Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 37
Grávida?!


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Otávia Narrando

Não conseguia dormir e quando me levantei para ver o céu pela janela vi que havia alguém na área da piscina. Mesmo que estivesse um pouco escuro, com as luzes das estrelas notei que era o Kevin.

— Se ele acordar com dor você não vai estar lá. – falei depois de descer e chegar perto dele. Ele apenas respirou fundo, sabia que não iria querer papo. – O pai dele não achou estranho você dormir com ele?

— Só fiz o que o Arthur iria fazer. Parece que sou uma espécie de irmão. – ele me olhou. – O que você quer?

— Conversar. Também estou preocupada com Murilo.

— Não estou aqui porque estou preocupado com Murilo. Alguém quer matar meu namorado. Murilo está seguro.

— Belo modo de se ter segurança... – nos olhamos. – Por que tá mentindo? Não confia mais em mim né? – ele ficou em silêncio. – Você está errado. Como alguém igual a você erra tanto?

— Igual a mim como?

— Você viveu com um psicopata a maior parte da sua vida e mesmo assim você o enfrentou e teve força de vontade para mudar totalmente o seu jeito de ser. Você é diferente Kevin. E você não consegue nem mesmo enxergar que o Danilo só tá tentando ajudar. Ele é igual a você. Ele viveu com uma manipuladora a vida toda e ele só tá querendo ser melhor agora.

— Você tá apaixonada. – ele desacreditou.

— O Murilo estava. – nos olhamos. – Ele estava errado? – ele não respondeu. – Por que você mereceu uma segunda chance e ele não?

— É diferente Otávia, não tinha uma maníaca ameaçando ninguém.

— Mas você sabe que ele podia arriscar a vida dele. E ele arriscou. E desculpa dizer isso, mas... Olha só o que aconteceu com ele. Talvez se aproximar de você só trouxe a ele dor e o retorno de um problema psicológico de infância. E ele não se arrepende. Da mesma forma que eu não me arrependeria se tentássemos com Danilo e acontecesse algo comigo.

— Não seria com você. Seria com todos nós. Acha justo arriscar a todos?

— Você acha justo lidar com a culpa que carrega hoje? – o olhei e dei um sorriso. – Sou Otávia Kevin, eu não sou você, mas... Eu sou esperta.

— Por que tê-lo com a gente é tão importante?

— Quando você gosta muito de alguém você não quer separa-la das outras pessoas que você gosta.

— É complicado Otávia. – ele respirou fundo e olhou pra cima. – Quais janelas tem visão pra cá? – ele me olhou preocupado.

— Minha, Yuri e dos meus pais. Não se preocupe, todos os quartos dos hóspedes é de frente pra rua. – dei uma risadinha. – Iriamos ficar os três desse lado e os meus pais separado, mas eu e Yuri fizemos pirraça então Arthur teve que ficar lá.

— E aposto que ele nem reclamou. – rimos juntos.

— Não mesmo. Por que ele é assim?

— Porque alguém tem que ser. – ele me olhou. – Vou pensar com calma, tá?

— Obrigada. - olhamos e vimos alguém entrar, era uma garota. – Larissa?

— Peguei a chave do meu pai. Tá, eu sei que é perigoso, já é mais de meia noite, mas eu não podia não vim.

— E o plano era acordar quem?

— Kevin. – ele mudou a expressão para desconfortável na hora.

— Gostaria de ter uma boa noite de sono, o que já não estava sendo muito possível, então deixa o seu problema pra amanhã.

— Não. Agora. - ele ficou olhando pra ela. – É sério.

— Vou ir dormir. – ela me segurou.

— Pode ficar. – estranhei sua fala e ela percebeu. – Não acredito que você vá ficar como Yuri. Você é sensata demais pra isso Otávia, nenhuma paixão te tiraria tão do sério assim.

— Agradeço pela confiança. – sorri.

— Podem parar com o momento fofo e a linda dizer logo o que ela quer.

— Vocês perceberam que a Sophia ficou muito abalada com a internação de Murilo né?

— Ela deu uma exagerada. – Kevin opinou. – O que tem?

— Ela está sensível. Muito sensível. E... Ela anda tendo problemas... Com comidas, cheiros... Desconfio que Sophia esteja grávida. – ficamos  completamente chocados.

— Acho que o difícil vai ser saber quem é o pai né?

— Cala a boca Kevin! É o Yuri. – a irmã a defendeu.

— Eu vou precisar de uma vaga junto do Murilo. – ele respondeu e respirou fundo. – Esse garoto é louco?

— Parece que sim. E ela mais ainda.

— E por que você veio me contar isso? – ela se sentou em uma das cadeiras.

— Não sei. É que você transmite tanta confiança pra gente que sempre sabe de tudo e sempre vai resolver tudo.

