Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 54
Sem volta


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Giovana Narrando

Como eu sabia que tinha que dar um jeito em minha vida eu acabei procurando Alexandre. Não sabia como fazer aquilo, por isso eu evitava ao máximo, mas agora faria mesmo sem saber como.

— Oi. – me sentei ao seu lado enquanto todos conversavam. Aproveitei o milagroso minuto em que ele fez silêncio.

— É... – ele parecia surpreso. – Oi. E ai? – olhei pra frente não conseguindo olhar em seus olhos por muito tempo.

— Tá tudo bem? – ele demorou a responder e vi que ele olhava para onde eu olhava anteriormente. Yuri conversava com Sophia de uma forma bem intima.

— Sim. Eles estão juntos? – questionou.

— Que eu saiba não. Por quê? – o olhei.

— Isso explicaria o fato de ter vindo falar comigo. – dei uma risada irônica.

— Achei que você estava me ignorando desde que estive com ele.

— Eu não estou te ignorando.

— Você mal falou comigo desde que... Nem sei mais nem desde quando ao certo.

— Talvez fosse porque você estivesse grudada no Yuri.

— Foi o que eu imaginei. - sorri. - Ele é meu amigo e eu estava tentando ajuda-lo.

— Coisa que eu nunca faço né? – nos olhamos. – Não foi essa uma das coisas que jogou em minha cara quando terminamos?

— Não exatamente. Eu disse que você não ajudava em nada atrapalhando a vida das pessoas.

— Eu me lembro bem. Ficou marcado.

— O que quer dizer com isso?

— Acho que foi um dos motivos de eu não conseguir mais namorar ninguém. Você meio que me traumatizou com essas palavras.

— Então... Isso de você pegar todas e não levar ninguém a sério é por causa do que eu disse? – ele me olhou um pouco espantado.

— O que seria? – fiquei em silêncio. – Qual é o seu problema Giovana?

— Eu não sei. Eu... Entendi tudo errado.

— Entendeu o que? – fiquei corada e sem coragem de dizer nada.

— Uma parte minha... Ainda resguardava um pouco do que eu sentia por você por achar que você sentia isso também ao agir assim.

— Já tem um ano que terminamos. – ele disse e ficou me olhando. – Não tem como ainda resguardar algo depois de tanto tempo.

— Também achava que não... Mas me fizeram ver que sim.

— Yuri eu suponho. – olhamos para ele de longe. Concordei. – Ele vai fazer de tudo pra te fazer feliz. Ao contrário de mim. Se existe alguma coisa ainda em você, descarte. – ele se levantou e saiu, me deixando sozinha. E agora mais perdida ainda do que eu já estava antes.

Alice Narrando

Entrei rapidamente no hospital e encontrei Rafael com vó Isa e o vô Mark e Luna ao lado. Eu o abracei em um ato de desespero e ele pediu que eu me acalmasse.

— Ele tá bem. O médico disse que poderíamos vê-lo a qualquer instante. – o olhei e respirei aliviada.

Kevin havia me deixado em casa para que eu tomasse banho e fosse para casa dos meus avós com os meus pais, mas nesse meio tempo ele passou mal e foi parar no hospital. Eu não entendia o que estava acontecendo.

— Tenho que ligar para os pais dele. – vó Isa disse e olhou para Luna. – Vá tomar um calmante, parece que é o seu filho que tá lá dentro. – elas saíram e ficamos só nós dois.

— O que aconteceu? – perguntei olhando o loiro.

— O médico disse que ele teve um ataque de pânico. Estávamos conversando normalmente e ele falou que precisava de ar e saiu correndo. Quando o achei ele já estava sem respirar e eu não sabia o que fazer, chamei seus avós e eles decidiram trazê-lo.

— Isso que tá havendo com o Arthur tá acabando com o Kevin. – ele pareceu concordar. – Preciso que me fale o que ele sabe dele na capital.

— Você já deve saber... Não?

