Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 41
Trato feito


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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Alice Narrando

O meu desespero ao ver Arthur e Kevin serem levados por aqueles caras era tão grande que me fazia não conseguir nem mesmo respirar.

— Para o carro. – pedi de forma rápida a Yuri. Abri a porta assim que o movimento parou e sai procurando o máximo de ar que podia.

— Estamos em Alela. Daqui a pouco estaremos em casa. Mesmo que ele tenha pedido vou contar tudo ao meu pai. – fiquei pensando naquilo. – Por que aqueles dois idiotas acharam que dariam conta disso sozinhos? Juro que não entendo!

— A gente concordou desde o princípio. – respirei fundo.

— Se você fosse levada... – nos olhamos. – Arthur já teria contado ao mundo todo.

— Eu sei. E vamos contar. Só preciso me acalmar pelo menos um pouco pra conseguir chegar lá viva. – meu celular começou a tocar, olhei Yuri. – É ele! – atendi correndo. Ele disse que estava bem e Kevin também e que estava indo embora, contei onde estávamos e ele disse que nos encontraria ali. Não acreditei quando vi o carro do Caleb encostar.

— Nunca foi tão bom não ser importante pra você. – Yuri disse olhando o pai. A raiva que ele estava agora era maior que a preocupação. Já eu abracei Arthur correndo e beijei seu rosto todo. Ele estava bem e só isso era o que importava. Olhei Kevin, que já não estava tão bem assim.

— Nem vem. – ele avisou e então eu voltei minha atenção ao meu namorado.

— Ele odeia se sentir impotente. – ele disse em meu ouvido. – Deixe-o quieto por enquanto.

— A gente se vê. – aquele monstro falou olhando os dois filhos e foi embora.

— Só se for no inferno. – Yuri resmungou. – Meu ódio por ele cresceu enormemente.

— Pois diminua. Foi ele que nos salvou. – Arthur falou de forma séria.

— Pra mim ele consertou a merda que ele mesmo fez. – Kevin encarou os irmãos. – Mas se acha que ele precisa tanto assim de redenção, vá em frente. - ele foi para o carro e eu olhei Arthur bem preocupada.

— Vocês não vão começar a brigar né?

— Não. Fica tranquila. – ele me beijou e então seguimos para Torres.

— Vamos reunir todos e contar o que aconteceu e o que decidimos. – Arthur falou olhando para o irmão assim que chegamos.

— Como quiser. – ele entrou na casa rapidamente.

— Lembra o que Ryan disse aquele dia? - perguntei com carinho. – Ele não tá com raiva de você. Tá com raiva dele mesmo. De Rafael. De toda a situação que ele nem sabe direito qual é. Dê um tempo pra ele.

— Tá bom. – ele sorriu. – Vamos.

Depois de contarmos tudo e todos ficarem completamente chocados, os meninos pareciam esperar eles se recuperarem.

— E por que Arthur está só com os pulsos vermelhos e o Kevin tá todo estourado?

— É óbvio. Porque ele não cala a boca. – Otávia respondeu e ele sorriu. - Um é obediente e o outro não.

— Posso ir pra casa? – ele perguntou olhando o irmão. – Se alguém me ver assim vai dar ruim. Ou não, vou inventar que brigamos. Acho que vai te manter longe de mim.

— Por que você quer ficar longe dele? Não era pra estarem ainda mais unidos depois disso?

— Conta pra eles o trato que você fez com Caleb.

— Você não tá com raiva disso e sabe muito bem! Para com essa merda Kevin! Você tem a necessidade de direcionar os seus sentimentos de uma forma tão errada que me assusta.

— Que trato é esse? Do que ele tá com raiva?

— Vamos nos juntar a Caleb. – todo mundo ficou em silêncio depois da fala de Arthur.

— Eles bateram a cabeça dele? – Ryan questionou a Kevin.

— Você acha que deve alguma coisa ao pai de vocês? – perguntei com calma.

— Não. Ele só pediu nossa ajuda e eu acho que se estivermos por dentro de tudo o que ele faz é mais fácil prevenirmos futuros danos.

— A verdade é que ele gostou dessa vida cheia de adrenalina.

— Conta tudo Arthur, eu quero ir embora. – o tatuado mandou de forma bem impaciente. Via a hora que os dois iriam brigar feio.

