Nothing Holding Us Back escrita por Lo


Capítulo 2
Capítulo 2: He's coming home


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!

Estou de volta com mais um capítulo, e esse está bem grande!
Agradeço de coração às pessoas que deixaram um comentário, e às que já estão acompanhando a fic!

Vou deixar vocês com o capítulo e conversamos mais lá embaixo!

Boa leitura!



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Capítulo 2 

"When darkness come upon you and covers you with fear and shame, be still and know that I'm with you"

Londres, 09 de Julho de 2019. University College London Hospitals, 2:35 p.m. 

Harry, sentado no banco traseiro do Uber que agora o levava para a casa, pensava sobre tudo que havia planejado até aquele exato momento. Sua vida, até ali, havia saído exatamente tudo como ele havia imaginado. 

O menino de cabelos bagunçados iguais aos do pai e olhos verdes como as da mãe tinha, desde sempre, tido o sonho de ser médico. Nenhum membro da família em nenhum momento de seu crescimento o incentivou a querer aquilo, mas Harry sempre soube que tudo que ele poderia fazer era salvar vidas. James e Lily, apesar de não entenderem o porquê da escolha, sempre apoiaram o filho de todas as formas possíveis. 

Ao contrário de Hermione, Harry não tinha um lado acadêmico brilhante. Era um ótimo aluno, sempre tirou boas notas e tinha um relacionamento perfeito com seus professores. Mas tudo era fruto de seu esforço incansável, com o único objetivo de um dia estudar medicina. E como se não bastasse, já na adolescência só havia um lugar para onde ele gostaria de ir: Harvard. A milhares de quilômetros de distância de sua família e do conforto de sua casa.  

Mesmo com toda dedicação, Harry sempre foi um adolescente normal. Tinha um melhor amigo desde os 5 anos, Ron Weasley - de quem naquele momento ele sentiu muita falta; era parte do time de futebol da escola e fazia suas aulas de francês.

Os pensamentos voltaram brevemente à realidade quando percebeu o quão próximo estava da casa dos pais. Não havia tanto tempo que ele tinha visto sua família. Todos tinham estado nos Estados Unidos para visitá-lo e festejar a tão sonhada formatura; dia em que, finalmente, após 4 anos de biologia e mais 4 anos de medicina, ele havia se tornado médico. No período da visita, 2 meses antes, Harry não tinha certeza se sua ideia de retornar para Londres daria certo, por isso preferiu deixar o universo trabalhar seus pontos e fazer funcionar o que fosse ser melhor para todos. 

Até então, só tivera uma resposta de um dos hospitais na Inglaterra na semana anterior. E eles o queriam entrevistar uma última vez para seu programa de residência. Harry não pode evitar se agarrar à esperança de que aquela última entrevista o traria de volta para perto de sua família. Então, no dia anterior seu avião pousara em Londres, passou a noite em um hotel e finalmente, naquela manhã havia feita a entrevista com o chefe de cirurgia do hospital. E agora seguia para a casa de seus pais pois queriam fazer uma surpresa. 

Um sorriso brotou em seu rosto ao avistar a casa onde seus pais e sua irmã moravam. Logo que o carro parou em frente à calçada, as imagens dele e de seu pai em sua infância voltaram fortemente ao ver o menino correndo no jardim da frente atrás da bola de baseball. Harry sorriu, pensando que finalmente iria conhecer o afilhado de sua irmã. 

Londres, 23 de Dezembro de 2012, Casa dos Potter.

— O que aconteceu com o quarto de hóspedes, mãe? - Harry perguntou logo que entrou na cozinha, onde Lily cozinhava seu bolo preferido de chocolate. 

Desde o momento que entrara em casa após um ano e meio longe, Harry pode notar algumas pequenas mudanças. A distribuição de porta retratos era uma delas. Junto aos objetos que mostravam fotos dele e de Hermione em todas as idades, podiam ser encontrados também alguns com fotos de um bebê dos olhos extremamente verdes. O antigo quarto de hóspedes agora tinha as paredes num verde claro, um berço deliciado e muitos brinquedos espalhados pelo cômodo. 

