Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 48
Sem sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Murilo Narrando

Entrei na sala de aula e o Adam ficou me encarando parecendo bastante curioso.

— Pra quem estava bastante apressado você se atrasou muito. – ele disse com um pouco de ironia e humor.

— Eliot me parou na entrada do hotel. – reclamei o fazendo arregalar os olhos.

— O que aquele lindinho queria? Aposto que tá arrependido.

— Acertou. – me mostrei enfurecido. – E como sabia? – uma risadinha surgiu.

— Se você não tivesse mandado eu não me apaixonar de primeira eu teria me apaixonado. Você é encantador. Deve ser difícil te esquecer. – revirei meus olhos.

— Tá dizendo isso pra me deixar melhor. Não precisa.

— Você não tem autoestima baixa. – ele estranhou e ergueu as sobrancelhas e ficou me olhando. – Esse fim de namoro mexeu sim com você.

— Gostava dele. – olhei pra baixo. – E gostava de estar com ele.

— Mas ama o ex e esfregou isso na cara dele. Tá que ele foi um canalha em terminar quando você mais precisava dele, mas... É difícil né Murilo? – suspirei.

— Não devia ter levado Eliot até Torres. Tinha a mínima noção que isso aconteceria. Eu e Kevin... Nossa amizade nos preparou pra algo mais e quando é assim não se esquece facilmente. Entende?

— Dá pra vocês dois pararem com essa conversinha? – olhamos para Audrey que estava com o semblante bem descontente.

Durante o intervalo ela estava nos contando como era namorar a distância, que mesmo que a gente duvidasse haviam coisas boas nisso e defendeu sua tese. O tempo passou rápido. Sem eu nem notar. Almocei e corri para o curso.

O primeiro dia no curso surpreendeu as minhas expectativas. Fui aceito em situação “irregular” porque estava concluindo o ensino médio e deveria já ter concluído, mas é o que chamamos das tais influências. Minha carta de motivação para entrar lá foi perfeita e eu sabia que iria fazer valer essa oportunidade.

Quando cheguei ao apartamento minha irmã me ligou e eu vi pelo seu rosto inexpressivo que ela estava um pouquinho pior.

— Você não está nem um pouco animada por mim? – perguntei após contar sobre o meu dia e do quanto gostei do meu curso.

“Claro que estou Muh. É que... Bem, você sabe.”— dei um suspiro triste com a sua resposta.

— É, eu sei. Como estão as coisas?

“Piorando em um nível assustador. E a única pessoa que eu gosto de estar no momento tem problemas demais com o namorado. Tá tudo um saco.”

— O que tá pegando com eles? – sabia que se tratava de Kevin.

“Não quero falar disso. Mas então, você acha que o curso é aquilo mesmo que você esperava? Não tem chances de você largar tudo?”— dei uma risada.

— Infelizmente não. Mas não se preocupe, eu irei te ver assim que puder.

“Esse assim que puder vai demorar muito, eu sei disso. Ainda mais agora com as aulas.”

— Pare de reclamar Alice.

“Só queria ter você comigo Murilo.” – sorri amorosamente.

— E o Arthur? Vocês não voltaram a se falar?

“Não e é melhor assim.”— ouvi alguém entrar no quarto dela. – “A mamãe quer te ver.”— fiquei mais um tempo conversando com elas e depois que desliguei não consegui parar de pensar no que ela disse sobre os problemas do namoro do Kevin... E por mais que eu devesse deixar pra lá e esquecer acabei ligando para o meu primo a fim de descobrir mais a respeito, mas ele não atendeu. Talvez fosse um sinal. Eu devia mesmo deixar aquela curiosidade pra lá.

Alice Narrando

Sentei em dos sofás da biblioteca, esse em particular era clássico e preto, eu tinha uma afeição muito grande por ele, não sei... Eu achava que mesmo que ele fosse relativamente novo podia se imaginar muita história ao olha-lo.

— Kevin está dois dias sumido e com o celular desligado. – Arthur falou após todos entrarem. – Estou começando a achar que isso não foi uma tentativa de sair da realidade ou relaxar ou o que seja... Ele pode estar em perigo.

— O carro dele não tem rastreador tipo o seu? – Ryan perguntou o olhando.

— Não sou tão paranoico quanto ele. Não sei.

— Posso saber, me dá alguns dados. – Alexandre falou e vi dois olhares de admiração em direção a ele. Acenei negativamente de forma involuntária.

— Enquanto ele faz isso, preciso dizer que o Luiz se encontrou comigo e disse que o Danilo caiu na armação do Kevin e ele realmente não é confiável.

— Espera aí que armação? – Otávia quase deu um grito. Depois de tudo ser esclarecido ela não se mostrou menos nervosa. – Vocês não incríveis.

— Vocês não. O Kevin. E agora ele pode estar em perigo por causa da irmã do seu amado.

— Não para por ai. – Ryan falou um pouco desanimado. – Ficamos vigiando Caleb conforme Arthur pediu... Ele foi a muitos lugares estranhos. Não tinha nem como seguirmos. Mas anotamos as coordenadas.

