Amor Perfeito XIV escrita por Lola
Notas iniciais do capítulo
Boa Leitura ♥
Alice Narrando
Depois de a minha mãe dizer que o meu problema havia tido uma regressão tão severa a ponto de afetar mais que o jamais imaginado e outras áreas impossíveis eu precisei de um tempo para me recuperar.
— Então é aqui que você se esconde na casa da vovó? – Kevin perguntou chegando até a mim em um canto da área da piscina. – Estamos te procurando, precisamos de você se quisermos continuar com isso.
— Deveria sacrificar a minha vida e deixar uma carta dizendo que o seu pai foi responsável por isso. Que tal?
— Então é assim que você resolve os problemas?
— Eu fiz um comentário sarcástico, isso não é a solução de um problema, é usar a sua forma de comunicação contra você.
— Você vai superar isso Alice. Superou não ter emoções do zero.
— Mas agora é diferente. Está expandindo para uma área além da afetada. Vai começar a passar de uma doença incomum da neurologia para dificuldades nas funções cognitivas. E se eu começar a perder a percepção, tiver problemas de raciocínio e quem sabe até perda de memória?
— Louca você já está... Para com essa neurose, não vai acontecer nada disso.
— Louca? Não sei por que estou desabafando com você. Não somos mais amigos. – me levantei para sair de lá. – Amanhã continuamos com essa conversa sobre seu pai, não tenho mais cabeça pra isso hoje. Vou pedir Arthur pra me levar pra casa.
— Então te vejo no churrasco de despedida do seu cunhado. – parei e o olhei.
— Mas como sabe do churrasco do Eliot?
— Foi ideia minha. – continuei o olhando. – Assim como todos o meu pai foi convidado, achei que seria uma boa oportunidade de investir no plano da secretária. Sei que ela trabalha até tarde.
— Mas você já parou pra pensar que ele não é nem um pouco fã do meu irmão, pra que iria?
— Espero que a manipulação que eu farei com minha mãe abra o caminho. Ele faz tudo pra agrada-la. Culpa o nome disso.
— E quanto a secretária, o que você tá tramando?
— Vou usar algo que quase ninguém consegue rejeitar... Dinheiro. – ele respondeu e saiu antes de mim.
— Até que enfim te achei, procurei a casa toda, até vim aqui fora e não te vi. – Arthur disse e me abraçou. – Como você tá?
— Vou ficar bem, eu acho.
— Seu pai quer que eu vá com ele para fazer as compras para o churrasco de mais tarde, quer que eu peça o Rafael para ir em meu lugar pra eu ficar com você?
— Não, não precisa. Vai lá. – nos beijamos e eu voltei pra biblioteca.
— Pra onde Kevin foi? – meu irmão perguntou baixo ao se sentar ao meu lado. – E o que a mamãe queria te dizer?
— Saber onde ele tá é mais importante né?- me arrependi de confronta-lo imediatamente. – Desculpa Murilo.
— Você tá certa.
— O que acontece com vocês dois?
— Ele se entregou demais e sente que eu virei as costas pra ele e eu... Eu sempre fiz tudo para estar com ele até o pai dele se meter e a partir dai eu só errei e acho que continuo errando.
— Pensei que mesmo que o amasse você estivesse bem com o Eli.
— Estou. Daí acontece uma coisa ou eu faço algo e eu fico pensando “o Kevin discutiria sobre isso” e então eu me culpo por fazer esse tipo de comparação. Por que eu não comparo ele ser imensamente mais paciente que o Kevin e o fato que ele não discutir sobre isso ou aquilo ser algo positivo?
— Você sabe a resposta. Porque você queria estar com o Kevin.
— E você ainda tem coragem de dizer que eu sou o mais esperto de nós dois.
— Ouvir a verdade depois de seis meses de negação deve ser duro né?
— A parte mais difícil é admitir. Eu me pergunto todos os dias desde a boate se eu vou deixa-lo de ama-lo algum dia.
— Parece que estão em um papo profundo, mas eu tenho que interromper. – Eliot disse ao chegar perto de nós dois. Os dois começaram a falar sobre algo que não prestei atenção e um tempinho depois fui pra casa com minha mãe para começarmos a preparar as coisas para o churrasco.
