Amor Perfeito XIV escrita por Lola
Notas iniciais do capítulo
Boa Leitura ♥
*foto citada no capítulo.
Alice Narrando
O caminho de volta pra casa no domingo foi estranho. Meu pai continuou em silêncio por todo o tempo que restou daquele dia. Depois da aula fui a clínica da minha médica para fazer os exames. Passei no hotel depois disso para tentar saber do Danilo alguma coisa, mandei mensagem pra ele e ele não aparecia. Minha mãe não me esperaria no carro por muito tempo.
“Preciso ir embora e o cara que trabalha com Arthur e Kevin acabou de sair do elevador, ele vai achar que estou aqui atrás dele, anda logo Danilo.”
— Está me procurando? – dei uma risada ao ouvir sua pergunta. – Eu sei que não. Estou brincando.
— Pois é. Não estou. Esperava um colega, mas acho que ele não vai aparecer agora. Como você está? Trabalhando muito?
— Demais. É uma pena que eu não veja você com tanta frequência por aqui. – dei outra risada.
— Você me deixa envergonhada.
Arthur apareceu com Danilo. E só me restava ir embora. Quando cheguei em casa almocei e dormi um pouco, acordando de tarde e indo até a cozinha.
— Que horas tenho que tomar os remédios? – questionei a minha mãe que parecia trabalhar em seu notebook.
— Você vai querer mesmo tomar? – me olhou com um olhar sério.
— Vou mãe. Que horas?
— No café da manhã. – concordei bebendo água. – Mas ela vai precisar começar com uma dose menor e você vai ter que ser monitorada.
— Ok. – desviei o olhar.
— Se você não quer porque vai fazer?
— É importante pra vocês. – suspirei. – Mãe... Ainda quero o Murilo aqui. – resmunguei com tristeza.
— Eu também. – respirou fundo. – Que tal se você se concentrar em algo bom? Ontem conversamos sobre passarem o carnaval semana que vem na praia. Vocês vão pra casa da família. E ficamos de decidir qual responsável vai acompanha-los.
— Claro que é o Arthur. – revirei os olhos. – Ele sempre fez esse papel.
— Ele ainda tem dezenove anos. É bom ter um adulto por perto.
— Que seja qualquer um menos Luna, pelo amor mãe. Ela tá muito chata. – riu da minha fala. – Estou falando sério.
— Ela e Ravi estão passando por problemas. – comentou concentrada no nada. – Nunca imaginei que esse dia chegaria.
— Todos vocês passam por problemas. É incrível né?
— Vida de casados minha filha. Não é um mar de rosas.
— Que seja. Eu nunca vou me casar mesmo. – minha mãe ficou me olhando por um tempo.
— Aquilo de empoderamento feminino e tal, não precisar de alguém?
— Não. Aquilo de eu ter uma incapacidade emocional mesmo.
— Ah... Alice. – a cortei.
— Vou subir. Já vou começar a arrumar as minhas roupas e tudo que eu irei levar. – a olhei. – Acho melhor começar o tratamento depois dessa viagem né?
— É. É melhor mesmo.
Concordei e voltei para o meu quarto. Mas não fiquei naquilo por muito tempo. Pouco depois da cinco da tarde Kevin apareceu lá em casa.
— Então passou mesmo pela sua cabeça que pudesse ocupar o meu lugar? – questionou de forma relaxada enquanto cruzava os braços e se apoiava na porta do meu quarto.
— Como assim?
— Achou que duraria quanto tempo até eu descobrir? – sua risadinha me irritou muito. – Danilo é da mesma espécie que eu, não foi preciso nem pressionar. – veio até a mim e se sentou em minha cama. – Ele me contou tudo.
— Desgraçado.
— Era um risco que você tinha que correr. – me olhou e sorriu. – Se preocupa tanto assim?
— Não. Eu procurei aquele traidor porque queria me divertir. – ironizei.
— Não é assim que funciona. – riu de mim. – Nunca tente usar alguém próximo do seu alvo contra ele. Dificilmente vai dar certo. Danilo é leal a mim.
— Queria entender toda essa lealdade. – cruzei os braços. – Vocês não...
— Tá louca Alice?
— Não sei Kevin. Depois do meu irmão eu nunca sei.
