Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 49
Um brinde


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/789024/chapter/49

Alice Narrando

Recebi Kevin chorando em minha casa e o mesmo me abraçou. Ele não era disso. Estranhei fechando a porta com ele agarrado em mim.

— Solta. – o afastei. Seu olhar era assustado.

— Alice. – me sentei no sofá. - Você parece até eu antes, tá querendo fazer as pessoas te odiarem?

— Ninguém consegue entender que eu preciso absorver tudo que está acontecendo comigo? – perguntei em um desabafo. – Não né?

— Sei que é difícil pra você, mas me dá carinho. – balancei a cabeça negativamente de forma sútil. - O que aconteceu, sua mãe morreu? – sua expressão era de horrorizado.

— Alice! Porra.

— É, você é muito sensível. Estou sendo julgada pela pessoa certa. – ironizei.

— É melhor eu ir embora?

— Você não esteve comigo nos últimos dias e agora se lembrou de mim por estar sofrendo. Devo mesmo ter compaixão?

— Desculpa. Não sabia que estava precisando de mim.

— Não sabia? Sério Kevin? – não acreditava que ouvia aquilo.

— Tá se lembrando do fato que o meu namorado não me aceita e o meu pai é um monstro? – fiquei olhando pra ele. – Quer dizer, ex namorado.

— Terminaram? Demorou muito. – ele bufou. – Estou sendo sincera agora Kevin. Se ele não se sente bem estando com um homem ele tem que se separar, por mais que te ame.

— No fim o amor não vence tudo? – pensou em sua própria pergunta. – Que besteira. Lógico que não. Se fosse assim eu e Murilo tínhamos ficado junto.

— Pois é. – conclui.

— É muito ruim te ver desse jeito. – continuei sem olhar pra ele. – Vou ir pra casa. Não consigo estar com a sua e a minha dor ao mesmo tempo.

— E quem disse que eu estou sentindo dor? – ergui a sobrancelhas. – Só estava com um pouco de raiva por sua falta de consideração, mas... Tanto faz.

— Volto amanhã. Eu vou estar melhor. Se cuida até que eu possa cuidar de você.

No outro dia era sábado, mas não tive folga de nada de ruim que estava acontecendo. E talvez até se tornasse pior. Kevin pareceu ressurgir como uma fênix e apenas uma noite foi o suficiente para ele pelo menos demonstrar que estava “bem”. Isso foi o que pareceu quando o vi assim que cheguei à casa dos meus avós, como eu fazia na maioria dos sábados. Todos nossos amigos estavam por lá.

— Achei que você demoraria mais tempo para melhorar. – cheguei perto dele.

— Quem disse que eu estou melhor? – seu olhar era irônico. – Não é você que me perguntou algo parecido ontem?

— Idiota. – resmunguei e olhei em volta. – Cadê os dois?

— Não sei. Quanto menos eu souber, melhor.

— Juro que eu esperava que aquela cena minha e do Arthur te consolando após Murilo ir embora iria se repetir. – minha atenção era direcionada a qualquer coisa menos a ele. - Só que agora por causa do Rafael, claro.

— Se queria um motivo pra estar ao lado dele, não vai acontecer.

— Não é isso. – me defendi.

— Vem cá gente! – Larissa nos chamou. Nos juntamos a todos que comemoravam o fato do neném de Soph ser menina. Iria ter uma bosta de festa de revelação, mas Sophia e Yuri não queriam. Que bom por isso.

— Qual a novidade? Nascem mais meninas que meninos e isso todo mundo sabe. – falei baixo e Kevin riu.

— Pesquisas recentes afirmam o contrário. – ele discordou.

— Podem ser anuladas. Estão erradas. Todo mundo tem meninas.

— Cala a boquinha e vai lá alisar a barriga da sua amiga e forçar um sorriso, anda. – ele segurou meu ombro com força e me deu um leve empurrãozinho.

Fiz aquilo da forma menos coagida possível, mas era difícil pra mim. Tudo que demonstravam agora, essa alegria e empolgação, eu não estava sentindo.

— Preciso da atenção de vocês. – Kevin falou e olhou Arthur. – Como vocês sabem eu procurei Eugênio e contei sobre os planos de Caleb e principalmente do meu irmão.

