Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 35
Testes


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Rafael Narrando

Vi Kevin subindo rápido e fui atrás dele mais rápido ainda ao notar que ele não estava nada bem. Eu o parei antes que ele fechasse a porta.

— Você não vai conseguir me expulsar daqui. – falei decidido.

— Eu não quero. – ele se virou pra mim e vi o quanto ele chorava. Fechei a porta e encostei-me a ela abraçado a ele. Ficamos um bom tempo assim.

— Pode ir, eu to melhor. – ele se afastou e eu dei uma leve risada.

— O que foi? Não pareço melhor?

— Não é isso. É que é bem irônico que eu consiga te acalmar.

— Você não era meu namorado há menos de vinte e quatro horas e nem é alguém por quem sou completamente apaixonado. Não faria nenhum sentido. – ele me olhou de um jeito estranho. – Posso te fazer uma pergunta?

— Faça Kevin.

— Você me amou de uma hora pra outra? Por que... Conforme o tempo foi passando é que esse sentimento surgiu em você. Se você deixasse, o mesmo aconteceria comigo.

— Não sei quanto tempo você precisa, se são semanas, meses ou anos. Ou se... Talvez nunca aconteça. Enquanto isso eu sofro. Não é melhor eu sofrer só agora e esquecer?

— Rafael... – ele respirou fundo. – Murilo tá com alguém extremamente legal. E eu também estava. Ele sabe disso e ele torce pra gente e quer que dê certo. Ontem foi um erro que nunca mais vai acontecer. Juro que se você me perdoar, no nosso casamento coloco em meu discurso que nunca cumpri nenhuma promessa que te fiz desde o início.

— Então essa já é uma promessa que não será cumprida.

— Arthur e eu brigamos bem feio. Mas eu acho que to tão sensível assim por sua causa. Não imaginaria que te perderia no primeiro dia. E eu me odeio por isso.

— Queria te odiar também. – sorri olhando seus olhos verde água que agora estavam vermelhos e fiz carinho em sua bochecha. – O que você disse mais cedo é verdade, que não o ama mais?

— Fui totalmente agressivo com ele Rafael, eu o empurrei e mandei que ele saísse da minha frente. Não acho que eu faria isso com o Murilo. – ficamos nos olhando. – Não foi só raiva de saber que havia te perdido... Foi uma revolta maior. Naquele momento eu estava conversando com ele como alguém que sabe do que o Caleb é capaz e você entendeu como se eu tivesse declarando o meu amor por ele. O que sei que também não anula o meu erro já que eu prometi que não se sentiria daquela forma. Só queria voltar e nunca ter tido aquela conversa e feito você sofrer. – dei uma risadinha.

— Só te fiz uma pergunta Kevin. E não minta pra mim.

— Sim. É verdade. Se eu o amasse não conseguiria ter agido daquele jeito com ele. Se eu o amasse eu não sairia do lado dele sem falar nada quando vi o Danilo perto do seu rosto. Se eu o amasse eu não me importaria apenas com você. Se eu o amasse eu estaria correndo atrás dele e não de você. Se eu... – o beijei antes que ele terminasse de falar.

— Já entendi. Desculpa. Devia ter esperado me acalmar pra conversarmos. Mas... É o Murilo.

— É. É o Murilo e já passou. – ele suspirou - Rafael... Ele não tá aqui, mas ele não deixou de existir. Se você não entender que é você que eu quero e não ele, você vai sofrer até quando eu estiver concentrado achando que eu estou pensando nele e uma coisa que eu mais fico na vida é concentrado. Agora faz um favor pra mim.

— Não vamos transar com todo mundo lá embaixo.

— Não pediria fazendo favor. – ri da sua expressão. – E também não seria a primeira vez que faríamos isso. – ignorei. – Traz o Danilo aqui sem que percebam. – fiquei olhando pra ele. – O que foi Rafael?

— Vai torturar o garoto. Não concordo com isso. Ele é legal, foi muito bom comigo ontem se você quer saber.

— Se eu fosse tortura-lo você estaria apenas incentivando a ser mais cruel. Vai lá, vai.

Assim que cheguei ele estava com Otávia no quarto. Ela chorava e Danilo olhou atentamente pra ela.

— O que você fez a ela? – ele perguntou bravo. Tranquei a porta e observei qual era o jogo do Kevin. Isso era o mais excitante nele, eu nunca sabia o que eu podia esperar.

— Aí intrometido, preciso de respostas. – ele respondeu e eles ficaram se olhando. Danilo não disse nada então ele continuou. – Entendi que você mentiu e sei que é porque no seu celular tem mensagens de Otávia e vocês estão saindo. – como ele sabia? – Tá, eu sou bom, não precisa elogiar.

— Você sempre foi assim tão humilde? – Danilo o questionou continuando totalmente na defensiva e sem humor algum.

— Precisa ver minha sensibilidade. Dizem que é ainda maior. – ele respondeu na ironia.

— Ah, disso eu não duvido. – o jeito que eles se olhavam parecia que iam se bater.

