Amor Perfeito XIV escrita por Lola
Notas iniciais do capítulo
Boa Leitura ♥
*perdão se houver erros e por ficar enorme (:
Murilo Narrando
Não acreditava que eu estava fazendo aquilo. Não era possível. Inacreditável em um nível muito espantoso. Eu não iria imaginar isso em nenhum momento. Nem em outro mundo.
— Você tá bem? – Kevin, que agora por ver seu passaporte eu sabia que se chamava Kevin Brum, me perguntou. – Não parece nada bem.
— Claro que eu não estou bem caralho. – reclamei e olhei para o outro lado. – Isso é insano.
— Qual parte? Você me acolher em minha fuga ou estarmos indo pra sua casa? – ele me olhou e tive vontade de socar a cara dele. – Relaxa, vamos voltar e o hospital ainda vai estar lá, vão ser só dois dias.
— Por que você quis tanto sair de Paris? – ele desviou o olhar. – Mereço saber ao menos isso. – ficamos em silêncio. – Isso não faz nenhum sentido, nem somos amigos, você me detesta por causa da Paty e, além disso... – ele me cortou.
— Não me dou bem com meu pai. – ele falou de repente. – E ele iria me visitar. – seu olhar foi para as mãos. – Eu já fiz isso antes, eu tinha lugar pra ir. Mas seria mais divertido outro País. – ele sorriu. – E é aniversário da sua irmã! Você tem direito a um convidado. Tenho certeza disso.
— Você me cansa. Isso não vai dar certo.
— Acho que você tá com mais medo do Kevin conhecer o Kevin aqui. – ele riu. – Calma, não vou dizer que você demonstrou que ainda morre de amores por ele.
— Nem precisa. Ele já sabe. – suspirei.
— Vai ter algum cara que eu vou poder pegar? – fiquei olhando pra ele completamente desacreditado. Sua risada me fez revirar os olhos.
— Meus amigos são todos héteros. – tirei suas esperanças. – Não sei se vai algum amigo do Kevin, mas ele não tem muitos. – dei de ombros.
— Estou tão ansioso. – ele bateu palminhas. Eu o olhei. – É uma fala redundante eu sei. Não posso fazer nada. Vou cochilar, me acorde quando chegarmos.
E chegamos. E bem na hora da festa. Não avisei a Alice e nem aos meus pais. Queria fazer uma surpresa a ela já que sabia que ela estava mal e queria me ver.
— MURILO! – ela gritou assim que cheguei e me abraçou apertado. Ficamos um bom tempo desse jeito e vi que meus pais se aproximaram quase tão eufóricos quanto ela. – Tudo o que eu queria hoje era esse abraço de urso. – ela disse ao nos separarmos. – Vocês sabiam disso? – ela perguntou e nossos pais negaram. Eu os abraçarei e então eu tinha uma pequena tarefa, explicar quem era esse ser estranho ao meu lado.
— Já tem um novo namorado? – meu pai questionou de uma forma séria e preocupada.
— Não. Não mesmo. Zero química. Não nos queremos. Nem amigos nós somos. – falei demais.
— O que ele tá fazendo aqui com você Murilo?
— Sou amigo da irmã dele e ela pediu pra ele vim comigo, ele precisava de uma viagem rápida como essa. - inventei uma desculpa.
— É um pouco longe pra ir assim do nada não acha?
— Como eu disse ele precisava. Pai você vai mesmo ser chato?
— Vem Muh, já tá todo mundo aqui. – Alice me puxou e só então que eu percebi que era uma festa a fantasia.
— Murilo. – meu novo amigo me parou. – Já sei daqui quem é o Kevin e ele te corresponde, por que não estão juntos? Foda-se. – ele não deixou nem que eu respondesse. – Tem um carinha ali que eu não fui com a fuça dele e vai rolar stress. Não tem contei, mas eu não tenho só transtorno de ansiedade generalizada, tenho transtorno explosivo intermitente. – abri a boca assustado.
— Eu trouxe uma bomba comigo, é isso?
— Eu sei me controlar. Quer dizer... Eu te xinguei todo por um sentimento que a Patrícia sente. Ainda não sei muito bem. Estou na luta, como aprendemos no hospital... – o interrompi.
— Vai conversar com meu pai, ele também tem esse mesmo problema.
