Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 51
Invasão


Notas iniciais do capítulo

SETEEE DIAS que não apareço? Não lembro quando sumi tanto. Provavelmente isso voltará a acontecer, já que a partir de quarta minha casa será quebrada e reformada (e por isso mesmo sumi, contratar serviços, comprar materiais, surtar pelo preço kkk enfim). Mas farei de tudo para aparecer. Até quarta acho que apareço direitinho (:
Boa Leitura ♥



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Murilo Narrando

Tentava dormir, mas alguém me sacudia e isso dificultava um pouco as coisas. Abri os olhos vagarosamente e vi Adam. Respirei fundo e mostrei toda a minha insatisfação.

— Não adianta me olhar com essa cara. – ele se defendeu. – Não mandei você se embriagar tanto ao ponto de não conseguir acordar na hora. – me virei para canto resmungando que não iria pra aula. – Você nem pode beber Murilo e passou o domingo todo bebendo. O que deu em você? – senti minha cama se afundando. Adam havia se sentado. Ele perderia a aula, mas não sairia dali enquanto eu não conversasse com ele.

— Eu estava de boa com a Paty. A gente conversava e se divertia e estava tão legal...

— Você a beijou? É um idiota e reconheceu? Aquela garota é estranha, ela não é alguém que você beijaria.

— Cala a boca antes que eu te agrida. E nunca mais a chame de estranha. Eu não a beijei. Foi... – respirei fundo. – O namorado do meu ex que me mandou mensagens.

— Mentira! – ele tirou o tênis e cruzou as pernas em cima do colchão, franzi a testa observando a cena. – Ele queria tirar satisfação por causa de alguma coisa?

— Não. Ele disse que o Kevin ainda me amava.

— Assim como o Eliot. A gente já sabe disso.

— Não diz como se eu fosse inesquecível. Ele tá lá com outro e nem aí pra mim.

— Mas parece que ele deixou escapar alguma coisa... – ele deu um sorrisinho idiota. – E o que você respondeu?

— Que ele estava enganado, se ele estava com ciúme não havia motivo nenhum pra isso.

— Você é tão santinho. Eu diria que ama mesmo e que ele já devia saber disso.

— Depois eu liguei para o Kevin... Fiquei preocupado com os dois. – baixei os olhos.

— Sabe que toda essa santidade não vai te levar para o céu né? – nos olhamos. – Não há espaço lá para as gays. – ele sorriu grande. – Assim como não há na sociedade.

— Odeio quando você tá no modo revoltado.

— É? Pois hoje já cedo quando fui levar o lixo a vizinha do setecentos e dois me olhou com cara feia. Como se eu tivesse voltando de uma orgia. – não aguentei e ri da expressão dele. – Você ligou pra ele e disse exatamente o que?

— Que eu estava aqui caso precisasse. E também queria saber o que estava acontecendo.

— Acho que você queria saber era se ainda tinha alguma chance com ele.

— Não é isso. Realmente só queria ajudar. Sei que nós dois não temos mais nenhuma oportunidade de acontecer nem agora e nem no futuro.

— Por que não? – ele pareceu duvidar.

— O pai dele não deixaria. Mas além do pai dele sinto que... Como vou explicar... – puxei bem o ar e soltei. – Tivemos uma ótima oportunidade que já passou. – sorri.

— Tá. – ele se levantou do nada. – E aí você encheu a cara?

— Ouvir a voz dele e sentir que ele estava tão preocupado com o namorado... E ele ter desligado tão rápido. Sei que Kevin não admite que Rafael ainda sinta ciúme de mim. E eu só queria entender por que isso aconteceu.

— Você é burro? – ele cruzou os braços de uma forma inconformada. – Eu já disse. Com certeza seu amado deixou alguma coisa escapar. Não foi atoa Murilo. Agora levanta dessa cama e vai tomar um banho. Já que perdemos o horário da aula iremos bater perna e almoçar fora. E você ainda vai poder ir ao seu curso.