— Não consigo sumir com um bebê Larissa, desculpa.

— Ela não sabe que eu estou desconfiada. O que você acha que eu devo fazer?

— Otávia te aconselha. Eu vou dormir. Já deu pra mim de loucura por hoje. O que vai vim agora? Alice vai se apaixonar por Ryan? Danilo realmente vai ser o bonzinho daquela casa? Tô cansado. – ele saiu sem se despedir.

— Por que ele é assim? – ela perguntou me olhando.

— Por que você é assim? – dei uma risada. – Ele não é a melhor pessoa pra você ter procurado. Se fosse meu irmão eu entenderia.

— É que o Kevin se tornou nosso Arthur. O seu irmão tá meio estranho já tem um tempo.

— É o namoro. Fez com que ele mudasse bastante. Mas eu não digo nada porque gosto dos dois.

— O Danilo é mesmo legal? – nos olhamos.

— Meu instinto, minha experiência, minha inteligência e meu coração diz que sim. Mas vocês nunca vão acreditar. – puxei todo ar do meu pulmão. – Quanto a sua irmã... Tem que dizer a ela que sabe. Ela já deve saber também. Juntas vocês vão enfrentar isso.

— O meu pai vai surtar muito. Minha mãe vai levar numa boa, mas ele...

— Tamy sempre foi compreensiva. – dei um sorriso.

— Nem se compara a Maísa e a Dani. Meu sonho ter uma das duas como mãe, acho que de todos nossos amigos. Ficamos com as piores né? – demos uma risada. – As mais dramáticas. E a sua mãe, como tá com o lance todo do Yuri?

— Ela finge que não se importa. E ele cada vez mais a trata de um jeito que nunca tratou e insiste em não dar satisfações de nada. Agora ela quer culpar Arthur de ter dado o carro a ele, diz que foi isso que o mudou. - ela abriu a boca chocada.

— É tão difícil. Bom... – ela suspirou. – Vou embora. Tá bem tarde. Nos vemos amanhã. – nos despedimos e apesar de toda a conversa pesada, eu me sentia mais leve, desabafei, mudei um pouco a cabeça de Kevin e de alguma forma ajudei Larissa. Queria que entendessem que eu não estava mudando nem sendo manipulada, eu tinha o temperamento forte como eles já sabiam e estava apenas com raiva por eles não me ouvirem.

Murilo Narrando

Não precisava do meu médico me dizer que a reação dos meus pais não foi nada estimulante. Já sabia que eles não concordariam comigo e mesmo os amando eu não conseguia me importar muito com isso. Era o melhor pra mim e isso bastava.

Um hospital psiquiátrico era de longe como eu imaginava. Absolutamente nada era como eu pensei. Desde as paredes até a rotina. A única coisa que eu sabia e que realmente foi o que aconteceu, é que iria existir gente de todos os tipos por ali... Doenças mentais não são apenas para herdeiros da rede Palace.

— Você se acostuma. – olhei ao ouvir a voz e vi uma garota tímida. – Daqui a pouco pessoas depressivas, alcoólatras, viciadas em crack ou bipolares vão ser seus melhores amigos. – dei um sorriso. – É sério, você menos espera e vão discutir o clima ou fazer artesanatos.

— Espero que o meu plano de saúde cubra a amizade. – brinquei e sorri mais largo.

— Sempre cobre. – o enfermeiro saiu da sala que estava e me levou até o meu quarto. Havia uma cama de ferro na cor preta e lençol branco. A janela era de vidro, mas não parecia que podia se quebrar e nem que se abria. Ele me deu algumas informações e avisos de horários e avisou que eu poderia dividir o quarto, mas por enquanto ficaria nesse. Eles foram pegos de surpresa com minha internação repentina. As pessoas se planejam para se internarem? Não é como se fosse uma viagem. Eu só acho.

Como ele avisou que eu poderia ir para o pátio lá fui eu. Afinal eu não ficaria trancado em um quarto, por mais que eu não esteja tão alegre. As paredes dos corredores tinham artesanatos que deviam ser os que a garota mencionou.

— Ainda estou tentando entender o que te trouxe a esse lugar. – a mesma garota apareceu. – É sério, olha a sua volta. Aquela mulher não tem nenhum dente na boca, fruto do crack. Aquele homem já está internado pela vigésima vez. Aquele garoto... – a cortei.

— E você? – olhei em seus olhos.

— Trauma de infância não tratado. Achei que estava tudo bem até... Bolar o meu próprio suicídio. – seus olhos umedeceram.

— Deve ser difícil. – suspirei.

— Você ainda não me contou o seu motivo.

— Transtorno de ansiedade generalizada. Eu to bem e um segundo depois parece que vou ter um ataque cardíaco. Só melhoro no hospital. – respirei fundo.