— Então... – ele respirou fundo. – Ele vai abrir todo o jogo pra mim e o Kevin e vamos ajuda-lo a consertar muita coisa que ainda nem sabemos quais. Só que isso nos coloca como cúmplices dele, então eu fiz um trato com ele.

— E que fique claro que ELE fez. – Kevin avisou contrariado.

— Ele nos coloca em alguma função na administração do hotel para que possamos nos doar integralmente e abre mão de toda a fortuna que ele já acumulou.

— QUE? – gritei me levantando. Kevin riu. Não era pra menos. – Você enlouqueceu? Lembra que tem uma faculdade que não tem nada a ver com administração? E que já trabalha? E você nunca ligou pra dinheiro! Por que isso Arthur?

— Eu não ligo, mas ele liga e muito. Isso é tudo pra ele. Quero tirar algo dele, como ele sempre tirou de mim a minha vida toda! Você não entende, nunca aconteceu com você! E quem mais devia me entender não consegue porque tá com a cabeça a vários km daqui.

— Você tá fazendo a coisa certa. – Sophia disse o olhando. – Se é o que o seu coração pede, tem que fazer. Não importa o que pensamos. Você precisa tomar alguma atitude em relação a esse homem que se diz ser pai e nunca foi na verdade. E parecia tanto ser. Toda a vida a gente achou que ele era preocupado com vocês, só quando isso tudo aconteceu que vimos o quanto ele é... Sujo. Vá em frente Arthur. E se tá nos contando é porque quer nosso apoio, não somos ninguém pra te julgar.

— A gravidez deu sensatez pra alguém. – Otávia falou impressionada. – Eu concordo. – ela suspirou. – Não é a melhor decisão, confesso. Mas... Você tem que pensar em seus sentimentos. Se isso vai te fazer se sentir melhor é o que tem que ser feito.

— Mais alguém com alguma palavrinha de conforto ou eu já posso ir? – Kevin se levantou.

— Vai logo. – mandei e ele saiu.

— Por que ele tá tão irritado? – Alê questionou curioso.

— Rafael. – Arthur respondeu e suspirou. – Bom... Contei a vocês porque assim como nessa perseguição, acho que vamos precisar de vocês. Queria saber se podemos contar com todos. – eles concordaram e então aquele encontro acabou.

— Sei que está profundamente nervosa. – Arthur disse quando estávamos sozinhos.

— Não vou dizer que entendo e nem te encorajar a fazer o que vai te dar alívio aos seus sentimentos... É errado e você sabe disso! Você tá mudando todo o curso da sua vida. Não estou nervosa. Estou possessa. E também bastante chateada. Não concordo. Deixa eu te contar uma coisa... Consultei quando a minha mãe buscou meu exame lembra? E a médica disse que eu estava em regressão e logo os sintomas começariam. Acho que talvez eles estejam agindo ao contrário porque eu estou sentindo as coisas de forma muito violenta... – parei de falar para respirar e ele me abraçou.

— Calma. Vai ficar tudo bem. – o empurrei.

— Com você ao lado do seu pai? Você acha mesmo?

— Alice... – meu olhar o dizia o que viria a diante.

— Não. Não consigo. – me afastei dele.

— A derrota de Caleb não muda nada pra você né?

— Como você consegue dizer que o derrotou se você se juntou a ele?

— Não é assim que eu vejo Alice.

— Eu quero ficar com você Arthur você sabe, mas sabe que eu não vou me sentir bem remoendo isso. E... Eu sei que estou assim por causa do meu problema. Primeiro eu preciso cuidar de mim. Se você me ama você vai me entender.

— Podemos fazer isso juntos. – vi seus olhos se encherem de água. – Se te faz tanto mal eu desisto. Não vou mais fazer nada disso. – sorri sabendo que ele diria isso. Conhecia Arthur tão bem.

— Não. Já tem uns dias que estou observando as coisas que estou sentindo e o meu comportamento. Você não viu hoje? Eu inventei uma dor de cabeça e te fiz sair por aí procurando um remédio! Não Arthur, eu não quero ter que me preocupar com o que vou causar a outra pessoa.

— Eu não me importo. Você sabe disso. Não é possível Alice. Não vamos passar por isso de novo.