— Eu confiei nele. Ele estava vulnerável, sozinho e precisando de um amigo.
— Se eu não estou doida depois disso ele traiu sua confiança.
— Sim. – me olhou. – Por isso ele não fará mais. – bufei.
— Não quero ocupar o seu lugar. – conclui após um tempo em silêncio. – Isso é impossível. Ninguém nunca vai ter tanto êxito.
— Nem tão impossível assim. Quer saber o que devia ter feito? – o olhei igual uma criança. – Procurado Arthur.
— QUE? – gritei inconformada. – Mas se ele está fazendo as coisas que eu não quero que você faça e não confio nele pra isso.
— Ele sabe separar as coisas.
— Ele é seu irmão, também é próximo e bem fiel a você.
— Nossa proximidade com ele está em parâmetros diferentes. E ele é muito mais fiel a você, pode apostar.
— Então ele iria ficar te vigiando?
— Ele não só me vigiaria da forma que você queria como iria te garantir que se eu ultrapassasse qualquer limite ele estaria lá pra fazer o seu papel. - fiquei pensando naquilo.
— E qual é o meu papel? – nos olhamos.
— De âncora. – sorriu. – Você me conecta aos princípios e virtudes para evitar que eu fique à deriva ou seja levado pela correnteza. Além de me trazer toda proteção, apoio e confiança, principalmente diante de desafios e problemas.
— Eu só não te amo mais porque você partiu o coração da pessoa que eu mais amo no mundo. – sorri entristecida. – Quando isso vai passar?
— Ele vai encontrar alguém.
— Ele não quer. Está relutante de uma forma que... – respirei fundo. – Esquece isso. Não é problema seu. – sorri. – Como foi a viagem?
— Rápida e intensa. – deu um sorriso grande. – E você, o que fez nesses dias?
— Nada. Como sempre. Fiquei me recuperando na verdade.
— Alice... Temos um problema. O seu irmão não me esquece e o meu irmão não te esquece. – nos olhamos. – Ele tá louco por causa do Orlando. Não devia nem tá te contando isso, ele me mataria, mas... Tenho que ser verdadeiro.
— Pode tranquiliza-lo. Não vai rolar nada.
— Mas isso não significa que um dia vá voltar a rolar com ele né?
— Eu sou uma peça sem encaixe Kevin. Não existe solução pra mim.
— E se o tratamento der certo? – fiquei olhando minhas mãos. – Vocês se amavam tanto. E eu sei que parte desse amor ainda permanece em você.
— O que importa? Ele já desistiu. Principalmente quando se envolveu com aquela garota e depois quando fez tudo aquilo.
— Ele precisou fazer Alice. Por mim e por Rafael. E Letícia foi...
— Foi a continuação de uma quase traição.
— Alice... Dá uma chance pra ele. Só... Se aproxima. – fiquei pensando um pouco. – Não deixa ele se aproximar apenas quando você desmorona.
— Ele falou alguma coisa? – olhei em seus olhos.
— Nunca. O Arthur jamais falaria sobre isso sendo uma coisa negativa. Eu estou falando. Não acho certo com ele.
— Sério Kevin?
— Vamos voltar a fita por alguns momentos. Você terminou com ele porque queria enfrentar o seu problema sozinha. Ele tentou ser feliz com alguém que não era você e não conseguiu. E então... Você sempre recorre a ele quando tudo está ruim o suficiente que não possa suportar. Nem em mim ou em Murilo você encontra essa paz. Quando vai ver que tomou a atitude errada?
— Eu não o quero assim... – ele não me deixou falar.
— Diz pra ele. Se você fizer o mínimo movimento que é a sua vontade ele sai do hotel, volta a trabalhar com Ravi e aceita tudo o que você quiser Alice.
— Não posso fazer isso. Eu vou prejudicar Rafael, você e estarei sendo... – lembrei as palavras do meu pai dizendo que estou sendo egoísta.
— Estará sendo? – me olhou e eu deitei minha cabeça em seu ombro.
— Tá bom. – peguei em sua mão. – Eu vou tentar.
— Podemos sair nós quatro essa semana? – o olhei espantada.
— Kevin! – ele riu da minha expressão.