— Provavelmente ele tem um dia diferente do outro. Vocês vão continuar fazendo isso por enquanto.

— O cara que você alugou o carro não vai precisar dele? – Yuri perguntou e o irmão negou.

— O Kevin pode estar em qualquer lugar, como vamos acha-lo? – uma das meninas perguntou e eu olhei pra Rafael sentindo a tensão dele.

— É sonsa mesmo né Giovana, é pra isso que o Alexandre está tentando... – ela cortou Larissa.

— Achar o localizador do carro dele não indica que vamos acha-lo. É isso que estou querendo dizer, seja menos sonsa você.

— Vocês vão brigar? – Sophia perguntou as olhando. – Não vou contar a nenhuma das duas o sexo do meu bebê amanhã. – todos se mostraram animados com o exame, menos eu, claro. Isso fazia de mim quase uma sádica. E era difícil para eles compreenderem porque eu havia me tornado uma pessoa normal antes.

— Posso ir? – perguntei incomodada. – Creio que não ajudo em nada.

— Não você não pode. – Rafael disse me olhando. – Não é o que o Kevin iria querer.

— Mas ele não está aqui. – falei baixo.

— Eu o represento. – ele sorriu e veio até a mim. – O que foi hein?

— Nada. – respondi mais baixo ainda. – É só que eu pareço não pertencer mais a esse grupo.

— Ele nunca pertenceu. E você o fez virar o mentor deles. Eles não o respeitariam tanto se não fosse você Alice.

— Não. Desculpe te dizer isso, mas... – suspirei. – Foi o Murilo. – olhei pra baixo.

— Você não pode mais se ferir, só que ainda sabe ferir as pessoas. – sua risada me fez relaxar um pouco.

— O que tá acontecendo com ele? – olhei pra Arthur. – Ele tá diferente.

— Diferente como? – nos olhamos. Vi que ele estava sem graça.

— Menos sobrecarregado parece. – ele deu um sorriso afetuoso.

— Sua resposta já responde a sua dúvida. Você sabe o que é. – seu olhar foi de mim ao Arthur. – Isso não muda o que ele sente por você. Mesmo que você já não possa sentir mais nada. Sabe o que eu acho incrível? – questionei com o olhar. – Você e o seu irmão serem inesquecíveis desse jeito. Qual é o segredo?

— Não tem nenhum. Kevin já esqueceu Murilo, ele te ama muito. E Arthur vai me esquecer.

— Pode ser. Quero que saiba que eu me preocupo com você viu? Não é por causa dele que estou te dizendo isso.

— Estou sentindo que está todo mundo meio se afastando de mim, mas eu sei que sou eu que estou fazendo isso e que as minhas reações diante das coisas estão... Inesperadas. Igual agora... – olhei para as meninas. – Tá todo mundo lá babando na Sophia e eu... – dei de ombros. – Tanto faz. Quem quer saber se é menino ou menina? – ele deu uma risada quase escandalosa.

— O Kevin iria rir muito se estivesse aqui agora. Essa fala não se parece nada com você Alice.

— Eu sei. – revirei os olhos. – Sou fofa, eu me importo com as pessoas. Mas eu não estou me importando, entende? Eu nem estou preocupada com ele. É sério. Se a Diana pegou ele mesmo isso poderia me desesperar antes.

— Tem muito tempo que você não desabafa com alguém né? – concordei.

— Olha ele aí. – Arthur falou e eu olhei pra porta. Era o Kevin. E atrás dele... – Caleb?

— Investiguei até achar onde ele estava. – ele e o filho se olharam. – Conta pra ele. Não tem como você fugir. - ele voltou a olhar o filho mais velho. - Eu tentei Arthur, não dá. Esse é o Kevin. Ele sempre mostra do que é capaz. Ás vezes ele consegue ir além. Como agora.

— Onde você estava? O que foi que você fez? – ele perguntou olhando fixamente os olhos do irmão.

— Em uma chácara do Eugênio. Havia contado a ele sobre o plano de vocês e recebi esse convite. – vi Arthur ficando vermelho, quase roxo. Ele veio até Kevin e deu um tapa muito forte no rosto dele.

— Você não tinha o direito de fazer isso.

— Eu nunca tenho o direito de fazer as coisas que faço. – ele sorriu se mostrando inabalável ou pelo menos fingindo muito bem.

— Ele vai sair do hotel. Fez isso tudo pra isso acontecer. Estava na cara que não queria ficar lá. Mas vai sair de casa também. Agora ele que se vire com o Eugênio.

— Não sou filho de chocadeira, eu tenho mãe. Você só me tira daquela casa morto.

— Vai pra capital. Não era isso que você tanto queria?

— Quer saber? Vou mesmo. Que se dane também.  – ele saiu de lá e Rafael me olhou.

— Se eu for atrás dele agora vai ser pior. – ele disse baixinho. – Mas se eu não for, acabarei o deixando ir embora.

— Vocês dois estavam brigados né?

— Sim. E já tentei entender... Acho que foi por que não o beijei quando nos despedimos da última vez.

— Então vá até ele e o beije. – dei de ombros. – Vocês complicam demais as coisas.