— Claro. Não posso faltar. – falei me levantando.

— A propósito... Como a garota estranha ficou no meio disso tudo?

— Ficamos conversando e eu tentei me distrair... Foi bem eficaz na verdade. Até eu acordar e ficar pensando nisso. Bebi por medo de ficar ansioso.

— Você me impressiona. E não é no modo bom. – ele fez uma cara feia. – Anda. Vou te esperar na sala.

O resto daquela semana passou sem que eu conseguisse não pensar naquilo. E obviamente eu trouxe esse assunto para a terapia, onde concluímos que tudo que envolve Kevin me tira do caminho da minha sanidade mental. É o que ele sabe fazer de melhor e é o que eu ainda não sei fazer, me controlar.

Alice Narrando

Segunda feira. Meu pai me buscou na escola, mesmo eu dizendo que Kevin estava atoa e iria me levar. Segundo ele, era o papel dele. Quando chegamos mamãe estava acabando de se arrumar e ainda por cima atrasada.

— Vou para aquela reunião em Alela. Mas volto antes das cinco. – ela disse e beijou meu rosto. – A comida acabou de ficar pronta, coma direito Alice.

— Tá mãe. – resmunguei um pouco estressada e eles me olharam sem entender.

— A doutora disse que ela poderia ter relapsos de emoções. – ela explicou e beijou meu pai.

— Você quer que eu te deixe na casa da sua vó ou na casa do Kevin? – ele perguntou após ela sair. Nos sentamos para comer e eu fiquei pensando no que eu queria.

— Não. – suspirei. – Vou ficar em casa mesmo.

— Deixa tudo trancado. – seu tom de voz era de preocupação.

— Quem vai conseguir ultrapassar essa fortaleza de pedra pai? – era ridícula sua preocupação. – A porta é de madeira maciça mais grossa e pesada que tudo. E as janelas são estreitas e altas... Não tem como alguém entrar aqui.

— Tá se esquecendo das janelas laterais. E da porta dos fundos. – ele me olhou e deu um sorriso de vencedor. Revirei os olhos. – Alice eu me preocupo com você, sou o seu pai. Você vai deixar tudo trancado e tomar cuidado sim.

— Tudo bem pai. Eu vou. Mas ficar paranoica não faz parte do meu novo estilo de vida.

— Para com isso. – seu olhar agora era sério.

— Daqui a pouco vocês vão contratar uma babá pra mim. Né? – me levantei. – Vou comer no quarto. – sai antes que ele retrucasse. A minha doença não só me afastava dos meus amigos, também dos meus pais.

Ele veio se despedir antes de voltar ao trabalho e fez mil e uma recomendações e mandou que eu o ligasse por qualquer motivo. Tranquei tudo e fui dormir. Acordei um tempo depois com um barulho. Com certeza meu pai saiu no meio da tarde preocupado comigo. Continuei deitada esperando ele vim perguntar como eu estava. Mas ele não veio. Uma sensação ruim me invadiu. Peguei meu celular e pensei em ligar para... Não sabia bem pra quem ligar. Certamente seria o Kevin, mas eu queria ter certeza que precisava mesmo ligar pra alguém.

“Onde você está?”— mandei mensagem pra ele e comecei a tremer, pois eu vi uma sombra ou estava imaginando coisas. Tranquei a porta.

“No hotel, trazendo as coisas da minha casa que vou precisar para o tempo aqui, roupas e etc. Por quê?”— sabia que ele estava ocupado.

“Nada.”— guardei o aparelho.

Cheguei perto da porta e tentei ouvir alguma coisa. Sim, havia barulho, mas era algo sútil então eu não sabia se fazia parte da minha imaginação. Afinal, quando estamos assustados imaginamos coisas. Liguei para o meu pai e disse bem baixo que achava que havia alguém em casa. Claro que ele disse que estava vindo.