— Nossa que ótimo filho você é, sabe nada sobre o que o seu pai tem! Os sintomas são diminuídos e enfraquecidos ao envelhecer. Posso chama-lo de corno que ele vai olhar e rir. Eu acho. Pelo meu bem é melhor não testar. – ele deu um sorrisinho de idiota. – Mas Murilo aquele cara me lembra um homofóbico que eu arrebentei a cara uma vez. Ele tá me olhando com essa expressão de preconceituoso.
— Quem é? – perguntei quase perdendo a paciência.
— Ao lado do seu Kevin que inclusive está vestido de diabo e é bem lindo. – ele disse observando. – Aquele lá, o loiro.
— Idiota. É o namorado dele. E esse olhar é de ciúme misturado com raiva , ele não queria que eu estivesse aqui. Anda. – o puxei.
— Estava tão preocupada. – Sophia foi a primeira a me abraçar. Depois que eu cumprimentei a todos eles ficaram me olhando obviamente querendo saber do meu “amigo”.
— Você não fala eu falo. Prazer sou Kevin Brum. – ele encostou seu lábio em meu ouvido. – Devemos deixa-los curiosos se somos algo mais? – eu o empurrei e o encarei com raiva.
— Kevin? Jura? – Sophia perguntou e riu. - Não tenho palavras. Vamos só... Vamos ficar calados e pensar sobre isso.
— É um nome impactante eu sei. - ele disse e sorriu.
— Você é um grande filho da puta. – falei e ele começou a rir. – Não estou rindo. Você disse que não falava a minha língua.
— Se eu dissesse você não iria me trazer. – ele riu mais ainda. – Eu consegui. Eu achei que não ia conseguir enganar você, mas eu consegui.
— Um de vocês explica o que tá rolando? – Giovana perguntou nos olhando.
— Você não tem noção garota. Achei esse daí na rua e ele me trouxe. – ele sorriu.
— Estou com tanta raiva de você Kevin. – falei o encarando.
— Kevin? – ele riu. – Pinscher pra você. – ele olhou meus amigos. – Estávamos internados juntos.
— Vocês se conheceram... – minha irmã começou a falar, mas não conseguiu terminar.
— Isso. No manicômio. – ele abriu os lábios como se fosse rasga-los. – Ele trouxe um louco pra festa! – sua risada assustou todo mundo. – Mentira. – agora ele estava sério. – Temos o mesmo problema.
— Ah, que legal! – Lari exclamou espontaneamente.
— Não. Não é isso que podem estar pensando. Nada de identificação e horas de conversa. Nem somos amigos. – expliquei.
— Então por que o trouxe ao aniversário da sua irmã gênio? – Ryan perguntou querendo rir.
— Ele fez a minha melhor amiga do hospício se apaixonar. Sem corresponder. Ele me devia um favor. Achei que uma festa em outro País seria consideravelmente aceito.
— Que papo de maluco. – Ryan riu. – Desculpa se ofendi.
— Não. Gostei de você. Quer dizer... Você parece legal. – ele sorriu. Gostou mesmo do Ryan.
— Ninguém gosta do Ryan. – o olhei. – Ele é rabugento, chato e só sabe fumar.
— Mas ao mesmo tempo ele é sincero, verdadeiro e aposto que faria tudo pelos amigos. Sei ler as pessoas pequeno Murilo.
— De pequeno não tenho nada e sou maior que você.
— A estatura média do homem europeu é 1,78 e a de vocês é 1,73 então não vem querer dizer que de onde eu vim tem homens baixos.
— Não sabia que gays mediam altura como héteros medem tamanho do pau.
— Porra Murilo! – o pinscher exclamou e me olhou. – Nem os seus amigos te conhecem! Tá faltando muita honestidade na sua vida. Ele não é gay. E me irrita ver alguém chamar alguém que não é gay de gay. – ele começou a ficar nervoso. Pronto.
— Agora você tá parecendo um hétero ofendido por ter sido chamado de gay.
— Que conversa mais idiota. Não faz sentido. E como o Murilo não é gay se ele namorou o... Kevin.
— Olá Kevin. – mais uma vez o pinscher tentando sair do controle. – Sou Kevin também. Seus olhos são lindos. Sua boca é maravilhosa. Amei as tatuagens. – quase todos estavam rindo, principalmente da expressão de Kevin, menos eu e Rafael. – Você é solteiro? – ele sabia que não. O filho da puta só queria arrumar problema.
— Não. – ele respondeu sério.
— Cadê seu namorado? Devia estar grudado em você invés de estar encarando as pessoas com olhar de repulsa. Manda ele parar de olhar pra mim ou eu vou arrebentar a cara dele. – e a coisa toda saiu do controle em um segundo.
