havia ideias porque não existia como derrotar o pai dele. No outro dia comecei a minha medicação e não imaginava que já seria difícil logo no início. Fiquei muito zonza e acabei caindo na escola, indo parar no hospital.

— Ela machucou, desmaiou, bateu a cabeça e foi melhor trazê-la. – ouvi a voz de alguém e depois a voz do meu pai. – Dessa vez eu acho melhor ela ficar. A médica dela não está levando em conta que ela é uma garota muito fraca pra idade dela.

— Ela puxou a mãe completamente.

— Ela tem que se recuperar direito. Vou exigir que ela fique pelo menos três dias aqui. – eles se calaram e eu fechei os olhos novamente deixando o cansaço me guiar.

Os três dias não estavam sendo fáceis, mas eu tinha minha mãe como companhia e o meu irmão me ligava toda hora. Ele queria vim, mas meu pai não deixou, ele explicou que isso era esperado e que eu estava bem. O fato é que eu não faria mais o tratamento. Segundo o médico o meu corpo e meu organismo não aguentariam.

No último dia percebi uma movimentação estranha e quando Arthur veio me ver ele estava muito abatido. Alguma coisa grave havia acontecido. E claro, ele não iria me dizer. Questionei a minha mãe que desconversou.

— Não estou prestes a morrer. Estou bem. Pode parar de me poupar? – a olhei. – Não é nada com Murilo né? – vi todos os meus amigos entrarem. Eles não haviam ido me visitar e segundo minha mãe ela disse que achava melhor que eles não fossem. Então não entendi nada. – É comigo? – ela continuou sem responder.

— Vocês podem ir, Kevin está aqui ele vai cuidar pra que tudo dê certo. – Gustavo disse aparecendo e me deixando ainda mais confusa. Meus amigos saíram um a um. Meu pai estava ao lado do meu tio.

— Vou levar Alice pra casa e volto pra ficar com você. – ele disse ao tio Gu de forma muito séria. – Ainda não contou né? Não seria melhor Arthur invés de Kevin?

— Arthur já está muito abalado. – olhei meu namorado. – É melhor que ele fique com Alice agora. Além disso, o emocional do Kevin é perfeito para lidar com essas coisas.

— Tá bom. Vou ir mexer com os papéis da alta dela e ver se os pais dos meninos os acharam aqui. – ele saiu e depois minha mãe se foi com o meu tio.

— Agora dá pra me dizer o que tá acontecendo? – pedi angustiada a Arthur. E então ele começou a chorar. O seu choro era sofrido. Era como se ele tivesse perdido algo ou alguém. Eu tive certeza que alguma coisa muito grave havia acontecido.


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Notas finais do capítulo

Quem diria que o Kevin passaria de renegado e revoltado para o pilar da família. É muito reizinho ♥



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