Ao Tempo escrita por Leticiaeverllark


Capítulo 34
Fogo




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POV PEETA

Acordo com a sensação de angústia, algum medo antigo que deu as caras agora.

Observo o quarto vazio na penúmbra, sinto a mesma solidão de quando dormia na poltrona. Como se Katniss não estivesse aqui, mesmo estando deitada na cama quase ao lado.

Procuro minha camisa jogada ao pé da cama, acendo a luz não a encontrando. Katniss provavelmente pegou para dormir como sempre faz, eu tiro e ela furta como pijama.

Sorrio a procurando, não conseguirei passar a noite sozinho, desacostumei comigo mesmo. Peecebi o contraste de 24 horas atrás, quando estavamos rolando entre os lençóis.

Sinto uma momentanea raiva de Delly, pelo susto e por sempre estar em nosso meio.

Sou consigo ser grosso e manda-la se afastar, agora a situação mudou. Tenho uma responsabilidade que assumi antes, envolve uma criança inocente.

Vasculho os quartos vazios, desço até o escritório, e por fim a encontro deitada no sofá. Envolvida com a manta rala que ela pegou, minha blusa tapando seu nariz.
Meu cheiro a fez dormir.

Sento na mesa de centro a sua frente, admirando a expressão pura que seu rosto segura ao longo do sono.

Sorrio, bobo ao lembrar que tenho essa mulher nos braços. Consegui o que passei anos batalhando.

Cruzo os dedos apoiando os cotovelos nos joelhos, perdido nos pensamentos da madrugada.

—O que eu vou fazer pra você?- diminuo o tom da minha voz, esperando que seu sono seja pesado o bastante.

Não quero seus gritos, o olhar carregado de raiva.

Sua raiva é sem fundamento, sei que apenas a presença da loira é uma grande razão.

Temos maturidade de adolescente em corpo de adulto.

Em meus devaneios, nunca imaginei que você seria tão ciumenta.- acabo sorrindo, imaginando sua carranca olhando fixadamente pra mim. A linha de expressão que aparece em sua testa.
Gosto disso, mostra que sou importante ao ponto de você se irritar com um simples contato que tenho com Delly.

Viro o rosto, encarando os fios bagunçados sobre o braço do sofá. Katniss está uma mulher deslumbrante, comum para os outros, mas o amor dá todo aquele toque pessoal.

Quando vai entender que sou todo seu, garota? Sempre fui e sempre serei.— rio tocando a coberta que cai sobre seus ombros, a noite está quente.
Quero ter todo o tempo do mundo contigo, ter mais filhos, beijar mais sua boca, apreciar seu corpo, ouvir sua voz me chamando de marido...

Escrevo as palavras no vento, deixando tudo sair sem pressa.
Abomino o choro de Rye bem nesse instante, num tom alto o bastante para possivelmente acordá-la.

Corro chegando no quarto na hora certa, nosso bebê estava pronto pra cair do berço.

Sua mente esperta trabalhou e de algum jeito o menino subiu nas almofadas e grudou na grade, pronto para passar por cima e cair no chão.

Agarro seu corpo, sentindo as sensações me atingirem com força. O estômago afunda, a cabeça roda e o grito quase ultrapassa a garganta.

—Papa.

Suas palavras estão cada vez melhores, apesar de ser altamente fofo a troca e a maneira errada de pronunciar, temos que ensinar o certo.

Beijo sua têmpora, lutando contra o sono. Balanço o corpo, tentando leva-lo no embalo, mas infelizmente falho.

—Água.

Revisto a cômoda, Katniss sempre deixa um copo cheio. Mas, sua irritação é tanta, que ela esqueceu de fazer.

—Papai vai pegar na cozinha, quer vir junto?- lentamente ele afirma, volta a deitar no ombro. A chupeta, que antes pendia em um de seus dedos, agora volta pra boca.
O barulho de sua língua sugando o silicone é fofo e característico, volto pro andar de baixo, as pernas reclamando do esforço.