— Tem um aqui também que é assim. – ela sorriu. – A gente o chama de pinscher. – ela riu. – Ele começa a tremer quando os remédios param de fazer efeito, geralmente é quando está perto da próxima dosagem.

— Não é errado brincar com isso?

— Seria se não fosse ele que tivesse começado. Ele disse que parecia um maldito pinscher de rua. – não aguentei e ri da forma como ela falou. – Quer saber algo sobre aqui que não te falaram?

— Você está aqui há muito tempo? Pergunto por que parece pelo que sabe das pessoas.

— Um pouco. Sai e voltei. Pra algo que não tem cura depende muito da gente e fatores externos, pra quem é depressivo se alguma calamidade acontece mesmo medicado caímos de novo. Sabe? É complicado. Mas enfim – ela bateu as mãos. – Nenhuma dúvida?

— Sei lá. – cocei o rosto. – O enfermeiro me disse que o horário de dormir é 20:30. Isso é sério? – ela riu.

— Sim. Um pouco antes vem a ceia. Temos seis refeições diárias e a maioria plastificada. Salve as mentes e destrua o planeta.

— Você é engraçada.

— Todas as pessoas tristes são. É por que não tem o que fazer... Se eu não estou chorando tenho que rir. Ah, não se assuste quando acabar sua ceia e começar a ouvir vozes... Não são as pessoas que morreram aqui como em filmes, onde tudo é exagerado e bem irreal. – ela revirou os olhos. – São as freiras. Elas passam orando. São umas fofas.

— Mas a noite? Não dá pra ter pesadelo? – ela riu.

— Não, elas não sussurram. Elas oram alto.

— Menos mal.

— Você já sabe quem está em seu quarto?

— Não, estou sozinho. O cara disse que cheguei sem avisar. Existe isso?

— Existe. Eles pedem reserva de leito. Mas você me parece diferenciado, pelo médico que trouxe.

— O que tem ele?

— É um dos melhores, se não o melhor.

— Engraçado, porque ele não tá me ajudando muito não.

— Eles devem te colocar em um quarto normal até a noite. Geralmente são de três, quatro ou cinco pessoas. Torce para não cair com um obsessivo compulsivo. Eles costumam fazer barulhos a noite toda.

— Caralho você é muito experiente nessa porra.

— Depressivos. Nunca os menosprezem. – ela sorriu. – Além de sempre internados são observadores.

— Olá. Amigo novo cherry? – um garoto chegou e se sentou.

— Olá pinscher sodômico. – ela sorriu pra ele animada.

— O que é sodômico? – perguntei intrigado.

— Ih, é uma viagem. – ele falou franzindo a testa. Ela se levantou me olhando.

— Uma coisa que você deve saber sobre os depressivos, ou a maioria deles é que eles gostam das origens das palavras.

— Para de generalizar Paty.

— Gosto de pensar assim. Sinto que faço parte de uma comunidade. Eles são meus irmãos que sentem as mesmas coisas que eu.

— Surtada. – ele disse e me olhou. – Tá no lugar certo.

— Vocês vão me dizer o significado da palavra? E por que eu achava que as pessoas ficavam tomando mil remédios e babando aqui?

— Por que você via filmes e séries e nunca havia sido internado. Dãn. – ela disse e revirou os olhos. Sodômico é relativo a sodomia que é o coito anal entre indivíduos do sexo masculino ou entre um homem e uma mulher. O pinscher é gay. – ela sorriu e sentou no colo dele envolvendo seu pescoço com os braços. 

— E o pinscher tem nome?

— Kevin. – arregalei os olhos.

— Não pode ser. – balancei as pernas bem irritado. – É o nome do meu ex namorado.

— What? Você é gay? Ah! Eu te achei tão gato. – olhei pra ela.

— Pelo seu sotaque você não é daqui, ainda não encontrou nenhum Kevin? É um nome irlandês, você tá na Europa. O que mais tem aqui é Kevin.

— Não, você foi o primeiro.

— Desculpa. – ele sorriu. – Pode me chamar de pinscher. Esquece meu nome. Você não vai ouvi-lo muito por aqui mesmo.

— Daqui a pouco vai dar a hora da janta. Oh, vamos para o refeitório. É tudo misturado, você tem que tomar cuidado, lá pode ter gente louca de verdade. Eles não costumam ficar aqui no pátio.

— Tem uma que grita comigo toda vez que me vê. Ela jura que eu sou o irmão que matou a família dela.

— Estava começando a gostar desse lugar... – fiz uma expressão de sofrimento.

— Você nunca vai gostar desse lugar. – eles disseram quase juntos. Suspirei. Eram apenas trinta dias e eles passariam rápidos. Tinha que focar apenas nisso.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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