— É realmente necessário lembrar-se disso? – Arthur perguntou não gostando do rumo da conversa.

— Só que eu consegui transformar isso em algo bom pra você. – Kevin afirmou o olhando. – Eu sabia que me odiaria e pensei muito no que eu faria pra me perdoar. Não contava nunca com a intervenção quase milagrosa de Murilo. – sua voz quase falhou ao dizer o nome do meu irmão.

— Agora eu já estou começando a me interessar...

— Fiz com que o Caleb confiasse totalmente em você. Quando ele me abordou dizendo que sabia do que eu havia feito, eu fui bem convincente ao assegurar com essas palavras que “eu estava desesperado, meu irmão realmente quer te ajudar e isso não é justo.”.

— Ele caiu? – Arthur perguntou sorrindo de lado.

— Você mesmo viu que sim quando ele me trouxe até aqui.

— Kevin é o gênio da manipulação. – Ryan disse e riu.

— E da traição. – o irmão dele acrescentou.

— Só admita que eu mandei bem, isso basta. - ele chegou perto de mim. – Vou lá em cima ver como Rafael está e depois vamos pra sua casa. Sei que não quer passar a tarde toda aqui, está incomodada não tá? – nos olhamos.

— Não precisa fazer isso. Pode cuidar das suas coisas como estava fazendo antes.

— Ser estúpida comigo é inútil. Sou pior que você. – ele iria sair e me olhou. – Não vou demorar.

— Oi. – levantei os olhos e olhei para Arthur.

— E aí? – respondi ao seu cumprimento com má vontade.

— Como você tá indo? – fiquei olhando pra ele. Não podia ser séria aquela pergunta. – Murilo disse que estava mal.

— É inacreditável que alguém que está tão longe daqui tenha que te dizer o que está na sua frente. – desviei o olhar.

— Quando... – ele suspirou pesadamente. – Quando você terminou era pra eu não ter que lidar com esse tipo de coisa. Não era?

— Não. Era pra não ter ao lado uma mulher que não te ama. Se tá incluso fingir que eu não existo, tudo bem. Que seja... Pode ser melhor assim.

— Você... – ele ficou em silêncio.

— Diz logo o que quer dizer Arthur. Falar com o meu irmão te aproximou de mim de alguma forma? É isso?

— Sim. – ele sorriu. – E eu queria te fazer uma pergunta.

— Não consigo imaginar o que possa ser.

— Não se importa mais comigo não é? – notei que ele tinha os lábios trêmulos.

— Por que não quer ser direto?

— Acho que... Acho que quero... Quero tentar com alguém. Mas eu jamais faria se fosse te machucar. – sorri sem espanto.

— É a garota que você quase me traiu, não é? – ele concordou gestualmente. – Eu também preciso lhe perguntar uma coisa. – quase sussurrei, suavemente, para não lhe assustar. Não adiantou muito, ele arregalou os olhos e suspirou, enquanto se mostrava cada vez mais tenso. Franziu as sobrancelhas.

— E o que é? – apressou-me com ansiedade. Baixei os olhos.

— Eu não posso sentir nada por ninguém... Mas... – meu olhar se intensificou. Entreabri os lábios lentamente. – Posso viver tudo que eu quiser. Você se importaria com isso? – ele já abriu a boca, antes mesmo que eu terminasse minha fala. Ergui meu corpo, impondo respeito. Meu coração batia mais forte, e eu sentia a tensão existente entre a gente aumentar.

— Você está tentando me impedir de seguir em frente? Se for está conseguindo. – o olhei com certa irritação.

— Você não acha que já passamos por isso da outra vez que terminamos? – respirei fundo, arrependendo imediatamente do meu questionamento, não devia satisfações a ele. Neguei com a cabeça. – Preciso voltar pra casa. Boa sorte no namoro, e tenta não fazer nada de cabeça quente. Até mais, cuide-se.

Fiquei esperando Kevin encostada ao carro dele. Meu pai e minha mãe não se importaram de eu estar indo embora mais cedo e eu achei isso inacreditável, ainda mais por tudo que eu estava passando. Mas minha médica disse que por enquanto eles deveriam manter a minha liberdade. Meus reflexos e defesa ainda estavam bem. Por enquanto.

