Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 56
Encontro desastroso


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura (perdão pelo sumiço) ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789024/chapter/56

Alice Narrando

Aquele sábado havia começado de forma atípica. Acordei tarde por ter voltado tarde da festa ontem e não fui almoçar na casa dos meus avós. Fui com meus pais em um restaurante, onde conversamos bastante a respeito da noite de ontem. Pouco tempo depois de chegarmos em casa recebi Rafael.

— Trouxe salgadinhos e doces. – ele levantou o pacote. – E refrigerante. – colocou tudo na mesa. – Espero que esteja desocupada.

— Estou, mas não estou com fome. – dei um sorriso.

— Não tem problema. Eu como por você. – fomos pra sala. Sabia que ele queria conversar. – Ele não responde minhas mensagens e nem atende minhas ligações, quando fui procura-lo, Arthur me encontrou e disse que ele estava no hotel desde a manhã e que ele estava trabalhando e como sabia que havíamos brigado, pediu que eu tivesse paciência porque agora a tendência é piorar.

— Em que sentido? – o olhei preocupada.

— Ele vai assumir mais funções no... Quer dizer, na verdade ele vai ser o que o pai quer que ele seja, então parece que não vou vê-lo mais com tanta frequência, isso se continuarmos mesmo juntos.

— Lógico que vão, para com isso. – pensei um pouco enquanto ele mastigava compulsivamente. – Qual o motivo dele estar fazendo isso?

— Não sei. Bom... Ele disse ontem a noite... – parou de falar e estava nitidamente confuso se me contava ou não.

— Se não confia em mim nem devia estar aqui. – fiz bico.

— Não é isso, você vai saber de qualquer jeito com certeza. É que envolve Arthur, não sei se já posso falar ou até mesmo se você quer ouvir falar dele.

— Diz. No máximo vou ter vontade de mata-lo, mas passa.

— Acho que não. – nos olhamos. – Ele fez tudo que fez por mim e Kevin, pelo nosso namoro. A ameaça real era essa. – fiquei um tempo em silêncio. – É, eu também me impressiono ainda com a habilidade que ele tem de se ferrar para fazer bem aos outros.

— Rafael ele foi um escroto, imbecil e filho de uma puta. Disse que queria distância de nós. E pelo visto continua querendo.

— É, mas tudo tem um contexto e um motivo. Não dá pra condena-lo assim.

— Ah, não sei se é o meu problema, mas... Pra mim dá sim.

— Tá bom, por fim... – respirou fundo. – O fato é que estou ansioso sem saber do meu namoro. – me olhou com cara de cachorro que caiu da mudança. – Liga pra ele?

— Vou mandar mensagem. – assim fiz e ele não respondeu, então tentei distrair Rafa por quase uma hora e verifiquei e nada ainda... Resolvi ligar já que estava quase anoitecendo. E ele não atendeu. 

Não havia outra saída. Tomei um banho e fomos para o hotel, já que Kevin estava incomunicável.

— Será que é uma boa ideia o pai dele me ver lá? – ri do medo do loiro.

— Enquanto vivermos nas regras do Caleb ele irá mandar mais ainda.

— Você diz isso porque tem um controle emocional involuntário. – nos olhamos e revirei os olhos. Ao chegarmos fomos anunciados e então encaminhados para a sala do todo poderoso, que eu preferia assim como Kevin me referir como cão ou demônio mesmo.

Ao entrarmos vimos Kevin concentrado em três telas de computador uma ao lado da outra e um monte de papel na mesa. Ele apenas levantou os olhos e praticamente nos ignorou continuando o que estava fazendo.

— Isso aqui é um hotel ou uma empresa tecnológica? – sentei na cadeira de frente a mesa.

— Estou muito ocupado. O que você quer? – ele parou e me olhou. Depois encarou o namorado atrás de mim.

— Quero entender porque você tá tão ocupado.

— Aqui estão os outros contratos que pediu. – olhei o garoto que entrou.

— Esse não é aquele que você ameaçou e iria socar? – perguntei e sorri. Ele odiava quando eu agia assim.

— O seu pai mandou dizer que vai demorar na reunião e o senhor Arthur chegou e foi para a cobertura e quer que o senhor passe lá antes de ir embora.

— Ligue pra lá e avise que eu não vou poder ir, provavelmente passarei a noite aqui.

— Ok, estou indo embora. Até segunda. – ele saiu como se fossemos invisíveis, na verdade eu estava me sentindo bem assim.