— Não me faça me sentir egoísta e nem culpada, por favor. – pedi quase chorando. – Lembra quando eu estava começando a sentir tudo? Era muito também. A regressão é do mesmo jeito. A médica avisou que isso poderia acontecer. E só tá no início.

— Por que você não me contou dessa consulta?

— Por que você estava sendo ameaçado de morte? – suspirei. – Arthur... Você sabe que é melhor pra mim. Vai me fazer mal. Toda vez que eu der um ataque desse eu vou ficar péssima e sabe lá o que mais pode acontecer. Não quero te magoar.

— É... E terminar comigo é uma ótima forma de não magoar.

— Se ficarmos juntos vai acabar acontecendo de qualquer jeito.

— Não tem muito tempo que você me disse que não queria que nos separássemos nunca mais. – ele se aproximou e fez carinho em meu rosto.

— A situação é outra. – tirei sua mão. – Vou ir.

— Vai deixar ao menos eu te levar em casa?

— Não. E acho que dessa vez a gente deve se afastar. Vai piorar e eu não quero que você tenha esperanças de um dia voltarmos.

— Você só pode tá brincando.

— Sério? Não posso tomar uma decisão? É tão inacreditável assim? – ele se assustou com meu nervosismo.

— Agora mesmo você me aconselhou em relação ao Kevin. Quem é você Alice?

— Não sei. E é por isso que eu preciso ficar sozinha. – sai antes que ele não deixasse e fui para a casa do Kevin. O pai dele me atendeu e falou para eu ir até o quarto dele apesar de parecer que ele não queria receber visitas.

Entrei e ele estava bem mal. Quase tanto quanto eu. Sentei em sua cama e encostei minha cabeça na cabeceira. Ele não falou nada, nem perguntou porque eu estava ali. Ficamos um bom tempo em silêncio.

— Por que essa merda tá me ligando? – ele perguntou mostrando o celular e vi o nome de Arthur. Ele rejeitou a chamada. – Brigaram?

— Terminamos. – ele me olhou e respirou fundo.

— Tem que parar de terminar atoa Alice. Isso desgasta o relacionamento.

— Não foi atoa. E dessa vez realmente não tem volta.

— Por causa do meu pai? Sério mesmo? – ele franziu a testa. Discordei gestualmente.

— Ciúme? – discordei. – Ainda não superou a quase traição?

— Não! – falei emburrada. Odiava lembrar daquilo.

— Então dessa vez eu não vou saber. Se você disser vai ficar mais fácil.

— Como sabia que fui eu que terminei? – o olhei.

— Você pode trair o Arthur que ele não vai terminar com você. Ele te ama desde quando tinha quatorze anos, te trata como se fosse a coisa mais preciosa do universo.

— Você tá errado. Ele terminou comigo por sua causa.

— Tá. Mas aí você tem que abrir uma exceção porque eu sou aquele que consegue coisas inconseguíveis.

— Essa palavra nem deve existir. – dei uma risadinha fraca. – Estou em regressão. – o olhei. – As minhas explosões, ciúmes, tudo... É por isso. Quando comecei a sentir as coisas eu tive essa fase de sentir demais. Daqui a pouco vou voltar a ser como antes e não quero isso pra ele.

— Ele não tem chance de escolha?

— Não é só isso. Faz mal a mim. Não quero dormir sabendo disso.

— É... Parece bem complicado. De alguma forma você tá agindo igual ao Murilo... Indo embora para evitar possíveis sofrimentos.

— Somos realmente muito parecidos. – ele pegou seu celular que estava tocando e dessa vez era Rafael. Ele deixou tocar. – O que você acha que é sobre ele?

— Pra mim a coisa mais seria é ele me trair.

— Ele não faria isso Kevin. Vocês estavam tão bem.

— Ele nunca namorou... Tá acostumado com isso de ficar com várias pessoas... Eu que fui inocente demais em achar que iria dar certo. Rafael nunca escondeu o escroto que é.

— Você não merecia isso. – falei com coração apertado. Ele encostou sua cabeça em meu ombro e eu peguei sua mão. – Dane-se ele, você arruma alguém melhor.

— Não posso dizer o mesmo pra você. – ele enxugou as lágrimas que caiam.

— Se você ficar chorando eu vou chorar também. – avisei e ele suspirou.

