Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 39
Briga de irmãos


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Alice Narrando

Depois de eu falar a minha ideia para Arthur, ele decidiu chamar o irmão para que contássemos a ele.

— Alice teve uma ideia. – ele nos olhou desconfiado.

— E desde quando a gente escuta as ideia dela?

— Desde quando ela é a minha namorada e eu a respeito. Não queremos que ela faça nada inconsequente não é mesmo? Então temos que ouvir o que ela sugere.

— Kevin nós somos muito novos e ninguém aqui pode morrer.

— Olha se vai começar com bobagem eu mesmo te mato. – ele ficou me encarando.

— Ontem você não reagiu assim quando eu falei em morte.

— Estava cansado. E você colocou Rafael no meio, queria o que? – ele se sentou. – Diz. – contei vagarosamente e com cuidado e ele não mudou de expressão em momento algum. Odiava muito isso em Kevin. – Qual a fonte confiável que isso vai dar certo? – ele olhou Arthur. – A cabeça de vocês? Por que deixa que eu explique uma coisa. Quando mafiosos ou o que for querem matar alguém e essa pessoa brinca de gato e rato eles acham. Não importa se vamos passar as férias lá, quando voltar já era.

— Mas eles podem perder a paciência e matar Caleb.

— Lindinha. Duvido muito que Caleb não esteja junto com esses caras de alguma forma. Caso contrário ele já estaria morto.

— Gente. – Giovana entrou aflita no quarto de Arthur. – Diana apareceu aqui machucada. Ela tá com um ferimento horrível no braço, disse que foi o Danilo que fez, jogou água quente ou sei lá o que e tá em carne viva.

— Aqui é hospital agora? – Kevin perguntou pleno como sempre.

— AJUDA! Ela tá lá na biblioteca. Yuri tá dormindo, ele não sabe e eu não quero que ele a veja. Isso vai amolecer totalmente o coração dele e acho que é o que ela quer vindo aqui. Vou voltar pra lá pro quarto dele. – ela saiu correndo.

— É só mandar essa cadelinha atropelada para o veterinário.

— Kevin vai lá vai ficar com ela, eu e Alice vamos verificar a veracidade desse acidente. A gente precisa ver Danilo agora, se ele estiver nervoso e confessar isso diz muito sobre ele, se ele estiver frio também diz, anda vamos.

— Por que eu fico com a pior parte? Deixe-me ir lá questionar o cara.

— Você não leva jeito com pessoas.

— Por isso me deixou com a cadelinha atropelada? – o ignoramos e seguimos.

Ao chegarmos à casa dos irmãos vimos um Danilo desesperado. Ele dizia que os pais iriam voltar de Alela e ele feriu a irmã, e ele iria se ferrar muito e ainda por cima chorava. Arthur mandou que eu fosse ficar com a garota e ele conversaria com ele sozinho até ele se acalmar.

— Como é que tá, você acha que tá melhorando? – ouvi a garota perguntando assim que abri vagarosamente a porta da biblioteca. Kevin tirou a toalha dobrada do local, que eu acho que era de água fria, já que havia uma pequena bacia ao seu lado.

— Tá sim, tá melhor, não tá Alice? – ele me olhou. Fechei a porta.

— Ah, parece que sim. – falei sem jeito.

— Cadê o Arthur? – ele perguntou de forma um pouco baixa, mas muito estridente. Claro, o Arthur era quem levava jeito para essas coisas. Kevin não sabia nem o que fazer ou dizer pra menina.

— Tá lá. Nem pense em inverter os papéis, Danilo precisa de alguém como ele agora.

— Não pensaria. Mas eu preciso sair, se você puder bancar a enfermeira. – ele já veio para a saída do cômodo.

— Não é necessário. Só vou ficar quietinha aqui até meus pais chegarem.

— É necessário. – ele disse e me olhou com certeza sorrindo por dentro. – Alice é boazinha, é a natureza dela, ela não agiria de outra forma.

— Kevin. – o chamei antes que ele fosse. – Ela não precisa ir a um hospital?