— Ah, não se preocupe, Harry! - Lily sorriu para ele e logo desviou o olhar — É do afilhado de Hermione - pontuou brevemente. 

— Desde quando a Mione tem um afilhado? 

— Desde que o Al nasceu, cabeção - a voz doce de sua irmã invadiu o cômodo e logo seus braços o envolveram num abraço apertado, que ele só soube retribuir com carinho e saudade. — Senti sua falta, Harry. 

— Também senti sua falta, pirralha! - brincou, beijando a testa dela — Ele é lindo, Mi! Vi umas fotos no meio das nossas - explicou rapidamente diante do olhar confuso dela que se acalmou. 

— Puxou a madrinha - respondeu a menina displicente. O assunto morreu ali. 

Boston, 30 de Janeiro de 2014, Apartamento de Harry 

— Feliz aniversário, mãe! - a voz de Harry soou animada quando finalmente os cabelos ruivos de sua mãe encheram a tela de seu computador. 

— Obrigada, bebê! - ela sorriu docemente e Harry pode ver os dedos dela se esticando para tocar a tela do computador. — Queria tanto que você estivesse aqui, filho! 

— Eu também queria estar, mãe! Prometo que no aniversário do meu pai, tentarei estar! - respondeu sincero 

— Mãe, olha quem chegou! - a voz de Hermione soou ao fundo e Harry sorriu ao vê-la surgir na tela também. Em seus braços estava um menino, que Harry nunca conhecera, mas supôs ser seu afilhado. — Olá, estranho! - ela brincou se enfiando totalmente na frente da câmera enquanto ainda brincava e balançava o corpo com o menino nos braços — Dá oi pro Harry, Al! - sua voz saiu mais fina e carinhosa e Harry sorriu olhando para ela tão feliz 

— Oi, Mi! - respondeu Harry finalmente — Oi, Al! Precisamos nos conhecer pessoalmente, você é bem famoso com a família Potter - brincou e ouviu sua mãe rindo ao fundo 

— Olha só se não é a criança mais linda de toda inglaterra! - Lily brincou, puxando o menino para seu colo e beijando o rosto, exatamente como sempre fizera com os filhos. 

— Você está bem, Harry? - Hermione perguntou sorrindo levemente para o irmão na tela do computador

— Estou, Mi! Logo irei vê-los! - garantiu e ela piscou para ele 

— Vamos, Albus! Temos que aproveitar a festa - a menina puxou o pequeno dos braços de sua mãe — Se cuide, Harry! Eu te amo. 

— Você também deveria ir aproveitar a sua festa, dona Lily! - incentivou, sabendo que se não o fizesse ela poderia passar a noite toda conversando com ele sobre nada exatamente. 

— Promete me ligar mais vezes? - pediu com os olhos marejados 

— Prometo! Feliz aniversário. Eu te amo, mãe! 

 

Londres, 09 de Julho de 2019. Casa dos Potter. 

Logo que desceu do táxi, sua mão foi parar diretamente nos óculos em seu rosto que escorregaram levemente. Olhou em volta e o ar fresco de verão encheu seus pulmões com força. Seu olhar se encontrou com o homem mais velho com quem ele se parecia muito. Por alguns segundos Harry viu a confusão exposta no rosto de James, mas logo seu pai sorriu para ele e parou de correr junto com o menino. Harry notou o pequeno, que sabia se chamar Albus, olhar intensamente para ele enquanto se aproximava para pegar a bola que havia caído a alguns metros de Harry. 

— Acho que isso é seu! - Harry disse pegando a bola e entregando para o menino que o olhou com os olhos extremamente verdes. Percebeu que os olhos do menino se pareciam com os seus, o que o fez sorrir. 

— Obrigado! - Albus agradeceu com a voz baixa. 

— O que foi, está tímido? - questionou, enquanto caminhava em direção a James. 

— Na verdade não! - respondeu a criança prontamente, seguindo Harry em direção ao avô — É que minha mãe sempre diz pra eu não falar com estranhos 

— Sua mãe está certa! Eu sou o Harry - disse após abaixar-se para ficar na mesma altura que Albus e estendeu a mão com o punho fechado 

— Eu sou Albus! - falou enquanto batia com a pequena mãozinha na mãe de Harry. 