— Aqui é muito afastado de tudo. – meu irmão disse olhando pela janela. – E é um ótimo cenário de um homicídio. Não vou conseguir ir embora bem se não tivermos resolvido isso.
— Você tá querendo dizer que eu vou morrer? – o encarei furiosa.
— Temos que encarar os fatos Alice, o meu maior medo é esse.
— Chegamos. – Arthur disse cheio de sacola de compras.
— Onde eu coloco isso? – Rafael perguntou levantando algumas caixas de cervejas.
— Qual é a pista? É bebida e se toma gelado. – encarei meu irmão.
— Qual é seu problema comigo Murilo?
— Se vocês dois continuarem se estranhando pessoas vão se machucar. – meu namorado avisou olhando os dois de forma séria.
— Manda o grandão aí deixar de lado essa coisa de macho alfa, eu só fiz uma brincadeira. – Muh falou e fechou a cara.
— Gostei do apelido. – o loiro o provocou.
— Sabe o que eu não entendo? – eles ficaram se olhando. – Como alguém tão intolerante agora... – Rafael deu uma risada bem afrontosa.
— Na verdade acho que o que você não entende é como você perdeu alguém que fazia tudo por você. – Arthur respirou fundo vendo que a discussão iria para o mesmo caminho errado.
— Se você ainda não percebeu eu tenho alguém que faz tudo por mim.
— Não acho que é esse alguém que você quer.
— Ele demonstra que é. – Eliot respondeu ao chegar e ouvir a afirmação de Rafael.
— Espera. E se vocês fingirem terminar. – Murilo disse e olhou pra mim e Arthur.
— Seu desvio de atenção esta ainda maior. – comentei suspirando. – Criminosos vão perceber isso como?
— Estou muito preocupado Alice! É sério. Não sei. Kevin deve saber.
— Ele sempre sabe de tudo. – Rafael disse e sorriu.
— Olá! – Diana adentrou minha casa me deixando chocada. Primeiro porque ainda faltava pouco mais de uma hora para o churrasco começar e segundo porque eu não me lembro dela ter sido convidada.
— O que você está fazendo aqui? – perguntei nervosa.
— Não faço parte do ciclo de amizade de vocês?
— Não. Você insiste em se enfiar entre a gente. Você e o seu irmão. Por falar nele, cadê ele?
— Está em uma saída de cunhados com Kevin. – ela sorriu falsamente.
— Que? – Arthur perguntou tão perplexo quanto eu.
— Tá com ciúme do irmãozinho? Deveria mesmo. Danilo é mais legal que você.
— Que merda ele tá fazendo? – ele perguntou para Rafael.
— Por que você acha que eu sei? Ele é livre demais.
— Acho que ele levou a ideia do sexo adiante, só não quis usar o Rafael por ciúme. – falei baixo de costas para Diana.
— E o que o Danilo iria querer em troca? – Arthur perguntou e cruzou os braços. – Você. E eu MATO O KEVIN.
— Você bate nele tantas vezes que uma hora mata mesmo. – olhei pra Rafael após seu comentário.
— Ele não vai encostar a mão nele. Relaxa. – avisei.
— Se ele te trocou por um favor eu vou sim, ah se vou!
— Eu não sou um objeto Arthur. E não estou disponível e ele sabe disso.
— Você sabe muito bem como a cabeça do Kevin funciona.
— Essa garota chegou não tem nem cinco minutos e vocês dois já estão brigando. – meu irmão falou e nos olhou. – Ela é mesmo boa.
— Vamos preparar as coisas. – encerrei aquilo.
Depois que tudo estava pronto estávamos na parte de fora, comíamos e conversávamos e todos já haviam chegado. Até os pais dos nossos amigos, e os pais de Danilo e Diana que eu juro que eu não sabia o que estavam fazendo ali. Era difícil demais ter uma comemoração íntima em Torres.
— Acho que as coisas deram errado. Kevin está demorando demais. – Arthur falou preocupado.
— Também estou achando. - Ryan concordou e eu vi que a maioria pensava o mesmo pela expressão de seus rostos.
— Podem parar de se preocupar. – Lari afirmou e vimos o carro dele estacionar. Ele saiu com Danilo e veio em nossa direção.
— Amiguinho novo? – perguntei o olhando. Ele ficou me olhando. – O que foi?
— Desde quando você é homem e meu namorado? – revirei os olhos.