— Ele tem que cuidar logo do que é dele, você é linda demais pra ficar soltinha por aí. – o fuzilei com os olhos. Meu celular começou a tocar na mesinha, ele pegou pra mim e voltou me olhando. – Essa foto é recente? O cabelo dele cresceu. - peguei olhando o rosto de Murilo.
— Estranho, ele só me liga a noite. Posso atender rapidinho?
— Claro. – me sentei encostada na cabeceira da cama e atendi.
“Essa roupa ficou bonita em mim?”— olhei o seu reflexo no espelho.
— Qualquer roupa fica bonita em você Murilo. Porque está me ligando de uma loja?
“Porque estou comprando roupas e quero a opinião da minha irmã!”
— Por que tá comprando roupa? Tem um encontro?
“Não Alice. As pessoas que não tem encontro só usam roupas velhas?”
— Eu te conheço quando tá mentindo. – dei uma risada.
“Não é um encontro. Só vou ir a um aniversário de algum parente da Patty.”
— Ah, que fofo. Desde que eu vi a foto de vocês dois na rede social dela sabe que eu torço por um namoro né?
“Não fala merda Alice.”
— A garota é apaixonante. Vocês fazem um lindo casal.
“Cala a boca e olhe bem pra mim agora, esse rosto irá mudar. Vou deixar a barba crescer.”
— Você por acaso tem barba?
“Tenho, mas eu faço.”
— Não vai virar um mendigo Murilo. – ele deu uma risada. – Por que teve essa ideia? A Patty acha bonito? – ele revirou os olhos.
“Não posso ser um chef respeitado se tiver cara de menino.”
— Você vai ter cara de menino independente de quantos pelos tiver em seu rosto. – sorri.
“Vou desligar. Você não me ajudou em nada.”
— Ajudei. Fica com a Patty. Aposto que ela vai te achar lindo em qualquer roupa. Te amo.
Olhei para o Kevin que mantinha os olhos fixos na porta. Fiquei em silêncio esperando ele se manifestar.
— A garota... – ele me olhou. – Por que ela é apaixonante?
— Desde que ela começou a marcar meu irmão nas coisas eu passei a interagir com ela e vi que ela era... Fofa.
— Me deixa ver a foto? - procurei a mesma em meu celular e o mostrei.
— Ela tá completamente apaixonada. Já ele... – nos olhamos.
— Grande conclusão Kevin.
— Ainda estou impressionando como o cabelo do seu irmão cresce rápido. – falou ainda olhando a foto. – É engraçado... Só de ver eu já consigo sentir minha mão passando pelo cabelo dele.
— Foram muitas noites fazendo isso. – ele continuou olhando meu celular. – Kevin. – ele me entregou o aparelho. – O que você está pensando?
— Já faz tanto tempo. Por que eu sinto como se fosse ontem?
— Não sei, mas você tem um namorado e não deve se lembrar disso tão fortemente assim.
— Tem razão.
— Kevin... Sabe o que me faria te odiar? – me olhou. – Você brincar com meu irmão. Eu não perdoaria isso nem em cem anos.
— Eu jamais faria isso Alice.
— Achava que não, mas... Por sua reação agora... Ficou enciumado e depois nostálgico. Se ele aparecer com alguém talvez até involuntariamente você vá tentar atrapalhar e sabe que um simples sinal vindo de você tem esse poder. Então pensa bem... Porque vai estar me perdendo.
— Fico chateado ao ouvir isso sabia? Eu não coloco o meu irmão acima de você. – ficamos nos olhando. – Era pra eu ter ficado com raiva de você por ter terminado com ele já que não concordo com o motivo. – respirou fundo. – Eu não vou tentar atrapalha-lo Alice. O que eu mais quero é que Murilo seja feliz. – olhou em meus olhos. – Devo muito a ele. Nunca vou esquecer que foi ele que me tirou da escuridão.
— Esquece isso. – suspirei. – Eu exagerei. Só fiquei um pouco impressionada com a sua reação.
— E aí... O que vamos fazer em relação a sua preocupação? – franzi a testa sem entender. Ele pegou minha mão e entrelaçou a dele. – Acho que é hora de eu voltar a comandar um bando de idiotas pra provar que eu estou do lado certo. – o olhei sorrindo.
Na terça eu queria ir até o hotel depois a escola. Estava ansiosa para me encontrar com Arthur após tomar a decisão de me reaproximar dele. Mas Kevin mandou uma mensagem dizendo que era pra eu reunir todo mundo no mesmo horário que nos vimos ontem. E assim eu fiz.