— Provavelmente. A queimadura tá tão forte que não daria para aplicar alguma pomada nem se quisesse. Dei um remédio pra dor a ela e compressas de água fria. Pega gelo quando a água ficar em temperatura ambiente. Isso vai pelo menos aliviar.

— Espera. – o puxei já que ele tentou ir embora mais uma vez. – E se não levarmos agora, será que não é pior?

— Eu não sei Alice, não sou especialista em queimaduras. E muito menos médico. Vai lá e torna a vida dessa condenada menos dolorosa, anda.

— Se eu não te conhecesse diria que tá preocupado.

— Ela poderia era morrer e quanto antes fosse melhor. – ele usou a tática de mentir para os outros e para si e eu dei um sorriso, certamente o irritando. – Tá muito drástico o tom dessa conversa.

— Você é bom agora, é normal se preocupar até com quem não merece. Não entre em conflito por isso. – ele se virou e me olhou.

— Por que você e o seu irmão são tão parecidos?

— Viemos dos mesmos pais? – dei uma risada. Ele revirou os olhos e se foi.

— Odeio isso. – a garota disse assim que entrei. – Sentir dor é horrível.

— Sim, é. – peguei seu braço e tirei a toalha vendo que aquilo não estava legal e a coloquei na água fria refazendo o processo.

— Eu e ele não brigamos há séculos. – fiquei sem saber o que dizer.

— Vocês vão se acertar.

— Algo tão sensível de se dizer. – fiquei em silêncio continuando a ajudando. – Você não concorda em eu querer Kevin né? – ela não iria falar sobre isso. – Não é o que ninguém esperava.

— É um sentimento. Não escolhemos por quem sentir. Mas acho que você já podia ter se tocado que ele não vai corresponder. – ela deu uma risadinha.

— Você tem sorte. – a olhei. – Ele nunca vai me amar do jeito que te ama.

— Não é isso. – falei séria.

— Ele pode ser seu melhor amigo. Mas ele morreria por você.

— Toma. – peguei o copo de água na mesinha ao lado do sofá. – A dor está melhorando?

— Por que você é tão ridícula? – ela mudou o tom e voltou ao habitual. – Com o Kevin a sua disposição você prefere ficar com o sem graça do Arthur.

— Diana o Kevin é gay. Ele e eu somos apenas amigos. Sua mente é doentia demais pra entender isso não é mesmo?

— Estou sentindo muita dor. – ela segurou o braço.

— Acho que você está começando a ficar com febre. – falei vendo que ela suava.

— Por favor, chama o Kevin pra mim. – respirei fundo.

— Ele não tá aqui Diana.

— Liga pra ele. – ela apertou meu braço e pareceu começar a agonizar de dor. 

Decidi ligar para o Arthur, por mais que ele estivesse ocupado, ele tinha que vim me ajudar a cuidar desse filhote do demônio.

Giovana Narrando

Assistia a uma série de comédia no quarto de Yuri e dei uma risada em um tom um pouquinho mais alto, ele se mexeu e eu tampei minha boca. Ás vezes eu tinha que concordar com nossos amigos sobre eu ser um pouco sonsa.

— Desculpa. Eu te acordei. – falei quando vi seus olhos abertos.

— Não tem problema, você já devia ter ido pra casa.

— Como é que você está se sentindo? – o olhei.

— Além de magoado e agora confuso? Muito culpado. Você não devia estar passando tanto tempo comigo.

— Não adianta me mandar embora, eu não vou sair daqui. – falei decidida. – E quer saber? Você não deve pensar nisso e sim que você tá conseguindo, tá se afastando dela. Vai ficar mais fácil, você vai entender o lado dos seus irmãos e depois que perdoa-los não vai sentir tanta mágoa e vai poder seguir em frente.

— A gente ainda não sabe se isso vai acontecer.

— Não, mas se a gente não pensar no melhor como vamos seguir em frente? – ele sorriu pra mim. – Tá me achando uma boba né?