— Ele não quer falar sobre isso. Só diz que o irmão quer seguir o caminho do pai.

— Ah... É melhor a gente ficar fora disso Alice.

— Fala Rafael. Sei que você sabe de tudo, ele se abre com você.

— Pergunte a ele. – sua voz era firme e a expressão séria.

— Só que o Kevin não tá muito afim agora.

— Com bons motivos. – ele me olhou. – Não é seguro pra ninguém ficar indo atrás do Arthur. Ele tá fora de controle, parece lembrar bem o Kevin de antigamente. – segurei o ar.

— É, mas ele ainda tem um pouco de humanidade, o que quer dizer que ainda pode ser salvo das garras do Caleb.

— E por que tem que ser você a salva-lo?

— Porque eu não sou o tipo de pessoa que desiste. – ficamos nos olhando. – Olha eu sei que ele não desistiria de mim. Eu não vou desistir dele. Fala o que sabe Rafael. – ele pensou um pouco. – Por favor.

— Lembra quando ele quase ficou com Letícia enquanto vocês namoravam? – concordei. – Parece que ele tá assim de novo. E isso explica as atitudes dele. Mas não temos certeza. Kevin agora acha que ele tá fazendo tudo por pura ilusão. E quanto a localização dele, nós não temos.

— Mas ele tá perto do hotel mesmo, não tá? – antes que ele pudesse responder o médico chegou e disse que poderíamos ver o Kevin.

— Kevin! – exclamei e peguei em sua mão de forma eufórica.

— Ele tá bem. Daqui a pouco poderá ir pra casa. – o médico avisou ao ver a minha preocupação. – Isso foi uma resposta do sistema nervoso, geralmente está relacionada a ansiedade, o seu caso vi que especificamente foi uma situação de stress. – ele disse o olhando. – Mas fique tranquilo, cerca de dez por cento das pessoas saudáveis sofrem um ataque de pânico isolado por ano.

— Quero ir embora daqui. – seu resmungo me fez sorrir.

— Os seus pais estão vindo te buscar. – vó Isa disse e fez carinho nele.

— Já tenho dezoito anos, posso ir embora sozinho.

— Não seja teimoso.

— Você está mesmo estressado. Para que uma nova crise não volte a ocorrer eu vou deixar um papel com uma lista de orientações.

Era bem óbvio que ele não seguiria nenhuma. Quando chegamos de volta na casa da vó, Caleb resolveu ficar. E sinceramente, ele parecia preocupado de verdade com o filho.

— Tem que parar de tentar controlar situações que não estão sob o seu controle. – ele o aconselhou. – Eu mato e morro por vocês três Kevin. – o tatuado milagrosamente não respondeu com ofensas e em pouco tempo percebi uma oportunidade de falar com Caleb a sós.

— Preciso saber onde Arthur está. Faço qualquer coisa em troca dessa informação. – ele parecia querer rir.

— Não acha que é uma conversa inútil? Ele tá aonde quer estar. Não sei por que essa preocupação toda de vocês.

— Eu não acho que seja bem assim. Conheço Arthur.

— Também. Mas me impressionei com a cabeça dele ultimamente... Talvez ele tenha herdado um pouco da minha genética. – ele deu uma risadinha irritante. – Vou lá, tenho que trabalhar em pleno domingo.

— A automação lá em casa já acabou. – Kevin disse quando voltei para perto deles. – E... Precisamos reunir todo mundo.

— Você acabou de parar no hospital. – ele me olhou insatisfeito.

— Rafael já me contou que você não vai desistir. – encarei o loiro emburrada. – Então precisa saber o que acabei de ficar sabendo. – seu olhar foi para a porta. – Vamos aproveitar que eles se foram.

Todos nós estávamos na biblioteca. Aquilo era tão estranho sem Arthur. Kevin se posicionou a frente de todo mundo, nem parecia que há poucas horas estava com uma agulha no braço e tomava soro e remédios. Ele era mesmo extraordinário.