— Agora que tá quase sem sentimentos tá fácil dizer isso né?

— Arthur está extremamente machucado. A mágoa dele vai fazê-lo se afastar totalmente do irmão.

— Isso será outro problema. – ele respirou fundo. – Vou até a casa do Kevin atrás dele.

— Tudo bem. Boa sorte. – sorrimos juntos.

Acabei indo para a casa da Aline com ela, dentre as meninas ela era a que mais me entendia, talvez pelo fato dela não ter tanta intimidade comigo antes.

— Eu e o Alê paramos mesmo de ficar. – ela disse enquanto entravamos em sua casa. – No fim não tínhamos muito em comum. E você e o Arthur?

— Não existe mais eu e Arthur. Já tem algumas semanas que terminamos.

— Eu sei, mas vocês dois não estão ensaiando uma volta?

— Não mesmo. – ela parecia um pouco incomodada.

— Isso é bom... Bem... Por que... Você sabe que eu estudo lá na faculdade né? – já imaginei o que ela diria. – E eu tenho visto ele andando com uma garota pelos corredores e tal. Tipo... pode ser só uma amiga. Mas eu não sei. Não queria fazer fofoca, só que você é tão legal e todos dizem sobre o seu problema então achei que não havia nada de mais te contar.

— Já esperava. – não demonstrei nenhuma emoção, como imaginado.

— Será que é algo sério?

— Não sei Aline. Qual foi sua impressão?

— Eles sorriam muito. Acho... Talvez estejam apaixonados. – sua voz era triste mesmo não havendo nenhuma necessidade disso.

— Ainda sinto algo por ele e é bem ruim saber disso na verdade, mas... Consigo entender que é o melhor pra ele. É a continuação da minha decisão, entende?

— Entendo sim. – ela deu um sorriso reto. – Demorei demais a esquecer Arthur, ele é muito especial. A educação, o respeito, o jeito que ele me tratava... Mas ele nunca tentou disfarçar que amava alguém. Fico pensando se ele é assim com ela também. Coisa boba de se pensar né?

— Concordo. Até porque daqui a pouco ele não vai ter nada a disfarçar. – ela riu.

— Um amor como o dele por você não acaba assim. Estou admirada dele não estar isolado chorando e sofrendo ainda.

— Então... Essa garota deve ser o motivo disso. – sorri. – Vamos mudar de assunto?

— E essa história toda do Kevin, o que você acha?

— Kevin sendo Kevin. – sorri. – Ele não muda. E dessa vez a traição dele é justificável. Qualquer um trairia o Caleb. – ela deu uma risada.

— Que homem ruim né? Credo. – comentamos um pouco mais sobre o quanto asqueroso e psicopata era esse ser e depois meu pai me buscou.

— Você não parece nada legal. – ele observou assim que entrei no carro.

— Voltei a ser a problemática sem sentimentos. Ninguém quer ficar perto de mim. Pareço ter uma doença contagiosa. – vi que ele ficou muito mal. – Estou exagerando vai.

— Alice... Os seus amigos podem estar estranhando... Você teve um avanço muito inesperado. E... Um retrocesso também. De uma pessoa praticamente “normal” você voltou a estaca zero. Isso é difícil pra processar. Tenta entendê-los. – fiquei calada sem conseguir sentir empatia alguma. – Imagina como deve ser conviver com alguém que não demonstra nenhuma emoção por nada que você diz? É muito ruim não é?

— Eu não pedi pra nascer assim. – reclamei.

— E eu faria de tudo para que isso não acontecesse.

— Não quero te deixar mal, só vamos embora.

— Você precisa urgentemente voltar a ver sua terapeuta, a médica já mandou.

— Ela só fala de amor. Eu sei que não posso nunca amar. E foi por isso que terminei meu namoro. Não preciso dela me lembrando o que eu já sei.

— São duas pessoas diferentes. Você assim é... Tão...

— Estúpida? Depois de ter tudo e ser tirado de mim, como queria que eu ficasse? – olhei pra ele sem expressão alguma no rosto e com o tom de voz ameno.

— Não ia usar essa palavra. É só que não parece a Alice de sempre. E sei que isso é normal. Você tá diferente. Só tenta não deixar isso te consumir. Lembre-se de como era antes e das coisas boas e tenha esperança que você pode voltar a ter uma melhora significativa como já teve.

— E depois regredir de novo? – ele ficou me olhando. Viu que era inútil conversarmos e então seguiu para casa.

— Alice... – ele me chamou antes que eu saísse do carro assim que chegamos em casa. – Não diga essas coisas a sua mãe, por favor. Vai machuca-la demais.

— Você se importa mais com ela do que comigo? – perguntei sem saber ao certo o motivo.

— Não. Só não quero as duas assim.

— Deveria deixar quem sabe ela não para até de trabalhar. – bati a porta e sai. Conscientemente eu sabia que havia errado, mas eu não conseguia me importar. Então... Seria sempre um enorme tanto faz.


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Notas finais do capítulo

Nem vou dizer até amanhã, porque eu nunca estou vindo, mas é bem provavel que eu venha sim porque o cap já está escrito ♥



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