— Por que estamos aqui? – não precisava nem dizer quem era o dono da pergunta. O mais impaciente de todos claro.
— Por mim. – Kevin entrou e deu o sorriso típico dele. Aquele que misturava um pouco de soberba e deixava claro toda sua esperteza. – Precisava que vocês voltassem a ter obrigações dadas por mim para sentirem que eu ainda sou o mesmo Kevin.
— Por que isso? E quem disse que a gente quer saber algo sobre você?
— Vocês podem não querer. Mas ela quer. – apontou com a cabeça pra mim.
— E ela é quem dita as regras agora?
— Não. Sou eu. E por isso eu estou dizendo que tenho uma missão para vocês. – sorriu divertidamente. – Posso falar?
— Por que devíamos confiar em você? Que estranho. Caleb coloca alguém atrás de você e o seu irmão e agora os dois estão lá.
— É Kevin, poderia começar se explicando direito há não ser é claro que tenha que sair rápido para poder servir ao seu soberano.
— Também não é assim Otávia. – ele discordou da garota.
— Conta aí como é então. Estamos curiosos.
— Eu faço tudo que estou fazendo porque eu acredito que é a coisa certa a se fazer. É necessário.
— Então você acha que servir ao Caleb é a coisa certa?
— Eu não estou servindo ao Caleb.
— Está fazendo a vontade dele. Ele mesmo disse isso aquele dia aqui.
— Fazer isso me liberta de... Ter que defender meu namoro o tempo todo. É isso ou eu vou ter que contar com a sorte.
— E se ele mandar você... Roubar? – ficamos olhando pra ele.
— Ele não mandaria. E mesmo se mandasse eu não saberia, não é assim tão simples.
— Com ele nunca é simples.
— Tá bom. E se ele exigisse que você terminasse o seu namoro?
— De novo, ele não exigiria.
— Por quê? – cruzei os braços.
— Porque ele precisa de mim e não me atacaria agora. Não tentem questionar o que vocês não entendem.
— Tem razão Kevin eu não entendo. Caleb aterrorizou sua vida e por causa dele seu namorado foi esfaqueado. Não faz sentido sua lealdade a ele.
— Isso é um total exagero. Eu ainda tomo as minhas decisões. Tanto que estou aqui. – todos se olharam. A dúvida era unanime.
— Pode ser que tenha um pingo de razão... Mas nós também temos motivo para estarmos assustados.
— Vamos parar de discutir sobre isso e ir direto ao assunto?
— Por que Arthur e Rafael não estão aqui?
— Arthur está trabalhando e Rafael... – respirou fundo. – Não sei dele.
— Mas já brigaram? A lua de mel durou tão pouco assim?
— Não estou aqui pra falar de mim e sim de vocês e o que querem.
— O que queremos? – Giovana se questionou mais perdida que tudo.
— Derrotar Caleb né sua anta. – Soph respondeu e depois resmungou de dor segurando a barriga.
— O parto é quando? – Kevin a olhou.
— Não muda de assunto. – chamei sua atenção.
— Por que derrotar Caleb? Ele não está ameaçando ninguém.
— Por que ele é um doente ganancioso que estraga a vida de qualquer um que passa pelo caminho dele? Não precisa de nada no momento. Ele já mostrou que merece ser parado.
— É simples. – Ryan falou e todos voltaram a atenção a ele. – Vamos simular ele com menor de idade. – deu de ombros. – Ele vai preso e a paz reina.
— Você não tem nenhuma ideia que não envolva sexo não? – Lari implicou.
— Seria um escândalo. E não existe redenção pra esse tipo de crime. Eu duvido muito que ele sairia ileso.
— Fantasioso demais. – Kevin discordou. – E iria dar muito trabalho.
— Nossa! Eu vim tomar café da tarde na casa dos meus avós queridos e me deparo com todos reunidos e nem convocaram a minha presença. Eu me sinto magoado desse jeito. – Rafael comentou ao entrar na biblioteca.
— Seus avós? Sério Fael? – Yuri reclamou enciumado.
— Sabe que eles me tratam tão bem quanto um neto. – ele fechou a porta e se sentou no sofá. – Podem continuar não se incomodem comigo.
