Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 31
Melhor Solução


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Alice Narrando

Depois de a minha mãe dizer que o meu problema havia tido uma regressão tão severa a ponto de afetar mais que o jamais imaginado e outras áreas impossíveis eu precisei de um tempo para me recuperar.

— Então é aqui que você se esconde na casa da vovó? – Kevin perguntou chegando até a mim em um canto da área da piscina. – Estamos te procurando, precisamos de você se quisermos continuar com isso.

— Deveria sacrificar a minha vida e deixar uma carta dizendo que o seu pai foi responsável por isso. Que tal?

— Então é assim que você resolve os problemas?

— Eu fiz um comentário sarcástico, isso não é a solução de um problema, é usar a sua forma de comunicação contra você.

— Você vai superar isso Alice. Superou não ter emoções do zero.

— Mas agora é diferente. Está expandindo para uma área além da afetada. Vai começar a passar de uma doença incomum da neurologia para dificuldades nas funções cognitivas. E se eu começar a perder a percepção, tiver problemas de raciocínio e quem sabe até perda de memória?

— Louca você já está... Para com essa neurose, não vai acontecer nada disso.

— Louca? Não sei por que estou desabafando com você. Não somos mais amigos. – me levantei para sair de lá. – Amanhã continuamos com essa conversa sobre seu pai, não tenho mais cabeça pra isso hoje. Vou pedir Arthur pra me levar pra casa.

— Então te vejo no churrasco de despedida do seu cunhado. – parei e o olhei.

— Mas como sabe do churrasco do Eliot?

— Foi ideia minha. – continuei o olhando. – Assim como todos o meu pai foi convidado, achei que seria uma boa oportunidade de investir no plano da secretária. Sei que ela trabalha até tarde.

— Mas você já parou pra pensar que ele não é nem um pouco fã do meu irmão, pra que iria?

— Espero que a manipulação que eu farei com minha mãe abra o caminho. Ele faz tudo pra agrada-la. Culpa o nome disso.

— E quanto a secretária, o que você tá tramando?

— Vou usar algo que quase ninguém consegue rejeitar... Dinheiro. – ele respondeu e saiu antes de mim.

— Até que enfim te achei, procurei a casa toda, até vim aqui fora e não te vi. – Arthur disse e me abraçou.  – Como você tá?

— Vou ficar bem, eu acho.

— Seu pai quer que eu vá com ele para fazer as compras para o churrasco de mais tarde, quer que eu peça o Rafael para ir em meu lugar pra eu ficar com você?

— Não, não precisa. Vai lá. – nos beijamos e eu voltei pra biblioteca.

— Pra onde Kevin foi? – meu irmão perguntou baixo ao se sentar ao meu lado. – E o que a mamãe queria te dizer?

— Saber onde ele tá é mais importante né?- me arrependi de confronta-lo imediatamente. – Desculpa Murilo.

— Você tá certa.

— O que acontece com vocês dois?

— Ele se entregou demais e sente que eu virei as costas pra ele e eu... Eu sempre fiz tudo para estar com ele até o pai dele se meter e a partir dai eu só errei e acho que continuo errando.

— Pensei que mesmo que o amasse você estivesse bem com o Eli.

— Estou.  Daí acontece uma coisa ou eu faço algo e eu fico pensando “o Kevin discutiria sobre isso” e então eu me culpo por fazer esse tipo de comparação. Por que eu não comparo ele ser imensamente mais paciente que o Kevin e o fato que ele não discutir sobre isso ou aquilo ser algo positivo?

— Você sabe a resposta. Porque você queria estar com o Kevin.

— E você ainda tem coragem de dizer que eu sou o mais esperto de nós dois.

— Ouvir a verdade depois de seis meses de negação deve ser duro né?

— A parte mais difícil é admitir. Eu me pergunto todos os dias desde a boate se eu vou deixa-lo de ama-lo algum dia.

— Parece que estão em um papo profundo, mas eu tenho que interromper. – Eliot disse ao chegar perto de nós dois. Os dois começaram a falar sobre algo que não prestei atenção e um tempinho depois fui pra casa com minha mãe para começarmos a preparar as coisas para o churrasco.

— Aqui é muito afastado de tudo. – meu irmão disse olhando pela janela. – E é um ótimo cenário de um homicídio. Não vou conseguir ir embora bem se não tivermos resolvido isso.

