Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 42
Impetuosidade surpreendente


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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"Talvez tenhamos achado o amor bem aqui, onde estamos."

Giovana Narrando

Depois que Yuri voltou com os irmãos de tudo aquilo que eles passaram ele estava muito mal, sabia que foi um susto grande demais para ele superar sozinho e ele precisaria de mim.

— O que tá fazendo aqui? – ele perguntou não gostando de me ver na porta do seu quarto.

— Posso entrar? – perguntei baixinho.

— Não. A gente já conversou tudo o que tinha pra conversar.

— Sim. Sei disso. Não estou aqui pra pedir desculpas e nem falar disso. Só quero saber como você está se sentindo... – ele me olhou por um tempo.

— Estou bem. – assim que ele desviou o olhar entrei em seu quarto.

— Não é isso que eu vejo. – falei chegando perto de sua cama. – Sei que foi demais pra você tudo que aconteceu, eu te conheço Yuri. E é pra ser. Foi assustador.

— Você não estava lá pra saber.

— Mas eu vi como Alice ficou e ela não é capaz de sentir metade do que você sente... A gente a trata como alguém normal, mas sabemos que ela sempre vai ter um problema.

— Ela estava mais preocupada com eles que com medo ou assustada. Eu também estava preocupado, mas... E se além de matarem os dois, eles nos achassem e nos matassem? Não sei. Não é só isso. Toda a situação... Caótica demais. – ele ficou me olhando. – Por que eu estou desabafando com você?

— Por que é isso que os amigos fazem um com o outro.

— Não entendo você Giovana.

— Por que é tão difícil deixar alguém te ajudar? Desculpa se alguém se importa com você, mas eu me importo. – eu iria dizer mais coisas, mas ele não deixou. Como ele estava deitado na beirada da cama, em um movimento rápido ele se sentou e ficou da minha altura. Então ele levou suas mãos ao meu rosto o pegando e me deixando totalmente surpresa e me beijou fazendo com que eu ficasse completamente sem reação.

— Não. – o empurrei após perceber o que realmente estava acontecendo. – Você não pode fazer isso. – ele me olhou sem entender. – Só tá confuso e ainda tem a Diana... – ele não me deixou falar mais nada.

— Eu não vou mais me envolver com essa garota Giovana!

— Mas ela não vai simplesmente desistir e não vai te deixar em paz. Acha justo que eu entre nisso?

— É... – ele pensou um pouco e ficou me olhando. – Não. - ele pareceu ainda mais pensativo. - E se eu convencer a Diana a me deixar em paz, você promete pelo menos pensar no assunto? – ele fez uma cara de cachorro abandonado.

— Talvez. – separei nossas mãos. – Eu te vejo depois. – sai do seu quarto um pouco arrependida por não ter dado continuidade, mas orgulhosa por ter feito a coisa certa.

Alice Narrando

Assim que Murilo me ligou a primeira pessoa que eu pensei em contar era ele, Kevin. Mas ele não me atendia. Nem respondia minhas mensagens. Fui a sua casa e ele não estava lá. Então tive que ir até a casa dos meus avós.

— Procurando meu irmão? – Arthur perguntou ao me ver no corredor. Fiquei imóvel. Desde quando terminei nosso namoro eu corria de qualquer contato com ele. Como também havia feito nas outras vezes. – Ele tá no quarto do Rafael conversando com ele.

— Ah tá, eu falo com ele depois. – me virei para ir embora.

— Não precisa fazer isso. Não age comigo como se eu fosse um bicho.

— Só quero ir embora. – expliquei o olhando.

— Posso pelo menos saber se você tá bem? – nos olhamos por alguns segundos.

— Sim, estou. O que aconteceu comigo nunca mais vai acontecer de novo. Não vou ficar chorando por ninguém porque eu tenho coisas muito maiores para lidar. Você devia saber disso.

— É. Devia mesmo. – ele suspirou. – Como estão as coisas com a regressão?

— Avançando. Não se preocupe, quando eu virar uma ameba você vai saber.

— Você está sendo ridícula. E usar esse termo explica minha fala.

— Se referem a amebas para aqueles seres de baixa, quase nula inteligência intelectual e sentimental. Posso preservar a intelectual, mas a sentimental vai chegar a zero.

— Tá. Se refira a você como quiser. – ele gesticulou negativamente. – Acho que eles vão demorar então vou te deixar ir. – sai sem me despedir.

— Luna veio aqui conversar comigo. – minha mãe falou assim que cheguei em casa.

— Sobre não aceitar meu namoro? Aquela conversa que foi adiada por causa do problema do Murilo? – questionei incrédula.

— Não. – ela não estava nada contente. – O assunto era sim vocês dois, mas não era isso.

— Estou esperando mãe. – me deitei no sofá e fiquei a olhando na cozinha.

— Primeiro larga o celular. O assunto é sério.