— O senhor pode me dá um pouquinho de atenção? – usei a ironia.

— Alice é sério. – ele passou a mão no rosto e respirou fundo. – Estou no auge do meu esgotamento, então se você puder me deixar trabalhar eu agradeço profundamente.

— Não vou sair daqui enquanto não me explicar isso. Porque de repente você passou a agir como um herdeiro orgulhoso e esforçado?

— Cansei. Cansei de lutar contra ele. Cansei de tentar achar um jeito de agir diferente.

— Isso não é você Kevin!

— Talvez seja e você não sabe. – fiquei olhando pra ele e ele sabia exatamente tudo o que o meu olhar queria dizer. – Não estou fazendo nada de errado Alice. É sério, é um trabalho normal. Preciso revisar vários contratos e livros fiscais. Posso?

— Por que o Arthur não está fazendo isso?

— Porque ele sim está fazendo coisas erradas. Na real ele tá consertando o que tá errado. Satisfeita? – cruzei os braços.

— Não. Eu não nasci ontem. Sei que isso não é verdade. Você tá agindo igual a ele!

— Sério que agora eu tenho duas pessoas para me pressionar e duvidar de mim?

— Não ataque seu namorado, ele está quieto.

— É claro, não tem nenhum homem por perto. – ele desviou o olhar. Os dois realmente não estavam bem.

— Kevin me escuta... Você já devia ter ido pra capital há muito tempo e começado a fazer o que você tanto gosta e... – ele iria me interromper. – Cala a boca. – fui dura como eu quase nunca costumava ser. – A vida não é um joguinho. Para de seguir o seu pai.

— Se não quer que eu comece a gritar com você e ser grosso da mesma forma que está sendo é melhor sair daqui agora. – seu tom de voz cheio de estresse me deixou em alerta, mas mesmo assim eu não desistiria.

— Não quero que haja assim. – eu podia estar mais calma, contudo não estava.

— Nada que eu nunca tenha feito. – parou tudo e me olhou. - Por que isso é tão importante pra você? Desculpe te decepcionar, mas eu ainda sou o filho do Caleb. Não tente me transformar em seu irmão, isso não vai dar certo. – usou um tom rude e extremamente ríspido. Agora ele conseguiu deixar duas pessoas mal. Se o Rafael não estivesse presente eu diria que ele era metade dele pra mim, que o que eu vi dos dois juntos nunca se apagaria da minha memória e que o que ele estava fazendo seguindo os passos do pai me decepcionava demais e com certeza decepcionaria Murilo. Como eu não podia dizer nada disso apenas me levantei e fui embora.

Rafael me deixou em casa e nesse meio tempo tentei consola-lo, já que vi com meus próprios olhos que eles estavam passando por problemas. Ele garantiu que não desistiria de se desculpar com ele. Aconselhei que ele devia seguir o coração, sempre era o melhor a se fazer.

A noite não me encontrei com o pessoal e no domingo fui almoçar na casa da vó Isa, achando todo mundo lá.

— Entramos no terceiro mês do ano, ninguém fala de carnaval e nem nada, só do aniversário das meninas que ainda é no final do mês, não estou entendendo. – Alexandre questionou atraindo a atenção de todos.

— Normal. O que você entende? – Ryan perguntou levando uma almofada no rosto.

— Nós vamos pra praia. Já estava combinado. Bom... Antes de o Arthur surtar...

— Tenho coisas de mais da escola para me preocupar com viagem.

— Só quero que esse ano na escola seja ótimo. – comentei entre tantas sugestões e opiniões.

— Parece até a Sophia. – Ryan disse rindo. – Animada.

— Quer saber? Estou adotando a filosofia dela. – mostrei os dentes.

— Só não engravide. – encarei Yuri com preguiça.

— Ah, estou longe disso. – respondi enquanto olhava Arthur entrando.

— Veio mesmo almoçar com a gente meu neto. – vó Isa ficou toda feliz em vê-lo. Minha vontade era ir embora, não aguentava olhar pra ele.

— Só passei pra te ver. Vim buscar o filho do cara que tá hospedado na casa dos vizinhos. Eles são parceiros do hotel e ele vai ficar na cidade pra trabalhar uns dias comigo.

— Nossa você se jogou com tudo na proposta do seu pai hein? – todos ouviam a conversa bem atentos. Quase que nem respiravam. Deu vontade de rir.

— Era melhor do que aguentar a chatice dele. Bom, vou indo. – antes de sair ele me lançou um olhar que eu correspondi apenas por alguns segundos.