— Como que é? Repete. – Kevin pediu indo pra cima do pinscher e o pegando pelo pescoço. Ele estava sem ar e não conseguia falar. – Ah é, espera. Você não consegue.
— Kevin para, por favor. – pedi e ele não me ouviu. – Kevin!
— Para com isso agora. – Arthur que chegou atrasado tentou puxar o irmão. Sem sucesso. – Vou chamar o Vinicius. Só ele vai conseguir tirar o Kevin de cima dele.
— Calma. – minha irmã o pediu e depois olhou para o Kevin. - Você não tem noção da sua força quando você fica com raiva. – ela disse e olhou para o meu amigo. – Solta ele... Por favor. – ela pegou em sua mão livre. – Você é melhor que isso.
— Não o ameace de novo ou você vai voltar para o seu País em um caixão. – Kevin falou antes de solta-lo. Ele se sentou para tentar se acalmar e Rafael foi se sentar ao lado dele. Isso serviu para aproxima-los pelo que parecia. Já o pinscher estava sem ar e massageava o pescoço.
— Você me trouxe para um lugar de loucos. – ele reclamou me olhando.
— Você que quis vim. – dei de ombros.
— Você não faz parte da mesma causa que eu, namorar um cara desses? É uma vergonha. – ele disse em um tom ameno olhando para Kevin. – E não vem com papo que não está em causa nenhuma porque quando você é ameaçado ou agredido na rua é a nossa bandeira que você levanta. Quando sofre olhares como o desse cara aí pra mim você só pensa em pessoas iguais a gente.
— Sim. Concordo. Mas em qualquer comunidade existem pensamentos diferentes. Você acabou de chegar e tá julgando um cara que você nem conhece.
— Sabe quantas vezes eu já recebi esse olhar? Não vou mudar o meu jeito por pessoas como você que não parecem gays e por pessoas como ele que fogem de ser. Ah, me poupe. – ele saiu andando.
— Diz pro seu amigo que personalidade não tem nada a ver com opção sexual. Ah e diz mais... Conta que se por acaso eu não fosse tão discreto em tudo em minha vida e tivesse um jeito igual ao dele eu já estaria morto por ter um pai psicopata e extremamente preconceituoso. – Kevin disse e sorriu. – E pra finalizar explica que é necessário ter EMPATIA e se colocar no lugar do outro antes de cagar regras.
— Alguém aprendeu isso direitinho com a comida de rabo da Alice. Não escuto mais nem a voz da Otávia. – Soph disse e riu.
— Tá, eu vou lá. Desculpe por ele. – sai rapidamente.
— Não vem dizer que estou errado. – ele falou de boca cheia quando o encontrei. – Isso tá uma delícia, como chama?
— Não provoca mais o Kevin. É sério. Não mexe com o namorado dele.
— Ele te ama. Por que deu aquele show? Pra te fazer ciúme? Eu percebi o olhar dele em você desde que chegamos. Não adianta ele tentar mentir.
— Não. Ele ama o namorado. – falei triste.
— Não fica assim. Come. – ele enfiou alguma coisa em minha boca. Ficamos um tempo observando as fantasias do pessoal antes de voltarmos pra perto dos nossos amigos, era melhor esperar o clima esfriar totalmente.
— Posso falar com você? – Rafael me perguntou e eu estranhei pra caralho. Concordei e andamos para um canto.
— Cadê o Kevin? – perguntei sabendo que ele não estava entre nossos amigos.
— Foi fazer alguma coisa pra Alice. – ele respondeu e me olhou.
— O que foi? – nos olhamos.
— É sobre o Kevin mesmo... Ele me chama de anjo, mas é ele que me protege como um. Ele que sempre faz tudo por mim. Não quero perder isso. Não quero perde-lo.
— Por que tá me dizendo isso?
— Estou tendo problemas em me aceitar. Você pode me ajudar? – ele começou a chorar, em uma atitude talvez impensada eu o abracei, não sei, éramos amigos antes, talvez seja por isso. Só que Kevin chegou acompanhado de Alice e a maioria dos nossos amigos.
— Essa é reviravolta que ninguém imaginava. Perdeu Kevin. – Ryan disse e riu.
— Deixem os dois conversarem. – Kevin disse entendendo o que acontecia. Uma das coisas que eu mais gostava nele era isso, sua perspicácia.