— Como vocês sabem a cobertura do hotel não é alugada para qualquer um. Apenas para poucas exceções. Isso acontece porque ela ainda é do Vinicius e do Gustavo e eles podem vendê-la ou hospedar quem eles quiserem... Acontece que... – ele respirou fundo algumas vezes e fechou os olhos.

— Fala logo Kevin! – Soph pediu agoniada.

— Ela acabou de ser passada para o nome do Arthur.

— Por que você está tão chateado com isso? Queria que fosse pra você?

— Vocês são muito lentos! – ele passou a mão no rosto. – Isso significa que quando ele voltar ele vai morar lá. Ou seja, Arthur realmente está envolvido de cabeça nos negócios.

— Eu não acredito nisso. – afirmei. – É mais uma jogada do seu pai para te desestabilizar. E tá dando certo.

— Ele é muito falso né? Jura que morre pelos filhos e faz tanta coisa suja com eles.

— O importante aqui não é isso. – Kevin chamou a atenção. – Se meu irmão voltar, ele não vai nem mesmo querer estar em casa. Vou ser bem sincero, eu já havia desistido depois do meu encontro com ele, mas Alice está decidida a resgata-lo.

— Não é necessariamente um resgate se ele não está preso.

— Exatamente. – Kevin fechou os punhos e olhou satisfeito para Ryan. – Eu te admiro parceiro.

— Ganhei meu dia. A admiração do mestre vale muito. – todos riram e ele mandou que calassem a boca.

— Acho que deveríamos deixar pra lá. Deixar o tempo passar e ver como que fica. – Alê opinou gerando uma nova discussão. Percebi Kevin concentrado em seu celular, Rafael saiu de perto dele e veio até a mim.

— Kemeron. – ele disse se mostrando chateado. – Eu não sei como namorar o Kevin.

— Mas que mensagem grande... – comentei o olhando.

— Eram duas. – ele fez um bico maior ainda. Não aguentei e ri.

— E as duas eram do Kemeron?

— Não sei. Sai de perto antes de ver.

— Vou lá nele. – fui ao ver Kevin saindo. Eu o segui até a saída da casa. Vi que ele atendia uma ligação e era uma chamada de vídeo.

— Oi. – ele disse e olhou para o celular. Cheguei perto dele.

“Que bom que você está bem.”— era o meu irmão. Fiquei atrás do celular dele e pedi explicações com o olhar.

— Ele não devia ter te contado nada. – a frase de Kevin só podia ser sobre uma pessoa: Arthur. – Nem sei como ele soube.

“Pelo pai de vocês. E... Eu não sei o que está havendo Kevin... Não sei por que ele quer estar lá e nem o motivo de te evitar, mas ele tá muito preocupado com você. E ele me fez jurar que eu não contaria isso.”

— E por que está contando? Tá traindo a confiança dele.

“Ele entenderia. Se o que te levou a estar mal foi achar que ele não está nem aí você precisa saber que ele se preocupa.”

— Não foi isso. – vi que Kevin ficou engasgado. – Mas obrigado por tentar melhorar as coisas. – Rafael estava vindo. – Preciso desligar. Só que... Antes eu queria saber se isso é o que você sente, quando tem as crises, é parecido com um ataque de pânico?

“Sim, é bem parecido. Quase a mesma coisa eu diria. Pelo menos pela descrição dos sintomas.”

— Nossa. Sinto muito mesmo Murilo. Você vive um inferno. – meu irmão deu uma risada.

“Acho que é o preço que se paga por se envolver com o diabo.”

Esse era um daqueles segundos que não se podia voltar atrás. O clima que rolava entre os dois naquela conversa era evidente e o fato de Rafael estar presente e ser namorado de Kevin deixava tudo muito desconfortável e intragável. Alguém chamou meu irmão interrompendo aquele instante de silêncio.

“Tenho que ir, Adam está me chamando.”— Kevin parecia hipnotizado e eu achava melhor ele voltar a si logo.