— Cadê o Kevin afinal? – após a pergunta de Ryan todos olharam Rafael.

— No hotel trabalhando para o pai dele. – ele me olhou e fez sinal para a biblioteca. Eu o encontrei lá de forma discreta.

— Kemeron ainda está em Torres. E esse tal garoto também. Estou enlouquecendo Alice! Ele desligou o celular agora, você acredita?

— Kevin ama você Rafael. Por mais magoado ou com raiva que ele esteja, ele não vai procurar outra pessoa.

— Queria tanto acreditar nisso.

— Como sabe que Kemeron ainda está na cidade?

— Digamos que... Andei fuçando as redes sociais dele.

— Você tá ficando neurótico. E eu preciso dizer que isso é nocivo? Não né?

Deixei que ele ficasse mais um tempo dizendo o quanto era desesperador para ele toda aquela situação e todo gelo que Kevin estava dando a ele e depois voltamos para perto de todos. Percebi uma movimentação estranha na casa e na hora de almoçar nem todos os adultos estavam presentes. Aquilo tudo estava muito estranho.

Giovana Narrando

Durante a festa que Caleb deu no hotel eu tive que ser obrigada a ver Yuri se jogar para uma garota que estava achando aquilo ótimo e correspondendo. Chegou uma hora que eu não aguentei mais. Lembro as palavras dele “O que quer de mim, me diz e você vai ter só não me deixa no escuro.” Não resisti àquilo. E acabamos dormindo juntos naquela noite na casa dele.

Quando acordei olhei para o lado e vi que ele ainda dormia. Fiz carinho em seu rosto bem suavemente e me levantei, me vestindo e indo embora. Olhei em meu celular e ainda era cedo, mas nem tão cedo assim. Ao descer as escadas encontrei Luna.

— É... – a olhei sem graça. – Eu acabei dormindo depois da festa com Yuri. Caímos no sono sem ver. – tentei achar uma desculpa.

— Já não basta um filho, eu tenho outro que está se envolvendo com alguém da família. Os seus pais são como irmãos pra mim Giovana, somos amigos há muitos e muitos anos.

Não sabia o que dizer ou se eu devia dizer alguma coisa. Minha vontade mesmo era falar que bom que eles não eram irmãos dela, mas isso não era o melhor se eu pretendia ter alguma coisa com Yuri... Afrontar a mãe dele não era a melhor atitude agora.

— Anda, vá logo. – sai antes que ela se estressasse ainda mais. Nunca vi Luna tão nervosa. Talvez saber que o garotinho dela não era tão garotinho assim a tirasse do sério. Não sei ao certo.

Naquele mesmo dia a noite eu estava de volta a casa dela. Um calafrio de medo percorria a minha espinha, mas a vontade de vê-lo era maior. Estranhei todos não estarem por lá.

— Cadê o pessoal? – lancei um olhar a Ryan.

— Alice está em casa com os pais, Sophia tá deitada segurando a barriga em seu quarto, Larissa eu não sei... Otávia muito provavelmente atrás daquele estrupício do vizinho... – respirou fundo se mostrando ainda afetado, dei uma risadinha. – Alexandre tá chegando, Yuri tá descendo, Rafael eu não faço ideia e prefiro nem saber, Kevin parece estar atrás do pai ou algo do tipo e Arthur segue em marte. – me olhou. – Mais alguma duvida?

— Por que prefere nem saber de Rafael? – me ignorou continuando olhando para o seu celular.

— Conheço a fúria do namorado dele e prefiro manter distância. – nos olhamos. – Sinto seu medo daqui, o que foi? – apontei com a cabeça para a copa. Luna estava lá com a mãe.

— Ela não gosta de mim. – sussurrei.

— Ela não gosta de quase ninguém. – corrigiu.

— Demorei? – Yuri chegou com o cabelo molhado e todo cheiroso, selou nossos lábios me deixando surpresa e sem reação.

— Acho que eu vou embora. – Ryan se levantou. – Avisem ao Alê que estou esperando lá em casa. – saiu antes que disséssemos qualquer coisa.

— Já está aqui de novo? – a mãe de Yuri veio e me questionou, ele a encarou com raiva. – Quando você trouxer alguém pra casa prefiro que ela não se comporte como uma vagabunda.

— Não desconte na Giovana os problemas que você está tendo com Ravi. – Yuri rosnou. – Ela não é uma vagabunda e não merece isso. – pegou minha mão e saímos de sua casa.