— Harry! - os dois adultos de abraçaram fortemente e o mais velho brincou com o cabelo de Harry bagunçando-os — Como você está aqui, menino? 

— Longa história! - brincou, já rindo e sentindo-se finalmente em casa. 

— Quem é ele, vovô? - Albus perguntou. James se abaixou para ficar na mesma altura que ele, antes de falar 

— Ele é meu filho, Al! - os olhos curiosos encararam Harry, que sentiu-se estranhamente exposto diante das orbes verdes do menino — Por que não vai lá dentro ver se a vovó Lily terminou o bolo de chocolate? - pediu ainda na mesma altura que o menino. Albus assentiu e virou as costas. 

— Prazer, filho do vovô! - gritou para Harry antes que estivesse longe demais, e logo desapareceu para dentro da casa. Harry riu. 

— Ele é uma graça! - o mais novo falou brevemente, mas o olhar de James estava perdido no mesmo ponto em que Albus tinha desaparecido e entrado em casa. Harry sentiu como se algo estivesse errado. — Pai? 

— Eu - James respondeu de repente, voltando a olhar para ele 

— Está tudo bem? 

— Claro, filho! - respondeu o mais velho sorrindo para ele. Ambos foram caminhando em direção à casa — Devo perguntar o que te fez aparecer tão de repente? 

— Bom - Harry começou com a voz incerta — Pensei que voltar para casa seria uma boa ideia. Fiz uma entrevista no UCLH hoje de manhã - comentou como se não tivesse tanta importância e James sorriu abertamente para ele. 

— Isso é incrível, Harry! Espere até sua mãe ouvir que você quer voltar para casa! - James exclamou animado 

— Harry?! - a voz de Lily soou incerta e logo seus cabelos ruivos encheram a visão de Harry que sorriu para ela — Ah, meu deus, Harry! - os braços de sua mãe o envolveram num abraço apertado — Pensei ter ouvido sua voz, mas não tinha certeza! - contou feliz enquanto acariciava o rosto dele. 

— Imagine quando eu o vi parado na frente do jardim! - James brincou o beijou a testa da esposa — Onde está Albus? 

— Na cozinha - ela respondeu — Ele entrou dizendo algumas coisas que não entendi, e perguntou do bolo - James sabia que às vezes Albus poderia se confundir com a língua que estava falando, mas manteve-se quieto e acenou para Lily, sabendo que ela havia omitido a informação propositalmente. — Parece que eu adivinhei que você viria. Tem bolo de chocolate no forno - brincou, abraçando-o mais uma vez 

— Não poderia ser mais perfeito! - Harry sorriu para ela. 

Passado susto de seus pais após a sua chegada, Harry foi para seu quarto querendo tomar um banho e vestir-se com uma roupa fresca. O barulho da porta do quarto de Harry soou ao longe, quando Lily finalmente sentou-se na mesa da cozinha e encarou seu marido profundamente. 

Albus, que estava sentado entre os dois e agora espalhava lápis de cor para todo o lado por cima do vidro, não percebeu o clima tenso em que seus avós tinham entrado. Os olhos castanhos de James se moviam frenéticos do neto para a esposa. Já esta, por sua vez, apertava os dedos com força. James levantou-se e abaixou ao lado da cadeira de sua esposa, mantendo-se quase da altura que ela tinha sentada. Olhou para os olhos verdes que estavam cheios de lágrimas.  

— Ele vai nos odiar - choramingou tão baixinho que Albus não tirou os olhos do que estava fazendo. James sabia que ela se referia a toda família ter escondido de Harry a existência da criança que estava sentada exatamente ao lado deles. 

— Ele nunca iria te odiar, querida! - James tentou acalmá-la, sussurrando em seu ouvido. Levantou-se e puxou a esposa pela mão, levando-a para outro canto na cozinha grande, em um lugar onde Albus poderia vê-los mas não os ouvir. — Lily, olhe para mim - pediu — Ginny não estava errada quando disse que Harry largaria o sonho dele para assumir o filho. Eu e você tomamos a decisão de proteger o nosso filho quando concordamos com a ideia maluca dela de nunca contar ao Harry. E, em retrospecto, talvez tenhamos feito a escolha errada, mas o que está feito, está feito. 