— Já que tem tanta autoridade Kevin, diz aí o que deve ser feito. – voltaram ao assunto da reunião.
— Tenho problemas demais do hotel pra resolver e agora estou em um ataque direto a um delegado. Então... Eu não pretendo gastar meus neurônios com isso. Dei a missão a vocês.
— Por que está atacando um delegado? – questionei furiosa.
— Ele é corrupto e está tentando nos prejudicar depois que eu parei com as negociações.
— O que um delgado tem a ver com um hotel?
— Muitas coisas se existem denúncias ou inquéritos em aberto. – ele respirou fundo. – Isso não é assunto de vocês. Só preciso que saibam que eu não posso ficar articulando e elaborando o que vão fazer. Pensem sozinhos. – se levantou do braço da poltrona. – Vou indo, nos vemos logo mais.
Rafael foi atrás dele. O que eu imaginava que não era uma boa ideia, mas não iria me intrometer, eu não tinha nada a ver com isso.
— Bom... Queremos mesmo fazer isso? – Larissa nos olhou. – Será que vale mesmo o esforço? Por que não vai ser nada fácil.
— Por que apenas não denunciamos esse salafrário?
— Será que é porque ninguém tem nada contra ele Giovana? Nossa, pensa um pouquinho garota!
— Kevin sabe que tá jogando nos dois times?
— Ele sabe, ele só não se importa. – respondi mal humorada.
— Olá. – Diana entrou sorridente. – A senhora simpática disse que estavam aqui. – se sentou. – Eu quero pedir perdão pelo tempo que passei longe. Mas já soube de todas as novidades. A princesinha dos olhos amarelos está solteira, a buchuda quase ganhando neném, o meu pequeno Yuri tentando a sorte com uma garota que não tem cérebro, esse loirinho – apontou para Alexandre. – ainda sem rumo, o gato do Ryan passando por problemas com a mãe – todos o olharam surpreso – Arthur saiu de casa e já era hora ele sempre se mostrou independente. Otávia atrás do meu irmão como sempre, Larissa com sua vidinha mais ou menos e Kevin... – respirou fundo apaixonadamente. – Me deixando cada dia mais louca por ele.
— Não pode chegar e ir se infiltrando nas nossas vidas. – Otávia quase avançou nela.
— Sua gnoma dos infernos como você sabe da minha vida? – Ryan perguntou fazendo alguns rirem.
— Gnominho gnominho cuidado com o que vai falar, Ryan não costuma ser muito tolerante e não temos muitos caras aqui pra segura-lo.
— Eu pareço um gnomo pra vocês? – ela os olhou com repulsa.
— Só quis dizer que te acho feia mesmo. – Ryan sorriu com jeito sarcástico. – Anda logo, me responde.
— Um dia estive no hospital e sem querer ouvi um desabafo dela com um colega de trabalho. Ela parecia bem chateada com o filho. Quer que eu conte o motivo para todos? – ele imediatamente foi pra cima dela. Todos tiveram que tira-lo.
— Ryan que motivo é esse que te tirou do sério assim? – Yuri perguntou e a garota e Ryan ficaram se olhando.
— Conta. – ela se sentou novamente. – Vou assistir de camarote.
— Ryan isso é uma questão sua e da sua mãe, ninguém aqui tem que te perguntar nada. Você não tem que dizer nada. – depois da minha fala olhei aquela peste. – Dá pra ir embora?
— Eu vou. Depois de três avisos. – se levantou. – Você fica longe do meu irmão. – ficou olhando para o Ryan. – Você – apontou para Otávia. – Vai me dizer por que ele decidiu trabalhar no hotel. E você – me lançou um olhar mortal. – Mexeu com a pessoa errada linda. Se eu te ver perto do Orlando de novo arranco esses olhos amarelos na unha. Ouviu?
— Não estou entendendo. Você não é louca por Kevin. O que tem a ver eu estar perto do Orlando?
— Eu tenho amigas sabia? E uma delas é apaixonada por ele. – respirei fundo. – Não queira entrar em uma briga comigo. Você não vai gostar do resultado. – saiu arrastando Otávia.
— Eu juro, eu tenho muito medo dela. Mais do que eu tinha do Kevin.