— Alice. – ele bateu em minha porta o que pareciam uns quinze minutos depois. – Sou eu. – abri vagarosamente e o olhei. Ele me abraçou um pouco desesperado.

— O que foi? Tinha mesmo alguém? – ele separou nossos corpos e me olhou.

— Quando parei o carro eu já estava bem atento, então vi alguém correr pela esquerda e pular a delimitação entre a casa e a floresta. Pensei em ir atrás dele, mas estava mais preocupado com você. – ele me encostou a seu peito e fez carinho em meu cabelo. – Eu estava com um pressentimento ruim de que alguma coisa ia acontecer. Não gosto quando você fica aqui sozinha.

— Mas nunca aconteceu isso pai! Você acha que é um ladrão? Ele chegou a entrar. Você já viu se ele roubou alguma coisa?

— Pode ser um ladrão, um viciado, um louco... Não sei. Mas agora você vai ficar na casa da sua vó nos dias que a sua mãe tiver trabalho.

— São quantas horas? Ela já deve estar chegando né?

— Sim. Falta pouco mais de uma hora pra ela chegar. Você quer alguma coisa? Um chá calmante?

— Pai eu estou bem. Só ouvi o barulho e não sei se vi uma sombra... Fechei a porta bem rápido e tranquei. Não era um assassino como em um filme de terror.

— Mas se por acaso ele te pega aqui eu não sei o que ele seria capaz de fazer.

Fiquei mais tempo tentando aclamá-lo do que me acalmando e descemos, estavam chamando lá embaixo e era... Arthur?!

— Você ligou para o Gustavo contando sobre a invasão e ele foi falar com Caleb, já que suspeitou que a automação que ele está fazendo tem a ver com alguma intimidação e isso também possa ser fruto da mesma. – ele disse sério enquanto encarava meu pai.  – Vim instalar câmeras e alarme. - ele olhou pra fora. – Trouxe funcionários do hotel. Posso deixa-los entrar né?

— Vamos discutir sobre isso primeiro? – meu pai perguntou com cautela.

— Não. É necessário aumentar a segurança da sua casa e você sabe disso. Ela está correndo perigo.-  ele estava decidido. - A propósito já passou da hora de você instalar um portão automático e aumentar a delimitação.

— Raíssa gosta do estilo clássico e antigo e segundo ela aconchegante. - meu pai o explicou. 

— Não importa. Você terá que fazer essas alterações. E posso começar com isso? 

— Faça o que for preciso Arthur. – ele se deu por vencido. 

Minha mãe chegou e meu pai a contou com bastante calma e com um litro de chá de camomila. Arthur acabou aquilo e vi meu pai se aproximando dele.

— Obrigado por sempre coloca-la em primeiro lugar na sua vida. – ele o agradeceu Arthur me olhou e depois voltou a olha-lo.

— Nem se eu quisesse seria diferente. – ele parecia querer dizer mais alguma coisa, mas ficou em silêncio.

— E essa história do seu pai? Como é isso?

— Eu não sei. Quem pode responder essa pergunta é Kevin Morelli. – seu tom de voz era sério e como se fosse uma mágica Kevin apareceu e em uma euforia e descontrole sem igual.

— O que aconteceu? É verdade? Alguém entrou aqui? Como você está? Foi por isso que me mandou mensagem? Por que não me falou? – ele chegou perto de mim e quase não respirava.

— Eu estou bem. Calma.  – dei um sorrisinho que eu sabia que o irritava. – Eles precisam falar com você. – apontei para o meu pai e Arthur.

— Precisamos da sua ajuda para recuperar a segurança da casa. – o irmão dele disse sem cerimônia. – Qual é o problema com Caleb dessa vez?

— Ue... Mas se não é o filhinho que anda grudado nele que tá cheio de dúvidas.

— Você sabe muito bem que nossa relação é falsa.