— Não. – ele deu uma risadinha fofa. – O jeito que você vê toda essa situação é bem melhor que eu. – sorri. – E escuta... Quero muito agradecer você, mesmo. Não sei o que eu acabaria fazendo se continuasse triste como eu estava. – ficamos nos olhando. Não sei se eu estava muito louca, mas eu senti que começou a surgir um clima entre a gente. Sorri enquanto ele não tirava seus olhos dos meus.

— Então seria bom você jogar toda essa culpa fora. A causa é nobre.

— Vou tomar um banho. – ele se levantou e tirou a camisa. Virei meu rosto para o lado o tampando.

— Yuri! – chamei sua atenção e ele riu.

— Costumo ter liberdade em meu quarto. – o olhei desconfortável.

— Vou lá embaixo. – assim que me levantei ele apareceu em minha frente.

— Fica, já estou indo. – quando ele saiu eu tive tempo para tentar entender se aquilo que eu senti foi mesmo vergonha ou atração, mas eu não cheguei a nenhuma conclusão.

Diana ligou pra ele umas doze vezes ou mais. E mandou mensagens que eu apagava uma atrás da outra. Não sei se foi uma boa ideia saber a senha do seu celular.

— Por que apagou minha conversa com Diana? – ele perguntou quando voltou e pegou o aparelho. – E por que não me contou que ela se machucou? – fiquei sem respostas.

— A gente tinha um acordo Yuri... – ele me cortou com estupidez.

— Você acha que é quem? Vai me tratar como um idiota? Vai agir exatamente igual a eles! – seu quase grito me fez arregalar os olhos. – Desculpa.

— Tá tudo bem. – me aproximei e fiz carinho nele mesmo com medo. – Eu quero te ajudar, mas eu não sei o que fazer.

— Só não sai do meu lado. – ele me abraçou me fazendo esquecer que minutos atrás ele estava quase gritando comigo. Não seria tão fácil quanto eu estava pensando, mas algo que me dizia que eu não seria capaz de desistir até conseguir afasta-lo de vez daquela garota.

Murilo Narrando

Com o passar dos dias eu percebi que já estava familiarizado com aquele lugar. A rotina quase nunca mudava exceto pelos programas, mas tudo sempre regradinho e com seus horários.

— Você tá indo para a T.O? – perguntei ao finalmente encontrar Paty. T.O era Terapia Ocupacional e ocupava nosso tempo todos os dias durante uma hora e meia. Resumidamente eram atividades manuais para evitar o ócio e ajudar a mente.

— Não, só fui ao banheiro, vou voltar para o meu dormitório. – ela disse sem a voz agitada de sempre.

— Você tá bem? – ela deu uma risadinha. - É claro que não. – respondi. suspiramos juntos. – Você vai sim. – peguei sua mão e a arrastei.

— O que você tá fazendo?

— Não vou te deixar na cama chorando. Vem comigo, se não quer fazer vai me ajudar.

— Você é sempre chato assim? – ela perguntou em seu mesmo tom de desânimo.

— Com as pessoas que eu gosto sim e você deu azar de eu gostar de você, anda. – entramos na sala. Depois que os moldes das atividades foram distribuídos notei o olhar dela na cola quente. – O máximo que vai conseguir com isso é uma queimadura. – ela revirou os olhos e eu dei uma risada baixa.

— Não tá vendo que tudo aqui é acorrentado? Até as tesouras que, aliás, nem pontas têm.

— Se quer uma ideia... – olhei para um lado e ela seguiu meu olhar. – Aquele pote de plástico com miçangas. Engole tudo. Vai que você se asfixia. – ela ficou me olhando.

— Isso não é uma brincadeira.

— O seu amigo não se chama de pinscher por causa dos tremores? Pensei que brincasse também.

— Não dá pra brincar com isso Murilo. – vi que eu tinha vacilado feio.

— Desculpa. Acho que sou um babaca.

— Não. Você não é. Só tem muito que aprender ainda. Vou ir me deitar.

— Se você for eu vou ficar me sentindo um merda. E a culpa vai me consumir a ponto de eu dar uma crise. Eu estou falando sério. Posso não saber nada de nada, mas eu me conheço.