— Eu não sei o que seria de mim sem você - a ruiva murmurou encostando a cabeça no peito de James, que acariciou seus cabelos vermelhos com amor. Por um ou dois minutos Lily manteve-se naquela posição, tentando acalmar os batimentos cardíacos e pensar racionalmente. — Preciso avisar a Mi, Jay! - disse finalmente após algum tempo 

— Sim, precisa. Porque no momento em que Harry olhar para Ginny, vai saber que Albus é seu filho. 

Lily alcançou seu celular que estava jogado em cima da bancada, abriu a conversa com sua filha e mandou simplesmente “Harry está em casa”. O símbolo de que a mensagem fora enviada aparece, mas o de entregue não. Lily suspirou profundamente, sem saber o que fazer. Ligar ou mandar mensagem diretamente para Ginny não era uma boa opção. Sem nada a fazer a não ser esperar, largou o celular na bancada e voltou-se novamente para o marido, que a olhava com ternura. 

Harry, em seu quarto, espalhou tudo por todos os lados assim que abriu uma das malas para procurar uma roupa fresca. Pensou em arrumar a bagunça antes do banho, mas seus ombros estavam tensos demais para sequer pensar em prestar atenção nisso. Embaixo da água quente, seu pensamento voou para a entrevista daquela manhã e em como queria que a vaga fosse sua. 

A água quente escorreu pelo seu corpo por alguns minutos antes dele desligar o chuveiro e enfrentar a bagunça que estava por todo lado. Não ousou abrir as outras duas malas, apenas guardou tudo que tinha tirado da primeira no closet e deixou o quarto. Já no andar inferior, o cheiro de bolo o atingiu. Quando chegou na cozinha, se deparou com Lily e Albus sentados na mesa que havia sido arrumada para o café da tarde. 

— Onde está meu pai? - perguntou ao juntar-se aos dois na mesa. 

— Foi ao supermercado, filho! Logo está de volta. 

— Tio Harry - o menino soltou de repente olhando para Harry — Quer dizer, eu posso te chamar de tio Harry? É que a vovó me disse que você é irmão da tia Mione, então.. - o menino soltou todas as palavras de uma vez e deixou a sentença inacabada, o que fez Harry rir enquanto o pequeno dava de ombros. 

— Claro que pode! - Harry respondeu e encarou sua mãe, que apenas observava os dois conversando — O bolo está gostoso? - questionou o menino 

— Está maravilhoso - ele respondeu prontamente, Lily sorriu ao lado — O bolo da vovó é o meu preferido, mas a mamãe não pode saber disso pra não ficar triste. 

— Realmente, melhor não contar pra ela! - Harry brincou e, de repente, notou que ele não fazia ideia de quem era a mãe de Albus. Ignorou o pensamento e continuou a conversa com o menino  — Quantos anos você tem, Al?

— 7 anos - ele respondeu orgulhoso, enquanto contava 7 dedos nas mãos para mostrar a Harry. Algumas outras perguntas saíram de Harry enquanto ambos tomavam café na cozinha dos Potter. — Vovó, agora que já comi tudo, posso ir brincar na casa da árvore? - Albus perguntou após alguns minutos. 

— Pode, Al! Só tome cuidado, ok? - Lily respondeu e levantou-se para tirar a louça que o menino havia usado e colocá-la na pia. Albus pulou da cadeira e seguiu em direção à porta de vidro que daria para o quintal dos fundos da residência. 

— Depois vem conhecer minha casa da árvore, tio Harry! - chamou antes de seguir correndo para fora. Harry conseguia ver ao longe o menino correndo em direção à nova estrutura extravagante no quintal de seus pais. 

O barulho de vidro se quebrando tirou o foco de Harry que estava completamente encantado com o afilhado de sua irmã. O gemido de Lily o fez levantar imediatamente para encontrar um corte em um dos dedos de sua mãe. 