— Onde estamos indo? – o examinei após entrar em seu carro.

— Em algum lugar que a minha mãe não esteja. – dei um sorriso triste.

— Obrigada por me defender e me tirar daquela situação chata.

— Não escuta o que ela diz, Ravi e ela estão brigando muito por causa de Arthur e ela que já não é uma pessoa muito ponderada está ficando ainda pior. – pegou minha mão e fez carinho.

— Ela morre de ciúme de vocês. – conclui. – Por que estão brigando pelo Arthur? – o olhei.

— Ravi acha que ela está omissa em relação a ele e aceitando tudo que Caleb faz... Ele não concorda com a mudança do meu irmão para a cobertura, assim como não concordou com a mudança de trabalho. – nos olhamos. – Mesmo que ele não queira se intrometer, já que o filho não é dele, ele se sente na responsabilidade de opinar e alerta-la. Ela por sua vez não aceita. E então eles brigam.

— Nossa não imagino isso. Ele é tão de boa e tranquilo.

— Ah, minha mãe tira a tranquilidade de qualquer ser humano. – dei uma risada.

Acabamos esquecendo daquilo e aquela noite foi muito boa, só que preferi que cada um fosse pra sua casa depois pra evitar confusão com Luna. E nesse domingo eu o veria, já que geralmente almoçávamos lá. Tudo que eu esperava era que ela não me atacasse novamente.

Murilo Narrando

Observava Adam sem entender muito as suas reações. Talvez esse lance de eu estar há meses fora de um relacionamento ou mesmo evitando contato com qualquer ser humano tivesse me feito perder o tato ou a condição emocional inteligível que era capaz de entende-lo nesse momento.

— Você já arrumou essa sala dezenas de vezes. O que você espera que mude? – franzi a testa e fiz uma expressão no mínimo engraçada.

— Cadê a louquinha? – agora minha expressão endureceu-se. – Desculpa. A Patrícia. Ela já está atrasada.

— Não, ela não está. São seis e quarenta da tarde, você marcou o encontro para sete e meia da noite. Relaxa Adam! – quase gritei a última frase. Ele bufou e chegou mais perto.

— Estarem todos presentes antes que ele chegue é o principal. Não quero que pareça um encontro romântico e sim algo amigável. Pressiona-lo e fazê-lo sair correndo é tudo o que eu não quero. – me joguei no sofá.

— Se continuar nesse desespero ele vai correr sem demora. – nos olhamos.

— Será que Audrey já se arrumou? – respirei bem fundo tentando manter a calma.

— Por que tá tão nervoso assim Adam? – me fuzilou.

— Acabei de dizer! – bateu as mão ao lado do corpo.

— Cara ele não vai sair correndo, seja mais calmo.

— Eu nunca estive apaixonado desse jeito. Você consegue entender pelo menos isso? – se sentou no sofá e me olhou de perto.

— Um bissexual ansioso, uma hétero depressiva e outra hétero mentalmente saudável vão te ajudar a passar por essa noite ok? Deixa com a gente. – me sentei e bati em seu ombro. – Agora vou tomar banho antes que você surte para o meu lado também. – levantei.

— Murilo... – o olhei. – Obrigado. – sorriu. – Quando eu conhecer o Kevin prometo que vou ser uma pessoa dignamente apresentável.

— Vou me lembrar disso. – semicerrei os olhos. – Ainda que eu e ele não estejamos juntos é melhor você não ser desagradável quando isso acontecer, me deixaria muito triste.

— Eu amo a sua sensibilidade. – ouvi antes de entrar em meu quarto.

A hora tão temida por ele chegou. Paty já havia chegado alguns minutos antes e Audrey preparava a playlist para termos o que ouvir, já que silêncios constrangedores era tudo o que Adam temia.

— A cerveja já está gelada, eu tirei do congelador. – olhei minha amiga voltando da cozinha. – Posso fazer mais alguma coisa? – ela reparou Adam mordendo as unhas.

— Vamos iniciar algum assunto. É pra isso que estamos aqui, bater papo, não? – encarei Adam, que estava sendo completamente desnecessário.

— Pronto. – Audrey nos olhou. – Você já pediu a pizza Murilo? Esse daí não vai ser capaz de nada hoje pelo visto.

— Vocês estão esgotando minha paciência. – suspirei e peguei meu celular. Antes de pedir vi que havia uma mensagem de Arthur.

“Sei que ficou abalado com o lance do Kevin ter deletado o seu número semana passada, mas eu espero mesmo que vocês dois fiquem bem. E eu vou precisar de você quando for a hora certa, para me ajudar a fazer Alice me perdoar.”

