Nothing Holding Us Back escrita por Lo


Capítulo 3
Capítulo 3: Face to face


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente linda!

Queria, primeiramente, agradecer pelos comentários de vocês no capítulo anterior!
Demorei um pouquinho mais que o previsto para postar esse capítulo, mas espero que vocês gostem!

Conversamos mais um pouquinho lá embaixo!

Boa leitura!

P.S.: Atentem-se às datas que estão sempre marcando local, dia e horário no capítulo! Este capítulo começa antes dos acontecimentos do capítulo anterior! (Quis deixar claro só para ninguém se confundir! ♥)



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Capítulo 3

“We collect secrets over the years, we hide behind them, we depend on them, like aces up the sleeve. We think we have to protect the people we love from the truth, but the truth isn’t the poison, it’s the cure”

Londres, 09 de Julho de 2019. Casa dos Potter, 8:35 a.m 

— Ginny, abra a porta! - Hermione bateu forte, após alguns minutos de tentatizas frustradas de fazer a ruiva levantar. Demorou mais alguns segundos para que Ginny abrisse — Finalmente! 

— Mi, eu te amo, mas eu preciso dormir! - Ginny soltou com a voz sonolenta enquanto fazia o caminho de volta para a cama. 

— Não, não e não! Você me prometeu que hoje iríamos procurar um apartamento pra vocês! - a morena falou e puxou o edredom para fora do corpo da amiga. — Você não quer morar aqui em casa, tudo bem. Eu e mamãe já aceitamos isso. Faz uma semana que vocês estão aqui e hoje é o dia! Eu estou de folga do trabalho, minhas aulas da faculdade só voltam no começo do próximo mês e nós precisamos de tempo para resolver tudo! 

— Como raios você acorda nesta animação? - questionou a ruiva, tentando assimilar todas as palavras que Hermione tinha soltado de uma vez. — São só alguns dias que eu consigo dormir até tarde sabendo que Al está seguro sem mim, isso não é corriqueiro. 

Hermione fez um bico gigante e se jogou ao lado dela, dividindo o travesseiro. 

— Vamos, vai? - implorou — Vai ser legal! E a gente vai poder passar o dia juntas, como nos velhos tempos. 

Ginny bufou e se levantou da cama. Logo Hermione ouviu o barulho do chuveiro ligado e sorriu satisfeita. Estava tão feliz que resolveu que iria escolher as roupas da ruiva. Ginny por sua vez, deixou que a água quente levasse embora a preguiça e, ao final do banho, já se sentia mais animada para a aventura que seria procurar um apartamento com sua melhor amiga. 

As meninas saíram da residência dos Potter algum tempo depois. As expectativas de Ginny estavam altas. Seu coração lhe dizia que usar o dinheiro que seu pai havia deixado para ela e Al com esse propósito era o certo a ser feito. 

De fato, a ruiva não tinha ideia do porquê, mas havia se sentido mais em casa em Londres nas experiências que ela tivera, que em seu próprio país. Talvez fosse a imagem que ela, desde criança, havia criado do lugar, associada às lembranças extremamente doces que tinha do seu intercâmbio. A amizade tão intensa e verdadeira com Hermione, as confissões cegas e risadas bobas com Ron, e o amor inesperado e inesquecível com Harry. 

Ao chegarem à imobiliária, Ginny pontuou tudo que precisava para que o local que procurava se adequasse à rotina que ela e seu filho precisavam; além do valor que ela poderia dispor para compra do imóvel e localização adequada. 

Hermione opinou sabiamente em todos os lugares que elas entraram durante algumas horas daquele dia. Ginny se sentiu animada ao ver alguns lugares que seriam perfeitos e onde eles poderiam, finalmente, estabelecer raízes. A deixava feliz só de pensar que seu filho poderia estar perto da família por mais tempo, e que ela não estaria sem uma rede de apoio para ajudá-la com as alterações na rotina dos dois. 

Foram mais de 10 imóveis visitados, e a partir daqueles, ela selecionou 4. Para realmente escolher, ela pediria a ajuda de Lily e seus olhos mágicos para arquitetura e design, já que queria saber quais as opções de mudanças eram viáveis. 