— Conhece? Você sabe os seus gatilhos? Por que assim que te vi você disse que vinha do nada. – dei uma risada dessa vez mais alta. – E por qual motivo está rindo? Tenho cara de palhaça agora?

— Sim. É do nada. Mas eu já sei que algumas coisas me afetam mais. – dei um sorriso. - Estou rindo porque estamos discutindo igual um casal, cheio de arrependimentos e cobranças.  

— VOU JOGAR ESSA CADEIRA EM VOCÊ. – uma das internas gritou com a outra e a profissional que estava na sala foi correndo até elas.

— É normal. Se uma questionar se o trabalho tá ficando legal e a outra dizer que nem tanto, por exemplo, dependendo do problema ela surta.

— Eu nunca vou me acostumar com esse lugar. – gesticulei negativamente. – Você não devia ter se acostumado.

— É melhor que engolir um pote de miçangas. – fiquei olhando pra ela. – O que foi?

— Pode ir para o seu quarto. Não quero te obrigar a ficar aqui. Ainda mais depois de ser tão imbecil.

— Ah, você não quer? – ela me olhou parecendo estar indignada.

— Calminha minha florzinha. – o amigo dela chegou e a olhou, depois apertou seu rosto com as palmas das mãos abertas. – Minha flor que tá tão murcha hoje. – ele fez bico e ela tirou a mão dele.

— Não vou voltar agora. Vou ficar aqui.

— Por que eu cheguei? – ele deu um sorriso largo. Ela nem se deu o trabalho de responder.

— O que você faz quando ela tá assim? – perguntei baixo a ele.

— Nada. – ele me olhou. – Você acha que só porque quando estamos em crise podem fazer algo pela gente que os outros problemas também são assim, não. Ela só precisa ficar quieta no canto dela. É uma dor que a gente não entende. E não tem como fazer nada pra diminuir ou passar. – fiquei pensando naquilo. – E não faz mais isso. Não a arraste contigo quando ela estiver assim. Ela se sente pior ainda. – meu olhar demonstrava incompreensão. – Pessoas depressivas se acham um peso na terra e elas sentem que as pessoas as acham pesadas, ninguém na verdade as quer por perto, é só por pena... Você tem ido às reuniões?

— Só teve uma desde que cheguei e eu estava um pouco perdido com os horários ainda.

— Vá. Lá você vai aprender um pouco ouvindo cada relato. – ele a olhou e viu que ela fazia a atividade concentrada, parecendo que nem nos ouvia.  – Espero que seja sua primeira e última internação. – ele disse voltando a me olhar. – Parece que quando você vem para esse lugar pela primeira vez você não consegue mais sair.

— Cansei disso, vamos sair daqui. – ela disse do nada e nos olhou, depois foi saindo da sala e nós fomos atrás.

— Faz um favor pra mim, diz pra ela que você não é gay. – sorri o olhando e depois olhei pra ela que parecia confusa.

— Mas... – ela começou a falar e parou.

— Você me perguntou, mas eu não respondi.

— E eu falando que você era gato. – ela ficou vermelha. – Não estava dando em cima de você, desculpa. É que eu achei...

— Tudo bem. Relaxa. E eu super aceitaria você dando em cima de mim. – sorri. – Mas não vim aqui pra arrumar mais problemas.

— Talvez tenha vindo conhecer um pinscher e uma suicida que não pode nem se depilar sozinha. – ele falou e riu. – Desculpa.

— Ele já sabe. É o que eu mais gosto nesse lugar não tinha como não contar.

— Você geralmente sente mais atração por garotas ou garotos?

— Ultimamente por nenhum dos dois. Só penso em quando vai ser minha próxima crise. Como você consegue conviver com isso?

— Não consigo. Por isso eu estou aqui. E como acabei de te dizer... Não saio daqui.

Fiquei paralisado. Não podia acontecer o mesmo comigo. Eu tinha tantos planos, tantos sonhos, queria vencer isso sem estar preso. Mas será que seria mesmo possível?!


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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