— Sua plenitude se desmoronou. – falei ao vê-lo se aproximar. Seus olhos vermelhos e sua cara de choro entregavam que o encontro não foi tão legal.

— No começo é ruim, mas vai melhorar. Vamos?

— Não entendo. – falei ao me sentar e bater a porta. – Você o ama. Demais. De onde está tirando essa força toda?

— Amo outra pessoa também. – ele me olhou. – Já passei por isso. Em um nível bem mais elevado. – ele estreitou os olhos e procurou alguma coisa no carro. – Tem remédio de dor de cabeça na sua bolsa? – revirei os olhos.

— Claro que não. E sabe o que vai aliviar sua dor de cabeça? – nos olhamos. – Álcool. E eu quero isso e preciso. Hoje eu vou ficar loucona. – ele parecia não acreditar.

— Tudo que eu precisava. Babá de bêbada. – seu resmungo demonstrou sua insatisfação.

— Não vai ser igual aquela vez no abrigo.

— Alice, você toma medicamentos por causa do seu cérebro. Lembro-me do desespero do Murilo. Você não pode beber... O álcool tem efeito maior em você.

— Lembra do desespero do Murilo? – sorri. – É, você lembra? O que mais você lembra? Conta. Aliás, não conta agora. Vamos para o bar e lá você me conta tudinho. Daí você pode fazer um crossover com o que lembra do Rafael. – ele tentou se manter sério, mas não conseguiu.

— Vou ter que ouvir sobre o Arthur também?

— Who the is Arthur? – ele deu uma gargalhada alta.

— Que porra é essa?

— Você. Fica dando seus ataques e falando inglês com português. Tá igual meu irmão falando francês e português. São dois viados que nasceram um para o outro.

— For sure. – ele falou sorrindo e eu ri.

— Ah, QUE FOFO! So cute. – apertei suas bochechas. – É por isso que não sofre tanto pelo seu ex namorado. Agora eu preciso de mais bebidas para não ir contar isso a ele. – dei um sorrisinho sarcástico.

— Decepcionante. – ele discordou gestualmente e ligou o carro.

— Temos que brindar ao trágico fato de não sermos mais cunhados.

— Isso já tem tempo. Até mesmo por você e meu irmão.

— QUE SE DANE KEVIN. Vou ficar inventando motivos.

— Já disse que você vai passar mal.

— E eu já disse que não vou desistir. – no fim acabei o convencendo. Mesmo que eu não tivesse grande parte das emoções eu ainda sentia alguma coisa por Arthur e eu também tinha memória e doía saber que a qualquer momento ele apareceria namorando. Fato que eu esqueceria pelo menos por hoje.

Murilo Narrando

Não aguentava mais Adam me enchendo por ele ter achado o Rafael lindo após vê-lo na chamada de vídeo comigo.

— Já tem uma semana que você tá falando dele. Quantas vezes vou precisar dizer que ele é namorado do meu primo? – já estava me estressando.

— O olho dele é azul hipnotizante Murilo. E ele tem um rosto perfeito e aquele cabelo loiro... – bati na mesa irritado.

— Você quer o telefone dele? Isso vai te fazer parar de falar na minha cabeça?

— Adam você é um sem noção. – Audrey disse após sair do quarto e abrir a geladeira pegando um iogurte. – O tal primo é o cara que o Murilo namorou. Não é segredo que ele ainda gosta dele.

— Se eu conseguir roubar esse Rafael do seu Kevin ele volta a ser seu. – continuei o encarando. – Estou brincando. Para de fazer essa expressão de nervoso.

— Mas eu estou nervoso.

— Você nunca viu alguém e ficou louco por essa pessoa? Atração física existe ue.

— Tá. Mas ele namora. Assunto definitivamente encerrado?

— Sim e você já pode parar de balançar essa perna e morder essa unha. – ele tirou minha mão da boca.

— O que vocês vão fazer hoje? – Audrey questionou se encostando a pia acabando de tomar seu iogurte. – É sábado né?

— Pelo humor do amigão aí não vamos muito longe.