— Pelo amor de deus, a gente precisa comer alguma coisa! - a ruiva implorou a sentar-se no banco do passageiro do carro amarelo de Hermione. 

— Se você não dissesse isso, eu te mataria, sério! - brincou enquanto jogava a bolsa no banco de trás e, em seguida, colocava a chave no contato — São 2 horas da tarde! 

— Vou mandar mensagem pra Lily! - informou já digitando no celular — Pra onde vamos? 

— Shopping? - perguntou a morena animada — Assim a gente pode comer e dar uma olhadinha nas coisas! - Ginny riu e confirmou

***

Ginny ria abertamente dos comentários de Hermione enquanto colocava algumas batatas fritas na boca. 

— Eu não sei como ela teve coragem de nos mostrar aquele terceiro apê - Hermione disse rindo — Eu mal consegui entrar de tão horrível e antigo que aquele lugar era! - As duas riram, lembrando-se de tudo em cor marfim e carpetes marrons. Ginny odiava marrom. 

— Eu realmente gostei do último! É um bairro tranquilo e bem perto da sua casa! Talvez Al pudesse ir à escolinha com Scorpius - Ginny pontuou, lembrando que Al adoraria ficar mais perto do amiguinho. 

— Eu também acho! Mas você está certa em pedir ajuda à mamãe. Ela vai saber perfeitamente o que fazer - afirmou antes de morder mais um pedaço do seu hambúrguer — Eu vou passar três dias na academia pra queimar isso. - brincou e pegou seu celular. — Ah, sério? - murmurou irritada quando percebeu que a bateria de seu celular havia acabado. 

— Quer ir embora? - Ginny perguntou enquanto ainda comia, e Hermione negou

— Quero dar uma volta nas lojas e renovar o meu e o seu guarda roupa - falou com um sorriso gigantesco no rosto. Ginny riu, sabendo que estava fadada a pelo menos duas horas de compras no shopping. 

As meninas andaram pelos corredores do centro de compras por algum tempo, eventualmente encontrando uma ou outra loja em que Hermione ou Ginny queriam entrar; e saíram de lá com algumas sacolas a mais do que precisavam. 

A ruiva estava feliz com a tarde de compras e com o progresso de encontrar um apartamento. No caminho para casa, ambas conversavam sobre a decoração do lugar, e Ginny estava ansiosa para fechar o negócio e contar a novidade a Albus quando tudo já estivesse certo. 

Quando Hermione estacionou o carro em frente à casa dos Potter, já se passavam das 17h. A casa estava silenciosa, o que fez Ginny estranhar a falta da voz de Albus no ambiente. Hermione jogou as sacolas em cima do sofá e tirou os saltos dos pés, colocando-os em um canto. Lily apareceu na porta do escritório antes que Ginny pensasse em onde poderia encontrá-la para perguntar de Albus.

— Oi, meninas! - cumprimentou, sem a animação rotineira. 

— Oi, mãe! 

— Olá, Lily! Onde está Al? - perguntou distraidamente, enquanto se livrava das sacolas que também carregava — Achei que estivesse contigo 

— Está no jardim, querida - ela respondeu e Ginny sorriu abertamente 

— Ele não quer mais sair daquela casa da árvore, né? - brincou sabendo que provavelmente Albus estava amando ter um lugar onde ele poderia fazer absolutamente tudo que queria — Vou chamá-lo! Obrigada por cuidar dele hoje 

— Gi - Lily chamou antes que Ginny alcançasse o acesso ao quintal — Está tudo bem com Al, mas respire fundo, ok? 

A ruiva mais nova encarou os olhos verdes da outra tentando procurar por alguma explicação na frase que acabara de ouvir, mas ficou perdida em um limbo no momento. Encarou Hermione, que assim como ela, parecia não ter entendido e deu de ombros. 

Virou as costas e continuou seguindo para seu destino, que não mais pareceu tão perto quanto antes. Ao se aproximar da porta, Ginny pode ouvir as risadas de Albus que não puderam ser ouvidas ao entrar na casa. Por alguns segundos, seu coração se aliviou ao finalmente ver o menino correndo pela grama, mas seu estômago se contorceu ao ouvir uma segunda voz ecoando junto a de Albus. Ela tentou pensar que estaria errada. Eram 8 anos, e por muito tempo ela achou que nem mesmo se lembrava de com a voz dele soava, mas naquele momento ela descobriu que, sim, ela se lembrava muito bem. 