Rafael e eu ficamos um tempo conversando, expliquei a ele que ficar com outro cara me ajudou a entender que eu realmente queria estar com alguém do sexo masculino, mas que eu ainda me sentia atraído por garotas e que a terapia foi a principal ponte em todo esse caminho de entendimento e que ele devia iniciar o tratamento o quanto antes e não podia deixar esse sentimento de pecado domina-lo como ele estava deixando. Espero mesmo que eu tenha ajudado pelo menos um pouco.
— Achei o clima aqui bem mais fresco do que dizem. – o pinscher estava comentando quando voltamos. E ele estava muito perto do Kevin. Senti o ciúme do Rafael que sentou do outro lado do namorado.
— É, é mesmo, toda vez que chego à casa do Kevin ele tem que desligar o ar condicionado, pois eu sinto frio. – ele disse querendo demonstrar que se encontrava sempre com ele. O que já deveria ser subentendido.
— Ar condicionado central. Sei como é. – o pinscher não se abalou. Quase ri. Era hilário isso. Kevin se levantou sacando rapidamente o que acontecia, o que já era de se esperar. Ele começou a conversar com Arthur que também estava em pé sobre um assunto qualquer e Rafael se levantou o abraçando por trás com os braços atravessados em sua cintura e segurando as próprias mãos com os punhos fechados. Era uma mensagem clara: ele é meu. Kevin olhou para a própria barriga encarando as mãos de Rafael.
— Que merda você tá fazendo? – perguntei baixo ao meu amigo.
— Não vou pegar o cara que você ama. Só estou me divertindo. – ele sorriu e piscou. – Me deixa brincar com a insegurança desse merda vai. – nos olhamos. – Só um pouquinho.
— Você já fez isso demais.
— Nem comecei. – seu sorriso me dizia o quanto aquilo iria longe. E eu achando que as confusões já tinham acabado.
— Como você está? – Kevin estava ao meu lado. Nem vi que ele havia se soltado de Fael. Ele viu que eu estava confuso. – Ele não estava se encostando em mim Murilo. O que você disse a ele?
— Não foi o que eu disse. Ele tá com ciúme. – desviei o olhar. – O Kevin tá sendo desnecessário. Vou tira-lo de perto de vocês dois.
— Ele não tá com ciúme desse seu amigo idiota. – ele olhou em meus olhos. – Ele tá com ciúme de você.
— É incoerente uma vez que ele acabou de me pedir ajuda.
— O amor dele por mim talvez seja maior que o ciúme.
— Por que ele tá com ciúme de mim Kevin? – ele ficou me olhando e não disse nada. – Você disse a ele que ainda te amo né? Por que fez isso?
— Não é isso. É que você nunca vai ser algo que vamos superar... De alguma forma você tá inserido na nossa história.
— É a minha cidade. Meus amigos. Minha família. Minha irmã e o aniversário dela. Dê um jeito de superar isso vocês dois juntos. Não posso fazer nada. – iria sair, mas ele me segurou.
— Você não me respondeu como você está. – o olhei.
— Precisei me internar em uma merda de uma clínica, como você acha que estou?
— Já disse que é hospital. – pinscher se intrometeu.
— Ele é sempre insuportável assim?
— Não sei. Já disse que não somos amigos.
— O que você fez pra controlar o ciumento do seu namorado? – o idiota perguntou sorrindo. Ele estava mesmo afim de Kevin.
— Se ele der mole você... – comecei a falar e parei. – Desiste. Ele não vai trair o namorado dele com você.
— Não estou afim dele seu imbecil. Agora é você que tá com ciúme. Porra esse cara tem o que?
— Você não vai descobrir. – Kevin o respondeu e sorriu.
— Mandou o seu irmão distrai-lo? – perguntei ao ver Yuri voltando com Rafael.
— Ele vai ser papai, tem muito o que desabafar.
— Seria mais fácil mandar o Arthur.
— Arthur e eu estamos passando por momentos difíceis. Divergências de opiniões. – ele respirou fundo. Rafael chegou e sentou ao seu lado. Sai de lá com o outro Kevin.
Mas eu não fiquei tão longe assim e me arrependi disso. Realmente estava com ciúme e agora eu estava com ciúme da pessoa certa. Kevin estava sentado virado de frente e Rafael meio de lado virado pra ele, eles se olhavam... Fael apoiava o seu antebraço em seu joelho e a mão da outra perna no outro joelho, isso indicava que a conversa era séria. Pelo menos era o que parecia. Ele dizia algumas coisas e aproximava o rosto ainda mais do rosto do Kevin. E o trouxa aqui não conseguia tirar os olhos dos dois. E então eles se beijaram.