— Alice... Seja o que for que estava rolando entre você e esse carinha... Sabe que tem parar né? – olhei para Alexandre.
— Não estava rolando nada. – bufei. – E por que a gente aceita a DIANA mandando nas nossas vidas? Nos ameaçando? Já não basta... – parei de falar. Aquilo não ia chegar a lugar algum. – Vou pra casa.
— Não é melhor passar no hotel e contar ao Kevin sobre isso? Ele tem que saber que a louca não abandou a ideia de tê-lo.
— Eu vou. – me olharam apreensivos.
— O tal Orlando não trabalha lá? – revirei os olhos. – Sabe que Diana tem olhos em toda parte, devia evitar Alice.
— Eu não sou cadela da Diana. – sai antes que eles falassem mais coisas e enchessem mais o meu saco. Assim que cheguei ao hotel a primeira pessoa que encontrei, claro, tinha que ser ele.
— Estamos nos encontrando todos os dias. – sorriu. – Procura seu primo?
— Sim e eu já falei com a recepcionista e estou indo lá. Tchau. – sai bem rápido. Era mesmo melhor evitar, eu tinha que admitir.
— O que faz aqui? O seu interesse é no andar de baixo. – ouvi de Arthur antes de dizer qualquer coisa.
— Estou procurando o Kevin. – ignorei seu comentário ridículo.
— No quarto com Rafael. Eu não abriria a porta. – deu um sorriso muito amargo. – Parece que eles chegaram aqui após fazer as pazes. Se bem conheço eles e eu conheço muito bem... – o cortei.
— Tá. Vou esperar aqui. – sentei no sofá. – Eles tem que ir pra faculdade, não vão ficar lá a noite toda.
— Sorte sua. – apontou pra lá. – Escuto o barulho do chuveiro.
— Por que você tá um saco?
— Calma. Tenho que anotar no meu diário. Alice se interessou pelo meu jeito. É, é um enorme avanço.
— O que aconteceu com você Arthur? – invés de responder ele foi beber água. Olhei para o sofá e vi uma calcinha minúscula ao lado da almofada. – O que é isso? – mostrei a peça pegando com as pontas de dois dedos.
— Acho que você conhece bem. Ou não usa? Nunca tive a oportunidade de saber. – abri a boca espantada.
— Você tá drogado?
— Só decidi aproveitar tudo o que a vida tem pra oferecer. – sorriu de lado e piscou. Kevin saiu do quarto com a toalha enrolada na cintura.
— Ouvi sua voz. – respirou fundo. – Não é o melhor momento.
— Quando vai ser? Ele decidiu agora desenterrar o Arthur da universidade?
— Ei. – Kevin chegou até a mim e olhou em meus olhos. – Ele não soube lidar com a ideia de que poderia ver você sendo de alguém. Eu o entendo. Você acabou causando isso, já que não fica com ninguém Alice.
— Ah não. Se esse é problema...
— Para. Não pira. Ontem você me prometeu uma coisa e você vai cumprir. Deixa que eu cuido dele.
— Que seja. Eu vim falar de Diana. Ela esteve lá agora mesmo e disse que eu tinha que ficar longe de Orlando porque uma amiga dela é apaixonada por ele, me ameaçou, ameaçou o Ryan, deu um show o expondo e levou Otávia, porque ela quer saber o motivo de Danilo estar trabalhando aqui. – recuperei o ar. – Ah, e ela não desistiu de você.
— Ela nunca vai desistir. – nos olhamos. Vi que Arthur havia ido tomar banho assim que Kevin se aproximou de mim. – Isso com Orlando não vai ser um problema né?
— Ele tá bem afim de mim. – dei um sorriso.
— Alice eu te fiz uma pergunta.
— Não Kevin. Não vai ser.
— Não quero ter que me meter nisso. Ele é um ótimo funcionário. - respirou fundo. - Ela expôs o Ryan? Como ela sabia? Essa garota é um demônio mesmo.
— Ela sabia do que? Ela só disse que ele tá brigando com a mãe e ficou insinuando o motivo, mas não contou nada.
— Que bom. Seria péssimo pra ele.
— O que é Kevin? Como você sabe?
— Somos amigos Alice. – fiz cara de curiosa. – Não. Eu não vou contar. – insisti mais um pouco. – Sabe a Azura a amiga dos nossos pais que é solteira? – concordei. – Ele tá pegando ela.