— Nada que venha da minha tia Luna pode ser sério. – reclamei.

— Ela está preocupada com Arthur. Ele voltou a ficar triste como das outras vezes que vocês dois tiveram problemas. O que aconteceu? Olha Alice eu vou ser obrigada a concordar com ela... Está chegando a um ponto que vocês dois não estão fazendo bem um para o outro.

— Terminei o namoro por causa da regressão mãe. – ela ficou me olhando.

— Ótimo. – ela continuou o que estava fazendo. Tentei entender seu tom de voz e a entonação não me explicava nada.

— O que quer dizer?

— Não está claro? Que você fez a coisa errada. Mas isso é com você Alice. É a sua vida. Então faça o que achar melhor. Luna vai superar o esmorecimento do filho.

— E ele... Será que vai superar? – me sentei e descansei a cabeça no encosto do sofá. – Por que eu sei que daqui a pouco não vou sofrer mais e não vou sentir mais nada... Mas ele...

— Ah minha filha... Não deve se preocupar com isso. Tem que seguir seu coração e continuar firme em sua decisão. Precisa parar de pensar nisso.

— Mas fazer isso é complicado. – suspirei. – Ele tá tão mal. – fiquei por um tempo refletindo. – Obrigada por me aconselhar.

— Que mãe eu seria se não fizesse isso? – nos olhamos. – O seu pai me contou que o Murilo te ligou. Ele tá bem?

— Tá. Preocupado comigo. Por que vocês disseram ao Gardan sobre mim?

— Porque achamos que você precisava dele! Vocês dois são colados desde novos Alice. E você estava péssima por causa da decisão dele e... – ela respirou fundo. – Ainda não sabemos como será. Se realmente tudo voltar a ser como antes...

— Vai voltar mãe. – a interrompi. – E não adianta sofrer antecipadamente. Sabíamos que isso podia acontecer. – me levantei. – Vou tomar um banho e depois vou ir até a casa do Kevin tá? O Papai vai me levar, cadê ele?

— Você agora só fica atrás do Kevin. Sabe que ele não vai ter paciência nenhuma com você quando suas regressões... – a interrompi novamente.

— Sabe muito bem que ele é melhor que pensa mãe.

— Queria que ele fosse um pouco mais para conseguir ajudar seu irmão.

— Tá querendo algo impossível. – dei um sorriso triste e fui para o meu quarto.

Não adiantou nada ir até a casa do Kevin, não o encontrei e tentar acha-lo na casa dos meus avós também foi frustrante. Como eu não queria perguntar a Arthur se ele sabia dele fiquei a noite toda tentando ligar até ele desligar o celular. No outro dia de manhã consegui enfim falar com ele.

— Até que enfim! – exclamei quando ouvi sua voz. – Como você tá?

— Tomei banho, me barbeei, tomei café, estou excelente, com um coração despedaçado, mas batendo. É uma grande vantagem. E uma ótima notícia, não acha?

— Nem barba você tem, deixa de ser ridículo. Tá daquele jeito que o Arthur detesta. – falei e respirei fundo. – Kevin... Vamos conversar. Tem que me contar o que aconteceu. Ele realmente te traiu?

— Acha mesmo legal contar isso por telefone?

— Vou ir até você, pelo menos poderia adiantar.

— Não ele não me traiu Alice. Mas vou ter que confessar que um par de chifres seria mais fácil de lidar que tudo que eu ouvi.

— Ele não te ama mais? É isso?

— Alice... Vamos focar no que interessa. Hoje quero todo mundo junto, menos aquele filho da puta, lógico. E todos vocês vão ficar impressionados com o que acabou de acontecer.

— Você tá cheio de mistérios! Depois a insuportável sou eu.

— Vou contar. Sabe a viagem dos vizinhos? Danilo aproveitou que estava na cidade natal e resolveu fugir. – fiz um som de surpresa. – Tente ter essa mesma reação quando eu contar a todos, não gosto de exceções.

— Idiota. Conta tudo o que sabe como ficou sabendo disso?

— Os pais dele estavam tão desesperados que entraram em contato com meu pai para avisar que demorariam um pouco mais para voltar a Torres e justificaram contando tudo... Antes que pergunte por que, eles são sócios do segundo hotel de Alela.

— Por que será que ele fez isso?

— Lindinha tá adiantando a reunião. Vamos desligar? Beijos. – ele desligou na minha cara. Simples assim. Bufei. De qualquer forma parecia que pelo menos nesse instante ele estava com raiva de Rafael e Kevin com raiva seria algo não muito agradável.

Murilo Narrando

Procurei a Paty ou o Kevin por todos os lugares e não os achava de jeito nenhum, então resolvi ir para a sala de televisão. Meu tempo ali estava acabando e eu queria aproveitar cada minuto, não que fosse um lugar bom de se aproveitar, mas é que eu pretendia nunca estar ali novamente.