— Não sei não. Você tem muita força de vontade pra ficar lambendo o saco dele Arthur. – ele respirou fundo e balançou a cabeça negativamente. – Por que eu saberia de algo?

— Você sempre sabe de tudo Kevin.

— Estive ocupado e você sabe disso. – ele virou o rosto não querendo continuar aquele assunto.

— Ah... Avançando no seu namorado por ele mandar mensagens para o seu primo? – o mais velho retrucou com raiva.

— O que tem o Murilo? – meu pai questionou em tom quase grosseiro e depois chegou perto de Kevin. – Ele tá bem estando longe daqui, se você o fizer ficar mal vou esquecer que eu gosto de você.

— Vocês dois são bem parecidos. – Arthur comentou enquanto olhava os dois.

— Por que eu o faria ficar mal Vinicius? – Kevin não sabia que essa não era hora para as ironias dele? – Por que tá me olhando assim? Ele não foi embora nas férias por causa do namorado dele?

— Antes disso ele te disse algo, já se esqueceu?  - ele pareceu se assustar. – Caso não saiba, eu tento ser amigo dele.  – meu pai pegou a chave do carro.  – Vou ir atrás do Caleb. Se por causa dele minha filha tá em perigo, ele vai se virar pra resolver isso.

— Bate bastante no rosto e se puder quebre o nariz, é o que ele mais ama.  – Kevin quase gritou enquanto ele saia.

— Você não ajuda em porra nenhuma Kevin. – Arthur estava indignado.

— De onde Gustavo tirou que o Caleb tem a ver com isso? 

— Não sei. Tudo de ruim sempre tem a ver com ele! Ele não tem?

— Não. – ele riu.

— Por que não falou nada?

— Você acha que eu iria perder a oportunidade de ver o Vinicius arrebentando a cara dele? – ele sorriu grande. – Estou esperando por esse dia há anos.

— Você vai arrumar problema pro meu pai Kevin. – falei de forma manhosa.

— Vamos. – ele se levantou. – Nós três vamos atrás de saber quem é esse individuo muito corajoso que invadiu a casa de um ex boxeador famoso. – ele saiu andando e eu fiquei parada, assim como Arthur.

— É... Antes de irmos queria te dizer que não precisava fazer isso tudo... E... – eu gaguejava enquanto tentava agradecê-lo por todo cuidado. – Digo isso porque sei que tem a... Letícia né?

— Eu sempre vou escolher você. – ele chegou mais perto de mim e fez carinho em meu cabelo, mas não de uma forma fraternal e sim como ele fazia antes. – Vai passar a senha da porta pra sua mãe e dizer a ela pra ficar atenta. O seu pai não deve demorar, é bom mandarmos uma mensagem a ele avisando que não estaremos aqui.

— Ok. – sorri antes de fazer tudo aquilo.

Quando chegamos à casa da minha vó passava das seis da tarde e Arthur tinha que ir pra aula. Não daria tempo de pesquisarmos algo com ele hoje. Entramos e fomos até a mesa da copa onde Rafael estava tomando café com minha tia Luna, Otávia e Yuri.

— O que foi? Você não tá bem. – Kevin perguntou ao namorado assim que chegou. Sentei e fiquei olhando os dois.

— Come devagar Arthur. – tia Luna implicou enquanto ele comia.  

— Estou com dor no estômago. – Rafael o respondeu e encostou a cabeça em sua barriga.

— Vou pegar remédio pra ele lá em cima. – tia Luna se levantou. – Tenho que pegar meu celular.

— Na verdade você me ama.

— Só amo esse loiro radiante do seu cabelo mesmo. – ela respondeu enquanto subia.

— O que foi isso? – Kevin perguntou o olhando.

— Minha mãe realmente o ama. Você não sabia? – Yuri perguntou e revirou os olhos.