— Você tá querendo dizer que eu vou morrer? – o encarei furiosa.

— Temos que encarar os fatos Alice, o meu maior medo é esse.

— Chegamos. – Arthur disse cheio de sacola de compras.

— Onde eu coloco isso? – Rafael perguntou levantando algumas caixas de cervejas.

— Qual é a pista? É bebida e se toma gelado. – encarei meu irmão.

— Qual é seu problema comigo Murilo?

— Se vocês dois continuarem se estranhando pessoas vão se machucar. – meu namorado avisou olhando os dois de forma séria.

— Manda o grandão aí deixar de lado essa coisa de macho alfa, eu só fiz uma brincadeira. – Muh falou e fechou a cara.

— Gostei do apelido. – o loiro o provocou.

— Sabe o que eu não entendo? – eles ficaram se olhando. – Como alguém tão intolerante agora... – Rafael deu uma risada bem afrontosa.

— Na verdade acho que o que você não entende é como você perdeu alguém que fazia tudo por você. – Arthur respirou fundo vendo que a discussão iria para o mesmo caminho errado.

— Se você ainda não percebeu eu tenho alguém que faz tudo por mim.

— Não acho que é esse alguém que você quer.

— Ele demonstra que é. – Eliot respondeu ao chegar e ouvir a afirmação de Rafael.

— Espera. E se vocês fingirem terminar. – Murilo disse e olhou pra mim e Arthur.

— Seu desvio de atenção esta ainda maior. – comentei suspirando. – Criminosos vão perceber isso como?

— Estou muito preocupado Alice! É sério. Não sei. Kevin deve saber.

— Ele sempre sabe de tudo. – Rafael disse e sorriu.

— Olá! – Diana adentrou minha casa me deixando chocada. Primeiro porque ainda faltava pouco mais de uma hora para o churrasco começar e segundo porque eu não me lembro dela ter sido convidada.

— O que você está fazendo aqui? – perguntei nervosa.

— Não faço parte do ciclo de amizade de vocês?

— Não. Você insiste em se enfiar entre a gente. Você e o seu irmão. Por falar nele, cadê ele?

— Está em uma saída de cunhados com Kevin. – ela sorriu falsamente.

— Que? – Arthur perguntou tão perplexo quanto eu.

— Tá com ciúme do irmãozinho? Deveria mesmo. Danilo é mais legal que você.

— Que merda ele tá fazendo? – ele perguntou para Rafael.

— Por que você acha que eu sei? Ele é livre demais.

— Acho que ele levou a ideia do sexo adiante, só não quis usar o Rafael por ciúme. – falei baixo de costas para Diana.

— E o que o Danilo iria querer em troca? – Arthur perguntou e cruzou os braços. – Você. E eu MATO O KEVIN.

— Você bate nele tantas vezes que uma hora mata mesmo. – olhei pra Rafael após seu comentário.

— Ele não vai encostar a mão nele. Relaxa.  – avisei.

— Se ele te trocou por um favor eu vou sim, ah se vou!

— Eu não sou um objeto Arthur. E não estou disponível e ele sabe disso.

— Você sabe muito bem como a cabeça do Kevin funciona.

— Essa garota chegou não tem nem cinco minutos e vocês dois já estão brigando. – meu irmão falou e nos olhou. – Ela é mesmo boa.

— Vamos preparar as coisas. – encerrei aquilo.

Depois que tudo estava pronto estávamos na parte de fora, comíamos e conversávamos e todos já haviam chegado. Até os pais dos nossos amigos, e os pais de Danilo e Diana que eu juro que eu não sabia o que estavam fazendo ali. Era difícil demais ter uma comemoração íntima em Torres.

— Acho que as coisas deram errado. Kevin está demorando demais. – Arthur falou preocupado.

— Também estou achando. - Ryan concordou e eu vi que a maioria pensava o mesmo pela expressão de seus rostos.

— Podem parar de se preocupar.  – Lari afirmou e vimos o carro dele estacionar. Ele saiu com Danilo e veio em nossa direção.

— Amiguinho novo? – perguntei o olhando. Ele ficou me olhando. – O que foi?

— Desde quando você é homem e meu namorado? – revirei os olhos.