— Albus? - chamou o menino alto, tentando colocar na voz levemente alterada a menor quantidade de descontrole que ela conseguisse. O pequeno, assim que ouviu a voz da mãe, parou de correr e a olhou de longe. 

— Mamãe! - gritou feliz e desviou o caminho, seguindo em direção à ruiva. Ela estava acostumada a pegar Albus no colo e rodá-lo no ar como uma brincadeira, mesmo já aos 7 anos. Mas naquele dia o impacto do corpo do menino com o dela, quase a derrubou. Suas pernas estavam bambas e ela já sentia as mãos suando em ansiedade. 

— Oi, meu amor! Eu estava com saudade! - respondeu ajoelhada na grama, com seus dedos acariciando os cabelos suados do filho

— Eu também estava! - Al respondeu, abraçando-a novamente. — Eu fiz tanta coisa hoje! Vovô e eu jogamos vídeo game e baseball, a vovó fez bolo de chocolate pra mim e eu arrumei a minha casa da árvore, vem ver! - as palavras saiam animadas do menino que a puxou pela mão. Pela primeira vez em 8 anos Ginny voltou a ver Harry. Seu coração acelerou ainda mais em seu peito, e sua mão apertou a de Albus levemente. 

Por alguns segundos, o que ela sentiu foi decepção. Ele não parecia mais o menino de 17 anos de quem ela se lembrava, o que pareceu um pensamento estúpido, já que tinham se passado 8 anos. Ele estava um pouco mais alto e com os cabelos mais curtos. Os olhos verdes, mesmo de longe lhe pareciam os mesmos de sempre. Naquele instante ela sentiu uma saudade, tão forte e intensa, que ela jamais conseguiria explicar. Eram os mesmos olhos para os quais ela olhava todos os dias quando cuidava de seu filho, exceto que estes pertenciam a Harry. Seu estômago estava revirando há algum tempo, e ela sabia que o estava encarando demais, mas não conseguia tirar seus olhos dos dele. 

Um leve sorriso surgiu no canto dos lábios de Harry, e talvez por instinto, ela sorriu também. Harry, que ainda parecia não acreditar em tudo que havia descoberto nas últimas 2 horas, pareceu acreditar naquele momento. Tudo que estava sentindo antes de vê-la, se multiplicou. A ruiva a sua frente ainda era tão linda quanto ele se lembrava. Olhar para ela o fez lembrar-se o porquê de ter se apaixonado aos 18 anos. Ele observou com os olhos curiosos os cabelos agora mais longos caindo como uma cascata pelas costas, e o modo como ela se movia que era exatamente o mesmo de 8 anos atrás. Por alguns momentos ele pensou em quantas barreiras ela poderia estar construindo contra ele enquanto, no silêncio, o olhava profundamente. Ela parecia tão incomodada sob o olhar dele, que aquilo o machucou um pouco mais, porém os dois continuaram imóveis, apenas se encarando.

Dallington High School, 04 de Agosto de 2010, 6:55 a.m. 

— Ron, você pode me deixar sozinha! - a menina murmurou para o ruivo ao seu lado, fazendo um pouco de manha. 

— Eu não vou deixar, Gi! - ele riu e revirou os olhos, acompanhado-a para dentro da escola — Nós vamos até a secretaria para pegarmos a sua turma e horários, e depois você será um soldado livre. 

— Queria poder ficar na sua turma - exclamou emburrada. Ela não queria admitir que estava levemente com medo de como seria a nova experiência. 

— Você vai ficar bem, baixinha! 

— Não sei o que está acontecendo, eu estou tão ansiosa! Não acredito que finalmente chegou o dia, Ron! - exclamou ao mesmo tempo animada e ansiosa com as novas situações. Os olhos azuis da menina percorriam todo o lugar com curiosidade e atenção, tentando aprender caminhos que ela sabia que esqueceria dali 5 minutos.

— Ei, Ron! - ambos os ruivos ouviram a voz masculina e se voltaram ao mesmo tempo para encontrar o menino de cabelos pretos bagunçados e olhos verdes. Ginny certamente não estava preparada para o sorriso torto do menino que ela não conhecia ainda. 