— QUEEEEEEEEEEEEEEEEE? – gritei quase o deixando surdo.
— Para de gritar. E nem começa com lição de moral, ele já tem praticamente dezessete anos.
— E ela quarenta ou sei lá quantos. Kevin o Ryan tá louco.
— A mãe dele também acha. – ele riu. – Ela quer inclusive saber do seu pai se a clínica que Murilo ficou é boa.
— Você não tá falando sério né?
— Nunca falei tão sério. Ela acha que ele é ninfomaníaco e precisa de tratamento.
— Mas o Ryan nunca foi de sair transando com todo mundo. Esse era o meu irmão. Bom... Era. – respirei fundo. – Como isso aconteceu?
— Eles frequentam a mesma reunião de alguma coisa de Budismo.
— Eu estou muito chocada.
— E parece que Diana é contra Danilo trabalhar aqui né?
— Totalmente. Será por quê?
— Quanto mais longe dela menos ela pode controla-lo. Eu ainda sinto que eu vou quebrar a cara feio com ele por causa dela.
— Como ela consegue? Ele sabe que ela é um monstro, mas... Parece que ele quer se livrar e não acha uma forma, não sei...
— Amor vem se vestir, vamos nos atrasar. – Rafael o chamou da porta do quarto.
— Vou ir embora. - falei apressada.
— Espera. Eu te deixo lá antes de ir pra faculdade. Isso se você não quiser ir com o meu irmão. – o encarei com raiva. – Não custava tentar. - sorriu. - Vou só por roupa, espera aí.
— Ainda tá aqui? – Arthur apareceu todo arrumado.
— O que eu te fiz? – olhei em seus olhos. – Fiz você sentir dor? Ah, você não é homem o bastante pra aguentar isso? Tem que ficar agindo igual uma criança mimada que perdeu o brinquedo.
— Não Alice. Você não me fez sentir dor. Me fez perder as esperanças de um dia ter você de novo. E eu sou homem o bastante pra aguentar isso sim. Só que no momento eu quero apenas esquecer. Então me deixa usar os métodos que eu acho eficaz e sai do meu caminho. – puxei seu braço enquanto ele passava.
— Eu não tenho e não quero ter nada com o Orlando. – ele ficou me olhando. Encarei o chão.
— Vam... – Kevin apareceu e viu que conversávamos. – Vou esperar lá embaixo.
Depois que eles saíram não sabia o que dizer. Nem sabia se ele diria alguma coisa.
— Diz que sente alguma por mim Alice. – pediu em um tom de súplica.
— Arthur...
— Se não sentir vai me perder pra sempre. Eu não vou me apegar a uma ilusão pelo resto da vida. Não posso continuar te amando dessa forma.
— E de que forma você quer me amar?
— Sendo correspondido. Do seu jeito, com as suas limitações. Não espero muito de você Alice. Só peço que queira estar comigo.
— Pensei por um segundo que não podia te querer. Mas eu quero. Saber que você novamente está se envolvendo com alguém... – baixei o rosto. – Não quero ser egoísta com você. Eu estou sendo assim com todo mundo.
— Diz apenas que um dia vai ficar comigo e eu não me envolvo com mais ninguém.
— Eu vou. –ele deu um sorriso espontâneo. – Mas... Não queria que fosse um dia...
— É o que estou entendendo? – ficou me olhando assustado.
— Você tem que ir pra aula Arthur.
— Dane-se aula. Olha pra mim Alice. – pegou meu rosto. – Você está dizendo que quer ficar comigo agora? – concordei gestualmente enquanto sorria timidamente. Ele rapidamente tomou minha boca com tamanha necessidade e cuidado, me fazendo lembrar o quanto eu senti falta dele e de como ele era perfeito.
— Ainda não acho certo. – falei baixinho após nos separarmos. Ele selou nossos lábios me impedindo de dizer mais alguma coisa.
— Não importa mais. – fiquei olhando em seus olhos e torcendo para que ele estivesse certo. Que realmente não importasse e para que eu conseguisse manter a minha decisão mesmo não concordando totalmente com o que eu estava fazendo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Até amanhã ♥
*tinha que ter a parte do Murilo, mas já tava enooorme :( enfim, tem novidades sobre ele *O*