— Oh, mãe - murmurou com carinho, segurando a mão dela e enfiando embaixo da torneira para lavar o sangue e poder ver o corte — O que está havendo? - perguntou brincalhão — Acho que nunca te vi quebrar um copo na vida. - Lily riu sem muita vontade e encarou os olhos verdes do filho que eram tão iguais aos seus 

— Está tudo bem, filho! Não se preocupe 

Harry conhecia sua mãe bem demais para saber que ela estava mentindo para ele. Preferiu ignorar a sensação por alguns minutos, já que ela não parecia bem para conversar sobre o assunto com ele. Focou seus olhos no corte que já não sangrava como antes. 

— Consegue mexer o dedo? - perguntou, após analisar o local e como resposta Lily o movimentou tranquilamente — Acho que está tudo bem, vamos só comprimir pra parar de sangrar, tá bom? 

Harry caminhou tranquilamente até a dispensa para procurar pela caixa com medicamentos e materiais que sabia que estava por ali. Tentou manter-se concentrado, mais que o necessário para apenas um curativo, apenas para deixar os pensamentos longe. Com toda calma do mundo, passou antisséptico na ferida e fechou um gaze e esparadrapo. 

— Obrigada, querido! Não precisava de tudo isso - ela sorriu para ele e acariciou as bochechas que estavam rosadas demais, provavelmente por causa do calor. Lily deu as costas a Harry e seguiu até a porta de vidro, onde ficou parada observando Albus de longe. 

O clima estranho se instaurou enquanto Harry recolhia o que havia usado e descartava ou guardava dentro da caixa. A possibilidade de que seus pais não quisessem que ele voltasse para a casa passou pela sua cabeça; bem como a ideia de que seus pais tivessem brigado enquanto ele estava no quarto. 

Lily olhava fixamente para a casa da árvore enquanto seus dedos apertavam uns aos outros, salvo pelo que havia acabado de receber um curativo. Era possível enxergar os cabelos pretos do menino passando pela janela na casa de madeira. Harry se aproximou e abraçou a ruiva pelos ombros, apoiando levemente sua cabeça na dela. 

— Talvez eu não devesse estar aqui? - murmurou sem olhar para o rosto dela — Vocês não queriam que eu voltasse? - a parte mais insegura de Harry não tinha mais tanto espaço na vida dele. Ainda assim, não conseguiu deixar de se sentir vulnerável à ideia de que sua família não precisava mais dele como ele precisava dela. Lily o olhou ultrajada 

— De onde veio esse absurdo, Harry? É claro que queremos você aqui, meu amor! - a voz doce o lembrou de quando ela tentava pacientemente explicar que algo era errado para os filhos pequenos. Harry deu de ombros sem saber exatamente o que responder — Nós estamos felizes por você estar aqui, e inteiros - referiu-se à família agora completa. 

— Mesmo que você não queira me falar o que é, eu sei que tem algo errado. - os dois ficaram em silêncio. A falta de negativa da ruiva à afirmação de Harry confirmou o que ele havia dito. Não falaram nada por alguns minutos, até que o moreno quebrou o silêncio — Quem é a mãe dele? 

— Desculpe? - Lilian questionou abruptamente, e olhou para o filho. Nos olhos da mulher, Harry enxergou o desespero e o rubor esvaindo do rosto dela. 

— Quem é a mãe dele? - repetiu a pergunta com cautela. A reação de Lily o mostrou onde exatamente estava o problema. 

— Tudo bem se falarmos sobre isso mais tarde? - ela pediu 

— É que eu estou confuso. Percebi que vocês nunca mencionaram quem era a mãe do “afilhado de Hermione” - pontuou, fazendo aspas com as mãos, já que nunca nem tinha sido apresentado à criança, quem dirá à mãe — Ele é lindo, e parece ser um menino muito inteligente e encantador - continuou, soltando as palavras sem pensar muito — Mas há pouco mais de 7 anos, mãe, Hermione não tinha nenhuma amiga a qual pudesse ser próxima o suficiente para se tornar madrinha de seu… filho - a última palavra saiu dos lábios do rapaz como um sussurro. 