— Olá. – ela se sentou ao meu lado uns vinte minutos depois.

— Eu te procurei por todo canto. – a olhei.

— Estava na consulta com meu psiquiatra. – ela sorriu. – O que tá passando? – seus olhos se voltaram para a televisão.

— Alguma novela idiota. Só passa essas coisas. Como foi a consulta?

— Quer detalhes? – nos olhamos.

— Não precisa. Entendo que prefira comentar a respeito com seus colegas de quarto ou o grupo de artesanato e até o círculo de reza.

— Esqueceu o grupo de apoio.

— Ainda tem o seu amigo.

— Mas você está enganado... Com essas pessoas, tirando o pinscher, só falamos sobre idade, experiências e no máximo o motivo de estarmos aqui. Não contamos sobre consultas ou coisas pessoais.

— Eu te vejo sempre conversando com várias pessoas, foi por isso que pensei...

— Gosto de ver a visão de outras pessoas sobre a mesma doença que eu tenho. E também aqui o tempo passa mais rápido se conversamos.

— Entendi. E concordo. – sorri. – Foi ótimo ter encontrado você desde o primeiro dia. Aprendi a ter bom humor com tudo isso. Talvez você seja doida mesmo. – dei uma risada.

— O que eu já disse sobre a loucura? – rimos juntos.

— Do seu jeito você encoraja as pessoas, sabia? – a olhei.

— Por que você diz isso?

— Eu já te vi fazendo muita coisa que me leva a pensar isso. Desde pequenas atitudes como um convite para o almoço até conversas longas sobre como devemos enfrentar as coisas e continuar lutando.

— É o que aprendi a dizer a mim mesma todos os dias, por que não passar adiante?

— Realmente acho muito estranho você ser solteira.

— Tá me cantando? Parece o tipo de coisa que alguém interessado em alguém falaria.

— Só imaginei que você ser tão legal... Ah, esquece. Já te disse que sou um idiota e só faço e falo besteiras.

— Vocês não tiveram visitas hoje? – Kevin chegou perguntando e se sentou. – Perderam.  Uma interna começou a esmurrar o vidro blindado da enfermaria e cuspir seus remédios. Acho que a pessoa que veio não fez muito bem ela. – olhei Paty.

— Viu? – questionei. – Nem todo mundo reage tão bem assim às visitas. – ela pareceu mexida com o que ele havia contado. – O que foi? Você parece querer chorar. – perguntei preocupado.

— É sempre triste quando essas coisas acontecem. Não dá pra ignorar.

— Amanhã vamos para a reunião de grupo? – ele perguntou nos olhando. Lembrei a última vez e do quanto foi intenso e difícil.

— Eu não queria ir, mas é tão necessário né? – suspirei.

— Talvez seja a pior parte, ouvir e ver a dor das pessoas. Mas depois que sairmos de lá vamos ficar conversando no jardim pra tentarmos distrair um pouco.

— Se deixarem sim. – Paty disse e se levantou. – Tchau pra vocês.

— Se afasta dela. – ele disse me olhando. Com certeza minha expressão não era das melhores. – É um pouco ingênuo você não ver que ela tá apaixonada.

— Droga. – passei a mão no rosto.

— Você é retardado?

— Você tá em um clinica psiquiátrica. Respeita pelo menos o lugar que você se encontra.

— É isso. Esse seu jeitinho. E não se diz clinica e sim hospital.

— Qual a diferença?

— Nem sempre se interna em clinica, pode apenas se consultar. Você é mesmo imbecil.

— Então por que ela se apaixonaria por um imbecil?

— Você tá duvidando? – ele franziu a testa e ficou ainda mais nervoso.

— Só acho que você está tirando suas próprias conclusões.

— Não. Você só não quer se afastar dela porque é egoísta. Ela te fazer bem é motivo suficiente para você fazer mal a ela futuramente.

— Tchau Kevin. – me levantei para sair dali.

— Conseguiu dizer meu nome, parabéns você evoluiu. – ele falou ironicamente antes que eu saísse completamente da sala.

Tudo o que eu menos precisava era de problemas. Eu disse a mim mesmo desde o início. E agora isso era drama demais pra mim. Passei a noite acordado pensando se eu cancelava minha internação e iria embora antes de finalizar o tempo, mas alguma coisa me prendia ali. Não sei se era comparar estar naquele lugar e estar sozinho no hotel ou se era realmente o fato dela me fazer bem... Só sabia que as coisas não podiam continuar assim agora que eu vi que existia essa possibilidade de machucar alguém.

"E eu poderia viver, poderia morrer me apegando às palavras que você diz."


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Notas finais do capítulo

Até amanhã - enfim com a conversa de Kael (aprende a formar nome de ship comigo Isa ;) kkkkkkkkk formada na escola dos shippers). Já adianto que dependendo do ponto de vista, pode revoltar. ♥



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