— Cuidado, ele disse que açúcar o deixa irritado e ele comeu um pacote de jujubas no caminho pra cá. Pelo menos ele estava comendo, se tivesse chorando eu iria ter medo de um acidente.

— Cala a boca. – ele respondeu e se sentou.

— Então devo concluir que nada deu certo?

— Primeiro o suborno não foi aceito. Busquei Danilo e ele deu em cima dela, eles saíram pra um café e eu consegui desligar as câmeras e ter acesso a tudo, só que não tem nada. Estamos no escuro.

— Sei que eu ajudei sem saber no que, mas eu ainda estou curioso.

— Já eu estou curiosa sobre o que você ganhou em ajudar.

— O dinheiro que ele iria dar pra ela. É um ciclo.

— Você não deixou passar nada Kevin?

— Arthur quando foi que eu deixei passar alguma coisa?

— Oi você é o Kevin né? – a mãe do Danilo e de Diana se aproximou. – Você foi muito elogiado.

— É? Que estranho. Eu não presto. – ele respondeu sem nenhum embaraço.

— Para a minha filha Diana você presta muito. – ela disse e sorriu. – Vou voltar para a ala dos adultos.

— Você é doente? – ele perguntou olhando a garota.

— Ela estava do lado de fora tomando um ar e nos viu saindo da minha casa na noite do natal ok? Não tenho culpa se transamos.

— Lógico que tem. Você tem e muito.

— Vocês são nojentos! – Soph reclamou. – Vamos voltar ao que interessa? Alice.

— Se as duas pessoas que não são de confiança saírem. – falei e os olhei.

— O que está acontecendo com Alice? – Danilo perguntou se exaltando.

— Você é muito preocupado com ela! – Arthur exclamou nervoso.

— Pela tensão de todos parece que está acontecendo algo ruim com ela e o que eu estou entendendo é que você não tem nenhum controle da situação.

— Mas eu tenho. – Kevin disse e se levantou indo até o pai dele.

— O que ele vai fazer?

— Não sei, mas eu não vou deixar. – Arthur disse e Rafael o segurou.

— Confia nele.

— Seja o que for ele vai meter os pés pelas mãos. – olhei Danilo. – Ele pode ser muito inteligente, mas confrontar o pai não é uma boa ideia.

— Você não sabe do que tá falando. – conclui.

— Pelo que eu sei ele nunca vai ser tão frio quanto o pai.

— Essa é a análise de um verdadeiro vilão.

— E a gente achando esse tempo todo que o vilão era o Kevin.

— Ele tem habilidades especiais e consegue espantar as pessoas, só que ele não é maldoso o suficiente. Na verdade ele não chega nem um pouco perto. – me arrepiei com as suas palavras e com a forma como ele disse. – Ele tem muitos sentimentos bons. Parece chato.

— Sai daqui. Pelo amor de Cristo. – Sophia mandou e fez o sinal da cruz.

— Acha que o Kevin mataria alguém? – Alê perguntou para o garoto.

— ALEXANDRE! Não dê ideia para as análises dele.

— Somente se ameaçasse alguém que ele ama. Ele. – ele apontou para Murilo me fazendo arregalar os olhos. – Posso não saber de nada e de nenhuma das histórias, mas percebo o jeito que ele olha pra ele, é diferente. Ele mataria por ele.

— Isso ficou intenso demais e eu acho que preciso de um refrigerante. – Diana disse e saiu.

— Só falta um irmão agora. – falei encarando Danilo.

— Que seja. Quando quiser usar minhas capacidades de novo me chama.

— Eu o detesto. – falei enquanto ele saia.

— Alguém chama o Kevin?

— Estamos aqui para nos despedirmos do Eliot, vocês podem parar de falar do Kevin?

— Não, tudo bem. Eu entendo que é pela Alice. – sorri para o meu cunhado.

— O que você foi falar com ele? – Arthur perguntou se levantando assim que Kevin se aproximou.

— Se acalma e para de agir feito um animal. Ele está nos observando.

— Eu estou pouco me fodendo pra ele.

— Sabia que ele pode nos ajudar?

— Sabia que é por causa dele que essa merda toda está acontecendo?

— Arthur calma. – peguei em sua mão e ele se sentou novamente.

— Como ele pode ajudar?