— Você está com alguém Murilo? – arregalei os olhos após ouvir sua pergunta.

“Não. Eu não estive com ninguém desde Eliot. Por que está perguntando isso?”

— Eu me preocupo com você. – ele finalmente olhou para Rafael. – Preciso desligar antes que eu fique solteiro. Obrigado por me contar sobre Arthur. Foi muito importante.

“Só faça o que você sempre fez, dê um jeito em tudo.”— eles sorriram um para o outro e desligaram.

— Vou ir pra dentro. – falei sabendo que eles discutiriam.

— Brigar faz parte da vida de um casal, mas nós dois... – Rafa disse e respirou fundo. – Espera Alice. – ele pegou minha mão e olhou para Kevin. – Vou dar uma pausa na nossa situação porque temos que focar em Arthur. Ao final disso a gente conversa. – ele voltou sua atenção a mim. – Agora sabemos que ele não tá completamente perdido. Vamos até lá?

— Vocês nem sabem onde ele está. Ninguém sabe.

— Usaremos uma isca e ele vai aparecer. – Kevin continuou insatisfeito. – Qual é Kevin?

— Sou preocupado e superprotetor com você, a ideia de estar indo até a capital atrás de Arthur não me parece nada boa.

— Pra mim a ideia de você se derretendo para o seu ex namorado também não. – eles ficaram se olhando. – E afinal, o que Kemeron queria?

— Avisar que está vindo para o evento que meu pai fará semana que vem. Lê. – ele apontou o celular e Rafael negou.

— Confio em você. Só não confio em seus sentimentos. – e ele não tinha como responder a isso. – Vamos discutir com todos como faremos. – voltamos pra dentro e chegamos a conclusão que Murilo iria dizer ao Arthur que eu estava no hotel e com certeza ele iria até a mim.

— Murilo está tentando fazer com que ele volte a falar com a gente? Ele gosta mesmo de um caso perdido. – Yuri debochou. O foco sempre era em Kevin, mas ele estava igualmente chateado com o irmão.

— Da última vez ele conseguiu. – Ryan disse e olhou para o tatuado, relembrando a “transformação” que meu irmão fez. – Então vamos confiar nele.

— Depois de Arthur a pessoa que tem o maior porte físico aqui é o Rafael, então ele irá proteger Alice.

— Está tentando me elogiar indiretamente por ser tão difícil pra você admitir que eu decidi isso sozinho? – eles se olharam.

— Não vão começar uma discussão né? – perguntei com receio.

— Eu estou tranquilo. É só que o Kevin é tão... – ele respirou fundo. – Tudo bem querido, encare isso como quiser. Sou o segurança dela.

— Ele não vai? – Larissa perguntou e eu fiquei sem saber a resposta.

— Aparentemente eu não sou bem vindo. Como ele disse, ele decidiu tudo sozinho.

— É tão simples de entender. – Ryan gesticulou negativamente. – Rafael está com ciúme de Murilo e quer ter uma participação maior que ele. Kevin não quer se sentir inferiorizado e por isso traz as suas próprias interpretações da situação. – ele deu de ombros. – Eu nunca seria gay, vocês são muito complicados.

— Essa daí eu vou ter que concordar.

— Que se danem nossos problemas. O importante aqui é apenas o que tem que ser feito. Tá tudo certo então?! – concordamos e fomos pegar a estrada. Para os meus pais eu estaria na casa da Soph e Lari. E por isso, todos tiveram que ir pra lá.

— Você fica mexendo nesse anel por que é a maior lembrança dele né? – Rafa perguntou quando já estávamos a caminho da capital.

— Sim. – sorri.

— Sabia que ele já tinha o pedido de casamento planejado? – o olhei assustada. – Não diga a ele que contei e não adianta forçar que não vou dizer como seria. - ele sorriu. - Arthur nunca vai amar alguém como ele te ama.

— Também não vou sentir por outro o que sinto por ele. – vi que ele estava nervoso olhando pelo retrovisor. – Kevin?