— Cuidado, ele disse que açúcar o deixa irritado e ele comeu um pacote de jujubas no caminho pra cá. Pelo menos ele estava comendo, se tivesse chorando eu iria ter medo de um acidente.
— Cala a boca. – ele respondeu e se sentou.
— Então devo concluir que nada deu certo?
— Primeiro o suborno não foi aceito. Busquei Danilo e ele deu em cima dela, eles saíram pra um café e eu consegui desligar as câmeras e ter acesso a tudo, só que não tem nada. Estamos no escuro.
— Sei que eu ajudei sem saber no que, mas eu ainda estou curioso.
— Já eu estou curiosa sobre o que você ganhou em ajudar.
— O dinheiro que ele iria dar pra ela. É um ciclo.
— Você não deixou passar nada Kevin?
— Arthur quando foi que eu deixei passar alguma coisa?
— Oi você é o Kevin né? – a mãe do Danilo e de Diana se aproximou. – Você foi muito elogiado.
— É? Que estranho. Eu não presto. – ele respondeu sem nenhum embaraço.
— Para a minha filha Diana você presta muito. – ela disse e sorriu. – Vou voltar para a ala dos adultos.
— Você é doente? – ele perguntou olhando a garota.
— Ela estava do lado de fora tomando um ar e nos viu saindo da minha casa na noite do natal ok? Não tenho culpa se transamos.
— Lógico que tem. Você tem e muito.
— Vocês são nojentos! – Soph reclamou. – Vamos voltar ao que interessa? Alice.
— Se as duas pessoas que não são de confiança saírem. – falei e os olhei.
— O que está acontecendo com Alice? – Danilo perguntou se exaltando.
— Você é muito preocupado com ela! – Arthur exclamou nervoso.
— Pela tensão de todos parece que está acontecendo algo ruim com ela e o que eu estou entendendo é que você não tem nenhum controle da situação.
— Mas eu tenho. – Kevin disse e se levantou indo até o pai dele.
— O que ele vai fazer?
— Não sei, mas eu não vou deixar. – Arthur disse e Rafael o segurou.
— Confia nele.
— Seja o que for ele vai meter os pés pelas mãos. – olhei Danilo. – Ele pode ser muito inteligente, mas confrontar o pai não é uma boa ideia.
— Você não sabe do que tá falando. – conclui.
— Pelo que eu sei ele nunca vai ser tão frio quanto o pai.
— Essa é a análise de um verdadeiro vilão.
— E a gente achando esse tempo todo que o vilão era o Kevin.
— Ele tem habilidades especiais e consegue espantar as pessoas, só que ele não é maldoso o suficiente. Na verdade ele não chega nem um pouco perto. – me arrepiei com as suas palavras e com a forma como ele disse. – Ele tem muitos sentimentos bons. Parece chato.
— Sai daqui. Pelo amor de Cristo. – Sophia mandou e fez o sinal da cruz.
— Acha que o Kevin mataria alguém? – Alê perguntou para o garoto.
— ALEXANDRE! Não dê ideia para as análises dele.
— Somente se ameaçasse alguém que ele ama. Ele. – ele apontou para Murilo me fazendo arregalar os olhos. – Posso não saber de nada e de nenhuma das histórias, mas percebo o jeito que ele olha pra ele, é diferente. Ele mataria por ele.
— Isso ficou intenso demais e eu acho que preciso de um refrigerante. – Diana disse e saiu.
— Só falta um irmão agora. – falei encarando Danilo.
— Que seja. Quando quiser usar minhas capacidades de novo me chama.
— Eu o detesto. – falei enquanto ele saia.
— Alguém chama o Kevin?
— Estamos aqui para nos despedirmos do Eliot, vocês podem parar de falar do Kevin?
— Não, tudo bem. Eu entendo que é pela Alice. – sorri para o meu cunhado.
— O que você foi falar com ele? – Arthur perguntou se levantando assim que Kevin se aproximou.
— Se acalma e para de agir feito um animal. Ele está nos observando.
— Eu estou pouco me fodendo pra ele.
— Sabia que ele pode nos ajudar?
— Sabia que é por causa dele que essa merda toda está acontecendo?
— Arthur calma. – peguei em sua mão e ele se sentou novamente.
— Como ele pode ajudar?