— Então já pode começar. – ficamos naquilo por algum tempo até nos deitarmos e cairmos no sono e eu deixar meu pai e minha mãe completamente preocupados. Minha sorte foi o Caleb ter ligado para eles. Que mundo eu estava vivendo? Esse cara estava mesmo querendo uma mudança? Medo de ir para o inferno será? Não sei.

Murilo Narrando

Receber a visita do Gardan foi uma das piores coisas que eu poderia ter feito. Mas meu médico disse que ele tinha que ficar como meu responsável além dele. E como meu responsável ele tinha esse direito de me ver. Ainda lembrava as palavras dele.

“Deixando seus sentimentos de lado, os seus problemas e tudo o que você tá passando, você sempre vai fazer de tudo pra proteger sua irmã. E agora ela precisa de você. O seu pai me contou que ela tá sentindo efeitos da doença dela voltando. Só dê uma palavra de carinho Murilo.”

— O que foi hein? – Paty se sentou ao meu lado. – Tá aí descansando da partida há meia hora. Nem foi tão pesada assim.

— Vôlei não é minha praia.

— Qual é sua praia? – dei uma risada do jeito que ela perguntou.

— Futebol, skate, corrida... Gosto mais de coisas com as pernas. – ela sorriu.

— Tirando do contexto isso soa um pouco estranho.

— Você saiu do nível muito depressivo para o altamente brincalhão. Tem alguns dias que estou observando isso...

— Não se preocupe. Eu vou cair de novo. – ela deu de ombros. – É assim. Mas eu brincar não significa que estou bem. Só que o assunto aqui não sou eu. Você ainda não me disse o que foi.

 - Minha irmã. – suspirei. – Ela parece estar indo mal com o problema que ela tem. Estou pensando em ligar pra ela hoje. – ela ficou me olhando. – Acha que devo conversar com o conselheiro?

— Claro que não. Se ligações e visitas fizessem mal elas não seriam liberadas. Até hoje não entendi essa sua decisão.

— Você não tem pais super protetores. Além disso, tudo que vem de lá me lembra o que eu quero esquecer. De alguma forma ele se tornou o melhor amigo da minha irmã e eu sei que ela vai falar sobre ele. Assim como o meu primo que é irmão dele também vai fazer.

— Você ama demais esse cara. Ninguém nunca me amou assim. Deve ser tão... Bom. Por que não estão juntos?

— O pai dele é preconceituoso e você não precisa saber mais que isso. É uma história pesada. Mas hoje ele namora... Logo todos vão esquecer que  um dia estivemos juntos, vai ser mais fácil.

— Não pra você. – ela sorriu.

— Vou te morder. – brinquei e ri.

— Vocês dois estão igual casalzinho de papinho pelos cantos. – Kevin disse chegando perto da gente. – E por que eu não sabia que você era o Murilo do hotel? – o olhei sem entender. – Minha irmã acabou de sair daqui, estávamos ali naquele banquinho. Ela te viu. Você era o gato do hotel que ela já havia comentado comigo. Os seus pais... – o cortei.

— Tá. Essa parte eu já sei. – respirei fundo. – Eu não tive muito contato com ela. Só a encontrei umas duas ou três vezes e conversamos apenas uma vez.

— Ela disse que você era afim dela. – ri alto. – Tá rindo? Todo mundo é afim da minha irmã.

— Ela disse também que eu namorava um funcionário do hotel? - ele ficou surpreso.

— Esses detalhes com certeza ela não ficou sabendo.

— Pois é. – passei a mão no rosto impaciente. Enquanto eu não falasse com Alice eu não iria ficar bem.

— Agora ela namora... Você perdeu sua vez também.

— Eu estou com cara de quem tá querendo alguém? – ele ficou me olhando.

— Ah... A gente nunca quer, mas sempre acontece.

— Fale por você. A partir de agora vou tomar o máximo de cuidado do mundo. – eles se olharam. – O que foi?

— Nada. – ela respondeu rapidamente.

— Vou ir ligar pra minha irmã. – falei e me despedi deles. Ainda bem que eu tinha apenas cinco minutos para falar com ela. Se tivéssemos tempo livre eu imaginava o que falaríamos... E só eu sabia o quanto aquilo me fazia mal.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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