— Já se martirizou o suficiente? Ou quer mais? – olhei para o lado.
— Ele o ama. Não entendo você achar que ele sente algo por mim.
— Mas sente. Esse loiro aí é um idiota. Escuta o que estou dizendo. Meu olho é clinico. Ele não é gay, nunca foi gay e nunca vai ser.
— O que ele faz com um cara então, explica, porque tô bastante confuso.
— Passando o tempo dele. Sei lá. Entendo de pessoas como eu, como você ou como o Kevin... Aquele idiota ali é só mais um macho escroto. Vem, vamos beber. – quando quis ir ver minha irmã eu nem pensei no que podia enfrentar em relação a ele. Era ruim ver que os dois estavam mesmo construindo uma relação sólida e profunda.
Alice Narrando
Sereia. Era essa a fantasia que eu havia escolhido. O motivo foi bem simples, eu queria pintar as pontas do meu cabelo e podia usar essa desculpa sem minha mãe me encher muito o saco. Na festa tudo estava conforme eu queria e ninguém havia faltado... Inclusive fui surpreendida com a presença do meu irmão, que com toda certeza do mundo foi o meu maior presente.
— Por que a sereia da Alice tem um tridente? – ouvi uma das meninas perguntar enquanto eu tirava fotos com os meus pais e meu irmão.
— Porque ela foi escolher comigo, a sereia dela é demoníaca. – Kevin respondeu com o seu jeito típico.
— Você não sabe nada de sereias, elas têm isso. – alguém disse e eu me aproximei deles.
— Cadê o Arthur? – perguntei vendo que ele não havia chegado ainda.
— Acho que ele está em dúvida se vem ou não já que você deixou claro que o quer longe dele. – Kevin me respondeu. – Quem é aquele com o seu irmão?
— Vamos saber agora. – os dois se aproximaram. E tudo rapidamente virou uma guerra.
— Amei o local que você alugou, muito rústico. Combina com festas a fantasia. – o amigo de Murilo disse assim que ele saiu para conversar com Rafael.
— Não é aluguel, é a minha casa. – expliquei e ele sorriu sem graça.
— Não foi uma crítica.
— Tudo bem. É rústico mesmo. Bem diferente. – concordei. Olhei em volta procurando Arthur e não achei. Pelo visto nossa última conversa foi drástica demais.
— Seu irmão é legal. – ele me olhou. – Apesar de eu e ele não nos darmos muito bem. – ele riu. – É que a Paty é mais legal que ele e agora ela tá lá tentando entender porque se apaixonou tão rápido... – o interrompi.
— Posso te dar um conselho? – ele ficou me olhando. – Não procura mais confusão com o namorado do Kevin. E eu não ligo para o que você acha do meu irmão. – me levantei e sai dali afinal duas pessoas já haviam me chamado. Eu era a aniversariante, não podia perder tempo com um garoto que quase fez o meu melhor amigo perder a cabeça.
— Disseram que você estaria me esperando aqui. – falei ao encontrar Arthur atrás da minha casa, onde não havia ninguém já que a festa estava sendo lá embaixo.
— Alice... – ele se virou e me olhou. – Nesse momento estou com sentimentos conflitantes dentro de mim. – seu suspiro me fez notar sua tristeza. – Não sei se faço o que você quer que eu faça ou se eu sigo o meu coração. Pensei muito antes de vim e decidi te deixar em paz. – vi seus olhos lacrimejarem. – Se você quer tanto enfrentar isso sozinha a sua vontade vai ser feita. Eu te amei por esses três anos e te amo hoje, mas eu não quero mais te amar amanhã. Sempre vou ter um carinho especial por você e saiba que pode contar comigo para o que precisar, mas a nossa história definitivamente acaba aqui. – não conseguia mais olhar em seus olhos. – Feliz aniversário, esse deveria ser o meu presente, já que é que tanto quer, mas tem algo em sua cama... E se eu fosse você eu não iria ver agora, realmente vai acabar com a sua noite. – ele saiu sem me dar ao menos um abraço. Era isso que eu merecia depois de ser tão intolerante e cruel em nossa última conversa.
— Arthur desistiu. – falei ao chegar perto de Kevin e ele ficou me olhando. – Dá pra tirar essa cara de deboche?
— Já devia ter se acostumado com a minha cara princesa. – ele voltou a beber e eu estranhei.
— Você não bebe há não ser que esteja nervoso ou tenso. O que foi?