Encho seu copo de bico, lhe entregando no instante seguinte. A sede é cessada rapidamente, depois apenas volta a deitar na curva do meu pescoço e sugar a chupeta.

Rio reabastecendo o copo e voltando ao quarto, sento na cadeira que Katniss usa para amamentá-lo. Seus cílios tão loiros quantos os meus, as bochechas pálidas, pele lisa e boca fina.

Rye é mais parecido comigo do que meus irmãos foram.

—Você é tudo que eu sonhei, filho. Meu pedaço mais perfeito.- acaricio os fios ralos que caem em sua testa, o cabelo clareia e os olhos escurecem.

De alguma forma, nossas crianças saíram numa perfeita mistura. Tanto fisicamente quanto emocionalmente.

Ao senti-lo largado, coloco-o no berço sob uma manta.

Desço, com o propósito de passar a madrugada acordado ou ter Katniss acesa para conversarmos.

Penso em acordá-la, mas seu mau humor não ajudará muito na conversa que quero ter.

Apenas preparo um chá e sento no outro sofá, ao lado.
Velo seu sono, adorando o fato de poder estar perto dela o suficiente pro meu coração batucar fortemente.

—Estou me apaixonando mais por você, Katniss.

Quando você vai perceber que suas atitudes me atingem? Estou apaixonada por você, Peeta.

Engulo meu medo e todos os alertas contra minha próxima ação, abro os olhos encarando os seus me encarando muito perto.

Ela, ao perceber meu despertar, recua. Cai no sofá, sonada o suficiente para estar me encarando.

—Por que esta aqui?

—Ainda é a minha casa.- seus olhos rolam, impaciente com minha resposta engraçadinha.
—Não consegui dormir, a cama é grande demais só pra mim.

Uso a mesma frase que ela usou para me convencer, mesmo com o sono Katniss percebe. Até gosta, já que remete a falta que ela faz.

—Podemos conversar?- trinco os dedos, entrelaçando-os de forma nervosa.

O amor nos deixa bobo o bastante para parecermos crianças.

—Ainda estou com raiva de você.

—Isso é normal.- sorrio tentando tirar um mínimo puxão de lábio, tentativa falhada.
—Só preciso que saiba que Delly e eu não temos uma filha.

Mando na lata, sabendo que quanto mais enrolar, menos a possibilidade de Katniss me ouvir.

—Não?

—Não, morena. Anelise é apenas como uma sobrinha, nada aconteceu entre mim e Delly.

—Bom.

Rio, jogando meus pés pra fora do estofado. A mulher não se abala, parece concentrada demais em meu corpo.

—Só vai dizer isso?
Está brava comigo e quando elimino a razão pra tamanho aborrecimento, você só diz isso?

Penso que agora vou tomar um tapa na cara ou algum soco bem dado no nariz, mas Katniss ataca ferozmente minha boca.

Agarro seu tronco, tomando sua cintura sobre a minha.

Atrevo a ficar de pé e nos jogar no outro sofá, maior e confortável o bastante para aumentarmos o fogo.

—Estamos bem?

—Faça amor comigo, Peeta.

Calo suas poucas palavras, me concentro em demonstrar o que iria dizer em voz alta.

Enlaço suas coxas em minha pélvis, subo com difiuldade os degraus. Tranco a porta evitando que um de nossos filhos entre no momento errado.

—Katniss?- seus olhos se abrem em meio ao momento que a preencho.

—Diga, padeiro.

Com suas unhas fincadas nos músculos dos meus ombros, acabo desfalecendo em total prazer.

—Eu te amo.
Você sabe disso. Verdadeiro?

—Verdadeiro, Peeta.

—Nós estamos bem?

—Me faça te perdoar.

Solto um sorriso provocador, fazendo-a esquecer até seu próprio nome.

 


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