— Já ajudou. Já sei quem é que contratou o serviço de... – ele respirou fundo e me olhou. – Agora só preciso saber o motivo. E eu não consigo lidar com ele por mais de cinco minutos em um mesmo dia. E tenho que ser como ele para conseguir tirar as coisas dele... Então... Preciso beber. – ele saiu andando.

— Desde quando ele bebe? Percebi isso na festa do natal, mas eu estava eufórico demais pra comentar. – meu irmão perguntou me olhando.

— Acho que desde que você foi embora. Mas ele não gosta. Diz que atrapalha as percepções dele.

— Rafael sumiu e ele também, os dois devem estar se pegando em algum lugar.

— Com certeza. E o seu namorado está bem ali vindo trazer sobremesa pra você, olha que lindo. – ele riu, mas eu preferia que tivesse levado a sério. – Vou ao banheiro.

— Que bom que te achei. – Gio disse antes de eu completar o caminho e me puxou para o meu quarto, ela me abraçou e começou a chorar.

— Até você? Não vai acontecer nada comigo.

— Não é isso. – ela se afastou e me olhou. – É Diana.

— O que ela fez?

— Ela quer que eu diga para o Kevin que eu vi Rafael ficando com Otávia. E ela me ameaçou... Eu tenho tanto medo dela. Tanto medo!  - a abracei. – Ela me escolheu porque sabe que eu não minto, que eu sou a mais boba de todos e...

— Calma Giovana! Ela não vai te fazer mal e você fez certo em me contar.

— Eu sabia que se contasse ao Kevin ele poderia apelar e as coisas piorarem pra mim e já o Rafael não sei como reagiria e você é a que mais entende as pessoas depois do Arthur.

— Vou falar com ele e a gente vai dar um jeito nisso tá? Fica tranquila.

— O que ela tá fazendo? O que ela quer?

— Essa é a grande pergunta. Por mais que ela queira Kevin, ela é doente demais pra gente saber o que ela está pensando e tramando.

— Posso entrar? – Kevin bateu na porta e a abriu vagarosamente. – O que tá acontecendo?

— Nada. – Gi respondeu rápido com medo.

— Você mente muito mal – ele disse e depois me olhou.

— Não é nada.

— A garota está chorando quase desesperadamente. – ele me respondeu e me impressionei ao vê-lo pegar a mão dela. – Giovana se for preocupação com a Alice pode ficar calma ela vai ficar bem.

— Obrigada. – ela chorou mais ainda, lógico.

— Vim te chamar. – ele me olhou. – Mas vou deixar vocês conversarem. Vou estar lá embaixo se precisarem.

— Isso foi extraordinário. – ela disse e me olhou.

— É, foi. – suspirei. – Vamos descer, vem. – enxuguei seu rosto.

Conseguimos passar pelo resto do churrasco sem falar em meu destino trágico e no quanto todos estavam preocupados comigo. Isso era legal da parte deles, mas de certa forma era sufocante.

— Giovana está melhor? – Kevin perguntou antes de ir embora.

— Sim.

— E você como está?

— Eu to bem. Pode ir tranquilo. – ele iria sair e o chamei. – Esse é você. O que fez pela Giovana hoje, esse é o Kevin que é o meu amigo. – ele deu um sorriso tímido.

— Será que é só amigo? – olhei Arthur incrédula.

— Você tá louco?

— Não porque vocês dois parecem mais casal que amigos.

— Não vou te explicar os motivos pelos quais é ridículo o que você tá dizendo. – Kevin respondeu sem se alterar.

— Um gay pode virar hétero.

— Isso foi ainda mais ridículo! – Otávia declarou e fez gestos com as mãos.

— Sabemos que ele pode estar projetando nela sentimentos por outra pessoa bem próximo a ela. – eu não acreditava naquilo.

— Arthur eu achei que superamos isso há meses atrás.

— Vou indo. – Kevin saiu e me olhou. – Aí... Ele tá fora de si. Não tá falando sério. – ele falou bem baixo. – Isso é preocupação com você. Acho que a melhor solução é vocês terminarem. – fiquei olhando em seus olhos. – No fundo você sabe disso. – ele se foi e eu fiquei em pedaços.

 

"Então depende de você e depende de mim, mas nos encontraremos no meio, no caminho de volta."


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Notas finais do capítulo

Até amanhã (eu acho, rs) ♥



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