— Ou triste. Mas não é nenhum dos três casos. Na verdade eu estou... Não sei. Que noite mais louca. – ele se virou completamente pra mim. – Seu irmão trouxe um cara que me fez querer mata-lo e agora continua provocando o Rafael. O seu irmão tá com ciúme de mim e o Rafael com ciúme dele e do amigo dele. O seu irmão... – o interrompi.
— Sei que você ama os dois e por maior esforço que faça para ter um namoro feliz... Você ama mais o Murilo. Sinto muito. – conclui. – Você só falou dele Kevin. – ele pareceu me dar razão.
— Quando eu esquecê-lo eu vou comemorar tanto.
— Então guarde os fogos porque esse dia nunca vai chegar. – o encarei e ele riu.
— Vocês se acham né? Irmãozinhos enjoados.
— Humildes são vocês, você e Arthur. – falei e sorri. – Preciso de um favor. Vai até o meu quarto e pega o presente que o Arthur deixou lá e coloca no seu carro. Depois leva pra sua casa e deixa guardado. Se algum dia eu estiver pronta pra ver eu te peço de volta.
— Que burocracia é essa pra um presente?
— Ele disse que acabaria com a minha noite.
— Ele não iria te pedir em casamento no seu aniversário de dezesseis anos né? Se bem que pra transar com você seria necessário mesmo. – dei um tapa forte nele.
— Kevin! – reclamei e ele riu.
— Ah, tu vai ser santificada. É isso? Santa Alicinha. Aí tô pensando se você voltar a sentir as coisas depois de novo você pode dizer que é a santa dos sentimentos impossíveis.
— Eu te odeio tanto.
— Vou fazer um slogan pra você... Deixe-me pensar... Santa Alicinha se você acredita em mim não tire a sua calcinha. – ele começou a rir e depois correr e eu corri atrás dele. Eu iria bater nele sem dó, até porque acho que eu já nem sentia dó mais.
— O que tá acontecendo? – Soph perguntou ao pararmos perto dos nossos amigos. Ele ria muito enquanto eu puxava sua capa.
— Uma sereia atrás do diabo não tá vendo? – ele perguntou e riu. - Alice para. – ele começou a tossir porque a capa estava o sufocando. – Parei, eu juro que parei. Não repito isso mais. – ele voltou a rir e a minha raiva voltou também.
— Desculpa Rafael, alguém não irá comparecer hoje. – o chutei com força.
— Caralho sua doente! – ele ficou gemendo de dor enquanto todo mundo ria.
— O que foi que ele falou pra te irritar tanto? – meu irmão perguntou acho que pensando que tinha alguma coisa a ver com ele.
— Coisas que somente o Kevin diria. Não vale nem um pouco a pena repetir.
— Sobre a castidade de algu... – antes que ele terminasse a frase eu o encarei.
— Você quer ser chutado novamente?
— Tô nem aí, pode até me deixar infértil se quiser, não faz diferença.
— É, mas você sabia que se ela decidir não bater e apertar os seus testículos pode até resultar em morte por parada cardíaca reflexa? – Ryan perguntou e ele o olhou. – Minha mãe contou um caso uma vez que...
— Tchau. – ele saiu correndo.
— Isso é verdade ou você só queria tirar onda com a cara dele? – perguntei o olhando.
— Não. É verdade.
— Conta mais essa história. – eles iniciaram aquele papo sinistro e eu sai de lá indo pra perto dos meus pais.
— Arthur foi levar seu vô e sua vó embora. – meu pai contou quando cheguei. – Ele detesta que seu vô dirija.
— Ele é tão fofo. – minha mãe comentou admirada. – Ele é de longe meu favorito.
— Ele é a versão masculina de você. – meu pai disse a olhando. – Não puxou em nada minha irmã nem ao pai dele.
— Graças a Deus pelo último. – falei e respirei fundo. – Mas o seu favorito é o Kevin né pai? – o olhei e sorri.
— Ele me lembra um pouco mais novo. Mas eu tinha uma doença... Ele tem apenas falta de juízo. Esse garoto precisa de controle. Ele é uma bomba. – olhei Kevin voltando de onde os carros estavam estacionados. Suspirei aliviada. Podia não me preocupar mais com esse presente.
— Ele prefere ser reconhecido como diabo. – contei. – Não o contrarie. – eles riram e eu voltei para os meus amigos, onde eu esperava aproveitar pelo menos um pouco da festa.
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Até amanhã ♥