— Ei meu amor. – vó Isa apareceu vindo da entrada. Ela estava com vô Mark. – Já estamos sabendo. Como você está?

— Eu estou bem. – respondi enquanto ela beijava o topo da minha cabeça.

— É incrível como as notícias nessa família se espalham né? – Otávia perguntou tentando não rir. – Todo mundo já sabe.

— Ficamos preocupados. – minha vó a ignorou e pegou minha mão. – Que bom que não desfez desse anel. – ela disse o olhando e sorriu. Com toda certeza eu fiquei vermelha.

— Toma. – tia Luna deu o remédio ao Rafael. – E você para de engolir esse sanduíche desse jeito, vai passar mal, já falei. – ela deu um tapa em Arthur.

— Tenho que subir pra tomar banho, vou me atrasar pra aula.

— É mesmo? Isso não aconteceria se não tivesse... – ele a olhou fazendo com que ela se calasse.

— É o seu irmão sabia? Você não o ama tanto? Só fui ajuda-lo. – ele se levantou indo para o quarto.

— Não o culpe por agir assim. Ele não tem controle. – vó Isa a aconselhou. – Vem, temos que decidir o jantar. – elas saíram e ficamos apenas eu, os meninos e Otávia. Kevin perguntava ao Rafa sobre ele ter ficado muito tempo sem comer ou as coisas que estava comendo. Uma preocupação enjoada que não estava nada legal de presenciar.

— E se for uma úlcera? – perguntei e dei um sorriso. Kevin me fuzilou. Ri da cara dele.

— Toma menos café daqui pra frente. – ele orientou o namorado encerrando aquele assunto chato. – Não vamos nos ver hoje quando voltar. Tenho a missão de descobrir sobre a invasão na casa da Alice. E acho que vai demorar bastante.

— Não é perigoso né? – Yuri riu da pergunta de Rafael.

— Lógico que é. O Kevin é para raio. Wifi de maluco. – ele respondeu no lugar dele. – Certamente vai encontrar um no caminho. – o loiro ignorou. - Não precisa de mim?

— Não, fica com Alice.  – abri a boca para dizer que não precisava de babá e ele fez sinal para eu manter silêncio.

— Mas você sozinho não vai ser totalmente eficaz Kevin. – Otávia opinou.

— Vou chamar Ryan e Alê. – ele olhou o irmão. – Não é desfazendo de você, é que pra ela você é uma boa companhia e eles não.

— Nos chamaram? – os meninos apareceram. Kevin devia ter mandado mensagem a eles sem que eu percebesse. O que era normal. Ele explicou o que estava pensando em fazer, mas em menos de um minuto mudou de ideia, segundo ele sua certeza sobre a inocência de Caleb se acabou quando soube por uma mensagem da mãe que ele iria viajar a negócios. Ou segundo ele, claramente fugir por uns dias de alguma coisa.

— Não houve roubo. Esse cara queria machucar alguém ou talvez até raptar, não sei. 

— Mas eles não pegariam você? 

— Pode ser o Eugênio! Ele tá dando um novo início ao plano pela nova traição do Caleb. E por ser eu que contei tudo estou totalmente de fora e meu namorado também.

— Você é bem esperto. - Yuri concluiu e Kevin disse não ter certeza antes de passar as coordenadas do que eles fariam.

— Alguém quer desistir?  - ele perguntou os olhando. – Ryan. – negou gestualmente. – Alexandre? – também negou.

— Ninguém é descoberto. – Yuri orientou em uma forma de pedido.

— Vamos Fael. – Arthur desceu todo arrumado e cheiroso. Seu perfume ainda mexia muito comigo, apesar de toda a minha regressão.

— Vou só subir e escovar os dentes e pegar minhas coisas. – ele se levantou e abraçou o Kevin.

— Anda Rafael! – ele olhou para Arthur após sua reclamação e se foi. – Vocês dois estão insuportáveis. Quando a lua de mel acaba?