— Oi, Harry! - Ron o cumprimentou com um abraço e um toque nas mãos que a menina não conseguiu acompanhar os movimentos — Harry, esta é Ginny, minha prima que comentei - a voz do menino era tranquila, mas Ginny não soube o porquê de ter ficado um pouquinho mais ansiosa na presença do moreno — Gi, esse é Harry Potter, o insuportável do meu melhor amigo 

— Não saia falando mal de mim, Weasley! - ele disse rindo e bateu com a mão na nuca de Ron, fazendo Ginny rir levemente — Bem vinda, Ginny! 

— Obrigada, Harry - a menina respondeu sorrindo e não pode deixar de encarar os olhos verdes por mais alguns segundos até que conseguisse finalmente desviar o olhar. 

— Quando chegou à Londres? - perguntou gentil, quando o agora trio voltava a caminhar pelos corredores 

— Sábado de manhã 

— E você não levou ela na festa por que, seu imprestável? - Harry exclamou abismado olhando para o amigo que deu de ombros e riu 

— Ela não quis ir, ué! Gi, ali é a secretaria - o menino disse apontando para a porta 

— Me espere aqui, eu ainda preciso de um guia! 

— Achei que você já era grandinha o suficiente para se virar - Ron provocou, fazendo com que ela revirasse os olhos antes de dar as costas para eles 

— Conseguiu fazê-lo de escravo, muito bem, senhorita Weasley! - Harry disse tirando sarro do amigo, que deu um peteleco em sua cabeça. Ginny, mesmo de longe, olhou para eles e riu da brincadeira — Você não tinha me dito que ela era gata assim, Ron! - as palavras saíram automaticamente da boca de Harry assim que viu a ruiva entrar na secretaria da escola. O ruivo revirou os olhos para o amigo, que sorriu animado com a presença da menina que lhe parecia bonita demais. 

Londres, 09 de Julho de 2019. Casa dos Potter, 5:21 p.m. 

— Mamãe! - Al quase gritou enquanto puxava a barra da blusa que Ginny usava e a trazia de volta para a realidade. 

— Filho, não grite, meu amor! - ela repreendeu, desviando finalmente seus olhos de Harry para olhar para seu filho 

— Esqueci - o menino bateu com a mãozinha na própria testa, mostrando que acabara de se lembrar de algo — Mamãe, esse é meu amigo Harry. Tio Harry, essa é minha mãe. Ela não é linda mesmo? 

As palavras de Albus direcionadas a Harry como “tio” doeram em Ginny. Por um tempo, passou por sua cabeça se ela havia sido uma péssima mãe todo esse tempo. Ela sempre tinha feito tudo para que nada faltasse na vida dele, mas a quem queria enganar? Praticamente todas as crianças tinham um pai presente, e ele não. 

— Oi, Harry - disse, tentando soar calma. Sua mão, sem que ela percebesse, puxou Albus para mais perto dela. O movimento não passou despercebido por Harry, que queria muito poder ler a mente dela naquele momento. 

— Oi, Gin - ele respondeu e tentou sorrir, mas não teve certeza que saira como ele queria, já que tudo dentro dele fervilhava. O apelido que só ele usava ricocheteou, deixando-a zonza ao ouvir saindo da boca dele depois de tanto tempo. 

— Al, por que não vai procurar a tia Hermione? - a ruiva pediu, olhando para o menino com carinho. Tirá-lo da cena a deixava nervosa, mas ela não poderia deixá-lo ali. Olhar novamente para os olhos de Al a deixou desconcertada. Eles eram tão iguais. — Ela queria ver você! - explicou, tentando convencê-lo a ir procurar sua amiga. 

Ambos Harry e Ginny acompanharam o menino com os olhos até que ele finalmente entrasse na casa para procurar por Hermione. A ruiva demorou um pouco para ter coragem de voltar a olhá-lo. 

— Como você está? - perguntou a menina, voltando-se para Harry

— Estou tão ótimo quanto é possível, depois de descobrir que eu tenho um filho de 7 anos e você nunca me contou. Um ótimo jeito de se livrar de mim, eu diria. - a resposta de Harry assustou até mesmo a ele, que não esperava que fosse explodir daquela forma. Ginny demorou um pouco para processar as palavras dele. 