Harry olhou quase em desespero para Lily, que tinha os olhos cheios de lágrimas. Por alguns segundos ele repetiu suas palavras em sua cabeça. Há pouco mais de 7 anos, Hermione só possuía uma amiga próxima o suficiente para aquilo. Provavelmente a melhor amiga que ela já teve e em quem confiou plenamente. E Harry sabia o quanto ela amaria um possível filho dessa amiga. 

Há pouco mais de 7 anos, Harry era o namorado da melhor amiga de sua irmã. A respiração dele parou rapidamente. Como se a quantidade de informações que ele tinha acabado de decifrar sozinho fosse grande demais para que seu cérebro pudesse se lembrar de respirar também. 

Ele encarou Lily que não havia saído da posição em que estava antes, mas sua boca se movia como se ela quisesse falar e não conseguisse. 

— Gin. - o nome saiu sussurrado, quase vindo de sua garganta. Harry sentiu seu coração bater com mais força contra seu peito ao lembrar da linda menina de cabelos ruivos. Ele a tinha amado tanto, que não tinha palavras para descrever exatamente o sentimento. Ou para explicar o porquê de depois de 8 anos, apenas a menção dela o fazia lembrar-se com carinho do que tinham vivido. — Ele é filho da Gin, mãe? 

— Harry… filho, eu… - ela não conseguiu articular as palavras; mas os olhos dele não deixaram de encará-la esperando por uma resposta que intimamente ele não precisava. — Sim - a palavra saiu tão baixa que ele quase não ouviu. 

Harry puxou o ar com força, tentando se concentrar primeiro na sua respiração para depois confirmar que ele estava certo. O coração batia tão forte contra seu peito que, se não soubesse ser impossível, acharia que o órgão sairia pela sua boca. 

— Mãe, Albus é meu filho? - perguntou de uma vez, pois talvez se não o fizesse não conseguiria perguntar de forma alguma. Dessa vez ela não respondeu verbalmente, mas balançou a cabeça afirmativamente enquanto tentava controlar as lágrimas que finalmente desciam pelo rosto alvo. 

Àquela altura, a cabeça de Harry estava girando com a confirmação. As mãos estavam suadas e os cabelos grudados na testa. Seus olhos saíram do chão da cozinha, passaram por Lily e encararam a casa da árvore onde Albus brincava tranquilamente, sem saber de absolutamente nada. Ele tinha um filho de 7 anos. E o pensamento o fazia querer abraçar Albus e não o soltar mais. Foi como se um pedaço de Harry tivesse sido tomado por um amor instantâneo, que, naquele momento, ele precisava conciliar com o quão magoado estava por ninguém tê-lo contado sobre o filho. 

De longe viu Albus olhando em direção à casa e acenando para ele. Sorriu confuso, mas seu coração pediu que ele fosse até o menino. Doeu olhar para o rostinho dele e saber que não tinha ideia de quando ele havia aprendido a falar, a andar ou até mesmo a escrever. Pensou sobre como não havia ninguém no mundo que o impediria de estar lá para ver todo o resto que ainda viria.

— Quer jogar baseball comigo, tio Harry? - Albus perguntou e Harry se perdeu por alguns segundos. Primeiro no quanto doeu saber que o menino não tinha ideia de que ele era seu pai. Segundo, nos olhos verdes que eram iguais aos seus. Isso o fez sorrir 

— Só se você não ficar triste por perder pra mim - Harry brincou, ainda tentando manejar seus sentimentos para que não assustasse o menino. 

— Eu não vou perder! - Albus falou confiante, e correu para dentro da casa de madeira para buscar algumas bolas e os tacos.




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Notas finais do capítulo

Bom, pessoal, por hoje é isso!

Espero que vocês tenham gostado desse capítulo! Foi bem gostoso de escrevê-lo e gostaria muito de saber a opinião de vocês!

Lembrando que qualquer dúvida que vocês tenham, podem perguntar no comentário ou me mandar uma mensagem!

Volto na próxima semana!
Beijinhos!



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