— Por que ele é tão imbecil assim?

— Ele não nos deixaria ir sozinhos. – dei uma risadinha. – Ele presenciou um Arthur descontrolado. – vi que ele ainda não entendia. – Se ele quiser, pode acabar com o namoro de vocês dois apenas te magoando com palavras duras. É esse o medo de Kevin.

— Você viu a forma como ele olhava para o seu irmão? Você percebeu a conexão entre eles? Eu não estou vendo coisa Alice.

— Murilo respeita demais vocês dois. Se rolou isso que você viu, pode ter certeza que nenhum dos dois estava atento a isso. Talvez eles nem mesmo notassem Rafael. – ele me olhou desacreditado. – É que você já tá carregado de suposições e malícia... Não estou dizendo que não rolou, estou dizendo que pode ser que eles não se deram conta disso. Porque tenho certeza que não é algo que algum dos dois queira.

— Se eu terminasse com Kevin e ele ficasse sozinho... Não acha que os dois poderiam ter uma nova chance de se acertarem?

— Não. Eu não acho. O que envolve o fim do relacionamento deles é forte demais. Meu irmão tem medo do Caleb. Pavor. E por falar nisso... – o olhei. – Ele não está ameaçando vocês dois não?

— Ainda não. Pelo menos não que eu saiba. Kevin é do tipo que muitas vezes esconde as coisas e eu odeio isso nele.

— Ele só esconde quando acha que tá fazendo o melhor pra gente. Mas acho que não, ele falaria.

— Chegamos. – ele disse após uma hora e meia. E paramos perto do enorme hotel. Passava das seis horas da tarde e começava a escurecer.

— Vamos ficar sentados no sofá lá dentro, está movimentado... Acho que não vão notar nossa presença. – antes que pudéssemos entrar, por estarmos perto da esquina ouvimos um barulho muito alto na rua lateral, corremos pra lá e vi que Arthur havia empurrado o corpo de Kevin contra um portão de aço e ele o segurava pela camisa. Rafael me puxou para não fazermos nada.

— MANDEI QUE ME DEIXASSE EM PAZ. – ele gritou sem se importar com as pessoas que passavam.

— Ia deixar, mas você me fere profundamente em um dia e no outro se preocupa comigo.

— Você tem que ficar na sua e deixar a Alice fora disso.

— Ela não vai ficar fora de nada até você voltar ao normal nem que tenha que ir para reabilitação pra isso.

— Você é a chave de tudo. Caleb está me ameaçando por sua causa. Tudo que eu estou fazendo é por você Kevin! – ele deixou o irmão e nós sem palavras. – Diz pra Alice ir pra casa e esquecer que eu existo. Preciso fazer tudo isso.

— Eu não vou. – falei e me aproximei deles. Kevin foi até o namorado.

— Não devia estar aqui. – nos olhamos.

— Onde queria que eu estivesse?

— O que você quer? – sua frieza me deixou completamente assustada.

— Volta pra casa. – cheguei mais perto dele e o abracei.

— Minha liberdade não é negociável Alice. – ele disse baixinho, voltando a se parecer com o Arthur que eu conhecia. – Caleb vai destruir a vida do Kevin e eu não posso deixar isso acontecer.

— Sei que quer protege-lo, mas eu não posso deixar que faça isso. Tem que ter algum jeito.

— Ela não vai conseguir. – ouvir Kevin dizer mesmo com a distância entre a gente. – O que ele tem contra mim? – ele perguntou se recuperando do soco que havia levado no estômago.

— Você é livre e atrevido demais pra passar anos e anos na cadeia Kevin. – eles se olharam.

— Diz logo Arthur. Você começou então vai ter que terminar.

— Ele não te colocou como analista financeiro porque você é bom em números. Ele fez isso para me ter nas mãos dele. Se eu não viesse me enterrar dia e noite no trabalho dessa filial da capital você seria acusado de desvio de dinheiro, sem falar no exercício ilegal da função, que ele “provaria” que foi enganado por você, alegando que achava que você já estava matriculado no curso necessário. – riu – A intimidação dele foi cheia de documentos e papéis e provas... Um filho ambicioso contra um pai cheio de recursos. Achei melhor obedecer.