— O que? - ela perguntou com um sussurro, sem conseguir encontrar as palavras certas. Não estaria preparada para aquele momento nem em mais 8 anos.

— Como você pode escondê-lo de mim? Aonde você estava com a cabeça, Gin? - questionou com a voz irritada, fazendo com que a ruiva tivesse vontade de chorar pela primeira vez desde o tinha visto novamente. Ela não respondeu, estava lutando contra o nó que havia se formado em sua garganta. — Por que você não me contou? 

A voz de Harry dessa vez havia soado extremamente magoada, fazendo com que ela não pudesse mais segurar as lágrimas que estavam acumuladas em seus olhos. Harry sentiu seu coração apertado ao vê-la chorar, mas o ressentimento por conta do segredo não o deixou  se aproximar para consolar a menina. Os dois estavam confusos

— Você não entende, Harry! - ela respondeu finalmente, tentando organizar seus pensamentos em frases coerentes 

— Só me diz o por quê, Gin. Eu tinha o direito de saber. - ele suplicou com a voz mais calma — Eu sei que estava muito concentrado em mim mesmo para perceber qualquer coisa que não fosse aquela faculdade, mas você deveria ter me falado. 

— Como eu poderia te prejudicar assim? - a voz da ruiva saiu alterada — Você mesmo disse que estava concentrado demais na faculdade! Você sempre sonhou em estudar medicina, e o que eu faria? Jogaria tudo no lixo? - ela esfregou a mão no rosto secando as lágrimas com um pouco de agressividade que surgia dentro dela. Por que tinha que se justificar? 

— Nós dois tínhamos que arcar com as consequências, nós dois fizemos isso! - a resposta de Harry veio no mesmo tom que o dela. 

— Não é assim que uma menina de 17 anos grávida e apaixonada pensa! - retrucou irritada. Os olhos dela estavam vermelhos pelas lágrimas que escorriam livremente. 

— Como assim? - Harry contestou e levou uma das mãos aos cabelos, bagunçando-os. Estava nervoso e não sabia como lidar com a situação naquele momento sem querer gritar. — Além disso, e tudo que eu perdi? Você não me deu a chance de escolher ficar com ele - ele não conseguiu segurar as lágrimas naquele momento — e com você! - completou. A frase deixou Ginny vazia. 

— Gente, chega! - Hermione interrompeu os gritos de repente, colocando-se entre eles que não haviam percebido o quão perto estavam um do outro até o momento que a morena os separou. — Albus está assustado com os gritos de vocês, e a vizinhança inteira não precisa saber dos nossos problemas! 

Ambos desviaram o olhar de Hermione para encarar Albus parado na porta de vidro encarando os três adultos com os olhos assustados. Ginny secou o rosto com as mãos e respirou fundo antes de caminhar em direção à casa, ignorando totalmente Harry e Hermione que ficaram para trás. 

— Agora não, Harry! - Hermione murmurou firme, ao segurá-lo para impedir que ele fosse atrás de Ginny e Albus. Ambos ficaram parados, vendo os dois sumindo para dentro da casa dos Potter. Depois de algum tempo encarando a porta sem mais poder vê-los, Harry sentiu a mão pequena de Hermione acariciar seu rosto. 

— Eu preciso de respostas, Mi! - a voz dele saiu esganiçada, quase em um grito de desespero. — Eu vou enlouquecer se não conseguir processar tudo isso! 

— Você vai ter respostas, Harry! - os braços da menina envolveram o corpo dele, abraçando-o com força — Mas vocês dois precisam se acalmar, porque foram muitas informações de uma só vez. Mamãe está preocupada com você. 

Harry a apertou em seus braços e tentou respirar fundo para se acalmar. Percebeu, após alguns minutos que ele nem sequer havia visto Hermione antes de toda a discussão. Olhou para ela com um misto de saudade e tristeza. Olhar para qualquer membro da sua família naquele momento o fazia questionar como teriam chegado ao ponto de que ninguém lhe contara a verdade. 

Após alguns minutos, ambos caminharam para dentro de casa e se sentaram na sala em completo silêncio. James e Lily se juntaram aos filhos, que pareciam cada um perdido em um pensamento diferente. 