— Não eram vocês dois que iriam virar amigos? – questionei confuso.

— Cuida da sua vida. – olhei para Danilo. Ele realmente ficou fora de si ao ver Otávia chorando. E por falar nela, ela se mantinha em silêncio.

— Você tá bem doido de falar assim com ele né?

— Foi só uma sugestão. – ele deu de ombros. – E não fui pior que você. Acho que o Arthur concorda comigo... Magoar o melhor amigo do irmão foi um erro terrível.

— Eu estou olhando em um maldito espelho. – Kevin gesticulou. – É por isso que não confio em você.

— Você disse que confiava. Quer tentar de novo?

— Não provoca meu lado ruim Danilo.

— Então me mostra seu lado bom Kevin. Ah. – ele fingiu se lembrar de algo. – Ele não existe. Ou existe e já pegou um avião e partiu?

— Por que tá sendo tão filho da puta? – não consegui me conter.

— Ele tá colocando ela nisso. Olha como ele a deixou. – ele apontou para Otávia.

— Como eu paro a sua irmã? – Kevin perguntou chegando bem perto dele.

— Você não consegue para-la. Você vence cada passo que ela planeja.

— Qual é? Alguém tem que dar um jeito nela.

— Se esse alguém é você vá em frente. Agora não me coloque nisso e nem a garota que eu gosto. – ele se abaixou em frente Otávia e a abraçou.

— Eu disse que você podia confiar nele! – Otávia falou enxugando o rosto e mudando totalmente. Ela não estava chorando.

— É colírio otário. Primeiro eu queria saber se realmente gosta da minha irmãzinha... Mas eu ainda não confio em você. E enquanto eu não confiar você não fica entre a gente. E ela não vai te ver.

— Eu não sou sua irmãzinha e você não manda em mim.

— Esse cara tem uma irmã que está disposta a tudo por uma obsessão e ela já ameaçou incriminar o seu tio, seu pai, tentou com seu primo e tá no controle do seu irmão. Imagina o que ela não fará se souber que você é a namoradinha do irmão dela. Acorda Otávia!

Nada mais cruel que a realidade.

— E uma última coisa. Se toda essa aproximação for algum tipo de cilada rasgo a sua garganta e perfuro sua cabeça. Posso fazer isso, sou bom em anatomia. – Kevin ameaçou o encostando na parede, ele o soltou e então Danilo se foi.

— Pode confiar nele. – Otávia falou se levantando. Ele a puxou.

— Espera pra sair. As pessoas podem perceber.

— Vou esperar lá fora. – ela quase bateu a porta. Kevin começou a andar pelo quarto acho que tentando entende-lo.

— Anatomia? Pensei que fosse bom apenas em astrologia ou vasos ou em me deixar louco por você. – ele riu. – Por mais que insista em dizer que é bom em tudo eu não levo muito a sério. Ninguém é bom em tudo.

— Não sou bom com sentimentos. Não sou bom em relacionamentos, familiar, amizade, amoroso e até profissional. Sou péssimo na cozinha. Não sou bom com animais também, eles não gostam de mim, acho que sabem que eu não sou uma boa pessoa.

— Você é uma boa pessoa. – cheguei perto dele. – Não sei o que Arthur disse que te machucou tanto, mas devia pensar que só por ter se machucado já prova que você é bom.

— Sinto vontade de fazer como o Murilo... Só ir embora. Ir para um lugar onde ninguém me conheça. Ninguém vá me julgar. Onde não saibam meu passado. Onde eu não tenha uma marca em mim.

— Se adiantasse o Murilo não estaria com o mesmo problema psicológico. Fugir não resolve nada Kevin. Você fez coisas ruins e tem que encarar isso. Lembro quando te conheci... Você parecia... Alguém sem alma. Eu evitava até te olhar. Hoje você é totalmente diferente.

— Sofro porque sei que não é todo mundo que vê isso.

— Já não é problema seu. Você não precisa ficar provando isso pra todo mundo.

— Você era um idiota que fumava maconha e pegava todas que passavam pela frente. Juro que não entendo de onde veio todo esse amadurecimento.

— Murilo também era. Acho que você tem o soro que cura os idiotas que fumam maconha e pegam todas que veem.

— Vou desenvolve-lo e comercializar. Deve dar uma grana boa, não?

— O que vai ter de garota comprando. – ri e o olhei. – Gosto de te ver assim, sorrindo.

— Então não sai do meu lado. Quando você me deixou tudo começou a dar errado.

— E foram apenas algumas horas.

— Não termina mais comigo Rafael, por favor. Preciso de você, eu tô falando sério.

— Sou seu amigo Kevin. Lembra que pode falar sobre qualquer coisa comigo. Seja o que for que o seu pai faça com você daqui pra frente não precisa ligar pra ele, conversa comigo.

— Tá bom. – o beijei na esperança de que dessa vez ele fizesse o que estava dizendo que faria.