— Por que você quando ele podia contratar alguém tão competente quanto ou até mais?

— Confiança. Ele não iria poder abrir todos os problemas que eu consertei para alguém tão competente quanto eu.

— Você foi enganado. Porque não tem como ele fazer isso.

— Pode ser. Mas... Você arriscaria? Se tratando de Caleb eu prefiro não arriscar.

— Não estou acreditando nisso. – Kevin estava fora de si.

— Se sente desolado por ele estar agindo assim com você? Não mete essa Kevin, ele te torturou, arruinou seu relacionamento, não aceita sua opção sexual, o que mais? Você achar que ele te valoriza mais que a mim e Yuri é ridículo.

— Tá com ciúme dele? – eles se olharam de uma forma estranha.

— É isso que ele faz, não o deixe mexer com vocês. – supliquei.

— Ele tá te elogiando, amaciando seu ego, te dizendo coisas maravilhosas, não é? Tá fazendo você se sentir único e especial! Você é capaz de achar que tem até um dom. – Kevin disse e passou a mão em seu cabelo de forma desesperada. - Não adianta dizer que tá fazendo isso por mim. Você está enfeitiçado por ele e por tudo que ele tem a oferecer. Sua carência paternal me enoja Arthur.

— Não fica se achando tanto Kevin. Eu posso ser mais esperto que você e que todo mundo. Incluindo Caleb.

— Ah tá e é esperto o suficiente para se manter imune a ele? Não acho não. Por que se fosse não precisaria dessas porcarias para sair da realidade. – ele olhou pra mim e Rafael. – Acho que terminamos por aqui.

— É isso mesmo Arthur? Você vai deixa-lo fazer conclusões que podem nem ser verídicas?

— Eu não estou nem aí para o que o Kevin pensa. Se pra ele eu estou aqui porque fui enfeitiçado, que seja.

— Vamos embora com a gente. Foi pra isso que viemos, para te buscar.

— Você ainda não entendeu que ele não quer ir? Pelo visto ele até já acabou o servicinho sujo. – ignorei Kevin e fiquei olhando para Arthur esperando uma resposta.

— Eu não vou voltar. E quando eu voltar, quero distância de todos vocês. – fui para o carro não aguentando segurar as lágrimas.

— Você tá bem? – Rafael perguntou ao entrar.

— Vamos logo. – olhei pra frente. – Kevin vai dirigir? Ele está emocionalmente abalado demais pra isso.

— Foi o que eu disse a ele, mas... Fui consideravelmente ignorado.

— Eu disse que Arthur estava fora de controle. – ele comentou após um tempo e respirou fundo. – Queria tanto poder fazer alguma coisa. Sinceramente eu só penso em voltar pra minha casa.

— Você sabe que não pode. Tem os seus estudos. E Kevin precisa de você mais que nunca agora. Você já tem até um emprego Rafael. As pessoas daquela casa te tratam muito bem, meus avós te adoram. Eles dizem que você é prestativo, atencioso e bem humorado. Esquece o Arthur. Ele vai sair desse surto, eu tenho certeza.

— Parece que ele foi trocado. Ele é centrado, inteligente, responsável, gentil, amável... Eu era um merda antes do Arthur. Só pensava em curtir e fumar e não queria saber de nada. Hoje eu sou outra pessoa. E eu o escutaria tanto em qualquer circunstância, por que ele não pode fazer o mesmo? – ele respirou fundo.

— É o que também me pergunto. – suspirei. – Por todos nós.

Aquela volta foi muito dolorosa, mas pelo menos Kevin chegou inteiro. Meu medo dele se envolver em um acidente era gritante. Já havia perdido Arthur, não podia perde-lo. Seria injusto demais.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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