— Quando a primeira briga surgir e eu espero que seja tarde. – Kevin respondeu e sorriu. – Enquanto isso pode reforçar o meu amor dizendo a ele que morrerei de saudades e estarei o tempo todo pensando nele? – Arthur revirou os olhos.

— Vamos subir e assistir alguma coisa? – Yuri sugeriu e eu aceitei, passando o resto daquele dia com ele.

No outro dia ao chegar à escola ficamos sabendo pelos meninos que eles e Kevin descobriram que sim, Caleb estava ligado àquela invasão a minha casa. A conclusão surgiu quando eles viram que ele estava escondendo coisas demais do Arthur e que os encontros suspeitos que ele vinha tendo se tornaram corriqueiros.

— Kevin! – exclamei ao vê-lo quase estrangular um garoto. Fui ao hotel encontra-lo depois de sair da escola e almoçar na casa da minha vó, mas não imaginava ver essa cena na porta da cobertura. – O que é isso? – ele o soltou e me olhou.

— Tá fazendo o que aqui? – ele perguntou com a testa franzida.

— Você me chamou. Não lembra?

— Escuta Alice, não é hora para nossas tardes amigáveis. – ele me disse e olhou para o garoto. – Tem sorte que eu já fiz besteira hoje ou eu te deixaria no hospital. – o outro não respondeu enquanto ainda se recuperava do golpe.

— Pode me responder o que é isso? – cruzei os braços. – E que besteira você fez? Não tem a ver com o meu irmão né? – dessa vez sua expressão denunciava que eu não devia ter perguntado aquilo.

— Caleb Alice. Tudo é sobre Caleb. – ele respirou fundo. – Esse aqui é o garoto de recados dele. Ou melhor, o idiota que trabalha pra ele e ficava entre eu e Arthur quando eu forçadamente trabalhava aqui. E meu instinto diz que ele sabe muito mais do que diz saber.

— Você é louco! – o garoto disse algo pela primeira vez. – Nunca gostei do seu irmão não é atoa. Vocês se acham o dono do mundo só porque tem o negócio mais lucrativo da cidade. Uma cidade pequena e turística... Daria tudo pra acabar com esse turismo só para o negócio de vocês ruir. – o ódio dele era bem notável.

— Deveria ser uma preocupação para o meu pai você odiar tanto assim a prosperidade dele. – Kevin sorriu grande. – Bom... A minha parte aqui está feita. Adeus. – ele apertou o botão do elevador privativo e empurrou o garoto.

— Sabe que não precisava dessa violência e toda essa ignorância né?

— Pronto. – ele pegou o celular e apertou um botão. – Agora que tenho essa gravação posso manipular Caleb... – seu silêncio mostrava o quanto pensativo estava. – Arthur vai se sobressair mais uma vez. Dizer que me pediu para assusta-lo por não gostar dele e estar preocupado com os podres do pai. Se a minha desconfiança for verdade eu sei qual será o próximo passo dele.

— E dai?

— Dai que esse garoto poderá me ajudar com essas informações.

— Ah tá. – dei uma risada alta. – Se ele não disse nada na base da violência o que te leva pensar que ele dirá?

— Ego. Ele tem muito. E o dele vai estar enormemente ferido depois de toda a ingratidão de Caleb.

— Não é igual aos filmes que quem sabe algo tem que morrer não? – ele bufou.

— Para de assistir essas merdas. – ele foi entrando e eu o segui. – E eu já disse que hoje não Alice.

— Ainda quero saber qual foi a besteira que você fez. – me sentei no sofá. Ele me ignorou, claro. – Talvez se sinta melhor se falar.

— Não começar com isso. – seu olhar era bravo.

— Vai prejudicar o Arthur de novo?

— Não o prejudicou daquela vez porque eu dei um jeito de reverter tudo. Já esqueceu?