— Esfriou. Estou afim de ficar deitado quieto. – falei desanimado.

— Mas não vai. Vamos sair e conhecer caras interessantes mesmo que eles nunca cheguem aos pés daquele Rafael. – voltei a olha-lo com irritação. – Parei.

— O que tá rolando? - questionei pouco interessado.

— Temos várias opções. Temos boates, bares, festas, mas tem uma balada especifica que eu adoro... – seu olhar se iluminou. – É dentro de um hotel. – o encarei. – Não, não é o da sua família. Ah, tem um clube gay também. É maravilhoso.

— Não posso mesmo só dormir? – fiz um semblante de preguiça.

— Sem chance. Você já ficou em casa a semana toda, só sabe estudar. Anda Murilo, se anima. – ele quase gritou.

— Eu vou voltar para o meu quarto. Ainda bem que ele não me perturba.

— Sorte a dela. – falei o encarando. – Eu vou, mas sem balada, boate ou clube. Quero algo mais calmo.

— Um asilo seria uma ótima ideia.

— Você é chata hein? – reclamei e ele riu.

— Tá me chamando no feminino então seu humor já melhorou, vai se arrumar, vou escolheu meu look. – ele saiu andando para o seu quarto e no caminho começou a cantar uma música pop enjoada.

Comecei a pensar no quanto eu mudei de um tempo pra cá. Pra ser mais exato um ano. O Murilo que todos conheciam pela animação hoje em dia, não sei se pelo efeito dos remédios, se forçava a fazer as coisas mais simples, como sair em um sábado a noite. Isso era bem inacreditável.

— Eu amo esse seu moletom. – Adam disse enquanto saiamos do apartamento.

— Acho sua roupa ridícula. – impliquei. Ele ignorou e foi apertar o botão do elevador que se abriu e vi alguém que eu sabia que um dia poderia ver, mas havia me esquecido completamente.

— Patrícia. – sorri ao vê-la.

— Ei. – ela se mostrou acanhada e abaixou a cabeça, saindo do elevador.

— Espera. – falei pra ela e olhei para Adam. – Pode ir descendo.

— Não demora. – ele quase ordenou antes de ir.

— Pensei que você ficaria mais por lá. – comentei a olhando.

— São eles que decidem quando devo ir embora. – sua resposta veio acompanhada de uma risadinha. – Como você está... Tudo bem?

— Sim. Sempre na medida do possível. – sorrimos. – E você?

— Também. – ela desviou o olhar. – Vai lá, o seu amigo está te esperando.

— Você não o conhecia? Ele já morava aqui há um tempinho com uns amigos.

— Na verdade eu não saio muito do meu apartamento. Raramente encontro com vizinhos.

— É impressão minha ou você tá estranha comigo? – franzi a testa.

— Eu sou estranha. Ainda não percebeu isso? – a sua timidez pareceu aumentar.

— O que você vai fazer agora? – perguntei a assustando.

— Não. Eu não vou sair com vocês, obrigada. – dei uma risada.

— Não era isso que iria dizer, mas tudo bem.

— Era o que então? – fiquei olhando pra ela.

— Iria te chamar pra ir ao meu apartamento.

— E desmarcar com seu amigo? – seus olhos demonstraram surpresa.

— Ah, ele facilmente arruma algum contato que esteja disponível, relaxa.

— É que eu voltei hoje e ainda nem arrumei minhas coisas...

— Acho que você vai ter tempo pra isso. – ficamos nos olhando.

— Tá bom. Vamos lá. - comprimi os lábios para conter o riso. E então eu me lembrei das palavras do Kevin na clínica, sobre eu usa-la para alimentar meu ego. A linha tênue entre desejar bem a uma pessoa e acabar fazendo mal a ela é muito fina quando se tem sentimento envolvido. Eu deveria me preocupar com isso. Mas não me preocuparia pelo menos por essa noite.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não queria dizer, mas já dizendo o capítulo de amanhã tá bem hard. MAAAAAAAAAS...como eu fiquei tanto tempo sem postar direto, depois de amanhã já tá pronto e esse tá o oposto (: Isso se eu não estiver tão lesada de sono e fazendo as contas erradas. Até ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Perfeito XIV" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.