Alice Narrando

Até agora não acreditava que estava concordando com essa ideia maluca, quer dizer... Insana de Kevin. Mas eu confiava nele. E sabia que iria dar certo.

— Bateu no endereço errado chorona. – a da fria Diana disse ao me atender.

— Danilo tá aí? Preciso falar com ele. – ela franziu a testa. – É urgente!

— Ele tá tomando banho. É sobre o que?

— Meus amigos não confiam em você e eu lembro que você já me insultou. Prefiro espera-lo aqui fora.

— Oh lindinha anda logo antes que eu te puxe. – comecei a ficar com medo. Entrei e me sentei no sofá. Ela trouxe um copo de água, mas me lembrei das palavras de Kevin de não beber nem comer nada. Fingi que tomei e deixei de lado. – O que aconteceu?

— Alice? – Danilo apareceu para a minha sorte.

— É particular. – falei demonstrando meu medo dela. Ele a olhou e ela subiu.

— Arthur terminou comigo por sua causa. Ele tá com ciúme de você. Disse que nos viu conversar, não sei... É o jeito que eu te olho. Percebi que... Ele tá certo. – abaixei o rosto. – Não consigo mais fingir. – o olhei e cheguei mais perto dele. – Me diz que sou correspondida.

— Infelizmente não. – ele tirou minhas mãos da sua cintura. – Você só deve estar confusa Alice. Dá um tempo pra vocês dois. – ele olhou pra algum ponto e depois me abraçou. – Você complicou tudo pra mim, como vou explicar isso a ela?

— Ela tá ouvindo? – perguntei também baixo em seu ouvido.

— Com certeza. – nos separamos e eu fiquei sem saber o que fazer.

— Desculpa, eu vou embora.

— Não. Fica. A gente pode comer alguma coisa, tá com fome?

Eu teria respondido se Arthur não tivesse entrado na casa e depois disso eu tivesse ido embora. Mas foi bem melhor assim. Quando cheguei em casa estava cansada, mas queria esperar acordada dar a hora que Murilo chegaria e iria me ligar.

— Você tem que dormir. – minha mãe disse entrando em meu quarto. – Amanhã temos consulta. Você vai fazer mais exames.

— Mas eu combinei com o Murilo...

— Desligue seu celular. A consulta é cedo.

— Tá bom mãe. – a olhei e vi o quanto ela estava triste. – Não fica assim, foi você mesmo que disse que quando a gente casa com alguém casamos com a família dele também.

— Quando casamos. Murilo só namora. E um namoro recente. Não precisava ter saído correndo daqui. Boa noite Alice.

Murilo Narrando

Acordei no hotel e levei um susto. Eliot estava sentado na poltrona me olhando e o olhar dele não era de quem estava feliz em me ver.

— Como entrou aqui?

— Trabalho aqui.

— Mas isso é invasão de quarto.

— É a primeira e última vez que acontece, fica tranquilo. Só estou aqui pra saber por que sua mãe me deixou mensagens preocupada com a minha mãe. E o motivo de você ter voltado.

— Você entendeu. Voltei por que sua mãe não estava bem.

— Mas ela está ótima Murilo!

— Voltei porque eu quis Eliot. Não queria mais ficar lá.

— É perturbador o quanto ele ainda consegue te conduzir.

— O namorado dele terminou por ciúme em relação a mim e eu preferi me afastar.

— Você me traiu com ele Murilo?

— Não!

— Qual o motivo do ciúme?

— Aconteceu algo relacionado ao pai dele e ele veio desabafar comigo.

— Por que você tá encolhido igual uma criança medrosa?

— Não gosto que me confrontem e você sabe disso!

— Você nem pensou em me avisar. Sabe como eu estou me sentindo?

— Desculpa. Eu estava mal.

— Estava mal por que você se encheu de culpa pelo insucesso do relacionamento alheio?

— Nossa! Sabia que é horrível ver duas pessoas que você gosta sofrendo e saber que o motivo é você? E sei que eu não fiz nada.

— Acho que o horrível é ver a pessoa que a gente ama gostando de outra pessoa que a gente curte e sabe que é legal. Seria mais fácil se fosse um desconhecido. – ele se levantou. – É melhor darmos um tempo Murilo. A decisão já estava pairando a minha cabeça... Fui lá pra ter certeza do que eu achava... Você tá preso nessa história de uma forma muito clara.

— Quando te conheci você disse que também tinha alguém assim. E que sempre vai ser assim até conseguirmos conviver com isso e parecer que não sentimos nada.

— É. Mas a minha pessoa tá por aí. A sua é o seu primo. – ele suspirou. – Juro que tentei entender, ser indulgente. Mas eu não consigo mais suportar isso.

Deixei que ele se fosse, não podia prendê-lo a mim e talvez ele estivesse certo. Não queria dizer que por aceitar o que devia ser feito iria ser simples passar por aquilo... Gostava dele e sentiria falta. Ainda havia o fato de ser janeiro e eu estar de férias, agora sozinho. Era melhor eu parar de pensar antes que eu me lembrasse de mais algum ponto negativo.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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