“Já desabafei e disse tudo o que eu podia dizer sobre isso. Ele fez o melhor pra ele, eu entendo. Quanto a minha irmã, sabe que pode contar comigo. No que diz respeito a Alice estamos do mesmo lado. Sei que só quer o bem dela.”

“Eu te amo muito melhor primo do mundo.”

“Igualmente correspondido.”

— Já pediu? – olhei para Adam. – Tá de conversinha com quem, posso saber? – colocou as mãos na cintura e ficou me observando.

— Estamos namorando e o carinha que vai chegar é o que? Se toca Adam.

— Você sabe que eu sou curioso, eu hein. E ainda por cima estou nervoso. – o barulho do interfone fez com que ele visivelmente estremecesse.

Ele foi abrir a porta e esperar o garoto subir, enquanto isso eu fiz o pedido da pizza, nada que seja democrático, uma vez que não pedi a opinião de ninguém, mas seria pior se Adam entrasse e estivéssemos discutindo sobre isso. Ele queria toda a atenção para o convidado, esse que inclusive entrava nesse momento.

— Ei. – nos cumprimentou e Adam apresentou um por um. O cara era legal e realmente tinha tudo para ser uma noite agradável, se não fosse ele interessado demais por tudo que eu fazia e gostava.

Adam disse que iria sair com ele e eu me senti inexplicavelmente aliviado. As meninas me olharam e começaram a rir.

— Do que estão rindo? – olhei as duas.

— Você está pálido! – Audrey exclamou ainda rindo. – Essa noite não foi nada como pensamos que seria. Ele estava nitidamente interessado em você, coitado do Adam. – se levantou e veio até mim. – Mas fique calmo, ele vai entender que você não teve culpa de nada. Vou ir dormir, amanhã ajudo a arrumar essa bagunça. – se despediu de mim e de Paty e foi para o quarto.

— O que eu tenho? As pessoas estão sempre ou pelo menos grande parte das vezes interessadas em mim. Não tem muito tempo que Kevin me beijou, lembra? – ela ficou estranha e desviou o olhar. – Ah, você não lembra. Estava bêbada né? – achei que era vergonha o motivo da sua reação.

— Tenho que te contar algo... – não gostei nada de ver seu rosto corado. – Kevin não te beijou porque ele quis. – franzi a testa. – Eu pedi. Queria saber como eu reagia ao te ver com outro e se iria ser muito ruim, caso fosse eu devia me afastar.

— Suponho que não tenha sido então? – ela encolheu os ombros.

— Eu não sei. Fiquei nervosa com o que iria ver e acabei bebendo demais. Perdi a noção das coisas naquela noite.

— É, acho que isso explica esse pedido. – ela deu um riso fraco.

— Não, eu pedi sã. Realmente preciso saber o quanto isso me afeta, não pretendo sofrer mais que já sofro. Entende?

— Claro. – suspirei. – Adoro a sua amizade, mas se quiser se afastar... Vou entender. Por que... Você não vai ter essa resposta tão cedo. Não me verá com ninguém já que eu pretendo ficar sozinho.

— Por quê? – nos olhamos.

— A experiência com Eliot foi o suficiente. – encarei o outro lado da sala. – Eu gostava demais dele e ele tinha potencial para me fazer ama-lo, mas... Não posso ser egoísta a esse ponto. Preciso primeiro estar cem por cento pronto para alguém. E não me sinto assim. Na verdade eu nunca quis estar com alguém. Talvez as coisas não tenham mudado tanto assim.

— Sabe que nunca vai estar cem por cento pronto pra alguém né? – dei um sorriso. – Mas entendi um pouco o que quis dizer. – suspirou. – Relacionamentos são complicados e deixam cicatrizes, então eu concordo com a parte de se preservar.

Conversamos mais um pouco e depois ela foi pra casa e eu fui dormir. Conversei com Alice assim que deitei e ela me contou que Kevin e Rafael estavam brigados mais uma vez e que no fundo ela não achava que esse namoro tinha algum futuro. Mas ela sempre os ajudaria. Assim como eu, se eles precisassem. Nessas horas eu vejo o quanto a criação dos nossos pais é o que nós dois temos de mais valioso. E por falar neles eu já estava com saudades. Talvez eu devesse ir a Torres no feriado mais próximo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não sei se venho amanhã, mas acho que sim (:



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Perfeito XIV" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.