— Tá. – suspirei. – Diz o que é Kevin. – ele se sentou ao meu lado e passou a mão no cabelo após abaixar o rosto.

— Peguei alguns fios de cabelo do meu pai e fiz um exame de DNA. – nos olhamos e eu certamente estava com os olhos arregalados. – Já tenho idade pra isso, mas como estamos falando de Torres... Onde os Montez são praticamente donos... Nesse momento ele já deve estar sabendo.

— Isso te preocupa? – pensei um pouco. – Digo... Se ele ficar magoado? E de onde surgiu essa dúvida?

— Não tenho dúvida. Sei que ele é meu pai. – fiz uma expressão confusa. – Quero desestabiliza-lo. Por mais psicopata que ele seja ele tem sentimentos e eu sou a fraqueza dele. Saber que eu desconfio da paternidade... Vai deixa-lo muito mal.

— E qual é a sua intenção em deixa-lo mal assim?

— Vou fingir que fiz isso por ciúme. – não acreditava naquilo. – Que era uma forma de chamar sua atenção.

— Por que isso Kevin? Você vai ter que brigar com Arthur de novo?

— Isso é porque eu sei que ela tá armando alguma coisa contra o meu namoro e eu não posso ficar parado esperando o que quer que seja. Eu me preocupo muito com você, com Arthur e com tudo de ruim que ele fez e faz a nossa família, mas acima de tudo eu me preocupo com o meu namoro. Ele não vai tirar isso de mim.

— E você acha que vai conseguir reconquistar a confiança dele assim?  Mostrando que quer chamar a atenção dele?

— É assim que as coisas funcionam com ele. Não basta uma conversa e palavras sinceras. Tem que ser gestos devastadores.

— Entendo porque meu irmão ficou tão mal com tudo isso. – peguei em sua mão. – Não deixa o Rafael se intoxicar com isso.

— Jamais. Ele é a parte boa da minha vida. Nunca vou contamina-lo com as sujeiras do meu pai.

— E você. – apertei sua mão com força. – Saiba que mesmo sendo oca por dentro ainda tenho memória e consciência... Então eu vou sempre ser a chata que coloca juízo na sua cabeça. Não se esqueça disso.

— Você não é oca. Deixa de ser amarga Alice. Escuta alguém que era assim e hoje se arrepende muito. – ficamos nos olhando. – Não vou te dizer que entendo o que está passando, imagino o quanto deva ser difícil e insuportável. É como um câncer que volta, não tem como reagir bem. Mas você agindo assim só piora as coisas.

— O que tá acontecendo com você? Sabe que não é assim, não tem paciência pra esse tipo de conversa.

— É só com você. Não conte a ninguém. – dei uma risadinha. – Promete que vai pensar no assunto? – concordei. Depois suspirei pesado. – Tá, não tem jeito, vamos passar a fucking tarde juntos. – ele se levantou indo pegar alguma coisa.

— Já vem você dando os seus ataques. – me deitei. – Aqui é tão bonito né? - olhei em volta.

— É, e eu estou pensando em algo... – ele segurou o riso. – Mas fica pra outra hora. Agora você vai me ajudar em uma coisa já que vai ficar no meu pé. – tentei agredi-lo, mas ele foi mais esperto e escapou. O resto do dia não aconteceu nada de mais, Kevin me contou do presente que Rafael havia dado a ele que eu achei a coisa mais fofa do mundo e principalmente a frase da caixa que tinha muito significado para os dois. A ajuda era sobre como ele retribuiria a altura. Brinquei que ligaria para Murilo para perguntar, já que eu não entendia nada de presente entre gays, não preciso dizer que quase fui agredida violentamente. O tempo passou rápido e a semana também, acho que pelas coisas estarem mais movimentadas do que nos últimos tempos.


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Notas finais do capítulo

Já ia me esquecendo de pedir perdão pelo capítulo grande, foi pelo sumiço. ♥



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