— Pensei em fazer chá, mas você não toma chá nem no frio, quem dirá num calor como hoje - Harry ouviu a voz de sua mãe brincando com ele ao lhe oferecer um copo com água. Ele aceitou, dando espaço para que ela se sentasse. O ato pareceu aliviá-la de alguma forma, já que um sorriso surgiu em seu rosto. 

— Obrigado, mãe! - agradeceu sincero, mas não conseguiu se concentrar em outra coisa a não ser a lareira à gás inerte na sua frente. 

— Mione, por que você não vai ver como está Albus, filha? - a ruiva sugeriu sutilmente, mas qualquer um poderia perceber que ela estava preocupada com Ginny sozinha no quarto do andar superior. Hermione assentiu e só então soltou o braço de Harry em que estava abraçada desde que haviam se sentado ali. James tomou o lugar de sua filha, sentando-se ao lado do rapaz. 

— Nós sabemos que você está confuso neste momento, Harry - o homem mais velho falou calmamente 

— Um pouco - Harry respondeu mesmo sabendo que aquilo não era completamente verdade. Ele estava muito confuso — Acho que estou mais irritado que confuso. Por que vocês não me contaram? - questionou alternando o olhar de seu pai para sua mãe, sem saber exatamente quem lhe falaria a verdade. 

— Porque nós tomamos uma decisão, Harry. - fora Lily quem respondeu — Nós sabíamos que Ginny estava certa quando disse que se te contássemos você largaria tudo para ir atrás dela e do bebê, e por isso não queria que você soubesse. Podíamos apoiá-la na decisão de não te contar, e te dar a oportunidade de cursar a faculdade para a qual tinha lutado tanto para entrar; ou poderíamos te contar e não ter certeza nenhuma de como seria o futuro de vocês dois. 

— Como isso é justo com ela que teve que fazer tudo sozinha? - Harry não conseguia entender aquilo. Da mesma forma que ele tinha sonhos, Ginny também os tinha.

— Nós não deixamos de apoiá-la em momento algum, filho! - James tentou explicar. Ele e sua esposa tinham consciência que a decisão não havia sido a melhor, mas 8 anos haviam se passado, e não havia como mudar aquilo. Harry bufou, irritado com as respostas que não eram suficientes. Um lado seu tentava entender a situação de seus pais e queria agradecê-los pela oportunidade. O outro lado preferia ter sido responsabilizado e ter tido a oportunidade de participar da vida de seu filho. 

— É estranho pensar que vocês nunca sequer pensaram em me contar - a voz dele soava algumas oitavas acima do normal 

— Harry, não era um segredo só nosso. - Lily explicou com calma e acariciou os cabelos pretos de seu filho — Ela tinha a mesma idade da minha própria filha. Nós jamais faríamos o mesmo que.. - ela se conteve nas palavras, de repente. E fechou os olhos, desviando o rosto para um lugar em que Harry não poderia encará-la. 

— Me conte! - Harry pediu — Jamais fariam o mesmo que…? 

— A mãe da Gi a expulsou de casa quando descobriu que a filha estava grávida - James respondeu com cautela. Harry não soube o que responder. Ele imaginou que não deveria ser uma notícia fácil, mas não era motivo para colocar a filha grávida para fora de casa. 

— Eu te amo, Harry, e eu daria a minha vida por você! Mas foi um meio de encontrar um equilíbrio entre o que seria melhor para os dois. Ela já havia passado por um trauma com a mãe e uma gravidez na adolescência sozinha, não podia deixar de dar voz ao que ela queria. 

— Como ela poderia querer criar um filho sozinha? - indagou tentando encaixar as peças do quebra cabeça com tudo que haviam lhe dito até o momento. 

— Essa resposta só Ginny poderá te responder, filho.




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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?

Foi um pouquinho mais pesado que os outros, não é?

Já estou ansiosa para ler os comentários de vocês! É um incentivo e tanto ter um feedback de vocês para eu ter um parâmetro do que estou fazendo certo ou errado!

Volto na próxima semana com mais um capítulo, e dessa vez tentarei voltar no dia certo, rs!

Beijinhos ♥



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