— Já ajudou. Já sei quem é que contratou o serviço de... – ele respirou fundo e me olhou. – Agora só preciso saber o motivo. E eu não consigo lidar com ele por mais de cinco minutos em um mesmo dia. E tenho que ser como ele para conseguir tirar as coisas dele... Então... Preciso beber. – ele saiu andando.
— Desde quando ele bebe? Percebi isso na festa do natal, mas eu estava eufórico demais pra comentar. – meu irmão perguntou me olhando.
— Acho que desde que você foi embora. Mas ele não gosta. Diz que atrapalha as percepções dele.
— Rafael sumiu e ele também, os dois devem estar se pegando em algum lugar.
— Com certeza. E o seu namorado está bem ali vindo trazer sobremesa pra você, olha que lindo. – ele riu, mas eu preferia que tivesse levado a sério. – Vou ao banheiro.
— Que bom que te achei. – Gio disse antes de eu completar o caminho e me puxou para o meu quarto, ela me abraçou e começou a chorar.
— Até você? Não vai acontecer nada comigo.
— Não é isso. – ela se afastou e me olhou. – É Diana.
— O que ela fez?
— Ela quer que eu diga para o Kevin que eu vi Rafael ficando com Otávia. E ela me ameaçou... Eu tenho tanto medo dela. Tanto medo! - a abracei. – Ela me escolheu porque sabe que eu não minto, que eu sou a mais boba de todos e...
— Calma Giovana! Ela não vai te fazer mal e você fez certo em me contar.
— Eu sabia que se contasse ao Kevin ele poderia apelar e as coisas piorarem pra mim e já o Rafael não sei como reagiria e você é a que mais entende as pessoas depois do Arthur.
— Vou falar com ele e a gente vai dar um jeito nisso tá? Fica tranquila.
— O que ela tá fazendo? O que ela quer?
— Essa é a grande pergunta. Por mais que ela queira Kevin, ela é doente demais pra gente saber o que ela está pensando e tramando.
— Posso entrar? – Kevin bateu na porta e a abriu vagarosamente. – O que tá acontecendo?
— Nada. – Gi respondeu rápido com medo.
— Você mente muito mal – ele disse e depois me olhou.
— Não é nada.
— A garota está chorando quase desesperadamente. – ele me respondeu e me impressionei ao vê-lo pegar a mão dela. – Giovana se for preocupação com a Alice pode ficar calma ela vai ficar bem.
— Obrigada. – ela chorou mais ainda, lógico.
— Vim te chamar. – ele me olhou. – Mas vou deixar vocês conversarem. Vou estar lá embaixo se precisarem.
— Isso foi extraordinário. – ela disse e me olhou.
— É, foi. – suspirei. – Vamos descer, vem. – enxuguei seu rosto.
Conseguimos passar pelo resto do churrasco sem falar em meu destino trágico e no quanto todos estavam preocupados comigo. Isso era legal da parte deles, mas de certa forma era sufocante.
— Giovana está melhor? – Kevin perguntou antes de ir embora.
— Sim.
— E você como está?
— Eu to bem. Pode ir tranquilo. – ele iria sair e o chamei. – Esse é você. O que fez pela Giovana hoje, esse é o Kevin que é o meu amigo. – ele deu um sorriso tímido.
— Será que é só amigo? – olhei Arthur incrédula.
— Você tá louco?
— Não porque vocês dois parecem mais casal que amigos.
— Não vou te explicar os motivos pelos quais é ridículo o que você tá dizendo. – Kevin respondeu sem se alterar.
— Um gay pode virar hétero.
— Isso foi ainda mais ridículo! – Otávia declarou e fez gestos com as mãos.
— Sabemos que ele pode estar projetando nela sentimentos por outra pessoa bem próximo a ela. – eu não acreditava naquilo.
— Arthur eu achei que superamos isso há meses atrás.
— Vou indo. – Kevin saiu e me olhou. – Aí... Ele tá fora de si. Não tá falando sério. – ele falou bem baixo. – Isso é preocupação com você. Acho que a melhor solução é vocês terminarem. – fiquei olhando em seus olhos. – No fundo você sabe disso. – ele se foi e eu fiquei em pedaços.
"Então depende de você e depende de mim, mas nos encontraremos no meio, no caminho de volta."
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Até amanhã (eu acho, rs) ♥